Horário | (Transcrição preliminar para consulta, anterior às Notas Taquigráficas.) |
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O SR. PRESIDENTE (Mauricio Neves. Bloco/PP - SP) - Havendo número regimental, sob a proteção de Deus, na qualidade de Presidente desta Comissão, declaro aberta a presente reunião deliberativa da Comissão de Viação e Transportes (CVT).
A SRA. DENISE PESSÔA (Bloco/PT - RS) - "Senhor Presidente, face ao Requerimento nº 12, de 2025, audiência pública para debater o Projeto de Lei nº 4.965, de 2024, que altera a Lei nº 14.273, de 23 de dezembro de 2021, que estabelece a substituição obrigatória de vagões de carga, dispõe sobre a regulamentação das medidas de segurança operacional no transporte ferroviário e dá outras providências, faz-se necessária a inclusão da participação dos seguintes convidados, a saber: representante da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNMCUT); representante do Sindicato dos Ferroviários (Sindfer); e representante do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos)."
O SR. PRESIDENTE (Mauricio Neves. Bloco/PP - SP) - Em votação o requerimento.
Item 2. Requerimento nº 16, de 2025, do Deputado Kiko Celeguim, requer a realização de seminário, no Estado de São Paulo, da Comissão de Viação e Transportes, destinada a dar transparência aos investimentos realizados através da concessão da Rodovia Presidente Dutra no trecho São Paulo, em especial as cidades do Vale do Paraíba.
O SR. KIKO CELEGUIM (Bloco/PT - SP) - Sr. Presidente, nobres colegas, bom dia.
O intuito dessa ferramenta é a gente, obviamente — como está dito aqui no texto —, fazer um debate para elucidar todos os atores políticos, sociais, econômicos que estão ali impactados, positiva ou negativamente, por esse grande investimento que o Governo Federal faz na modernização e ampliação das faixas da Via Dutra, para que a gente possa, inclusive, ouvir sugestões da população.
O SR. PRESIDENTE (Mauricio Neves. Bloco/PP - SP) - Obrigado, Deputado Kiko Celeguim.
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O SR. LEÔNIDAS CRISTINO (Bloco/PDT - CE) - Sr. Presidente, não sei se é possível... a gente poderia votar os itens 4, 5 e 6 em bloco... pode?
O SR. PRESIDENTE (Mauricio Neves. Bloco/PP - SP) - Sim.
O SR. LEÔNIDAS CRISTINO (Bloco/PDT - CE) - Pois então, eu vou pedir o voto para os três.
Se. Presidente, eu, ao longo do tempo — já falei isto aqui, e vou repetir — venho lutando, trabalhando para a gente melhorar a matriz de transporte do Brasil. Falei aqui e vou repetir: Ela é desequilibrada, inadequada e ineficiente.
Por quê? Porque ela está em torno de... entre 67% e 68% das cargas... essas cargas são transportadas via rodoviária. Vinte e um por cento em ferrovias e 11% — em torno de 11% — no setor aquaviário, dutoviário.
Quer dizer, é um desequilíbrio que prejudica muito o desenvolvimento do Brasil e a perspectiva de o Brasil competir no mercado internacional. Sem infraestrutura de transporte, o Brasil não vai a canto nenhum.
E eu estou promovendo... pedindo aos pares que aprovem esses requerimentos, para que a gente possa discutir cada modal.
Eu sugeri, no caso do hidroviário, alguns convidados. Evidentemente, esta Casa, esta Comissão, pode até ampliar. Embora eu entenda que, se você ampliar demais, vai acabar virando um comício, e ninguém vai conseguir entender o que realmente está acontecendo com o sistema viário nacional, principalmente com a área hidroviária... como também na área rodoviária e ferroviária.
Eu queria fazer uma sequência, Sr. Presidente, começando pelas rodovias. O Brasil possui em torno de 1,8 milhão de quilômetros de rodovias. Mas nós só temos pavimentadas em torno de 220 a 230 mil quilômetros. Isso é muito pouco; representa 12%... 12% das rodovias brasileiras são pavimentadas. São rodovias federais, estaduais e municipais.
