2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 57 ª LEGISLATURA
92ª SESSÃO
(Sessão Não Deliberativa Solene (semipresencial))
Em 21 de Maio de 2024 (Terça-Feira)
às 11 horas
Horário (Texto com redação final)
12:28
RF
Estamos fazendo tudo o que está a nosso alcance para atingir esses objetivos?
Acho que esse não é o tipo de pergunta que um brasileiro faz antes de dormir. O que eu quero dizer é que a palavra "independência" é muito significativa para nós. Não a tomamos como garantida. Nós sofremos muitas cicatrizes como nação, como indivíduos. Por isso, não podemos encarar essa palavra com leviandade.
Nós temos orgulho de continuar vivendo em nossa linda região e gostaríamos de dar um significado de vida a essa independência, para criar, inovar, melhorar a maneira como as coisas estão sendo conduzidas.
Gostaríamos de nos orgulhar de quem somos e do que estamos oferecendo aos outros. Chamamos isso de Tikun Olam — tornar o mundo um lugar melhor. (Palmas.)
Sei que ao fazermos isso também precisamos ter os olhos abertos e as mãos prontas, pois nossa vizinhança pode ser perigosa, como ficou provado.
Essa combinação é tão antiga quanto a nossa nação, o sefer e sayif — o livro e a espada. Às vezes, temos que deixar o livro ao lado e segurar a espada com as duas mãos, para defender nós mesmos, nossas famílias e nossos lares.
Portanto, como vocês imaginam, a vida não é simples em nosso lugar, mas nunca, em hipótese alguma, perdemos a esperança. Como diz o nosso Hino Nacional Hatikva — a esperança —, nosso desejo é ser uma nação livre em nossa terra.
Muito obrigado a todos.
(Palmas prolongadas.)
O SR. PRESIDENTE (Gilberto Abramo. Bloco/REPUBLICANOS - MG) - Embaixador, neste momento que nós estamos vivendo, sua dor é a nossa dor, sua tristeza é a nossa tristeza, mas o seu momento de felicidade e de alegria também será o nosso momento de felicidade e de alegria. Compartilharemos isso juntos. (Palmas.)
Eu gostaria de chamar à tribuna o Dr. Sergio Napchan, Diretor-Geral da Confederação Israelita do Brasil — CONIB.
Fique à vontade, Dr. Sergio.
O SR. SERGIO NAPCHAN - Boa tarde a todos.
Eu vou aproveitar as nominatas dos que me antecederam e cumprimentar todos os Parlamentares presentes na pessoa do Presidente Gilberto Abramo e dos demais integrantes da Mesa.
Gostaria de cumprimentar todas as autoridades presentes aqui, da Presidência da República, do Judiciário, Parlamentares, e os convidados em geral.
12:32
RF
Gostaria também de, na pessoa do Embaixador Daniel Zonshine, estender meus cumprimentos a todas as autoridades diplomáticas.
E, em nome da comunidade judaica, eu gostaria de cumprimentar a Tamara Socolik, que é Presidente da Associação Cultural Israelita de Brasília — ACIB, pois a CONIB é uma servidora das nossas federadas, então, para mim, é uma honra muito grande estar aqui.
É com satisfação que estamos aqui, representando a Confederação Israelita do Brasil — CONIB. O objetivo é celebrarmos as festividades pela criação do Estado de Israel. Antes de desenvolver minhas palavras alusivas ao motivo da Sessão Solene, não posso deixar de manifestar nossa solidariedade ao Estado do Rio Grande do Sul pelas tragédias que estamos passando naquela região do Brasil. Queira Deus que possamos superar isso o mais brevemente possível.
A criação do Estado de Israel marca um momento histórico da trajetória do povo judeu. Por muitos anos, fomos forçados de um exílio para outro, por circunstâncias do destino, pelo fluxo das civilizações e como resultado da intolerância de alguns outros povos. Não obstante, não faltou persistência em realizar esse sonho coletivo de retorno à terra de nossos antepassados.
Este ano, celebramos os 76 anos da existência de Israel sob uma guerra que começou com o ataque terrorista de 7 de outubro, quando mais de 1.200 pessoas foram brutalmente assassinadas e outras mais de 200 sequestradas, entre elas, um bebê de 1 ano de idade, e muitas delas continuam em cativeiro do Hamas.
Talvez este ano, mais do que nunca, devemos celebrar essa data, a despeito das dores, dos receios e dos traumas pelos quais o povo judeu está atravessando.
Desde a sua criação, Israel nunca esteve tão ameaçado. Estigmas equivocados e uma ampla campanha de difamação impactaram diretamente também o povo judeu fora de Israel. Temos a certeza de que isso também irá passar, assim como tantos outros trágicos episódios que vivemos e que foram relatados por algumas das pessoas que me antecederam.
Nesses últimos 7 meses, especialmente, a CONIB tem se empenhado na defesa da legitimidade e do direito do Estado de Israel de existir e de se defender quando é atacado.
É importante lembrar neste momento que um triunfo do Hamas não representará apenas o fracasso de Israel, mas do mundo livre e dos próprios palestinos.
Diante das pressões para deter Israel e pôr fim ao conflito em Gaza, a pergunta que fica é: como derrotar um regime totalitário que oprime seu povo e quer exterminar os judeus e subjugar o mundo ao fundamentalismo religioso, em nome de uma paz instantânea, embora ilusória, porque é insustentável sem a justiça?
