3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 57 ª LEGISLATURA
Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher
(Reunião Deliberativa Extraordinária (presencial))
Em 23 de Abril de 2025 (Quarta-Feira)
às 13 horas e 30 minutos
Horário (Transcrição preliminar para consulta, anterior às Notas Taquigráficas.)
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A SRA. PRESIDENTE (Delegada Adriana Accorsi. Bloco/PT - GO) - Boa tarde a todos e todas.
Havendo número regimental, declaro aberto os nossos trabalhos da 6ª Reunião Deliberativa Extraordinária da presente sessão legislativa.
Informo às Sras. e aos Srs. Parlamentares que a ata está disponível na página da Comissão.
Em apreciação a Ata da 5ª Reunião Deliberativa realizada no dia 9 de abril de 2025.
De acordo com o parágrafo único art. 5º do Ato da Mesa nº 123, de 2020, fica dispensada a leitura da ata.
Aquelas e aqueles que a aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Aprovada.
Comunico a V.Exas. que o expediente encontra-se na página da Comissão na Internet.
Antes de iniciar a Ordem do Dia, informo que se encontra à disposição de V.Exas. a lista de subscrição de requerimentos pautados.
Passamos agora à Ordem do Dia.
Retiramos de pauta de ofício os itens 4, 5, 6 e 8, a pedido das Relatoras, para reexame.
Passamos à apreciação dos requerimentos constantes da pauta.
Consulto o Plenário se há concordância em apreciarmos em bloco todos os requerimentos constantes da pauta. (Pausa.)
Havendo concordância das Sras. Deputadas e dos Srs. Deputados, em votação a apreciação dos Requerimentos nºs 19, 20 e 21, todos de 2025.
As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que os aprovam permaneçam como se encontram.
Estando presente aqui a propositora de um dos requerimentos, abro a palavra para a nossa Deputada Sâmia.
A SRA. SÂMIA BOMFIM (Bloco/PSOL - SP) - Boa tarde, Deputada, Presidenta Adriana.
Muito obrigada pela oportunidade.
Agradeço também pela aprovação do nosso requerimento, que é, na verdade, uma moção de solidariedade aos familiares e amigos de Bruna Oliveira da Silva, que infelizmente foi mais uma mulher vítima de feminicídio no nosso País.
Eu peço licença para poder ler essa moção.
"Senhora Presidenta,
Requeiro a V.Exa., nos termos do art. 117, caput, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, que, ouvido o Plenário desta Comissão, seja aprovada Moção de Solidariedade aos familiares e amigos de Bruna Oliveira da Silva, jovem estudante brutalmente assassinada na cidade de São Paulo, nos seguintes termos:
'A Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher presta solidariedade aos familiares e amigos de Bruna Oliveira da Silva, jovem estudante brutalmente assassinada na cidade de São Paulo. Compete à Câmara dos Deputados e, em especial, a esta Comissão, o apoio irrestrito à luta contra o feminicídio e à proteção da vida de mulheres e meninas.'
Não é novidade que o Brasil ocupa o 5º lugar no ranking mundial de Feminicídio, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), perdendo apenas para El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia em número de casos de assassinato de mulheres. Em comparação com países desenvolvidos, aqui se mata 48 vezes mais mulheres que o Reino Unido, 24 vezes mais que a Dinamarca e 16 vezes mais que o Japão ou Escócia. O Mapa da Violência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mostra que o número de mulheres assassinadas aumentou no Brasil. Entre 2003 e 2013, passou de 3.937 casos para 4.762 mortes. Em 2016, uma mulher foi assassinada a cada duas horas no País.
No último dia 17 de abril, a jovem Bruna Oliveira da Silva, de 28 anos, mestranda no Programa em Mudança Social e Participação Política da USP, foi encontrada sem vida após a grande mobilização da família, amigas e comunidade acadêmica no contexto de seu desaparecimento ao voltar para casa. O corpo da jovem foi encontrado nas imediações da estação de metrô Itaquera, com sinais evidentes de violência. O caso, que repercutiu nacionalmente, segue mobilizando esses mesmos setores na busca por respostas e Justiça por Bruna.
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O caso de Bruna faz parte do alto índice de feminicídios registrados no Brasil e que, só no Estado de São Paulo, atingiu recorde no ano de 2024, conforme a Secretaria de Segurança Pública.
