2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 57 ª LEGISLATURA
Comissão do Esporte
(Audiência Pública Ordinária (semipresencial))
Em 11 de Junho de 2024 (Terça-Feira)
às 10 horas
Horário (Texto com redação final.)
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O SR. PRESIDENTE (Douglas Viegas. Bloco/UNIÃO - SP) - Muito bom dia a todos.
Que Deus abençoe a nossa reunião.
Declaro aberta a presente reunião de audiência pública, que está sendo realizada em atendimento ao Requerimento nº 46, de 2024, de autoria do Deputado Douglas Viegas, para discutir a criação do Dia Nacional da Crônica Esportiva, a ser comemorado, anualmente, no dia 16 de maio.
Eu tenho a honra de anunciar os convidados desta audiência pública. Temos o grande Fernando Nardini, jornalista esportivo, que nos acompanha através de videoconferência; o Octávio Muniz, jornalista esportivo, que também nos acompanha através de videoconferência; o grande Erick Castelheiro, Presidente da Associação dos Cronistas Esportivos do Brasil, que está presencialmente — seja muito bem-vindo, mestre —; o Artur Eugênio Mathias, Presidente da Associação Brasileira de Cronistas Esportivos, que está conosco através de videoconferência; o Nelson Nunes, Presidente da Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo, que está conosco através de videoconferência; e o Eraldo Luís Tinoco Barbosa, Presidente da Associação de Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro, que também está conosco através de videoconferência.
Sejam todos muito bem-vindos.
Antes de passar às exposições dos nossos convidados, esclareço os procedimentos que serão adotados na conduta desta audiência pública.
Os convidados deverão limitar-se ao tema do debate e disporão de 10 minutos para suas apresentações, não podendo ser interrompidos. Após as exposições, serão abertos os debates. Os Deputados interessados em fazer perguntas ou considerações sobre o tema deverão inscrever-se previamente pelo aplicativo Infoleg. A palavra será concedida respeitada a ordem de inscrição, pelo prazo de 3 minutos.
Comunico que esta audiência pública está sendo transmitida pelo portal da Câmara dos Deputados e que todos podem participar, por meio de perguntas dirigidas a esta Mesa. As apresentações em multimídia serão disponibilizadas para consulta na página eletrônica da Comissão após a reunião.
O motivo da nossa audiência pública hoje é que, infelizmente, em um intervalo de menos de 24 horas, três dos mais importantes cronistas brasileiros do esporte faleceram. No dia 16 de maio de 2024, faleceram Antero Greco, aos 67 anos, e Silvio Luiz, aos 89 anos; e no dia 15 de maio de 2024, faleceu Washington Rodrigues, aos 88 anos. E, após uma conversa e um pedido caloroso de um grande amigo, o jornalista Fernando Nardini, nós solicitamos esta audiência pública, que é um passo prévio para poder ter a criação do Dia Nacional da Crônica Esportiva.
Então, eu gostaria de passar a palavra ao meu grande amigo e jornalista Fernando Nardini, grande motivo de esta audiência estar acontecendo hoje.
Seja bem-vindo, Fernando.
10:09
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O SR. FERNANDO NARDINI - Obrigado, Deputado Douglas. Muito obrigado a todos pela presença.
Este é um dia muito especial. Essa sugestão que está em debate é uma homenagem a quem tanto fez. Tenho aqui colegas, o Tatá, o Eraldo e o Nelson, todos companheiros de profissão, e nós sabemos o quanto esses três ícones fizeram pela nossa profissão, trouxeram para a nossa vida, trouxeram para a vida de tantos milhões de brasileiros uma paixão, principalmente relacionada ao futebol.
Então, naquele dia, no calor da emoção, depois de tantas perdas e de um dia em que tive que trabalhar à noite — essa é a nossa função, nós vivemos assim, faça chuva ou faça sol, estejamos tristes ou felizes, nós temos que trabalhar, e acho que eles gostariam que estivéssemos trabalhando e levando a emoção —, era um jogo de futebol, era um jogo da Libertadores entre São Paulo e Barcelona o que eu tinha na minha escala daquele dia, ao fim daquele jogo, domado pela emoção, eu mandei uma mensagem ao Douglas, grande amigo de longa data, uma pessoa totalmente engajada no esporte, uma das mais fortes vozes hoje na política brasileira. Tomei a liberdade de mandar uma mensagem a ele e perguntar o que ele achava da possibilidade de criar o Dia Nacional da Crônica Esportiva, em homenagem a esses três ícones.
O Washington Rodrigues, o Apolinho, foi alguém com quem eu convivi menos. Eu acho que eu o entrevistei duas vezes na minha vida. Infelizmente, não tive o prazer e o privilégio de conviver com ele, como teve, por exemplo, o Eraldo, que está aqui, e outros amigos, mas, evidentemente, trata-se de alguém fundamental por tantos motivos: um rubro-negro apaixonado, um jornalista que falava para muita gente, criativo, auspicioso, sempre muito presente, com um raciocínio muito rápido, muito autêntico, pessoa agradável de ouvir e conversar e um jornalista de mão cheia, um símbolo do rádio, esse veículo tão espetacular que muita gente já condenou à morte algumas vezes, mas um veículo que não morre jamais, é sempre o nosso companheiro. Hoje, principalmente no trânsito das grandes cidade, é o nosso companheiro. E o Apolinho foi um cara que fez demais no rádio, fez demais até como treinador do Flamengo, treinador que ele disse que nunca foi. Mas foi um nome impressionante na crônica esportiva, principalmente no Rio de janeiro e falando aos rubro-negros, do time que ele amava tanto.
O Silvio Luiz foi uma pessoa cuja trajetória se confunde com a própria trajetória da crônica esportiva no Brasil. Pioneiro, começou pequenininho na função. Foi crescendo, crescendo, e trouxe uma forma diferente de levar a emoção do futebol. Trouxe muita criatividade. Trouxe bordões inesquecíveis, bordões eternos, e trabalhou até os últimos dias da sua vida. Era absolutamente apaixonado pelo que fazia, seja na televisão, seja no rádio. Tive a honra e o privilégio de conviver com o Silvio. Houve muitos momentos bons, mas também momentos difíceis. E contornamos com muito respeito, com muito carinho, com muita admiração mútua. O Silvio foi ao meu casamento, inclusive. Ele está no meu vídeo de casamento. Outro dia eu estava vendo e lembrando com saudade da presença do Silvio ali.
O Antero Greco foi a pessoa mais próxima de mim nos últimos anos. Eu estou na ESPN há 12 anos, desde 2012. O Antero já estava lá. Antero é um patrimônio da ESPN. Antero é um pilar da ESPN. Eu até falei no dia da morte dele que um pilar do tamanho do Antero não se substitui. É preciso várias pessoas para segurar esse pilar e manter essa casa em pé. Ele era uma pessoa de trato extremamente gentil, uma pessoa amorosa, uma pessoa que acolhia todos, uma pessoa extremamente criativa também, de um texto saborosíssimo, que passou por diversas funções no jornalismo, comandou redações, foi chefe de muita gente, e, Antero Greco, eu não sabia que era tanto, mas praticamente uma unanimidade. Todo mundo adorava o Antero Greco, todo mundo sempre falou com muita saudade do Antero. Particularmente, nós tínhamos muita coisa em comum com questão de origem. O Antero era um italiano convicto, um cara muito fiel às suas origens, sempre fazia questão de falar do Bom Retiro.
10:13
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Então, eu acho que estamos falando aqui de grandes pessoas para a nossa profissão, para a crônica e para o futebol, para ele ser o que é hoje na Nação brasileira, a paixão que ele é para o torcedor brasileiro. O futebol é indiscutivelmente o esporte mais acompanhado, mais admirado, em primeiro, segundo, terceiro, quarto, quinto, sexto, sétimo, nono, enfim. Entre os dez mais acompanhados, o futebol está entre os dez; depois vem o segundo, que é o vôlei.
Eu acho que essas três pessoas, esses três ícones ajudaram o futebol a ser o que ele é no Brasil. Cada um do seu jeito, cada um falando ao seu público, eles levaram a emoção, levaram a criatividade, levaram o entretenimento ao público brasileiro, ao povo brasileiro, que deposita no futebol muitas coisas, muito da sua paixão, deposita no futebol toda sua devoção ao seu time, um momento de distração para dar uma esquecida na vida tão difícil. Então, eu acho que eles têm uma importância gigante, além do futebol, além da crônica esportiva, além de nós, colegas de profissão, eles têm uma importância fundamental para a sociedade.
Era isso o que eu tinha para dizer a respeito desses três ícones. Mais uma vez, agradeço a todos a oportunidade.
A você, Douglas, meu querido amigo, obrigado mais uma vez pela generosidade e por abrir essa porta e colocar essa questão em debate.
O SR. PRESIDENTE (Douglas Viegas. Bloco/UNIÃO - SP) - Nós que agradecemos, Fernando. Obrigado. Você mora no nosso coração.
Eu só agradeço a criação desta audiência, para podermos criar o Dia da Crônica Esportiva, cuja importância você explicou muito bem.
Eu quero saudar o Deputado Bebeto, do PP do Rio de Janeiro. Seja muito bem-vindo, mestre. Muito bom dia.
Deputado, V.Exa. gostaria de se pronunciar agora? Fique à vontade por favor.
Agora, eu gostaria de chamar o Sr. Octávio Muniz, jornalista esportivo, através de videoconferência.
O SR. OCTÁVIO MUNIZ - Obrigado, Deputado.
Bom dia a todos. Faço uma saudação especial ao senhor, ao Bebeto, que o senhor acabou de anunciar, objeto das nossas entrevistas tantas e tantas vezes, minhas pelo menos, por várias vezes. Obrigado pelo convite.
Quero abraçar aqui todos os demais colegas, mesmo que por videoconferência. É ótimo saber que aceitaram o convite, até porque a sugestão partiu de mim ao nosso querido Lucas Castex Aly, que é o chefe de gabinete.
É bom rever mesmo que à distância o Artur Eugênio, a quem eu abraço. E, abraçando o Artur Eugênio, abraço toda a diretoria da ABRACE, Associação Brasileira de Cronistas Esportivos, associação pela qual eu tenho o maior carinho e respeito, até porque o meu pai foi fundador dessa associação, no começo dos anos 1970.
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Artur, é um prazer te rever. Bom ver o amigo.
Igualmente, ver meu colega de campo de tantas e tantas vezes nas reportagens, que eu não encontro pessoalmente há muitos anos, em ene coberturas de seleção brasileira, não só na Granja, no Rio de Janeiro, como pelo mundo, parceiro de Copa do Mundo, Presidente da associação no Rio de Janeiro, meu amigão Eraldo Leite. Eu fico feliz em te ver. Ótimo saber que você está bem, tenho visto as suas atividades. É legal ver você.
Nardini, de quem eu sou fã incondicional, obrigado pela citação e prazer em te rever também. Bom saber que você está disposto a levar essa ideia, em que você colocou o Douglas à frente; isso é muito importante.