12:36
RF
O mundo está exercitando sua força para tentar deter Israel no conflito, quando deveria apoiar o país na defesa de seus cidadãos e na luta contra o terrorismo.
Essa não é uma guerra convencional. O Hamas não quer simplesmente viver em paz em Gaza. O grupo terrorista e seu mandatário, o regime que governa o Irã, querem aniquilar Israel. Isso foi dito pelo seu Presidente. E, para isso, precisam estimular o ódio no entorno, predominantemente formado por muçulmanos, e a ojeriza no mundo contra os israelenses.
Se o Hamas se preocupasse com a paz e a prosperidade dos palestinos, teria perseguido a solução de dois Estados, pois Israel quer a solução de dois Estados. Se se preocupasse em proteger os civis, batalharia nas linhas de frente, mas o Hamas torpedeou os acordos de Oslo, desviou recursos de Gaza para construir túneis e bases militares sob hospitais e escolas e usa a população não só como escudo, mas também como camuflagem e munição humana para sacrificar o maior número de civis. Isso é muito dolorido.
É assustador ver que o grupo terrorista que trucidou crianças israelenses inocentes e que usa crianças palestinas como escudos está ganhando a guerra pela opinião pública contra Israel, usando como arma informações mentirosas e o sofrimento da própria população.
O Hamas faz um desserviço para a causa legítima dos palestinos: a sua autodeterminação. Por isso, os vizinhos de Israel precisam conter os radicais e os terroristas.
Os judeus são um único povo, e não importa se nascemos em São Paulo, Buenos Aires, Nova York ou Tel Aviv. Somos aproximadamente 15 milhões de pessoas. Estamos inseridos num conceito da civilização judaica antiga e moderna, simultaneamente. Estamos todos, de alguma maneira, conectados a Israel, região onde quase metade da população judaica do mundo reside.
Vale destacar, embora todos saibam, que 75% da população que vive em Israel é de origem judaica, e um quarto é formado predominantemente por muçulmanos e outras minorias.
Recentemente, a CONIB organizou uma missão a Israel com o objetivo de levar nossa solidariedade e registrar nosso compromisso inquebrantável com o Estado de Israel. Temos orgulho das suas realizações, e isso é parte fundamental de nossa existência na diáspora onde estamos, não só no plano da identidade, mas também no plano da inspiração e da aspiração.
Entre os 17 encontros com autoridades políticas e acadêmicas da sociedade civil, destacamos que estivemos com o Presidente Isaac Herzog. Marcamos esse lugar de apoio e de solidariedade e o desejo de um futuro promissor nas relações bilaterais entre nossos países, Brasil e Israel; entre a comunidade judaica brasileira, tanto a que vive no Brasil, à qual estou aqui neste momento representando, como a que vive em Israel, pois há uma comunidade brasileira com cerca de 15 mil pessoas que foram morar lá, e seus descendentes, e com todas as instituições relevantes das duas sociedades.
12:40
RF
O Presidente Herzog celebrou o encontro e a amizade entre Brasil e Israel, as muitas lideranças que nos antecederam e construíram esse caminho. E nós estamos dando continuidade a esse novo capítulo da história. Ainda temos muito por fazer, escrever e contar.
Por isso, o aniversário de 76 anos de Israel deve ser celebrado, sim, ainda que estejamos feridos e traumatizados com as perdas sofridas, com nossas derrotas. Temos muitos motivos para comemorar, pois o povo judeu é resiliente, forte e unido. E, em situações adversas, temos vitórias, conquistas e uma inspiradora história para compartilhar com toda a humanidade e aprender com ela, especialmente com as pessoas de bem, que são a grande maioria.
A CONIB, em conjunto com suas federadas, tem sido incansável na luta contra o antissemitismo e o discurso de ódio. Detalhe: há 5 anos, esse não era um tema importante para a CONIB. Hoje, passou a ser. Houve um crescimento exponencial do discurso de ódio e também de falas antissemitas dentro do nosso País.
Essa é a nossa história. Ela mostra quanto valorizamos princípios e valores, lutando por direitos, contra a opressão e em busca da paz. Essa é a nossa história e a nossa aspiração. Que possamos viver um futuro melhor, com mais justiça e paz no Oriente Médio e aqui no Brasil.
Termino minhas palavras com duas expressões em hebraico, as quais vou traduzir para o português. Trata-se de um lema importante que aprendi em um grupo do qual fazia parte. Nós sempre terminávamos nossas reuniões com essas palavras: hazak ve'ematz — força e coragem.
Obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Gilberto Abramo. Bloco/REPUBLICANOS - MG) - Antes de ouvirmos a apresentação das músicas Hava Nagila e Hevenu Shalom Aleichem, eu gostaria de registrar a presença do Embaixador do Sri Lanka, o Sr. Summith; da Primeira-Secretária da Embaixada do Equador, a Sra. Ana Diaz; do representante da Embaixada de Singapura, o Sr. Desmond; do Chefe do Departamento Político da Embaixada dos Estados Unidos, o Sr. Luke Durkin; da Presidente da Associação Cultural Israelita de Brasília, a Sra. Tamara Socolik; da Deputada Rosangela Moro; do Senador Roberto Freire; da Sra. Irany Poubel, Relações Internacionais do grupo de artistas plásticas do projeto de conexão artística Brasil-Israel; do nosso querido Embaixador Bruno, do Itamaraty; e do Primeiro-secretário Gustavo Sachs, também do Itamaraty.
Agora ouviremos a apresentação musical.
(Apresentação musical.)
Voltar ao topo