Estudantes da USP Leste, indignados e perplexos com o brutal ato de violência praticado contra a colega e amiga Bruna Oliveira da Silva, organizaram um ato público para chamar atenção das autoridades."
Esse ato deve se realizar na data de amanhã, ao meio-dia, lá na USP Leste mesmo, conhecida como EACH-USP.
"Toda a sociedade perde com a morte de Bruna, uma jovem estudante, mãe, pesquisadora engajada nas lutas sociais por um mundo melhor. Bruna deixa uma trajetória acadêmica exemplar que marcará para sempre todos os que tiveram a oportunidade de conviver com ela.
A presente Moção serve, pois, para o devido registro de especial solidariedade desta Comissão à família e aos amigos de Bruna que passam pela profunda dor de uma perda irreparável, motivo pelo qual conto com o apoio das nobres pares para a aprovação deste Requerimento."
Sra. Presidente, esse foi mais um dos casos chocantes, absurdos, que aconteceu na cidade.
A Bruna retornava para a casa dela.
Inclusive, queria fazer uma pequena reflexão, porque muitas pessoas chegaram a comentar: "Mas por que voltava sozinha? Por que por aquele caminho? Por que ela estava sem celular para que pudesse..." Aliás, o celular dela estava sem bateria para que ela pudesse, por exemplo, pedir um carro por aplicativo para poder voltar para casa? Por quê? Por quê? Todos os questionamentos se dão sobre a vítima, como se ela fosse culpada pelo feminicídio, pela violência absurda que ela sofreu.
Mas a nossa interrogação tem que ser por que as mulheres ainda passam por situações como essa? Por que um sujeito que estava andando pela rua se sentiu no direito de atacar uma jovem que estava voltando para casa? Uma jovem mãe, inclusive, que foi uma mãe muito jovem, que ainda assim conseguiu ingressar na universidade, concluiu seus estudos e agora estava realizando o mestrado em um programa que, inclusive, é uma assessora nossa. A Mayra também era colega de sala dela, compartilhava dos mesmos sonhos, planos e objetivos acadêmicos e, enfim, de mundo também.
O questionamento tem que ser feito é: por que a gente ainda tem uma sociedade tão machista, absurda, misógina, em que a gente vê casos como esse, brutais, todos os dias?
Eu queria pedir, Presidente, para que essa nossa moção pudesse ser encaminhada para a direção da USP Leste, a EACH-USP, e para os familiares de Bruna.
Também quero deixar aqui uma reflexão que eu recebi das colegas dela: o inquérito, por hora, trata o crime como um assassinato, que, de fato foi, mas foi um feminicídio, porque se trata de questões de gênero, inclusive há uma série de indícios de que houve violência sexual antes do assassinato.
Eu queria também aqui deixar registrado a importância de que o crime seja tipificado como ele de fato foi, porque a Lei do Feminicídio foi uma conquista das mulheres brasileiras, uma conquista aqui desta Casa e serve para que a sociedade saiba que, infelizmente, as mulheres são mortas pelo fato de serem mulheres. E é importante que seja assim identificado até para responsabilização, punição do agressor, do assassino, do feminicida.
Mas também essa moção é importante para que as jovens e os familiares saibam que elas não estão sozinhas na luta por justiça, que nós estamos aqui para acolhê-las e para cobrar também cada vez mais iniciativas das autoridades, tanto da Secretaria Estadual de Segurança Pública do Estado de São Paulo, como também da Secretaria Municipal, para que as mulheres possam, de fato, estar protegidas na volta para casa.
Quantas mulheres não voltam para Casa sozinhas, depois de um dia de trabalho, depois de um dia de estudo, para que possam encontrar com a sua família e com seus filhos e, nesse trajeto, elas se deparam com o seu assassino, com o fim das suas vidas ali, iminente, com uma violência brutal e absurda?
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Então, fica também o nosso grito de socorro, de socorro diante de um País que ainda trata as suas mulheres dessa forma.
Agradeço, Presidente, pela atenção e também pela aprovação da moção.
A SRA. PRESIDENTE (Delegada Adriana Accorsi. Bloco/PT - GO) - Eu quero parabenizar a colega, Deputada Sâmia, pelo requerimento da moção de solidariedade, que eu fiz questão, inclusive, de subscrever.