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O Brasil tem uma densidade rodoviária de 25 quilômetros por cada mil quilômetros quadrados de área. Sabe quantos quilômetros há os Estados Unidos, por exemplo? Em torno de 400 quilômetros; a China, em torno de 400 quilômetros; o México, 94 quilômetros — o México tem mais do que o triplo do que o Brasil tem de densidade —; a Rússia tem 54 quilômetros; a Argentina tem 42 quilômetros — quase o dobro do Brasil —; o Equador tem 31 quilômetros... e o Brasil tem 25 quilômetros.
Alguma coisa está errada. E eu digo sempre que o erro não é de Governo A nem de Governo B, não. O erro é estrutural; é falta de planejamento e de saber onde a gente está e aonde a gente quer chegar.
É para isso que eu estou pedindo aos Deputados que aprovem esses requerimentos, para a gente escutar a área hidroviária, ferroviária e rodoviária.
Sr. Presidente, foi feita uma pesquisa recentemente na CNT (Confederação Nacional do Transporte) que diz que, a cada 3 quilômetros de rodovias, nós só temos 1 quilômetro bom — ótimo ou bom. É inadmissível. Só representamos 12% das rodovias brasileiras pavimentadas, o DNIT só representa 66 mil quilômetros, e nós só temos, nessas rodovias... em situação periclitante. Por isso, a minha angústia, a minha preocupação.
Sr. Presidente, por conta dessa situação das rodovias, o Brasil perde, por ano, 1,2 bilhão de litros de óleo diesel. Por quê? Freia, (ininteligível) primeira e tal... Isso é um custo violentíssimo de 1,2 bilhão de litros de óleo diesel. E isso representa um custo de 6,8 bilhões de reais.
(O Sr. Presidente faz soar as campainhas.)
O SR. LEÔNIDAS CRISTINO (Bloco/PDT - CE) - Pois bem, Sr. Presidente. Nós, literalmente, não somos um país também rodoviário.
Pois bem, há outro problema das rodovias — que eu queria discuti-lo nessas audiências públicas —, que é a situação das obras de arte especiais: ponte, viaduto, túnel, etc. Essas estruturas estão precisando urgentemente de reparos.
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Enfim, não vamos aumentar o problema aqui, não. Nós vamos deixar para a gente discutir isso se esta Comissão aprovar...
O outro problema é a ferrovia. Ora, na hora que eu não tiver ferrovia, as cargas vão para onde? As cargas vão se movimentar. Se nós não temos ferrovia, as cargas vão para as rodovias. Ora, se as rodovias não estão aguentando nem o que existe para elas hoje, imagine aumentando a deficiência de movimentação de carga das ferrovias.
Um dado — que eu o falei aqui, e vou repetir, só para... —: no Segundo Reinado — Dom Pedro II —, em 35 anos, ele executou 9.500 quilômetros de ferrovia, entre 1854 a 1889. No final dos anos 40...
No final dos anos 40, nós tínhamos 34 mil quilômetros. Em 1997, nós tínhamos em torno de 32, 30, sei lá. E hoje, nós — eu pensava que tínhamos 30 — temos 30 mil quilômetros de ferrovia, mas, em operação, Sr. Presidente, não há 30. Não há 30. Dizem que há entre 15 e 20 mil quilômetros.
Essas cargas estão indo para onde? Para as rodovias. Infelizmente, deviam ir para as hidrovias. Mas também não vão.
De modo, Sr. Presidente, que eu queria só também salientar... Eu falei da densidade das rodovias. O Brasil tem 25 quilômetros por cada mil quilômetros quadrados de área. Vamos para a ferrovia: Os Estados Unidos têm 30 quilômetros de ferrovia por cada mil quilômetros de área; a China tem 15; o Brasil tem entre 2,7 e 1,7 quilômetros. Vamos botar no meio: O Brasil tem em torno de 2,5 — sei lá — quilômetros de ferrovia por cada mil quilômetros quadrados de área. Ou seja, é quase nada.