Ao Presidente Nelson Nunes, meu abraço. A ACEESP — Associação dos Cronistas Esportivos, com todo o respeito a todas as demais, é grande e superimportante. Também ao Nelson Nunes, jornalista também de muitas e muitas coberturas e parcerias.
O Erick também foi citado, deixo aqui um abraço para ele.
Enfim, é um dia muito feliz para mim, Deputado Douglas, porque igualmente o senhor, eu também fiz gestão sobre um dia importante para os cronistas esportivos na cidade de São Paulo. Inclusive, tenho certeza de que o Lucas foi buscar apoio nesse texto da Câmara Municipal de São Paulo, onde aliás eu e ele trabalhamos juntos. Lá pelos anos de 1996, nós criamos aqui em São Paulo o Dia do Cronista Esportivo. Já havia, como todo mundo imagina, no calendário, o Dia do Jornalista, o Dia do Repórter, mas o Dia do Cronista Esportivo é uma coisa muito específica.
Daqui a pouco eu vou tentar explicar para quem está nos assistindo, para os colegas não, mas qual seria a diferença entre o cronista esportivo e o jornalista.
O dia 8 de dezembro foi criado no gabinete do então Vereador Ivo Morganti, que naquela época deixava a televisão no SBT e virava Vereador na cidade de São Paulo. Modéstia à parte, com a minha redação e ideia, foi criado o Dia do Cronista Esportivo, o dia 8 de Dezembro, que é comemorado todos os anos pela ACEESP, comandada pelo Nelson Nunes, na figura de um troféu. Aliás, o primeiro dele está aqui na minha galeria, no meu escritório, que é um troféu que leva o nome do Eli Coimbra, que certamente foi o maior repórter esportivo de televisão de todos os tempos.
Então, eu fico muito feliz de saber que essa ideia tenha partido da Câmara Federal, que o Nardini tenha colaborado com isso, que os companheiros estejam aqui para colaborar. Afinal de contas, quem não tem reconhecimento não tem nada.
A nossa categoria tem enormes problemas para enfrentar. O principal dos problemas talvez seja que, há algum tempo, o diploma de jornalista, que é o nosso caso, tenha sido cassado. Há uma discussão, em Brasília, é verdade, para que isso retorne, mas para ser jornalista, hoje, você não precisa necessariamente ter passado pelo banco da faculdade. Isso jogou tudo aquilo que nós aqui, todos nós aqui, os jornalistas, passamos durante quatro anos ou mais. Os jornalistas esportivos, principalmente aqueles de rádio e os seus repórteres, sofrem hoje com um problema enorme de direitos. Os repórteres das emissoras de rádio não têm quase mais acesso ao campo de jogo. Portanto, retiraram do torcedor aquela emoção do embate frontal, dia a dia, permanente, entre jornalistas e jogadores e treinadores.
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Nós entendemos que o mercado mudou efetivamente. As novas mídias estão aí, os blogs, os influenciadores digitais, mas esse trabalho, que vem de tanto tempo — rádio é a maior bandeira do esporte brasileiro, carrega o futebol nas costas desde muito antes de conquistarmos a primeira Copa do Mundo — tem que ser respeitado. Essa é uma discussão que nós travamos já há muito tempo, através das associações.
Hoje, para a nossa felicidade, nós temos mais de uma associação a nos representar. Além da ABRACE, temos a ACEB — o Erick está aí, ao seu lado; e o Artur Eugênio está aqui. Isso é muito importante, desde que, como eu digo sempre, e os colegas conhecem a minha posição, trabalhemos todos juntos, até porque existem outras discussões que precisamos travar.
Eu sou fundador do Show do Esporte, com o falecido Luciano do Vale. Foi o Luciano que colocou, para o mercado, os ex-atletas como comentaristas, e essa é uma discussão que se estende até hoje. Esse é um debate que nós temos que ter nas associações nacionais, nas associações locais, para chegarmos a um bom termo, porque eu ainda vejo muita gente contrária a isso. Eu não. Eu sou a favor, mas acho que todo mundo tem que se preparar, como o Apolinho se preparou, por exemplo.
O Apolinho, um dos motivos desta nossa reunião, pulou fronteiras. Ele era flamenguista doente, comentarista de primeira linha, repórter espetacular, meu amigo pessoal. Aliás, eu tenho uma entrevista dele, que é histórica; está estampada no jornal O Globo, e eu a tenho nas minhas redes sociais. É do dia de uma das maiores brigas do futebol, quando Flamengo e Vélez se enfrentaram pela Supercopa. O pau quebra dentro do campo, e ele vai para a briga. Eu vou pôr o microfone para entrevistá-lo e pergunto até que horas vai aquilo. Ele falou: "Se eles quiserem, a gente briga até de manhã". Então, o Apolinho é um dos caras que pulou fronteiras. Ele virou treinador de futebol, e pode virar treinador de futebol, porque conhecia do que estava falando, conhecia do riscado; ele pulou fronteiras.
Então, eu acho que os assuntos se cruzam, como também se cruzam com o Silvio Luiz. Dos três, foi com ele que eu mais convivi. O Silvio Luiz foi o sujeito que outorgou a mim aquilo que será o nome do meu livro, que será lançado em breve, que é Octávio Muniz, o que é que só você viu?, frase que o Brasil inteiro ouviu durante anos a fio. O Silvio foi meu colega de trabalho por mais de uma década, e foi outro que pulou a linha. A bem da verdade, não se sabe se ele pulou a linha antes ou depois, mas pulou. O Silvio foi árbitro de futebol, não foi lá muito bom, mas foi árbitro de futebol e se preparou para aquilo, fez escola. Portanto, é outro assunto que se cruza com o que eu acabei de falar.
E o Antero, dos três, é com quem, infelizmente para mim, menos tive contato, mas era sua audiência permanente, ao lado do Paulo Soares, no SportCenter da noite. Posso aqui passar meia hora falando sobre as passagens desses dois, que eram fantásticos na apresentação desse que é um dos grandes programas da televisão brasileira esportiva.
Encontrei pouquíssimas vezes o Antero, acho que foi até na ACEESP. Eu tinha o maior respeito por ele. Que Deus tenha os três guardados lá no céu e que eles possam inspirar o senhor, a sua equipe, os seus pares de Câmara Federal a aprovar este dia, o dia em que infelizmente Deus nos levou os três, como o Dia do Cronista Esportivo Nacional.
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Já disse ao Lucas, Deputado, e, se o senhor me permitir, vou repetir aqui, embarcado na ideia do Dia do Cronista Esportivo de São Paulo, pediria que o senhor também determinasse de forma imediata, na justificativa do seu projeto e na hora da instalação desta lei, a criação de um troféu — o Erick, da ACEB, que está ao seu lado, e o Artur Eugênio, da ABRACE, que está aqui, podem encampar isso. Seria criado um troféu com o nome dos três ou três troféus com o nome de cada um, e aí o senhor escolheria um narrador, um comentarista e um repórter para receber, para marcar a data de forma dupla, não só comemorando o dia, mas comemorando o dia com a entrega de um prêmio, com a entrega de uma outorga, em uma festa bonita feita em Brasília.
Eu repito, Deputado Douglas: a nossa categoria precisa e necessita de reconhecimento, de muito prestígio e principalmente de apoio, que é o que eu, em nome dos colegas — tenho certeza que tenho a permissão —, lhe peço nesse instante.
Estou percebendo que o meu tempo está se esgotando.
Agradeço a possibilidade de falar e desejo uma boa sorte ao senhor e uma boa reunião a todos os companheiros.
O SR. PRESIDENTE (Douglas Viegas. Bloco/UNIÃO - SP) - Muito obrigado, grande Octávio Muniz. Nós só agradecemos. Conte com o nosso apoio sempre.
Eu gostaria também de agradecer a presença do Deputado Augusto Puppio, do MDB.
Neste momento, eu gostaria de passar a palavra para o Artur Eugênio Mathias, Presidente da Associação Brasileira de Cronistas Esportivos.
Seja muito bem-vindo, Artur!
O SR. ARTUR EUGÊNIO MATHIAS - Muito obrigado, nobre Deputado Douglas Viegas.
Quero saudar todos os presentes, as autoridades e os colegas de outras entidades.
Eu falo também em nome da ACEISP — Associação dos Cronistas Esportivos do Interior do Estado de São Paulo, que representa basicamente a forte crônica esportiva do interior do Estádio de São Paulo.
Eu quero, em nome de todos, como Presidente da ABRACE e como Presidente da ACEISP, saudar todos os presentes e agradecer esta ideia de criar o Dia da Crônica Esportiva. Como bem disse o meu amigo de tanto tempo Octávio Muniz, já existe o Dia do Crônico Esportivo, dia 8 de dezembro. Este ano nós fizemos aqui em Campinas uma reunião com mais de duzentos cronistas esportivos de todo o Brasil, principalmente do interior do Estado de São Paulo, em uma festa bonita em que homenageamos Osmar Santos. Foi uma homenagem de muita emoção, uma homenagem muito relevante, ocorrida nesse dia 8 de dezembro de 2023, aqui em Campinas, com cronistas de todo o Brasil, principalmente do interior do Estado de São Paulo.
O Octávio Muniz fez uma observação muito interessante. Eu vejo que seria importante, Deputado Douglas Viegas, que o que o Octávio Muniz relatou aqui tivesse uma amplitude. A gente muito fala em fake news, a gente muito combate a fake news, mas eu vejo uma relação direta da criação de fake news com o fato de não mais precisar de diploma de jornalista para atuar na imprensa. Isso tem muita relação. A falta de compromisso, a falta de conhecimento, a falta da educação do banco universitário têm relação direta com a fake news. Essa não obrigatoriedade do diploma de jornalista tem muita relevância com isso.
10:29
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Vejo que nós temos que aproveitar este momento da criação do Dia da Crônica Esportiva para saberem todos os senhores, nobres Deputados e autoridades presentes, que a crônica esportiva tem sido, de certa forma, constrangida, tem sido tolhida em seus direitos, principalmente pela CBF. A CBF tem tentado ditar regras contra o ordenamento jurídico. Existe uma legislação que garante o acesso do cronista esportivo. A CBF quer limitar, quer elitizar e quer constranger o trabalho do cronista esportivo através de uma invenção chamada pré-credenciamento.
Então, eu gostaria, nobre Deputado, que esse Dia da Crônica Esportiva, a ser criado, seja também um dia em que lutaremos pelos direitos da crônica esportiva. Não existe esporte forte, não existe futebol forte sem uma crônica esportiva forte. Isso é assim em qualquer lugar do mundo.
Eu, recentemente, há exatamente 1 mês, estive em um encontro mundial da crônica esportiva na Espanha, na cidade de Santa Susanna, um encontro da Associação de Imprensa Esportiva Internacional — AIPS, representando a crônica esportiva brasileira como Presidente da ABRACE. O Brasil é muito respeitado. Talvez seja o país onde o cronista esportivo é mais valorizado, em qualquer circunstância.