Nós estamos todos chocados com os últimos dias, Deputada, porque não só houve o caso da Bruna, de extrema covardia e de crueldade, em que há indícios de extrema violência. Eu estou acompanhando a investigação policial e é bom a gente dizer que a polícia espera a ajuda da população para encontrar o acusado, o suspeito que foi identificado pelas suas características físicas em filmagens, porém, não foi ainda preso. Então, a população precisa auxiliar no sentido de denunciá-lo às autoridades para que ele seja encontrado, identificado e responsabilizado.
O que aconteceu com a jovem Vitória, de extrema violência, significa como nós temos direito a viver sem medo no Brasil, mas também no Rio Grande do Sul, onde ocorreram 10 casos, somente no feriado da Semana Santa. Aliás, em todo o País aconteceram casos. Aconteceu em Goiás, aconteceu aqui no Distrito Federal, que está com um índice alarmante também de feminicídios.
Foi muito importante você dizer da questão da tipificação como feminicídio, porque nós hoje entendemos que os números são muito altos, Deputada. Sabemos também que há uma tipificação, ainda que seja uma subnotificação, porque muitos casos, por exemplo, de desaparecimento em que a vítima nunca é encontrada, não figuram como uma situação de possível feminicídio e alguns assassinatos não solucionados. Enquanto não se encontra, muitas vezes, a motivação não se tipifica, essa é a orientação em alguns Estados.
Então, a gente precisa discutir isto aqui. Eu estou propondo uma audiência pública sobre feminicídio. Quero convidar todas as colegas e colegas aqui para que a gente traga as autoridades que atuam nesse sentido, para a gente discutir essa questão e como unir a nossa Nação nesse combate, porque hoje ele é principalmente competência dos Estados. E a gente vê, muitas vezes, uma falta de prioridade, inclusive estrutural para essas investigações.
Nós aprovamos aqui, no ano passado, que as delegacias especializadas no atendimento à mulher precisam funcionar 24 horas. E, como delegada há 25 anos, eu digo que isso é necessário, é fundamental, porque a maioria dos crimes acontecem à noite, aos finais de semana, nos feriados e, passados alguns dias, a mulher não tem apoio para retornar à delegacia ou para buscar ajuda. Por isso é muito importante que isso aconteça, mas não está acontecendo, na realidade, pela falta de estrutura.
Eu estive com o Ministro Lewandowski e falei com S.Exa. sobre isso, que a gente faça um esforço nacional de combate ao feminicídio, e que a gente consiga encontrar caminhos juntos — os Estados, os Municípios e o Governo Federal — para que possa combatê-lo.
Eu a parabenizo, Deputada.
Fiquei particularmente angustiada ao ver as filmagens dela tentando ir para casa e, na próxima filmagem, ela não aparece mais. Então, a gente fica muito triste por mais um caso desse tenha acontecido, mas também com todas as mães, jovens, que foram mortas nos últimos dias e que têm sido assassinadas no País com essa epidemia de feminicídios que a gente vive.
Parabéns, Deputada.
Vamos prosseguir aqui, mas a palavra está aberta.
Mais uma colega que chegou.
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Qual que é o próximo item? Esse eu já li.
Aprovados os requerimentos.
Nós temos na pauta o Projeto de Lei nº 522, de 2024, da Deputada Natália Bonavides, que estabelece cota para participação de artistas mulheres na programação de eventos musicais.
A Relatora registrou presença, mas não se encontra no Plenário neste momento.
A SRA. CHRIS TONIETTO (Bloco/PL - RJ) - Sra. Presidente, eu queria, na verdade, fazer uma sugestão, até porque a gente tem alguns apontamentos desde as reuniões deliberativas passadas, quando nós tivemos até mesmo nessa pauta, não neste ano, mas no ano passado, que dizem respeito a esse projeto. Nesse sentido, queria sugerir que fosse retirado de pauta esse projeto para que a gente pudesse debatê-lo um pouco mais com a Relatora, que está ausente, amadurecer a pauta para depois deliberá-la.
A SRA. PRESIDENTE (Delegada Adriana Accorsi. Bloco/PT - GO) - Muito bem, Deputada Chris.
