1ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 57 ª LEGISLATURA
Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar indícios de operações fraudulentas sofisticadas na gestão de diversas empresas de serviços financeiros que prometem gerar patrimônio por meio de gestão de criptomoedas, com divulgação de informações falsas sobre projetos ou serviços e promessa de rentabilidade anormalmente alta ou garantida e inexistência de taxas, mas constituindo-se em sistema de remuneração alimentado pela entrada de novos participantes (o que tem trazido prejuízos vultosos aos investidores e a toda a sociedade, entre os anos de 2019 e 2022)
(Reunião para Tomada de Depoimento e Deliberação Extraordinária (semipresencial))
Em 20 de Setembro de 2023 (Quarta-Feira)
às 14 horas
Horário (Texto com redação final.)
15:15
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O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Declaro aberta a 26ª reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar indícios de operações fraudulentas sofisticadas na gestão de diversas empresas de serviços financeiros que prometem gerar patrimônio por meio de gestão de criptomoedas.
Com a concordância do Plenário, aproveitamos o painel da reunião anterior, tendo em vista a necessidade de quórum para deliberação dos requerimentos pautados.
Concedo 1 minuto para a atualização do painel. (Pausa.)
Passemos à tomada de depoimento.
Foram convocados para prestar depoimentos, na data de hoje, como testemunhas, o Sr. Sebastião Marco dos Santos, contador da empresa 123Milhas; o Sr. Douglas Horn Borcath Junior e o Sr. Márcio Borges de Brito de Andrade, empresários que realizaram negócios com a empresa Rental Coins; o Sr. Vicente Gadelha Rocha Neto, proprietário da V.G.R Tecnologia Digita; o Sr. Regis Lippert Fernandes, sócio da empresa Indeal Consultoria em Investimentos e Paulo Segarra, sócio da empresa RCX Group Investimentos e Participação Ltda.
Peço que se dirija à Mesa o Sr. Sebastião Marcos dos Santos, contador da empresa 123Milhas, com seu advogado. (Pausa.)
Suspendo a oitiva para a realizarmos a reunião deliberativa.
Faremos a reunião deliberativa e voltaremos.
15:19
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Havendo número regimental, vamos proceder à deliberação dos requerimentos e, em seguida, à tomada de depoimentos, com a concordância do Plenário.
Requerimento nº 185, de 2023, do Sr. Delegado Paulo Bilynskyj, que requer que sejam convocados os Srs. Gustavo de Macedo Diniz e Jonathan Santos, a fim de que prestem esclarecimentos, na condição de investigados, acerca das suspeitas de envolvimento em fraudes com investimentos envolvendo a empresa ByBot.
Alguém deseja encaminhar? (Pausa.)
Em votação.
Aqueles que o aprovam permaneçam como se acham. (Pausa.)
Aprovado.
Requerimento nº 187, de 2023, do Sr. Deputado Caio Vianna, que requer a convocação, na condição de testemunha, dos sócios do Instituto E-Dinheiro Brasil, Adriano Augusto de Araújo Aureliano, Jaqueline Silva Dutra e Maria Pereira de Barros, para prestarem depoimentos perante esta Comissão Parlamentar de Inquérito.
Alguém deseja encaminhar? (Pausa.)
Em votação.
Aqueles que o aprovam permaneçam como se acham. (Pausa.)
Aprovado.
Requerimento nº 188, de 2023, do Sr. Caio Vianna, que requer a convocação, na condição de testemunha, dos CEOs das companhias aéreas Gol, Azul, Latam, para prestarem depoimentos perante esta Comissão Parlamentar de Inquérito.
Deputado Caio Vianna. (Pausa.)
Vamos pular pela ausência do...
Tendo em vista que os itens 4 a 9 são requerimentos de minha autoria, passo a condução dos trabalhos ao Deputado Julio Lopes.
O SR. PRESIDENTE (Julio Lopes. Bloco/PP - RJ) - Requerimento nº 189, de 2023, do Sr. Deputado Aureo Ribeiro, requer a quebra de sigilo bancário e fiscal do Sr. Antônio Inácio da Silva Neto (Antonio Neto Ais) e da Sra. Fabrícia Faria Campos (Fabrícia Ais), fundadores da empresa Braiscompany Blockchain Solutions.
Alguém deseja encaminhar? (Pausa.)
Em votação.