Mais uma vez, como disse o Octávio Muniz, reverenciando o pai dele, a ABRACE foi fundada exatamente no dia 7 de janeiro de 1974. Neste ano estamos fazendo 50 anos, e estaremos comemorando em um congresso que será realizado no segundo semestre, no qual eu faço questão da presença do senhor, Deputado Douglas Viegas.
Essa era a exposição que eu tinha a fazer em nome da ABRACE — Associação Brasileira de Cronistas Esportivos e em nome da ACEISP — Associação dos Cronistas Esportivos do Interior do Estado de São Paulo, que este ano já completa 9 anos.
Muito obrigado a todos os presentes, notadamente a quem teve essa iniciativa.
O SR. PRESIDENTE (Douglas Viegas. Bloco/UNIÃO - SP) - Muito obrigado, Artur.
Eu agora passo a palavra ao nobre Deputado Bebeto.
Por favor, fique à vontade, mestre.
O SR. BEBETO (Bloco/PP - RJ) - Bom dia a todos.
Eu queria parabenizar o Deputado Douglas Viegas, autor desse requerimento tão importante para a criação desta audiência pública para discutir a criação do Dia Nacional da Crônica Esportiva.
Eu queria ler um pedacinho de um texto sobre o tema:
A crônica esportiva é um estilo que transforma fato esportivo em narrativas emocionantes, envolventes, despertando diversos sentimentos nos fãs. A data é uma celebração não apenas de uma história de jornalismo esportivo, mas também uma paixão nacional pelo esporte, especialmente pelo futebol, que é uma parte fundamental da identidade cultural brasileira.
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Eu queria aqui registrar que eu sou fã do futebol há muitos anos. Ao contrário do que o colega pensou, eu não sou o Bebeto do tetra. Eu sou o Bebeto, Deputado eleito pela cidade de São João de Meriti. Muitos me confundem com o Bebeto do tetra, porque fomos candidatos, juntos, a Deputados Federais. Infelizmente o Bebeto do tetra não conseguiu chegar a Deputado Federal; foi Estadual por diversas vezes.
Eu falo aqui como fã do rádio. Eu nasci no interior, numa roça, onde o meio de comunicação era um radinho. E até hoje eu durmo com um rádio debaixo do meu travesseiro, escuto todas as crônicas esportivas que posso, como fã de futebol que sou. Vou falar aqui de vários narradores, comentaristas e repórteres que fizeram história no futebol brasileiro. Vamos falar de Osmar Santos: "olho no lance", "ripa na chulipa" e "pimba na gorduchinha" ficaram na mente do torcedor brasileiro. Vamos falar de Jorge Curi; Waldir Amaral; Luciano do Valle, que ainda há pouco foi citado aqui; Gilson Ricardo, que faleceu recentemente; José Cabral, "dos pampas aos seringais". Vamos falar de Januário de Oliveira e, por que não, de Luiz Mendes, o comentarista da palavra fácil, que eternizou a crônica esportiva do Brasil. E vamos chegar, recentemente, ao Antero Greco, ao Washington Rodrigues, o Apolinho, considerado um dos maiores comentaristas de futebol, apresentador de programa esportivo do Estado do Rio de Janeiro, que foi da Rádio Tupi, da Rádio Nacional, Rádio Globo, e também do Silvio Luiz, que marcou a história no futebol brasileiro e na nossa mente desde pequenininho.
Então, eu queria aqui destacar a importância deles como torcedor, como fã do futebol que sou, que acompanho. Quero deixar meu voto e minha admiração pela autoria desse requerimento, Deputado Douglas Viegas, tão importante. Como o colega citou, poderíamos criar um troféu, quem sabe, uma medalha para marcar este dia, para homenagearmos esses cronistas esportivos em vida, porque ficamos citando aqui que faleceu o Antero Greco, o Washington Rodrigues, mas podemos, nesta Casa Legislativa, nesta Comissão, homenagear esses cronistas esportivos, essas pessoas que fazem do futebol a maior emoção deste planeta e que são responsáveis pela emoção no futebol. Eu falo de televisão, eu falo de rádio, porque acompanhamos a crônica esportiva na televisão, mas eu sou fã do rádio desde o início da minha vida, lá na roça, lá no interior de Minas Gerais, quando acompanhávamos a Seleção Brasileira, o meu Fluminense, o Campeonato Carioca, o Campeonato Brasileiro, enfim.
É memorável este dia de hoje. Que possamos sair daqui com a aprovação deste requerimento, para que possamos homenagear esses importantes cronistas esportivos do Brasil para o esporte e para o futebol brasileiro.
O SR. PRESIDENTE (Douglas Viegas. Bloco/UNIÃO - SP) - Muito obrigado, Deputado. Assino embaixo das suas palavras.
Eu gostaria de passar agora a palavra ao grande Erick Castelheiro, aqui ao nosso lado, Presidente da Associação de Cronistas Esportivos do Brasil.
Seja muito bem-vindo.
Tem a palavra, Erick.
O SR. ERICK CASTELHEIRO - Bom dia, nobre Deputado Douglas Viegas.
Quero agradecer demais pela oportunidade de estar nesta Casa, para discutir um assunto que é muito pertinente para o nosso segmento, para a nossa categoria.
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Quero cumprimentar o Deputado Bebeto, o Deputado Augusto Puppio, o Secretário-Executivo Lindberg Aziz, que nos tem norteado nesta audiência e a quem agradeço. Cumprimento as senhoras e os senhores presentes e os que estão nos acompanhando de forma on-line.
Meu nome é Erick Castelheiro. Sou jornalista, Presidente da ACEB — Associação de Cronistas Esportivos do Brasil. Para nós é uma honra estar nesta Casa debatendo um assunto tão importante.
Nós jornalistas cobrimos a editoria de esportes. Somos milhares em todo o Brasil e no mundo, brasileiros que, enfim, desbravamos o planeta em busca de informação, de notícia. Somos responsáveis por acompanhar o dia a dia de atletas e de clubes de gestão esportiva e, em sua parte mais saborosa, por levar informação e emoção para milhares de amantes do esporte. Nós fazemos esse tipo de jornalismo, aqui no Brasil, há muito tempo.
O esporte ainda era marginalizado no Brasil, no início dos anos de 1900, quando começou a ser noticiado pelos jornais impressos da época o esporte. A partir daí, o esporte e seus personagens nunca pararam de crescer em interesse entre a população, ocupar espaço na mídia e receber investimento de grandes empresas e também na esfera do poder público.
São vários os exemplos de cronistas esportivos ou atletas renomados que trocaram as redações ou as competições para se transformarem em Parlamentares. Inclusive, aqui nesta Casa, acabei de ver a foto ali do Deputado Luiz Lima, que foi da Comissão, alguém que eu acompanhei em Olimpíada, em competições pan-americanas de natação, enfim, foi um dos ícones do esporte brasileiro. O jornalismo especializado foi determinante para que o esporte chegasse à dimensão na importância atual no Brasil e no mundo. Essa relevância é tal que nos leva a estar reunidos aqui para discutir uma causa tão nobre.
A criação do Dia Nacional da Crônica Esportiva vem para celebrar e reconhecer o trabalho dos profissionais que muito fizeram e fazem pela construção geral do esporte. O esporte é um segmento de grande potência em suas diversas frentes. E nada mais justo que a proposta de criação do Dia Nacional venha em forma de homenagem a três dos grandes representantes que nós tivemos na comunicação. Antero Greco, Silvio Luiz e Washington Rodrigues foram profissionais brilhantes, exemplares, versáteis e muito completos. Dedicaram suas vidas com amor incondicional ao jornalismo e ao esporte, com trajetórias em alguns dos maiores veículos de comunicação do nosso País.
Apolinho, que é o Washington Rodrigues, destacou-se com bordões em seu trabalho como comentarista e apresentador. Com muita habilidade, criou o chocolate que usamos até hoje, e arquibaldos, geraldinos, enfim, são expressões que carinhosamente hoje usamos como lembrança. A paixão e o conhecimento sobre o futebol levaram Apolinho até a ser convidado para assumir o cargo de técnico do Flamengo no ano do centenário do clube — foi bem especial. Em 1998, ele voltou a trabalhar no Flamengo como diretor de futebol. Apolinho conseguiu a proeza de conciliar as profissões de jornalista e técnico de futebol, repetindo inclusive o inesquecível João Saldanha, que foi jornalista esportivo e também se notabilizou por ser jornalista e técnico do Botafogo, em 1957, e da Seleção Brasileira, em 1970.
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Antero Greco começou a carreira como repórter. Com ele, eu já tive um pouco mais de experiência, como setorista e repórter da Gazeta Esportiva de São Paulo, nós andamos juntos em algumas coberturas, e era uma pessoa incrível. Graças a sua versatilidade, ele foi apresentador, comentarista de TV e também escritor. O Antero trabalhou nos jornais impressos Estadão, Folha de S.Paulo, Popular da Tarde e Diário de São Paulo, trabalhou em emissoras de rádio e, na TV, atuou por 30 anos junto com o nosso querido Nardini, que esteve conosco na abertura da nossa audiência.
Silvio Luiz aliou todos os conhecimentos adquiridos nos trabalhos como ator — pouca gente sabe, mas ele foi ator de novela, novela importante, novela grande —, foi árbitro de futebol, como o Tatá já lembrou mais cedo, repórter e, para potencializar tudo isso, virou um personagem incrível na crônica esportiva. Ele foi ousado, criou bordões muito conhecidos: "pelas barbas do profeta!", "pelo amor dos meus filhinhos", "olho no lance", enfim, vários bordões que nós jamais vamos esquecer, e sempre com muito bom humor.
Lamentavelmente, nós acabamos perdendo esses três colegas de profissão, essas pessoas incríveis, em menos de 24 horas. Era a noite do dia 15. Nós temos um grupo de jornalistas e estávamos lamentando a morte do Apolinho, com o Eraldo Leite, os colegas do Rio de Janeiro e do Brasil inteiro — afinal, o Apolinho era uma pessoa conhecida em todo o País, em muitos lugares do mundo. O baque nem caiu, e nós acordamos com mais duas notícias tristes: a morte do Antero e, logo depois, a do Silvio Luiz.
Então, uma data comemorativa especialmente dedicada aos cronistas esportivos, Deputado, vai ser muito importante não apenas para relembrar esse trio de craques do jornalismo esportivo, mas também para recordar os outros profissionais icônicos que nos informaram e nos emocionaram. Nós falamos do Apolinho, do Antero, do Silvio Luiz, eu citei o João Saldanha, já falamos de Luciano do Valle e de inúmeros outros grandes profissionais.
O Dia Nacional da Crônica Esportiva servirá também, como não poderia deixar de ser, como um momento de reflexão, debates e providências rumo a condições cada dia melhores de trabalho, como também os colegas já colocaram aqui.