Como há o requerimento de adiamento da discussão de V.Exa., e também, obviamente, pela ausência da Relatora, nós o retiramos de pauta.
A SRA. SÂMIA BOMFIM (Bloco/PSOL - SP) - Pela ordem, Presidente, a Deputada Juliana Cardoso está a caminho. S.Exa. me pediu para que eu fazer a leitura do relatório, algo que eu posso me dispor a fazer, sim.
Claro, a gente tem o requerimento anteriormente de retirada de pauta. Mas acho que a gente poderia fazer a votação nominal, porque eu acho que é o último e único item de pauta.
A SRA. CHRIS TONIETTO (Bloco/PL - RJ) - Mas, geralmente, quando a Relatora está ausente, Sra. Presidente, a gente tem procedido dessa forma, até para o bom andamento do trabalho, até porque poderia ser também... mas tem discussão para ser feita. Nesse sentido, seria de bom tom retirar de pauta esse projeto e deixá-lo para a próxima semana.
Então, Sra. Presidente, a gente tem feito dessa forma. No ano passado, por exemplo, por várias vezes, na ausência da Relatora, foi retirado até para que a gente pudesse preservar o diálogo com a Relatora.
A SRA. PRESIDENTE (Delegada Adriana Accorsi. Bloco/PT - GO) - Nós podemos consultar as colegas, porque não há requerimento de adiamento da discussão.
(Intervenção fora do microfone.) Ah, não tem de retirada, tem do adiamento.
Podemos ler o projeto, para adiantar. Pode ser? A gente faz a leitura e adianta. Acho que a discussão é interessante, e é um projeto importante. Mas a gente adianta, porque nós já vimos isso em várias sessões e não conseguimos caminhar com os projetos aqui. E eles são importantes também.
A Deputada Juliana acaba de chegar. Seja bem-vinda, Deputada. Chegou a tempo.
Teremos a leitura do Projeto de Lei nº 522, de 2024, de autoria da Deputada Natália Bonavides, que estabelece cota para participação de artistas mulheres na programação de eventos musicais.
Relatora: Deputada Juliana, presente no Plenário.
A SRA. JULIANA CARDOSO (Bloco/PT - SP) - Obrigada, Presidenta.
Boa tarde, Deputadas, Deputados e público que estão aqui junto com a gente na Comissão.
Vou pedir autorização para ir direto ao voto da Relatora.
"II - Voto da Relatora
Mulheres enfrentam desafios significativos em diversos setores da sociedade e a indústria da música ao vivo não é exceção. As artistas, em particular, têm sido historicamente sub-representadas nos palcos de eventos musicais, o que reflete uma série de barreiras estruturais e culturais que limitam suas oportunidades. Um levantamento da União Brasileira de Compositores aponta, por exemplo, que mulheres são maioria em apenas 17% dos grandes festivais de música que ocorrem no País.
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Diante desse cenário, torna-se imperativa a adoção de ações afirmativas que assegurem maior inclusão e visibilidade para essas profissionais. Ações afirmativas já são uma realidade em várias esferas, inclusive na cultura, consistindo em ferramenta importante para corrigir desigualdades históricas e promover a diversidade. A cota proposta no Projeto de Lei em questão, que estabelece uma participação mínima de 30% de mulheres em eventos musicais, constitui, nessa esteira, uma medida concreta e necessária para garantir que essas artistas tenham o espaço que merecem.
A desigualdade de gênero, neste contexto, é um reflexo de um problema mais amplo que permeia a sociedade. A implementação de uma cota como a sugerida não apenas promove a igualdade numérica, mas também envia uma mensagem poderosa sobre a necessidade de valorizar a diversidade e combater o machismo, já que não podemos aceitar que seja a falta de artistas qualificadas que explique a desigualdade entre homens e mulheres nas apresentações musicais.
A experiência de outros países, como a Ley de Cupo en Eventos Argentina, citada na justificativa do projeto, demonstra que tais políticas podem ter impactos significativos na inclusão de mulheres em eventos culturais.
Ademais, é possível colher na própria legislação brasileira uma série de exemplos de ações afirmativas em âmbito cultural, que também têm mulheres como público-alvo, a exemplo da Lei Complementar nº 195, de 2022, a Lei Paulo Gustavo.