Aqueles que o aprovam permaneçam como se acham. (Pausa.)
Aprovado.
Requerimento nº 193, de 2023, do Sr. Aureo Ribeiro, que requer a quebra do sigilo bancário fiscal junto às corretoras de criptoativos e instituições financeiras, referente aos anos de 2020, 2021 e 2022, dos Srs. Patrick Abrahão, Ivonélio Abrahão da Silva, Fabiano Lorite de Lima, Diorge de Araújo Chaves e Diego Ribeiro Chaves, sócios/beneficiários do esquema de pirâmide realizado pela empresa Trust Investing.
Alguém deseja encaminhar? (Pausa.)
Em votação.
Aqueles que o aprovam permaneçam como se acham. (Pausa.)
Aprovado.
Requerimento nº 194, de 2023, do Deputado Aureo Ribeiro, que requer a quebra de sigilo fiscal e bancário do Sr. Rodrigo Marques dos Santos e do Sr. Fabrício Spiazzi Sanfelice Cutis, fundadores da empresa Atlas Quantum.
15:23
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Alguém deseja encaminhar? (Pausa.)
Em votação.
Aqueles que o aprovam permaneçam como se acham (Pausa.)
Aprovado.
Requerimento nº 195, de 2023, do Sr. Aureo Ribeiro, que requer a quebra do sigilo bancário, fiscal e de dados, dos últimos 3 anos, junto às empresas Capitual Instituição de Pagamento S.A.; Acesso Soluções de Pagamento S.A; Instituição de Pagamento; Latam Tecnologia Instituição de Pagamento Ltda., e Banco BS2 S.A., no que tenha relação com a empresa Binance, demonstrando todos os depósitos e saques efetuados por intermédio de clientes da empresa supracitada.
Alguém deseja encaminhar? (Pausa.)
Em votação.
Aqueles que o aprovam permaneçam como se acham. (Pausa.)
Aprovado.
Requerimento Nº 190, de 2023, do Sr. Aureo Ribeiro, que requer informações ao Banco Central do Brasil, a fim de subsidiar os trabalhos deste Colegiado, acerca do processo de aquisição da corretora brasileira Capitual Investimentos, Corretora de Câmbio e Valores Mobiliários S.A., pela Binance, e da autorização do Banco Central do Brasil para a Latam Tecnologia Instituição de Pagamento Ltda. e a Capitual Instituição de Pagamento S.A. atuarem como instituições de pagamento.
Alguém deseja encaminhar?
(Pausa.)
Em votação.
Aqueles que o aprovam permaneçam como se acham. (Pausa.)
Aprovado.
Requerimento nº 191, de 2023, do Sr. Aureo Ribeiro, que requer à Comissão de Valores Mobiliários — CVM o encaminhamento a esta Comissão de todos os processos, que tramitam ou tenham tramitado no órgão que tenham como parte a empresa Binance.
Alguém deseja encaminhar? (Pausa.)
Em votação.
Aqueles que o aprovam permaneçam como se acham. (Pausa.)
Aprovado.
Retorno a Presidência ao Presidente Aureo Ribeiro, nosso Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Requerimento nº 192, de 2023, do Sr. Ricardo Silva, que requer que as empresas que mantém plataformas de redes sociais, a seguir listadas, apresentem informações relativas a contratos firmados e o valor gasto com serviços de publicidade, marketing digital e propaganda realizado pelas empresas que foram objeto de apuração, a fim de subsidiar os trabalhos deste colegiado.
Alguém deseja encaminhar? (Pausa.)
Em votação.
Aqueles que o aprovam permaneçam como se acham. (Pausa.)
Aprovado.
Retomamos a audiência de depoimento.
Chamo o Sr. Sebastião Marcos dos Santos, contador da empresa 123Milhas, acompanhado de seus advogados.
15:27
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Passo a palavra ao Sr. Sebastião Marcos dos Santos, para fazer o juramento como testemunha.
O SR. ROBSON MARTINS PINHEIRO MELO - Sr. Presidente, pela ordem. Se V.Exa. me permite, meu nome é Robson Pinheiro, eu sou advogado da testemunha, e eu gostaria de suscitar a V.Exa. uma questão de ordem da seguinte natureza. Eu queria, muito respeitosamente, lembrar a esta Presidência, não sem antes cumprimentá-lo, saudá-lo, bem como também a todos os nobres Deputados que compõem esta egrégia Comissão, mas gostaria, Presidente, muito respeitosamente, de lembrar a esta Presidência que a testemunha possui proibição legal para prestar depoimento aqui hoje perante esta Comissão, e gostaria de justificar a razão dessa proibição.