Nós temos hoje uma preocupação muito grande com as questões trabalhistas. O jornalismo esportivo, dada a sua importância, é o caminho escolhido também para muitos outros jovens que buscam ingressar no mercado de trabalho. Então, nós temos que estar, sim, preocupados em como lidar com essas pessoas que ingressam no mercado, outras que já estão e que enfrentam grandes dificuldades.
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Então, vemos, por exemplo, que se por um lado o mercado se retraiu, com menos postos de trabalho nos jornais impressos, alguns inclusive sendo fechados, com menos espaços em rádio e em TV; por outro lado, a Internet e as mídias sociais são um grande espaço para atrair e dar espaço a muita gente que está chegando e a outros que já estão no mercado.
Ao mesmo tempo, também existe a preocupação porque, junto com a Internet, há armadilhas que são pregadas no exercício da profissão jornalística nesse mundo digital.
Então, realmente precisamos muito aproveitar essa criação da data não apenas para relembrar esses nomes tão importantes, tão icônicos, mas também, como já falaram aqui o Artur Eugênio, o Octávio Muniz e o Nardini, na abertura, para trazer à tona reflexões importantes para lidarmos com o maior carinho possível com esse segmento, essa categoria de jornalismo esportivo que sempre cresce, sempre traz talentos, sempre traz pessoas importantes para todos nós.
O nosso muito obrigado por este espaço, por este requerimento. V.Exas. têm todo o nosso apoio.
O SR. PRESIDENTE (Douglas Viegas. Bloco/UNIÃO - SP) - Muito obrigado, Erick.
Agora passo a palavra ao Nelson Nunes, Presidente da Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo.
Seja muito bem-vindo, Nelson.
O SR. NELSON GONÇALVES NUNES - Bom dia, Deputado Douglas Viegas. Muito prazer em falar com V.Exa. Muito obrigado pelo convite, por nos conceder este espaço nesta audiência pública.
Queria saudar todos os colegas componentes da Mesa, especialmente o meu colega Eraldo Leite, que representa a Associação de Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro, e o Octávio Muniz, um colega de muito tempo, de grandes jornadas. Trabalhamos juntos em vários eventos, em várias coberturas internacionais.
Queria deixar um agradecimento especial, um reconhecimento especial ao Nardini, por ter sido o criador desta ideia que nos traz aqui hoje e por levar adiante a ideia de criar o Dia da Crônica Esportiva, em homenagem à memória de três dos nossos maiores representantes.
Queria saudar também, pela presença, os Deputados em Brasília e todos os integrantes da Comissão do Esporte da Câmara.
Queria iniciar minha fala dizendo que, para mim, no meu modo de ver, hoje é um dia muito especial na vida das associações de classe, associações estaduais e nacionais de cronistas esportivos, pelo fato de que a nossa profissão, a nossa atividade, está em debate neste espaço nobre que é a Câmara dos Deputados, em Brasília.
Faço essa observação porque, há pouco tempo, há meses, nossos representantes, especialmente o Erick e o Eraldo, estiveram em Brasília, em várias ocasiões, encampando uma luta que não cessa de reconhecimento das associações estaduais e associações nacionais pelo direito, garantido pela legislação, de dar a essas entidades o poder do credenciamento nos jogos realizados em todos os estádios de futebol do Brasil. Esse assunto já foi levantado aqui hoje. A Lei Geral do Esporte garante às associações estaduais esse direito, mas ele tem sido violado, na medida em que os promotores de eventos esportivos, sejam federações, confederações, clubes, criam regras a cada minuto, a cada semana, impondo uma nova legislação, sobrepondo-se à legislação já existente e dificultando nosso trabalho.
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Então, ter contemplada a nossa atividade, a nossa profissão, hoje, aí em Brasília, numa cerimônia festiva, que é quase uma homenagem à nossa associação, é muito importante, depois de todos esses meses de luta, em que o Erick e o Eraldo estiveram na condução, junto com a Senadora Leila, para que se mantivesse, na Lei Geral do Esporte, esse direito.
Faço essa observação também porque vejo como muito importante o reconhecimento que a Câmara Federal dá ao cronista esportivo, porque nós, as associações estaduais — e eu falo em nome de uma associação que talvez seja a maior do Brasil em termos de associados; temos uma base hoje de 3 mil sócios —, vimos lutando há muitos anos para manter um regramento da nossa atividade e enfrentamos hoje uma situação bem peculiar, diante de uma transformação assustadora do mercado, imposta pelas novas mídias, pela chegada das novas plataformas e pelos novos regramentos, e ainda estamos buscando uma forma de melhor coordenar todo esse trabalho. Então, quando fazemos uma reunião como esta para debater a profissão, relembrar e reconhecer personagens tão importantes, eu acho que isso só valoriza o nosso trabalho.
Deputado, eu queria dizer que essa homenagem, essa proposta de criação do Dia Nacional da Crônica Esportiva, em memória a três dos nossos principais representantes, o Antero, o Apolinho e o Silvio Luiz, também vale como uma reparação histórica. Toco nesse assunto com muita propriedade e muita tranquilidade, porque, meses antes de morrer, o Antero Greco fez uma postagem no Facebook, colocando-se assim meio desgostoso por nunca ter recebido o Troféu ACEESP, que é o prêmio que a nossa associação realiza já há 40 anos em reconhecimento ao trabalho dos principais profissionais da imprensa. Na qualidade de amigo, valendo-me dessa proximidade que eu tinha com o Antero, pois trabalhei com ele durante 8 anos no Diário de São Paulo, ele foi meu chefe de reportagem, meu fiel escudeiro na condução daquela equipe, telefonei para ele e disse que realmente o Antero tinha razão na reclamação dele, embora a votação fosse uma coisa democrática, aberta, e que, se ele não ganhou, é porque não havia sido votado. Ele soube reconhecer isso, soube entender isso, mas eu fiquei com aquilo na cabeça e falei: poxa, deveríamos ter feito uma homenagem para o Antero em vida e não a fizemos.
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Talvez agora, nesta condição em que estamos criando o Dia Nacional da Crônica Esportiva, em caráter nacional, tendo o Antero como um dos homenageados, seja feita uma reparação histórica, o que acho muito importante e me alivia um pouco também o trauma de não tê-lo feito enquanto podia, como Presidente da ACEESP.
Quero também revelar a vocês que, quando assumi a Presidência da ACEESP, em substituição ao Erick Castelheiro, hoje Presidente da ACEB — Associação de Cronistas Esportivos do Brasil, uma das primeiras iniciativas que tive foi a de telefonar para o Antero para convidá-lo para ser o mestre de cerimônia do evento de premiação do Troféu ACEESP, no primeiro ano da minha gestão. Eu queria que ele e o Amigão, o Paulo Soares, levassem para o Museu do Futebol, o palco da nossa entrega de prêmios, uma releitura do que eles faziam no Sportcenter, aquela apresentação em que eles formavam a dupla mais afinada da imprensa brasileira nos telejornais. Foi ali que eu descobri que o Antero estava doente. Ele me disse: "Eu não posso ir, estou com um problema, estou doente". Curiosamente, infelizmente, também o Amigão estava doente e ainda está doente. Aquilo me marcou muito. Todos os anos eu renovava o convite, acreditava que o Antero e o Amigão poderiam fazer a apresentação naquele ano.
Então, Deputado, é com muita alegria, com muita alegria mesmo, e muita satisfação que eu estou aqui hoje representando a ACEESP, os nossos 3 mil sócios e os milhares de credenciados também, que trabalham na crônica esportiva de São Paulo. É com muita alegria que eu estou aqui hoje, para fazermos o reconhecimento post mortem, infelizmente post mortem, a um dos colegas mais íntegros, a um dos colegas mais profissionais que conheci na minha vida, a um dos colegas talvez mais injustiçados, por não ter recebido os prêmios que deveria ter recebido em vida. Então, agradeço muito ao senhor e agradeço muito ao nosso Presidente Erick Castelheiro, da ACEB, por ter conduzido esse processo também, junto dos Srs. Deputados, dos nobres Deputados.
Agradeço à Comissão do Esporte da Câmara Federal e me coloco à disposição no que for possível, no que for preciso, para que nós da ACEESP estejamos juntos e alinhados com vocês no processo de criação desta data.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Douglas Viegas. Bloco/UNIÃO - SP) - Muito obrigado, Nelson.
Nós agora passamos a palavra ao grande Eraldo Leite, o Presidente da Associação de Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro.
Seja muito bem-vindo, Eraldo.
O SR. ERALDO LUÍS TINOCO BARBOSA LEITE - Muito bom dia a todos os amigos presentes a esta sessão.
Eu gostaria de fazer nominalmente o meu agradecimento pela participação. Eu gostaria muito de estar presente aí, junto com o Presidente Erick Castelheiro, mas, devido a problemas de saúde, que também tive durante a semana passada, quando fui acometido por uma pneumonia, fui proibido pelo médico de me ausentar daqui. De qualquer maneira, eu não podia deixar de participar desta grande homenagem, deste grande momento, que foi uma ideia do querido amigo Fernando Nardini, que há muito tempo não encontro, e devidamente encampada pelo nobre Deputado Douglas Viegas.
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Eu peço um instante de compreensão, porque acho que, no meu computador, apareceu um problema de bateria. (Pausa.) Pronto, agora ele já não vai mais ter problema de bateria. Desculpem-me a interrupção.
O Deputado Douglas Viegas acolheu essa ideia brilhante que teve o Nardini, um desses insights que eu acho que só os jornalistas e, talvez, os poetas tenham em sua vida. Num momento em que nós estávamos traumatizados por uma perda tão grande, surgiu essa ideia, encampada imediatamente pelo Deputado Douglas Viegas, que eu tenho a impressão de que vai levá-la adiante e transformá-la em realidade.
Eu quero mandar um abraço ao meu amigo Tatá Muniz. Há quanto tempo nós não nos encontramos! Fizemos grandes coberturas em Copa do Mundo por este mundo afora. Sempre foi muito gentil, um companheiro brilhante de coberturas.
Quero cumprimentar meu amigo Nelson, Presidente da Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo, meu colega. Eu sou do Rio, ele é de São Paulo, e tenho uma particularidade a falar sobre isso.
Eu quero também saudar os Parlamentares presentes, o Deputado Bebeto e o Deputado Augusto Puppio.
E quero saudar também o companheiro jornalista Artur Eugênio.
Vou falar sobre a semelhança, a particularidade que mencionei. O Nelsinho tinha falado sobre o dia 8 de dezembro. Em São Paulo, existe o Dia do Cronista Esportivo, que é o dia da fundação da ACEESP — Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo. E, no Rio de Janeiro, também existe o Dia do Cronista Esportivo, que é 5 de março. São comemorações locais, digamos assim, são comemorações particulares. Faltava reunir, numa comemoração só, todos os cronistas do Brasil. No caso da ACEESP, é por causa da data da sua fundação; e, no o caso da ACERJ, a Associação de Cronistas Esportivos do Estado do Rio de Janeiro, é por causa da data da sua fundação, em 1917.