Por fim, exemplos como a Lei nº 13.146, de 2015, a Lei brasileira de Inclusão, também constitui exemplo de que cabe aos particulares, assim como ao Estado, o dever de implementar direitos fundamentais e ações afirmativas. Não se trata, portanto, de medida estranha, do ponto de vista do mérito, ao nosso ordenamento jurídico. Tem-se aqui, portanto, mais uma razão para que o projeto mereça a acolhida desta Comissão.
Ante o exposto, voto pela aprovação do PL 522/2024."
A SRA. PRESIDENTE (Delegada Adriana Accorsi. Bloco/PT - GO) - Muito obrigada, Deputada Juliana.
Há sobre a mesa um requerimento de adiamento da discussão apresentado pela Deputada Chris Tonietto.
Informo que concederei a votação nominal de ofício.
Nós teremos agora, por 3 minutos, falas das Deputadas a favor e contra à questão do requerimento de adiamento da discussão.
Com a palavra a Deputada Chris, para encaminhar a favor por 3 minutos.
A SRA. CHRIS TONIETTO (Bloco/PL - RJ) - Sra. Presidente, nobres colegas Parlamentares, no ano passado esse projeto esteve também na pauta algumas vezes e nós já havíamos mencionado até um pouco dos apontamentos acerca do tema, ou seja, acerca dessa pauta e, sobretudo, da cota de 30%.
Eu sempre falei que sou defensora, sim, de incentivar a participação das mulheres, seja em festivais, em eventos musicais, enfim, até mesmo na política, a gente tem travado essa batalha. Sem dúvida, é necessário esse estímulo, esse incentivo, só que nós divergimos, por exemplo, quanto ao procedimento, quanto ao método.
15:13
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Nós entendemos que estabelecer uma cota de 30% aqui nesse quesito, ainda mais em se tratando a participação de mulheres em musicais ao vivo, que tenham menos de três atrações, pode trazer uma série de problemas, além de que fere também princípios constitucionais, da liberdade, por exemplo, artística, da pluralidade de estilos.
Enfim, da mesma forma, nós falamos também, no ano passado, a gente até foi abordado por algumas instituições, por algumas entidades, a própria Globo nos procurou — eu havia comentado isso com a Deputada Relatora, a quem cumprimento, inclusive, a gente conversou sobre isso no ano passado — e apresentou as suas divergências quanto ao tema, porque isso pode trazer até desestímulo para a participação da mulher.
Na intenção de parecer estar viabilizando a presença, a participação da mulher, estabelecendo essa cota de 30%, pode gerar o impacto contrário, o efeito contrário nocivo, desestimulando a participação delas. Quer dizer, a gente diverge do método, não na participação, e até porque não existe uma vedação da participação da mulher a qualquer festival que seja. Nenhuma mulher nunca foi cerceada, nunca foi impedida de participar.
A gente também tem que pensar, por exemplo, que há localidades, há Municípios que talvez não haja número suficiente de mulheres nesse quesito. E, nesse caso, como é que seria? Como é que ficaria?
Algumas entidades nos procuraram justamente com a intenção de apresentar as suas divergências quanto ao mérito do projeto. Na época, no ano passado, quando esteve esse assunto em debate, a gente conversou com a Relatora, até mesmo neste Plenário, e provocou essa discussão para tentar amadurecer, ver uma melhor forma de avançarmos com essa temática, de modo a não colocar uma cota de 30% para não criar um efeito reverso do que se deseja, ou do que se diz desejar o projeto.
Nesse sentido, a gente está pedindo o adiamento da discussão para que também possamos ouvir as próprias entidades. A Globo, ano passado, esteve aqui, conversou, salvo engano, com a Relatora — ela pode me corrigir se eu estiver equivocada quanto a isso. Mas eu acho que é importante a gente ouvir, até porque senão a gente vai apenas quantificar, colocar porcentagens e cotas, e no final das contas não vai estar atendendo ao objetivo.
Então, Sra. Presidenta, eu gostaria de pedir a este Plenário que a gente pudesse realmente adiar essa discussão para mais amadurecimento.
Muito obrigada, Sra. Presidente.
A SRA. PRESIDENTE (Delegada Adriana Accorsi. Bloco/PT - GO) - Muito obrigada, Deputada Chris.