Nós temos que lutar com todas as nossas forças aqui nesta Comissão para fazer um plano, um planejamento. Como eu falei anteriormente: Não estou falando de Governo nenhum. Estou falando que o problema é estrutural. Se o problema é estrutural, não é conjuntural. Se é estrutural, nós temos que planejar: onde eu estou e aonde eu quero chegar. Isso é planejamento.
Eu sou engenheiro e, por sinal, engenheiro de estrada. Eu sou engenheiro rodoviário. Mas estou aqui defendendo o quê? Muito mais as ferrovias e as hidrovias, porque, ao tirar essa carga da rodovia, vai haver uma condição muito melhor de desempenho da rodovia, porque é distância curta ou distância média.
Todo mundo sabe disso. Isso aqui, eu estou falando porque estou viciado em falar essas coisas. Mas é impressionante, não é?
O número — para encerrar — das hidrovias agora: Nós temos uma capacidade hidroviária de 64 mil quilômetros; usamos em torno de 20. Só que, se você quiser transportar uma tonelada com um litro de combustível, você percorre, na rodovia, 25 quilômetros.
Esse mesmo um litro de combustível, para carregar uma tonelada — para transportar uma tonelada — nas ferrovias, eu percorro 75 quilômetros. E, nas hidrovias, eu tenho a condição de percorrer, com um litro de combustível, uma tonelada, em torno de mais de 200 quilômetros.
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Por isso, é muito importante, no meu compreender... que essas audiências públicas vão ajudar, não apenas a nós, da Comissão, mas, acima de tudo, o Governo, a encontrar o caminho de planejamento e de recursos, para que a gente possa sair dessa dificuldade, dessa enrascada.
Esse é o meu drama, essa é a minha preocupação. E esta Comissão tem toda a condição — e a obrigação — de ajudar nesse sentido: trazer o Governo, trazer os empresários, trazer aqueles que tenham a condição de ajudar e também de contribuir, para que a gente possa ampliar as rodovias, melhorando a qualidade das rodovias; recuperar — não estou nem querendo aumentar — a malha ferroviária, para a gente poder ter em torno de 30 mil quilômetros em operação; e usar as hidrovias, principalmente na Amazônia.
O SR. PRESIDENTE (Mauricio Neves. Bloco/PP - SP) - Muito obrigado, Deputado Leônidas Cristino.
O SR. ZÉ TROVÃO (Bloco/PL - SC) - Sr. Presidente, eu quero acrescentar, às falas do nosso ilustre engenheiro Deputado — uma pessoa de alto padrão —, alguns pontos importantes.
Eu, como caminhoneiro, sempre defendi as ferrovias por um fator muito simples: Hoje o caminhoneiro percorre mais de 6 mil quilômetros para fazer uma entrega, e isso retém dele tempo de qualidade com a sua família, e com um custo absurdo e um lucro quase que zero. Porque todo caminhoneiro que faz conta, hoje, sabe que trabalhar próximo da sua moradia é mais rentável do que passar dias e dias, e meses, viajando, porque o desgaste do implemento é maior.
Nós precisamos, sim, melhorar nossas malhas viárias, que estão em péssimas condições. Isso também é reflexo da má gestão de empresas que se tornaram as terceiras dessas rodovias — você paga o pedágio, e eles não lhe entregam o que deveriam. E nós precisamos rever, desde o âmbito geral, daquilo que serão os novos contratos.
Nós temos esse problema, Deputado Leônidas Cristino, inclusive na BR-101. A empresa nunca quis fazer uma terceira faixa; agora diz que não pode fazer uma terceira faixa porque o contrato está terminando — só tem mais 10 anos de contrato. Mas nós temos que mudar. Quando você for contratar uma empresa para fazer as melhorias, ou para ela se tornar responsável por aquele trecho, ela tem que entregar a melhoria antes de querer cobrar o pedágio caro que eles cobram.
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O SR. PRESIDENTE (Mauricio Neves. Bloco/PP - SP) - Obrigado, Deputado Zé Trovão.