Então, agora, nós teremos no dia 16 de maio o Dia Nacional da Crônica Esportiva. É importante que nós tenhamos mesmo — alguém já fez a sugestão, eu acho que foi o Tatá, não sei se foi o Nelsinho — uma comemoração, porque, como nós somos um país de dimensões continentais, vai ser difícil nós reunirmos todo mundo numa mesma sessão, a não ser uma sessão virtual como esta. É importante que nós tenhamos uma celebração que reúna todos os cronistas, pelo menos em pensamentos e em tomadas de decisões a favor da crônica esportiva.
Podia ser no dia da morte do Luciano do Valle, do Waldir Amaral, do Ari Barroso, que foi o primeiro cronista esportivo, mas vai ser no dia da morte dos queridos Washington Rodrigues, Antero Greco e Silvio Luiz.
Eu convivi bastante com o Silvio Luiz e com o Tatá, em coberturas de Copa do Mundo. Com o Antero Greco, eu convivi um pouco menos. O Greco era um repórter de poucas viagens, e nós convivíamos exatamente nas viagens, Copa do Mundo notadamente.
Com o Apolinho, é evidente, e vocês devem imaginar a minha proximidade. O Apolinho foi um dos meus mentores intelectuais como repórter. Foi quem me anunciou como repórter, em 1977: "Vocês vão conhecer o mais jovem repórter do rádio do Rio de Janeiro". E, desde então, foi meu mestre, foi meu consultor, foi meu orientador em tudo e companheiro, porque ele nunca quis se comportar como professor, nunca se sentiu professor nem admitia que o chamassem de mestre. Ele era apenas um irmão mais velho, um companheiro mais vivido na profissão. E isso foi, evidentemente, ao longo do tempo, materializando-se como a grande referência que nós tivemos.
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Eu não vou me estender muito mais, porque os companheiros já disseram tudo. Eu apenas queria fazer esse registro de que temos, em várias associações regionais de cronistas esportivos do Brasil, assim como no Rio e em São Paulo, o dia regional do cronista. E agora vamos ter, por essa iniciativa do querido Nardini, encampada pelo Deputado Douglas Viegas, o Dia Nacional da Crônica Esportiva, que vai ser de suma importância, porque, nessa data, nós poderemos, a cada 16 de maio, trazer pautas que precisem ser debatidas entre nós e levadas às autoridades.
Acabou de ser promulgada pelo Presidente da República a Lei Geral do Esporte. O art. 212 defende os cronistas esportivos e garante a eles o direito de credenciamento para todas as competições de qualquer esporte. Isso precisa ser materializado. E nós vamos ter oportunidade de discutir isso um pouco mais adiante.
Muito obrigado, Deputado Douglas Viegas e companheiros aqui presentes, por esta oportunidade.
O SR. PRESIDENTE (Douglas Viegas. Bloco/UNIÃO - SP) - Nós que agradecemos, grande Eraldo.
Nós faremos agora o debate interativo. Nós vamos passar às perguntas mais votadas pelo público. A cada pergunta, nós abriremos a palavra para as respostas dos convidados.
A primeira pergunta é do Thiago Borges:
Considerando a importância da crônica esportiva na promoção e valorização do esporte em nosso país, como a criação do Dia Nacional da Crônica Esportiva, a ser comemorado em 16 de maio, pode contribuir para o reconhecimento e incentivo dos profissionais dessa área? Além disso, quais seriam as principais ações e celebrações planejadas para essa data?
Essa pergunta pode ser respondida pelo Artur ou pelo Erick, e por quem mais quiser opinar.
Passo a palavra para o Erick.
O SR. ERICK CASTELHEIRO - Nós já discorremos sobre isso. Foram várias ideias. O importante é haver a data, independentemente de haver o dia do cronista esportivo em alguns Estados. Existe até o Dia Mundial do Jornalista Esportivo, comemorado em 2 de julho. Mas nós estamos querendo o dia da crônica esportiva.
Então, usando como origem a proposta do Nardini, a brilhante ideia dele, encampada pelo Deputado Douglas, nós temos que celebrar essa data anualmente no dia 16, como uma homenagem, como uma lembrança dessas pessoas.
Como eu falei, como o Artur Eugênio, o Tatá, o Nelson e o Eraldo comentaram, nossos colegas jornalistas esportivos, nós temos a possibilidade de trazer debates, ações, premiações, conversas, para reunirmos o assunto que leva à tona o nosso dia a dia, o nosso trabalho. O jornalista esportivo está o dia inteiro, de manhã, de tarde, de noite, de madrugada, com chuva, com sol, cobrindo os clubes.
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Nós temos, obviamente, o futebol como o esporte mais forte no País, mas há várias modalidades que nós cobrimos. As Olimpíadas estão vindo aí, as Paraolimpíadas estão trazendo muitas histórias de grandes campeões, de superações, de conquistas incríveis, e nós trazemos esses personagens para o nosso dia a dia.
Como já foi dito, há uma lei que nos representa, cujos direitos têm de ser cumpridos, mas ela não é respeitada. Por isso, temos vindo ao Senado, à Câmara e ao Congresso para discutir o assunto e colocá-la em prática.
Há ainda as questões trabalhistas. Como eu comentei, nós temos os veículos tradicionais: rádio, jornal impresso, TV. E a Internet trouxe um número muito grande de pessoas que nem têm um veículo, elas mesmas são o veículo. Nós temos o Cazé, um jornalista do Rio de Janeiro que está fazendo um trabalho brilhante e virou um dos maiores canais do mundo na Internet. Há também armadilhas por trás disso, e nós temos que realmente unir forças e ter o apoio desta Casa, das autoridades competentes, a fim de fazermos valer o que realmente é necessário para a realização de um trabalho bem feito.
Várias ideias já foram colocadas em práticas. O mais importante é dar todo o apoio possível — a ACEB, a ABRACE, as associações estaduais — ao Deputado Douglas, para que consigamos fazer com que o requerimento se transforme em um dia de celebração nacional, lembrando os três amigos citados e vários outros que construíram a história que temos escrita até hoje.
O SR. PRESIDENTE (Douglas Viegas. Bloco/UNIÃO - SP) - Perfeito! Muito obrigado, Erick.
Artur, você gostaria de acrescentar algo?
O SR. ARTUR EUGÊNIO MATHIAS - Perfeito, Deputado!
Reitero o que o Erick disse, o que outros colegas também falaram e o que eu já manifestei, Deputado Douglas: o importante não é só a data, mas também que seja um marco para que o cronista esportivo tenha sua respeitabilidade, para que o cronista esportivo não seja constrangido, como tem sido principalmente pela CBF. Eu posso dizer que, em São Paulo, a Federação Paulista de Futebol atende de maneira digna o cronista esportivo, mas a Confederação Brasileira de Futebol, não. Ela tem elitizado, o que é mais grave, a atuação do cronista esportivo.
Então, nobre Deputado, mais uma vez, eu agradeço este espaço que nos é dado. Vamos criar essa data, que pode ser o dia 16 de maio, por tudo o que já foi aqui discutido, assim como um marco para que a legislação seja cumprida, principalmente pela Confederação Brasileira de Futebol.
Mais uma vez, muito obrigado, nobre Deputado.
O SR. PRESIDENTE (Douglas Viegas. Bloco/UNIÃO - SP) - Muito obrigado, Artur.
Alguém mais quer se manifestar? (Pausa.)
Então, passamos para a próxima pergunta, do Gregório Rabelo Filho:
Em que aspectos a forma de narrar de Silvio Luiz influenciou as transmissões esportivas na televisão brasileira? Qual é o papel dos cronistas esportivos na formação da opinião pública sobre eventos e figuras do mundo do esporte?
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Nardini e Octávio, vocês gostariam de se manifestar? (Pausa.)
O Nardini está com a palavra.
O SR. FERNANDO NARDINI - Respondendo à primeira parte da pergunta, o Silvio Luiz influenciou muita gente. Agora, é muito difícil fazer o que ele fazia, o que ele inventou. E é tão difícil seguir isso, sendo original, criativo e espontâneo, que pouca gente conseguiu. Nós temos, hoje, alguém que usa muitos bordões, que é o Rômulo Mendonça, mas isso não é o comum. Então, o que o Silvio fez, além de ter sido o primeiro, é algo espetacular, é algo genial!
De todas as formas, ele influenciou todos, porque muita gente quis ser narrador, ser comunicador, ser cronista esportivo por ter ouvido o Silvio Luiz no trabalho. Fazer esse trabalho, levar entretenimento de forma que parecia que ele estava ali se divertindo muito, além de estar trabalhando, eu não tenho a menor dúvida. Muita gente queria ser o Silvio Luiz quando crescesse. Quando se tornou jornalista, eu acho que muita gente se espelhava no Silvio Luiz.
O papel de ser formador de opinião é algo constante, ainda mais hoje, com as redes sociais. Tudo que alguém que é ouvido, que é seguido, que tem fãs fala e posta influencia a mente das pessoas, a formação de opinião, seja para o lado bom, quando é um elogio, seja para o lado ruim, quando há uma crítica.
Obviamente, isso tem que ser feito com parcimônia e dentro da ética jornalística. E aí voltamos à questão da formação, do diploma, do saber como fazer, do saber como não transpor a linha de razoabilidade para isso. Todos nós temos um papel preponderante, e é necessário ter muita responsabilidade quando alguém for emitir uma opinião sobre qualquer tipo de pessoa.
O SR. PRESIDENTE (Douglas Viegas. Bloco/UNIÃO - SP) - Muito obrigado, Nardini.
Grande Octávio Muniz, manifeste-se, por favor.
O SR. OCTÁVIO MUNIZ - Pois não, Deputado.
Em relação ao Silvio, é importante dizer que ele repetiu, na comunicação esportiva, o que também aprendeu com os antecessores dele. Há os bordões que já foram citados aqui, alguns deles, inclusive, muito importantes. Para mim, o mais importante é que o Silvio não narrava o gol, o Silvio não esticava o gol, como todos nós fazemos, como o Nardini faz, como eu faço, quando estamos transmitindo uma partida pela televisão. O Silvio encontrou outra fórmula de mostrar o gol para o telespectador, e aquilo não foi originário dele.
Nós que somos mais antigos, eu, o Eraldo e o Nelson, com todo o respeito ao Artur, que também já está caminhando para a meia-idade, para o Nardini, que deve ser o mais jovem de todos nós, e para você, Deputado Douglas, sabemos que o Silvio trouxe aquilo do Luiz Noriega, pai do Maurício Noriega, até recentemente comentarista do Sport TV, das organizações Globo, agora, na Rádio Transamérica. Nos primórdios de tudo, quando o Silvio ainda era árbitro e depois passou a ser repórter, o Luiz Noriega jamais narrou um gol. Você pode pesquisar os vídeos do Youtube que vai encontrar o Luiz Noriega relatando jogos, aliás, brilhantemente, com uma voz espetacular, sem narrar gol.