A lei, Sr. Presidente, que estabelece sobre o andamento, o rito aqui dos trabalhos da CPI, estabelece, lá no art. 3º da Lei 1.579/52, que o tratamento dispensado para o indiciado e a testemunha é aquele descrito nas normas da lei penal. O art. 36 do Regimento Interno aqui da Câmara estabelece que se aplicam de maneira subsidiária à Comissão Parlamentar de Inquérito as disposições do Código de Processo Penal. E o Código de Processo Penal, Sr. Presidente, estabelece, lá no art. 207, que são proibidas de depor aquelas pessoas que, em razão do seu ofício, do seu ministério, da sua função ou da sua profissão, devam guardar sigilo a respeito dos fatos.
É justamente essa a condição, a hipótese que nós estamos a cuidar. O Sr. Sebastião é contador e, pelas normas brasileiras de contabilidade, ele tem o dever de guardar sigilo a respeito de todas as informações e documentações, no exercício lícito da sua profissão.
Mas não só por isso também. Vou ser bem breve na minha questão de ordem, Presidente. O próprio Código de Processo Civil também, no seu art. 448, que é de aplicação subsidiária, por força do art. 3º, também do Código de Processo Penal, estabelece que a testemunha não é obrigada a depor sobre fatos a cujo respeito ela, por estado ou por profissão, também deva guardar sigilo. O que eu estou querendo dizer, Presidente, é que o médico tem proibição de depor a respeito de fatos que tenham relação com o prontuário do paciente, o padre também tem proibição legal de depor sobre fatos de que ele tenha conhecimento no confessionário, e a mesma regra se aplica aqui ao depoente.
Eu gostaria de submeter essa questão de ordem a V.Exa., lembrando à Comissão e a todos os nobres Deputados dessa proibição legal. Mas faço isso também em absoluta lealdade processual a esta Presidência, porque não gostaríamos que a obtenção de uma prova ilícita, colhida aqui por esta Comissão, pudesse vir a contaminar, de forma derivada, todas as provas que esta Comissão colheu ao longo desses trabalhos, aplicando aí a teoria dos frutos da árvore envenenada.
Dessa maneira, Presidente, e finalizo, é sabido que o Supremo Tribunal também tem declarado a nulidade de grandes operações da Polícia Federal, que se transformaram em ações penais, que se transformaram em condenações posteriores, quando vislumbrou que determinada prova foi obtida de maneira ilícita.
15:31
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Então, para que nós não corramos esse risco, em absoluta lealdade a V.Exa. e com todo o respeito, cumprimentando também o eminente Relator, o Deputado Ricardo Silva, eu gostaria que essa Presidência pudesse atender o nosso requerimento e dispensar a testemunha hoje do seu depoimento. É a questão de ordem que eu submeto a V.Exa.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Informo que o depoente, nos termos legais, está desobrigado de falar sobre fatos relativos ao sigilo profissional e a fatos que possam incriminá-lo. No restante, não há acobertamento para que possa falar nesta CPI.
O SR. ROBSON MARTINS PINHEIRO MELO - Agradeço, Sr. Presidente. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Passo a palavra, para fazer o juramento, ao Sr. Sebastião Marcos dos Santos.
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Faço, sob palavra de honra, o compromisso de falar a verdade do que souber e que me for perguntado.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Passo a palavra ao Sr. Sebastião, para fazer as suas considerações iniciais, se assim desejar.
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Boa tarde a todos. Eu sou Sebastião Marcos dos Santos. Eu sou contador há 17 anos e estou na 123Milhas desde novembro de 2011, portanto... Perdão, novembro de 2021. Portanto, há 1 ano e 10 meses. Estou à disposição para as perguntas.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Vou direto às perguntas.
Em face da questão de ordem do advogado, que o advogado possa orientar o seu cliente no que ele possa responder ou não.
Antes de iniciar as minhas perguntas, eu gostaria de perguntar ao depoente se deseja relatar alguma inconsistência na contabilidade da empresa ou pressão vinda de algum dos sócios.