Para encaminhar contra o requerimento, concedo a palavra à Deputada Juliana, por 3 minutos.
A SRA. JULIANA CARDOSO (Bloco/PT - SP) - Obrigada. Presidenta.
A gente não tem mais como adiar isto aqui, porque desde o ano passado estou nessa tentativa. Inclusive, ouvi a associação que a Deputada indicou. Eles arrumaram o texto no formato que achavam que tinha que fazer. Houve todo um processo de diálogo, de discussão, enfim, de tudo.
E é mínimo, o que a gente tem batido muito no martelo é falar dos 30%. Gente, isso já é política. Haja vista a questão eleitoral, nós estamos em mínimo de 30%. Ainda bem que a gente conseguiu conquistar os 30%, nós já estamos chegando a quase 20% de mulheres no Parlamento. Isso são iniciativas que nos ajudam a organizar, a mobilizar as mulheres. É o mínimo, porque hoje a gente tem as situações que nem o mínimo acontece. Se coloca uma artista, às vezes é muito. Então, são incentivos. A gente precisa incentivar as mulheres, incentivar as profissionais em todos os lugares, em todos os setores profissionais, políticos, artísticos.
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Por conta disso, Sra. Presidenta, eu peço encarecidamente que a Deputada Chris retire esse pedido de adiamento da discussão, para que a gente consiga avançar, porque desde o ano passado estou falando sobre isso. O requerimento chegou aqui em agosto. Desde lá, já conversei, articulei, tudo. Todas as caminhas já foram feitas.
Mas eu estou entendendo que a senhora bate no martelo na relação do mínimo de 30%, e essa é a essência do projeto. Se eu tirar a essência do projeto, então eu retiro o projeto. E não é o caso, porque há pessoas que estão aguardando a gente falar e legislar sobre essa política.
Então, peço, encarecidamente, que a gente avance nessa discussão e depois passe para as Comissões, para que cada uma delas tenha um debate também para avançar nesse projeto de lei.
Obrigada.
A SRA. PRESIDENTE (Delegada Adriana Accorsi. Bloco/PT - GO) - Muito obrigada, Deputada Juliana.
Vamos proceder à votação pelo sistema eletrônico.
A Presidência solicita às Sras. Deputadas e aos Srs. Deputados que registrem seus votos pelo sistema de votação instalado nas bancadas ou pelo aplicativo Infoleg Celular.
Está iniciada a votação.
Vamos passar para as orientações dos partidos.
Para orientar a bancada pelo prazo de 1 minuto, como vota o PL?
A SRA. CHRIS TONIETTO (Bloco/PL - RJ) - Sra. Presidente, pelos motivos já elencados e também pela nossa divergência na metodologia, nós não concordamos com a existência dessa cota de 30%, em que pese a Relatora tenha mencionado que isso desnatura o projeto, de fato, a gente tem essas divergências. A gente estava tentando chegar em alguma possibilidade de ajuste textual, ouvindo as demandas das associações. Eu até citei aqui a Globo, porque eu tenho diversas divergências com a própria Globo, mas nesse quesito concordo com o pleito da parte deles.
Não temos como concordar com a prosperidade desse projeto. Em que pese eu tenha o máximo respeito pela Relatora e por todas as pessoas que pensam de forma diferente de mim.
Então, nesse quesito, o PL está em "obstrução".
Da mesma maneira, eu peço que a V.Exa. que coloque no painel Minoria e Oposição em "obstrução".
Obrigada, Sra. Presidente.
A SRA. PRESIDENTE (Delegada Adriana Accorsi. Bloco/PT - GO) - Muito bem.
Como vota a Federação do PT, PCdoB e PV?
A SRA. JULIANA CARDOSO (Bloco/PT - SP) - Vota pela rejeição do requerimento, vota "não".
A SRA. PRESIDENTE (Delegada Adriana Accorsi. Bloco/PT - GO) - A União Brasil tem representação? (Pausa.)
Como vota o PP? (Pausa.)
Como vota o Republicanos? (Pausa.)
Como vota o MDB? (Pausa.)
Como vota o PSD? (Pausa.)
Como vota o PDT? (Pausa.)
Como vota a Federação PSOL REDE.