Então, o Silvio trouxe isso de lá. Ele adaptou a forma de narrar os jogos do Brasil. Quem não se lembra? Eu fiz centenas de jogos da Seleção Brasileira com ele. E quando ele mandava o "queimou o filme", você nem precisava olhar para a televisão. Essa era a outra diferença. Estava passando o jogo da Seleção Brasileira, você está em um churrasco, Deputado Douglas, Deputado Bebeto, colegas, na casa da fazenda, com a televisão alta, na praia, quando a Seleção Brasileira estava jogando, havia um silêncio e depois ele falava "queimou o filme", você sabia que a Seleção tinha tomado gol.
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Vejam o que é isso depois de passados tantos anos?
Em relação a formar opinião de quem nos assiste, de quem nos acompanha, o Artur falou bem sobre a universidade, os colegas também citaram isso, mas devemos lembrar que honestidade, respeito e educação não se aprende no banco da universidade, mas em casa, com a família, com o pai, com a mãe, com os irmãos. E hoje está muito complicado. Tem muita gente exposta na mídia, falando o que não deve e de forma incorreta.
Deputado Douglas, tenho certeza que o senhor, nas suas atividades, em Brasília, não teve a oportunidade de acompanhar ontem a entrevista coletiva do Presidente do Corinthians, mas nós que somos afetos a São Paulo, mormente o Erick, o Artur, o Nelson e o Nardini, acompanhamos a entrevista na íntegra. E eu queria dizer ao senhor, para usar de exemplo e responder à pergunta do companheiro Gregório, que foi uma das grandes vergonhas alheias pela qual eu passei nos últimos tempos: um auditório lotado — e aqui não vai nenhum demérito — de influencers, de blogueiros, ou coisa que o valha, que fizeram perguntas de baixíssimo nível, feitas para levantar a bola de lados políticos. Quer dizer, quem nos acompanha — a ESPN; o Futebol Interior, do Artur; a Gazeta Esportiva, do Erick; o Eraldo, na Rádio Tupi, do Rio de Janeiro; as publicações da ACEESP, quem me acompanha no BandSports — precisa ter muita inteligência para saber o que está lendo, ouvindo e vendo, porque o que há de mentira, aumento, fake news, bobagem dita, escrita e falada, poucas vezes se viu na história da nossa profissão.
O SR. FERNANDO NARDINI - Deputado Douglas, só complementando, ainda a respeito do Silvio Luiz, o Tatá fez-me lembrar de que as narrações da Seleção Brasileira do Silvio eram diferentes e enchiam a gente. Do outro lado do "queimou o filme", havia o "é mais um gol brasileiro, meu povo" ou o "encha o peito, solte um grito da garganta e confira comigo no replay". Quem não se lembra disso? Quem não se arrepia lembrando dessa frase do Silvio Luiz?
Então, respondendo ao Gregório, é uma influência espetacular, uma lembrança eterna, uma marca inesquecível.
O SR. ERALDO LUÍS TINOCO BARBOSA LEITE - Permita-me, Deputado, acrescentar algo sobre o Silvio Luiz, apoiando tudo o que os companheiros disseram. Ele quebrou paradigmas na narração, passando a usar expressões que, teoricamente, eram chulas: "Foi ele que botou lá dentro". Olhem que coisa! Como alguém poderia imaginar que isso viraria um bordão simpático? "Foi ele que botou lá dentro." E assim foi.
A narração dela era simpática, alegre, porque fugia do tradicional. Todo mundo encampou isso, e serviu de modelo para que outros narradores aparecessem, quebrando a formalidade da linguagem da narração.
Era isso.
O SR. PRESIDENTE (Douglas Viegas. Bloco/UNIÃO - SP) - Muito obrigado, Eraldo, Nardini, grande Tatá Muniz.
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A próxima pergunta também é do Gregório Rabelo Filho: "De que maneira os cronistas esportivos conseguem transmitir emoção e envolvimento em seus textos? Como a crônica esportiva contribui para o crescimento da paixão pelo esporte entre os leitores?"
Nelson e Eraldo, por favor, fiquem à vontade para responder.
O SR. NELSON GONÇALVES NUNES - Deputado, eu sou um homem de texto. Nunca trabalhei em rádio e televisão, sempre trabalhei em jornal. Por isso, acho que essa pergunta do Gregório vem bem a calhar, porque realmente a magia da crônica esportiva está em relatar um fato que tem múltiplas interpretações.
Todos nós que assistimos a um jogo de bola, a um jogo de futebol, temos uma visão própria do jogo. E cabia ao jornalista no passado, especialmente quando a mídia televisiva era restrita, fazer a narração, a descrição dos lances de um jogo de futebol sob um olhar muito particular, mas que fosse uma coisa que pudesse ser entendida por várias pessoas, por vários tipos de torcedores, por uma gama muito grande de leitores. Então, nós desenvolvemos uma técnica. Por isso, é sempre importante ressaltar a importância do diploma, porque essa técnica se aprende, sim, nos bancos de escola. Desenvolvemos com técnicas de narração, técnicas de criação de texto uma forma de levar o leitor para dentro do jogo de futebol, que, no passado, muitas vezes nem era exibido. Fazíamos como fazem os locutores de rádio, a própria narrativa.
Hoje eu trabalho muito com estudantes de jornalismo da Escola Superior de Propaganda e Marketing — ESPM, com a qual a ACEESP tem uma parceria, e noto uma extrema dificuldade dos jovens em fazerem textos jornalísticos de qualidade. Isso porque a linguagem mudou demais, as tecnologias impuseram novas linguagens, novos fazeres jornalísticos. E eu até lamento isso, porque a parte descritiva de um jogo, a parte narrativa de um jogo era uma coisa impressionante.
Eu tive a oportunidade, Deputado, de organizar um livro meio de memórias e meio autobiográfico do grande jornalista José Maria de Aquino, que, por muitos anos, trabalhou no Estadão, na TV Globo, no Jornal da Tarde. Em um dos capítulos, ele narra como transcreveu o jogo do Brasil e Uruguai na Copa de 1950. E aquilo é uma aula de jornalismo, porque ele, com condições tecnológicas muito precárias, sentado na arquibancada do Estádio do Maracanã, dada a superlotação do estádio, anotou aquilo no caderno, chegou à redação e conseguiu transcrever o jogo. E, se você ler a transcrição do jogo, você consegue se transportar para o ambiente.
Então, eu acho que essa técnica de você transportar o leitor para o ambiente do jogo é muito importante. Lamentavelmente, hoje os textos são mais curtos, mais breves, mais persuasivos, mas essa técnica até de romancear no jogo de futebol se perdeu. Basta lembrar que um dos principais cronistas esportivos do Brasil era o grande Nelson Rodrigues, que criou um jeito todo especial de escrever, uma linguagem toda própria e transformou seus textos em verdadeiras obras de arte.
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O SR. PRESIDENTE (Douglas Viegas. Bloco/UNIÃO - SP) - Muito obrigado, Nelson.
Com a palavra o Erick.
O SR. ERICK CASTELHEIRO - Eu gostaria de complementar o que o Nelson falou. O Nelson foi um dos meus exemplos na Gazeta Esportiva há 41 anos, quando eu entrei na redação pela primeira vez, e era um exemplo de texto a que eu queria um dia chegar. Não sei se cheguei, mas eu consegui traçar uma carreira de jornalista, de repórter, e hoje sou professor na pós-graduação de Jornalismo Esportivo da Faculdade Cásper Líbero, a primeira da América Latina. Não tenho a habilidade, e gostaria muito de ter, do Tatá Muniz, do Eraldo Leite, do Nardini, que são brilhantes no que eles fazem. Falamos aí do Silvio Luiz, do Apolinho, que têm um poder na voz que é incrível.
O meu lado foi para a imprensa escrita. Embora tenha também feito trabalhos na tevê e em rádio, a minha maior trajetória foi na imprensa escrita. Como o Nelson disse, temos aí o Nelson Rodrigues, que é uma leitura obrigatória para quem entra no jornalismo. Sabemos que, para escrever bem, além de um talento natural, como os narradores e locutores têm, a pessoa que escreve também já vem com um talento natural que precisa ser desenvolvido. E isso ocorre com leitura, com muita prática, e a pessoa vai, obviamente, crescendo, ganhando maturidade, chegando a um Prêmio Esso, como o Nelson Nunes conquistou lá para a Gazeta Esportiva. A escrita é muito importante para se conseguir passar para o leitor tudo o que se absorveu na apuração, na reportagem, na entrevista.
Então, eu acho que essa pergunta do nosso colega... Fugiu o nome.
O SR. PRESIDENTE (Douglas Viegas. Bloco/UNIÃO - SP) - Gregório Rabello Filho.
O SR. ERICK CASTELHEIRO - Gregório, é importante para quem entra no jornalismo esportivo ou jornalismo de qualquer área saber escrever, é a base para tudo. Obviamente que o narrador vai desenvolver mais a parte falada, mas o jornalista precisa saber escrever. O Artur Eugênio falou muito bem da importância do diploma, porque é a base para um jornalista. O jornalista tem que passar pelo mundo acadêmico, tem que ler, tem que escrever, tem que praticar, tem que ouvir os professores, tem que ler muitas obras, essa é a base para ele fazer o trabalho. Assim como o médico tem todo um encaminhamento teórico, um jornalista vai ser completo desde que passe pela faculdade, passe pela teoria, para conseguir desenvolver bem a prática.
É um complemento para o Nelson.
O SR. PRESIDENTE (Douglas Viegas. Bloco/UNIÃO - SP) - Muito obrigado, Erick.
O SR. FERNANDO NARDINI - E só uma coisa, Deputado.
O SR. PRESIDENTE (Douglas Viegas. Bloco/UNIÃO - SP) - Fique à vontade.
O SR. FERNANDO NARDINI - É a última parte aqui, bem rápido mesmo. Mais uma passagem que os colegas citam aqui me faz lembrar, desta vez, do Antero. Sobre essa questão de texto, para quem tiver a curiosidade, e porventura não tenha visto, os textos que o Antero escrevia no Facebook são simplesmente espetaculares, são mais do que crônicas de futebol, são crônicas de vida. São textos tão bem escritos, tão leves e tão saborosos, que você tem prazer de ler, e a leitura passa muito rápido, é uma leitura muito saborosa. Eu falava que o Antero escrevia com sabor. Para quem tiver curiosidade — e o Gregório perguntou sobre essa questão de passar as emoções, de passar as realidades e de contar as histórias —, esses textos do Antero no Facebook, em que ele começa dizendo "Olá Face, como vai? Há quanto tempo eu não venho aqui!" são espetaculares.
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O SR. PRESIDENTE (Douglas Viegas. Bloco/UNIÃO - SP) - Muito obrigado, Nardini.
Eraldo, também quer se manifestar?
O SR. ERALDO LUÍS TINOCO BARBOSA LEITE - Não, apenas corroborar: os textos do Antero Greco são verdadeiras obras-primas. O Nardini lembrou muito bem.
O SR. PRESIDENTE (Douglas Viegas. Bloco/UNIÃO - SP) - Muito bom!