A SRA. HELENA LIMA (Bloco/MDB - RR) - Bom dia. Bom dia a todos os Deputados. Bom dia, Sr. Presidente, Deputado Mauricio Neves. Bom dia à Secretária de V.Exa. Bom dia a todos.
A presente proposição visa à criação e implantação do que chama de aplicativo Condutor Provisório de Veículo (CPV). Trata-se de solução informatizada para identificação do condutor em tempo real, junto às bases de dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), durante o período de utilização de veículo de propriedade de terceiros, para fins de identificação do condutor e notificação de eventuais infrações.
Não obstante a boa intenção do Parlamentar em incentivar a modernização dos sistemas de administração do trânsito, entendo que a medida não deve prosperar.
A possibilidade de identificação do real infrator já é prevista no Código de Trânsito Brasileiro, em seu art. 257. Além disso, como oportunamente destacou, em seu voto pela rejeição, a Relatora anterior da matéria, Deputada Christiane de Souza Yared, a Senatran já disponibiliza o Sistema de Notificação Eletrônica (SNE), que oferece solução para o problema apontado pelo autor.
O SNE é uma plataforma disponibilizada pela Senatran que permite, aos condutores que a ela aderirem, receber notificações de infrações por meio eletrônico. Recentemente incorporada ao aplicativo Carteira Digital de Trânsito, está disponível para os principais sistemas operacionais móveis, permite, além do recebimento de notificações, o pagamento de multas com descontos, consulta de histórico de autuações e atualização de dados cadastrais. Além disso, é possível usar o SNE para cadastrar o condutor principal do veículo e fazer a indicação de condutor infrator, tema central da proposição aqui apreciada.
Embora seja solução oferecida pela Senatran, os órgãos autuadores dos Estados, Distrito Federal e Municípios podem aderir ao SNE e disponibilizar todas suas funcionalidades aos condutores autuados em vias sob sua jurisdição.
Para tanto, basta a celebração de simples convênio com o Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados).
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O SR. PRESIDENTE (Mauricio Neves. Bloco/PP - SP) - Obrigado, Deputada Helena Lima.
Item 3. Requerimento nº 17, de 2025, dos Deputados Cezinha de Madureira e Antonio Carlos Rodrigues, requer, nos termos do art. 29, II, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, a criação de Subcomissão especial para acompanhamento das obras do túnel Santos-Guarujá no âmbito da Comissão de Viação e Transportes (CVT).
O SR. ANTONIO CARLOS RODRIGUES (Bloco/PL - SP) - Bom dia, Presidente Mauricio Neves.
Infelizmente, a nossa Secretária de Infraestrutura e Meio Ambiente de São Paulo menospreza Deputado Federal. Se V.Exa. marcar uma audiência com ela... demora 1 a 2 meses para ela a marcar.
O SR. PRESIDENTE (Mauricio Neves. Bloco/PP - SP) - Obrigado, Deputado Antonio Carlos Rodrigues.
O SR. LEÔNIDAS CRISTINO (Bloco/PDT - CE) - Sr. Presidente, eu queria subscrever esse requerimento.
O SR. PRESIDENTE (Mauricio Neves. Bloco/PP - SP) - O Deputado Leônidas Cristino vai subscrevê-lo e encaminhá-lo.
O SR. LEÔNIDAS CRISTINO (Bloco/PDT - CE) - Sr. Presidente, eu queria subscrever esse requerimento de aditamento ao Requerimento nº 13, de 2025, para inclusão de novos convidados na realização de visita técnica às estruturas das empresas aéreas Azul, Gol e Latam.
O SR. PRESIDENTE (Mauricio Neves. Bloco/PP - SP) - Em votação o requerimento.
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Nada mais havendo a tratar, declaro encerrados os trabalhos, antes convocando para: reunião deliberativa extraordinária, dia 15 de abril, terça-feira, às 10h30min, com a pauta a ser divulgada oportunamente; e reunião de audiência pública, dia 6 de maio, às 10 horas, no Plenário 11, sobre a implantação ferroviária no trecho da EF-118 e a revitalização da malha ferroviária da Baixada Fluminense.
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