A SRA. SÂMIA BOMFIM (Bloco/PSOL - SP) - Presidente, nós somos contrários ao adiamento da discussão. Primeiro, porque eu estava vendo aqui o histórico. Desde o ano passado, na verdade, há a possibilidade desse projeto ser discutido e aprovado na Comissão da Mulher. Foi retirado de pauta, por acordo, em 30 de dezembro de 2024 e em 11 de dezembro de 2021. Também foi retirado de pauta em 4/12/2024.
Veja, foram sucessivas datas e momentos em que foi retirado de pauta, por acordo, para discutir o relatório. Portanto, mais uma prova de que o relatório da Deputada Juliana foi muito bem elaborado, debatido e escutou as demandas da sociedade civil, das empresas, das entidades, das Parlamentares contrárias e fez todas as alterações possíveis.
Como ela muito bem disse, chegou no limite, que é a essência do projeto, que é a questão de 30% de cotas, porque se isso sai do projeto, não tem projeto. E é uma divergência intransponível e por isso que a gente precisa manter na pauta e ir para o voto para ver aquelas que são favoráveis e as contrárias.
Eu quero dizer que não há mais... Já se esgotou todas as possibilidades de discussão e de reparos no projeto.
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Eu queria parabenizar tanto a autora como a Deputada Natália Bonavides pelo excelente trabalho. É mais uma ação afirmativa importantíssima para fortalecer o trabalho das artistas trabalhadoras da cultura, mulheres brasileiras que precisam também ser valorizadas.
A SRA. PRESIDENTE (Delegada Adriana Accorsi. Bloco/PT - GO) - A votação continua acontecendo.
Enquanto isso, a gente continua com as orientações.
Como vota o Podemos? (Pausa.)
Como vota o Avante? (Pausa.)
Como vota o Solidariedade? (Pausa.)
Como vota a Maioria?
A SRA. JULIANA CARDOSO (Bloco/PT - SP) - Presidenta, eu voto "não" ao requerimento pela Maioria e pelo Governo.
Obrigada.
A SRA. PRESIDENTE (Delegada Adriana Accorsi. Bloco/PT - GO) - Como vota a Minoria?
A SRA. VALERIA APARECIDA OLINTO PESSOA - Ela já colocou "obstrução"?
A SRA. PRESIDENTE (Delegada Adriana Accorsi. Bloco/PT - GO) - Ah, muito bem.
(Pausa prolongada.)
Eu peço à assessoria das Deputadas e dos Deputados para convidá-los a participar desta votação, dessa decisão.
Deputada Flávia, se precisar, pode votar aqui.
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Deputada Chris Tonietto, chegou o ofício designando a senhora para falar pela liderança, se a senhora quiser fazer uso da palavra.
(Pausa prolongada.)
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A SRA. CHRIS TONIETTO (Bloco/PL - RJ) - Sra. Presidente, já que deu o quórum, gostaria só de um minutinho para poder proceder aqui a mudança e orientar tanto pelo PL, como Minoria e pela Oposição.
Voto "sim" ao requerimento de adiamento de discurso.
A SRA. PRESIDENTE (Delegada Adriana Accorsi. Bloco/PT - GO) - Muito bem.
Vamos aguardar só mais alguns minutos para alcançamos o quórum.
O mais importante é a gente ter a participação das colegas, dos colegas.
A assessoria está tentando informar as Deputadas da votação.
Então, aguardemos mais alguns minutos.
(Pausa prolongada.)
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Está encerrada a votação.
Vamos proceder à apuração dos votos.
Resultado: "sim", 2; "não", 11.
Rejeitado o requerimento.
Declaro prejudicado o requerimento de adiamento da votação.
Vamos iniciar a discussão da matéria.
(Intervenção inaudível fora do microfone.)
A SRA. PRESIDENTE (Delegada Adriana Accorsi. Bloco/PT - GO) - Ainda é possível?
Pedido de vista concedido.
Nada mais havendo a tratar, declaro encerrado os trabalhos, convoco as senhoras e senhores Parlamentares para a reunião deliberativa extraordinária a ser realizada no dia 29 de abril, terça-feira, às 13 horas e 30 minutos, com pauta a ser divulgada posteriormente.
Está encerrada a presente reunião.
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