Fernando Nardini, os seus textos também são espetaculares. Sou grande fã da sua escrita. Acompanho todos os seus posts. Você merece os parabéns também, mestre. Continue o seu trabalho maravilhoso.
O SR. FERNANDO NARDINI - Obrigado, meu amigo. Além de levar emoção, nós gostamos de contar grandes histórias. As grandes histórias têm que ser contadas da melhor forma possível. Elas nos inspiram e podem inspirar muitas pessoas.
O SR. PRESIDENTE (Douglas Viegas. Bloco/UNIÃO - SP) - Faz muito bem. Nós agradecemos.
Antes de chegarmos à nossa última pergunta, que eu queria estender a todos, e antes de passarmos às considerações finais, eu quero agradecer a todos os convidados e dizer que nós estamos aqui no Parlamento, nessa posição, para representar o esporte de corpo e alma. Aqui, eu quero deixar o meu agradecimento pessoal a todos os senhores pelo trabalho extraordinário. Quero dizer que o nosso gabinete está de portas abertas para defendermos todas as causas em favor do esporte, em favor de todas as pessoas que dedicaram a vida e dedicam a vida para promover o esporte, que é tão importante e fundamental para a nossa Nação.
Como eu gosto de enfatizar, o esporte é educação, o esporte é saúde, o esporte é segurança pública e, através do trabalho do cronista esportivo, ele se torna ainda maior, ganha uma vida tão extraordinária! Hoje nós estamos nessa posição para nos representarmos.
Eu quero estender realmente o meu apoio e a minha gratidão a todos vocês pelo trabalho espetacular, todos: Eraldo Leite, Tatá Muniz, Nardini, grande Nelson Nunes, Artur Eugênio e Erick, que está do nosso lado, a todos vocês que estiveram aqui presentes.
Agradeço também aos responsáveis diretos por esta audiência pública para a criação do Dia da Crônica Esportiva, o grande Antero Greco, o Silvio Luiz e o Apolinho, pela vida dedicada ao esporte, que tanto amamos.
Para podermos finalizar, a última pergunta vem do Américo Vieira Júnior. Ele diz: "O que esperar da crônica esportiva no futuro?" Essa eu gostaria de estender a todos. Gostaria também de ter as considerações finais de cada um.
Quem gostaria de começar com a palavra? (Pausa.)
Vamos à ordem inversa.
Por favor, Eraldo, vamos com você, mestre.
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O SR. ERALDO LUÍS TINOCO BARBOSA LEITE - Eu acho que, atendendo à solicitação do Américo sobre o que esperar da crônica esportiva, vocês, que são ouvintes, telespectadores e leitores, devem esperar, primeiro, verdade, segundo, comprometimento, terceiro, apuração de fatos.
Costumamos dizer isto nas aulas e nas palestras com estudantes: o jornalista não mente, o jornalista não inventa, o jornalista retrata a verdade. Acho que é isso que as pessoas esperam de um jornalista, especificamente de nós, jornalistas esportivos, porque o mundo do futebol é muito invadido por outros segmentos que não têm exatamente a forma dos jornalistas formados na universidade, com professores, de modo acadêmico. O mundo do futebol é invadido também por uma série de informações nem sempre confiáveis. Hoje em dia, com a Internet, com o celular e com as redes sociais, a invasão de informações que existe na vida de cada um é uma coisa impressionante.
Você, como jornalista, tem que ter o cuidado de apurar cada informação que chega para você, porque informação é uma coisa e notícia é outra. Você recebe uma informação para transformá-la em notícia e você precisa de apuração daquele fato, para transformá-lo, para garantir que se trata de uma verdade a ser noticiada. Se não tivermos esse cuidado na formação dos nossos jovens e na formação dos nossos profissionais, corremos o risco de fazer uma imprensa completamente transviada e desviada do seu propósito e da sua essência.
É isto que eu acho que esperamos da crônica: profissionais que queiram se formar, não por necessidade de ter um diploma ou por necessidade de ter uma obrigação com a lei, com um registro profissional, mas consigo mesmo, com a informação que vão passar. Por isso, existe hoje uma série de outros caminhos que podem ser trilhados por essas pessoas.
Eu acho que, sobre a crônica esportiva, é isso que eu proponho e é isso que eu espero de todo mundo.
O SR. PRESIDENTE (Douglas Viegas. Bloco/UNIÃO - SP) - Muito obrigado, Eraldo.
Agora, com a palavra o grande Nelson Nunes.
Por favor, mestre, o que esperar da crônica esportiva no futuro? E quais são as suas considerações finais?
O SR. NELSON GONÇALVES NUNES - Deputado, eu vejo o momento que vivemos hoje como um momento de transformação. Estamos todos aprendendo com as novas realidades impostas no mercado, pelas novas plataformas, pelas novas tecnologias, pela entrada de novos atores, que hoje são denominados não jornalistas, mas influencers, blogueiros, etc. Hoje todo mundo produz notícia.
Lamentavelmente, o monopólio da informação não é mais do jornalista. Isso leva a uma confusão, já detalhada pela fala do Eraldo, que me antecedeu, de uma formação desviada da nossa função, que é relatar os fatos com precisão, com apuração, com ética e com responsabilidade.
Eu, analisando este momento, muito preocupado com ele, inclusive no âmbito do exercício da atividade da crônica esportiva em São Paulo, vejo que estamos passando por uma transformação, mas eu diria que é um momento de depuração.
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Depois dessa avalanche de transformações que estamos vivendo, certamente haverá um filtro, uma peneira em que só os bons sobreviverão, sejam eles blogueiros, sejam eles influencers, sejam eles jornalistas digitais, sejam eles jornalistas tradicionais. A seleção natural vai ser feita pelo leitor, pelo consumidor de notícias, que saberá identificar aquilo que presta e aquilo que não presta, saberá diferenciar o joio do trigo.
Estamos hoje em um momento de muita preocupação. Eu gostaria que todo mundo que trabalha hoje com jornalismo esportivo se atentasse para esse fato, não desse de ombros para ele, não tratasse esse momento como "Ah, vai passar, é assim mesmo". Não é assim mesmo. É preciso estar atuante, é preciso estar vigilante, é preciso zelar pelas instituições, é preciso zelar pela responsabilidade, pela formação com qualidade e pela profissionalização da atividade. Nós não somos, definitivamente, aventureiros. Todos nós que estamos aqui temos uma história, construímos nossa história e dela devemos nos orgulhar e fazer dela um espelho para as novas gerações.
Eu fico muito feliz sempre que sou convidado a praticar atividades como este debate, a dar palestras em faculdades, a estar próximo da academia, na formação dos jovens, para dizer a eles que o jornalismo é uma atividade das mais compensadoras do ponto de vista pessoal, porque nos dá realmente muitas recompensas, mas é uma atividade que dá muita responsabilidade. Ser jornalista é ser responsável 24 horas por dia, é ter de estar preocupado com a ética, com a não transgressão de barreiras, de regras, com a responsabilidade de saber que temos uma função social muito importante. Não é porque trabalhamos na área do esporte, que muita gente menospreza, como jornalista esportivo... Em muitas redações havia no passado certo preconceito com jornalistas esportivos, que eram colocados no fundão das redações, mas hoje, felizmente, nossa atividade é reconhecida, respeitada até pelos próprios colegas, que muitas vezes recorrem aos jornalistas esportivos para grandes coberturas de outros temas nacionais.
Tive toda a minha formação como jornalista esportivo, tenho o meu DNA de jornalista esportivo, dele muito me orgulho e terminei minha carreira em redação de jornal como diretor de redação de um grande jornal de São Paulo, do terceiro maior jornal de São Paulo, fato que comprova que a importância da formação de jornalista esportivo é muito relevante. Tenho certeza de que, passado esse turbilhão de novidades que estamos vivendo, só os bons sobreviverão, para o bem do jornalismo e para o bem da opinião pública.
O SR. PRESIDENTE (Douglas Viegas. Bloco/UNIÃO - SP) - Muito obrigado, Nelson.
Agora, com a palavra, o grande Artur Eugênio Mathias.
O SR. ARTUR EUGÊNIO MATHIAS - Perfeito, Deputado.
O que se esperar da crônica esportiva no futuro, do jornalismo esportivo? Nós temos que entender que hoje a ampliação do mercado de trabalho é uma realidade. Evidentemente, com a ampliação do mercado de trabalho, como bem já disse o Nelson Nunes e outros companheiros, vai haver um afunilamento dos bons e dos maus. Eu vejo o crescimento do mercado de trabalho de uma maneira muito positiva e é uma realidade.
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No fim do século passado, o Octávio Muniz foi precursor das transmissões de rádio pela Internet, quando eu e uma equipe, através da cidade de Campinas, também no final do século passado, acreditamos na Internet como uma forma de informar sobre o esporte, principalmente o futebol, era tudo muito embrionário. Hoje é uma realidade.
O que se vê hoje é uma cobertura jornalística cada vez mais segmentada. Antes, somente os grandes clubes, os grandes campeonatos tinham espaço na mídia, hoje não. Ontem eu acompanhei, porque eu gosto de acompanhar, pela Internet, uma transmissão da segunda divisão de Minas Gerais. Isso a Internet tem proporcionado. No início da Internet havia um preconceito contra o jornalista de Internet, principalmente contra as emissoras web, que muitas vezes tinham a impossibilidade de entrar em um estádio de futebol para fazer uma transmissão. Hoje tudo isso é uma realidade. O que eu vejo é uma ampliação do mercado de trabalho, o que eu analiso de uma maneira muito positiva para todos aqueles profissionais da crônica esportiva.
Mais uma vez, meu caro Deputado, meu nobre Deputado Douglas Viegas, muito obrigado por este espaço.
O SR. PRESIDENTE (Douglas Viegas. Bloco/UNIÃO - SP) - Muito obrigado, Artur.
Com a palavra, o Sr. Erick Castelheiro, mestre.
O SR. ERICK CASTELHEIRO - O que esperar do jornalismo esportivo? Acho que os nossos colegas Eraldo, Nelson, Artur já falaram muito bem. Tatá Muniz, querido amigo, e o Nardini também vão falar bastante e com muita propriedade. Eu complemento aqui o que foi falado e acho que posso ser complementado na sequência.
O jornalismo é uma profissão de muita responsabilidade. Mesmo sendo jornalista esportivo, que falamos com paixão, com entretenimento, também temos uma responsabilidade social muito grande, muito importante. O jornalismo se faz com ética, com responsabilidade, acima de tudo. Eu dou aula, como eu disse, na pós-graduação em jornalismo esportivo na Cásper Líbero, e lá eu recebo jornalistas graduados que estão buscando uma especialização, existem advogados, cientistas, empresários, pessoas que têm a paixão no esporte, gostam de um clube, são apaixonados por um esporte e querem se posicionar, querem dar sua opinião, querem fazer o seu espaço no blog, na Internet, enfim, se movimentar.
Até usando o paralelo que eu trouxe com a metáfora de um médico, eu sempre digo isso, o jornalista formado faz aquele trabalho como se fosse um médico. Quando o médico vai para uma cirurgia, ele tem que estar concentrado, ele tem que estar preparado, ele tem que estar compenetrado naquilo que vai fazer. O jornalista, a mesma coisa, antes de ele publicar uma informação, antes de ele dar uma informação, antes de ele dar uma opinião, ele tem que se certificar de tudo que ele está falando, de tudo que ele está escrevendo. Então, a responsabilidade é muito grande no que se faz.
A crônica esportiva ganhou realmente um impulso e um espaço muito grande com a Internet. Eu sou muito partidário disso, afinal, a Gazeta Esportiva foi o primeiro grande veículo de imprensa do Brasil de circulação nacional que deixou as bancas de jornais, deixou o impresso, para mergulhar na Internet e atingiu números incríveis, mais de 200 países. A audiência da Internet é incrível. Ela proporciona uma democracia em todos os setores, sobretudo na comunicação — uma pessoa pode ser dona do próprio canal. É um espaço democrático e obviamente ali vai se destacar e vai ter audiência, vai ter o respeito aquele que faz com responsabilidade. Então, nós que somos jornalistas profissionais sempre indicamos que o caminho é buscar uma formação. Tomara que isso mude, mas mesmo hoje não sendo obrigatório o diploma, sempre indicamos que a pessoa, para seguir uma profissão, seja qual for, busque uma especialização, busque uma formação. Essa teoria vai ser muito importante para se conciliar com a prática.
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Para complementar, nobre Deputado, nossos colegas Deputados que estão participando aqui da audiência, nossos colegas — Nardini, Tatá Muniz, Nelson Nunes, Artur Eugênio, Eraldo Leite —, estamos muito contentes, muito felizes, muito envaidecidos de ter ocupado este espaço, nesta Casa tão importante, este espaço democrático, para fazermos esse requerimento. O Deputado tem todo o nosso apoio, da ACEB, das associações estaduais. O Artur Eugênio está aí, pela ABRACE, também dando esse apoio. Estamos à disposição para que essa data realmente vire uma data nacional de celebração em homenagem póstuma às pessoas tão queridas e que fizeram tanto por nós e que vire momentos de debates, de ações, de práticas em nome de um segmento, de uma categoria que tem um espaço muito relevante na imprensa, que é a crônica esportiva.
Então, agradeço muito. A ACEB e as associações que estão ao nosso lado estão todas à disposição. Eu já tenho vindo à Brasília algumas vezes e faço questão de estar sempre presente quando vocês nos chamarem. Eu agradeço pela oportunidade e pelo espaço.
O SR. PRESIDENTE (Douglas Viegas. Bloco/UNIÃO - SP) - Muito obrigado, Erick. Nós que agradecemos. Reitero que o gabinete está sempre de portas abertas para recebê-los.
Tem a palavra o grande Octávio Muniz.
O SR. OCTÁVIO MUNIZ - Deputado Douglas Viegas, quero abraçá-lo e abraçar todos do seu gabinete e todos os colegas que acompanharam a reunião, aqueles que estiveram on-line. Eu recebi algumas mensagens aqui de gente que está nos acompanhando. Obrigado pela oportunidade que o senhor nos outorga a nós, cronistas esportivos por essência, neste espaço tão importante.
Respondendo ao Américo, que perguntou o que esperar da crônica esportiva, eu acho que ele deve esperar sempre o melhor. Eu sou um esperançoso por natureza. O Nelson disse bem: a depuração vai se dar de maneira natural. Os bons vão seguir, aqueles que não forem tão bons vão ter que se aperfeiçoar, aqueles que trabalharem contra o bem vão ser colocados de lado. Eu, como ofertei críticas aqui, no começo desta audiência, ao sem número de mídias e de plataformas que estão por aí aparecendo, citei inclusive o exemplo de ontem, quero aqui também render minha homenagem a uma nova geração de jornalistas, de cronistas esportivos, muito boa que está por aí, muito boa.
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Eu tenho visto, eu acompanho tudo por razões óbvias. Como o Nelson, o Eraldo, o Erick, o Artur, eu também sou professor universitário de pós-graduação. Ministro a minha cadeira no CEACOM, na ECA/USP, na Gestão de Comunicação e Marketing, junto ao Prof. Mitsuru Yanaze, e vejo que mesmo lá os colegas que querem aprender mais sobre marketing têm uma paixão especial pelo esporte, pelo mundo do esporte. Então, vem gente muito preparada por aí, falando duas, três línguas, com formação em uma, duas universidades, com vivência internacional. Então, eu acredito que vai melhorar. Como sempre, acredito que vai melhorar.
Eu acho que temos que prestar muita atenção numa coisa que não foi citada aqui nesse complemento, que é a realidade clara. Eu convivo com isso diariamente na empresa da qual eu sou Diretor de Políticas Públicas, convivo com isso na universidade. A inteligência artificial é uma realidade clara, está sendo utilizada por todas as pessoas em todos os campos, inclusive no jornalismo e também no jornalismo esportivo. Como o Nelson disse, nós não temos a menor ideia onde isso vai parar. São tecnologias atrás de tecnologias. A inteligência artificial faz tudo hoje, tudo. Eu sou um apaixonado por tecnologia, tenho aqui algumas à disposição no meu laptop, desde aquelas que criam só um texto, como aquelas que são capazes de pegar a imagem do Nardini, pegar minha voz e colocar num texto produzido, que se for enviado para alguém desconhecido, o cara acredita mesmo que possamos estar fazendo propaganda de uma coisa errada, como já aconteceu outro dia com o Deputado Celso Russomanno, que está num perrengue com essa história. Então acho que esse é um negócio que temos que considerar.
Queria lembrar aqui que, depois do advento do smartphone, os coadjuvantes desapareceram, ninguém mais se permite ser coadjuvante. Eu brinco, quando vou dar palestra, com os meninos, com os colegas, que se abrirmos uma fábrica de coadjuvantes, nós ficaremos ricos, porque todo mundo hoje, com um smartphone na mão, quer ser personagem principal.
Enfim, nós temos muita coisa para discutir, e este é um espaço criado pelo senhor, pelo seu gabinete, para um assunto, mas se transformou em tantos outros assuntos. Ou seja, temos pauta e precisamos de ajuda, principalmente vindo de alguém que conhece o que nós estamos falando, afinal de contas, o senhor narrou o NBB, então sabe exatamente as nossas agruras. Se precisar e quiser utilizar da amizade que eu nutro pelo seu gabinete, por razões óbvias, e precisar de algum apoio no Senado, nós temos do outro lado, na outra Casa, um jornalista esportivo brilhante, que é o Jorge Kajuru, Senador da República, disposto a nos ajudar. Ele está acometido, agora, de uma infecção no outro olho, está quase perdendo a visão completa, mas está disposto a nos ajudar. Eu aqui fico à sua disposição, à disposição do gabinete, para o que for necessário.
Um grande abraço, muito obrigado. Foi ótimo rever Eraldo, Nardini, Nelson, Artur, Erick e principalmente estar neste debate com o senhor. Desejo-lhe boa sorte no seu mandato e que tenha frutos aquilo que o senhor está plantando.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Douglas Viegas. Bloco/UNIÃO - SP) - Muito obrigado de todo o coração, grande Tatá Muniz. Que Deus te abençoe! Estamos juntos!
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Para finalizar, gostaria de chamar o grande Fernando Nardini, responsável direto por esta audiência pública que acontece hoje aqui em Brasília, para a criação do Dia Nacional da Crônica Esportiva.
Tem a palavra Fernando Nardini.
O SR. FERNANDO NARDINI - Obrigado mais uma vez, Deputado Douglas Viegas.
Respondendo à pergunta sobre o que esperar da mídia esportiva, como bem destacou o Nelson, é um ambiente em transformação constante. Muitas vezes, nós nos perguntamos: para onde vai? E vamos vivendo um dia de cada vez. O que ele pode esperar das pessoas sérias é comprometimento, responsabilidade, apuração, informação séria, opinião que pode gerar discordância. É natural que seja assim e que haja um debate em alto nível, seja no rádio, na tevê ou nas mídias sociais, que o debate aconteça, que ele seja saudável, que cada um entenda o lado do outro e que isso seja sempre muito positivo e gere um debate saudável e boas conclusões a respeito.
A Internet está aí. Como disseram o Nelson e o Artur, se não me engano, há mais campos de trabalho. A exclusividade já não é tão presente na nossa profissão como era antes, porque há muitas coisas a se fazer, e a Internet veio com isso. Agora vem aí o streaming cada vez mais forte que vai abrir mais campos de trabalho. Então, há mais oportunidades e também aquela sensação de que temos que ser cada vez mais responsáveis e levar esse entretenimento de forma cada vez mais responsável.
Ainda sobre esse tema, espero e acredito muito nessa depuração que o Nelson falou: as pessoas sérias no final vão se sobressair. Espero que cada um escolha bem quem ouve, quem lê, quem assiste para que tenha a melhor formação de opinião.
Por fim, Deputado Douglas Viegas, parabéns pelo seu empenho em prol do esporte, você que é do esporte. É lindo ver a sua energia, a sua vontade de fazer as coisas acontecerem nessa área tão importante da sociedade. O esporte é tudo na vida, no desenvolvimento de uma pessoa.
Muito obrigado, por ser essa pessoa verdadeira, essa pessoa sensível, que acolheu, de braços tão abertos e com tanto carinho, essa proposta, essa ideia de uma homenagem a três ícones. O 16 de maio de 2024 foi um dia muito, muito, muito triste, parecia um dia que jamais ia acabar. Que, a partir de 2025, ele seja um dia de inspiração, de se lembrar desses três ícones com carinho, de celebrar a vida e a obra de Silvio, de Apolinho e de Antero.
Viva Silvio! Viva Apolinho! Viva Antero! Vivem Silvio, Apolinho e Antero Greco!
Muito obrigado, de coração, a todos.
É um prazer rever os amigos.
Até uma próxima oportunidade, esperando encontrá-los pessoalmente.
O SR. PRESIDENTE (Douglas Viegas. Bloco/UNIÃO - SP) - Muito obrigado, Fernando Nardini.
Eu gostaria de agradecer aqui ao grande Lindberg Júnior, ao nosso lado, por todo o suporte, grande Secretário da Comissão do Esporte.
Quero agradecer a todos os envolvidos — gabinete, Lucas, grande Francisco, Vitória, Noeli, primeira-dama — para que esse dia acontecesse.
A todos, o meu muito obrigado do fundo do coração pelo comprometimento.
Volto a repetir, estamos aqui para trabalhar, de corpo e alma, a favor do esporte. Nós agradecemos o empenho e a dedicação da vida de cada um pela crônica esportiva tão importante para o nosso esporte.
Não havendo mais nada a tratar, eu agradeço a presença de todos e declaro encerrada a reunião.
Muito obrigado.
Que Deus abençoe a todos!
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