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, nenhuma pressão ou inconsistência identificada por mim.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - No dia 18 de agosto de 2023, a empresa 123Milhas decidiu suspender as emissões de passagens e pacotes da Linha Promo, com previsão de embarque de setembro a dezembro de 2023. O senhor, como contador da 123Milhas, acredita que a forma como se comercializou a Linha Promo era sustentável ao longo do prazo?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, a pergunta é subjetiva. Eu não gostaria de responder.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Qual o regime contábil a que a 123Milhas se submete?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, a 123Milhas está submetida ao lucro real.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Como era o fluxo de caixa da operação de compra de passagens e pacotes de viagem da Linha Promo? Descreva, por favor, o caminho dos recursos e como eram registrados contabilmente, desde a aquisição de um pacote por um cliente, na Linha Promo, até a entrega do produto ao consumidor.
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, pode ser um pouco mais específico na pergunta, por favor?
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Como era o fluxo de caixa da operação de compra de passagens ou pacotes de viagens da Linha Promo? Descreva, por favor, o caminho dos recursos e como eram registrados na contabilidade, desde a aquisição de um pacote por um cliente, na Linha Promo, até a entrega do produto final ao cliente.
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, dentro do meu conhecimento, todas as entradas e saídas eram registradas regularmente no caixa da companhia, pela área financeira. Em seguida, esses documentos eram entregues à contabilidade, e eu não tinha nenhuma condição de segregar essas transações, uma vez que elas eram apresentadas unificadas e com uma defasagem, eventualmente, de 1 mês.
15:35
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O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - A contabilidade é uma ciência com normas, regras e princípios básicos bem definidos. Os senhores seguiam todas as normas de boas práticas de registro contábil dentro da 123Milhas?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, perdão, pode repetir a pergunta?
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - A contabilidade é uma ciência com normas, regras e princípios básicos bem definidos. O senhor seguia todas as normas de boa prática de registro contábil dentro da 123Milhas?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, seguramente, todas as normas contábeis eram respeitadas.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - As demonstrações financeiras foram auditadas por auditor independente?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, as demonstrações financeiras não eram auditadas.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - A 123Milhas ofertava passagens aéreas da Linha Promo para entrega futura, depois de vários anos. Nestes casos, quando não havia a entrega das passagens ou o pacote de viagem no ato da venda, mas, sim, uma espécie de promessa de entrega de passagem ou de pacote em data futura, quais riscos vocês consideravam para este tipo de negócio?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, esta é uma questão de negócio que não é inerente à área de contabilidade. Eu não consigo e não tenho condições de falar sobre isso.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Como eram escritos, na contabilidade da empresa, os recursos das vendas dos produtos na Linha Promo para entrega futura, depois de vários meses?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, as vendas não eram lançadas numa rubrica separada da Promo. Todos os lançamentos eram feitos agrupados.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Como eram contabilizados os recursos que entravam e as correspondentes despesas que se concretizavam com a entrega de produtos após vários exercícios financeiros?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, esta pergunta entra na questão de sigilo profissional.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Houve uma aposta da empresa de que conseguiria arcar com as passagens no preço prometido? Houve um aprovisionamento contábil para que conseguisse realizar a entrega dos produtos vendidos?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, por favor, eu não entendi uma palavra. O senhor disse “aprisionamento”?
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Aprovisionamento. Houve previsão?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, por favor repita a pergunta por completo. Eu não compreendi isso.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Houve uma aposta da empresa de que conseguiria arcar com as passagens e os preços prometidos? Ou houve uma previsão contábil de que conseguiria realizar estas entregas dos produtos?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, esta é uma questão do negócio que não estava sob minha competência.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Um fator que merece nossa atenção é o valor abaixo do de mercado que a 123Milhas praticava em suas ofertas de passagens aéreas e pacotes de viagem — isso tudo com a ampla divulgação na mídia e nas redes sociais. Como a 123Milhas mantinha suas operações com a venda de produtos a preços tão abaixo da média de mercado?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, esta é uma questão de negócio que não estava sob minha competência.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Como a contabilidade da 123Milhas realizava...A princípio da competência, como eram feitos os cálculos dos valores para a entrega de passagens aéreas que só seriam emitidas em exercícios futuros?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, esta é uma regra do negócio que não faz parte do meu campo de competência.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Quando os senhores identificaram que contabilmente não era sustentável a venda dos produtos no formato em que era feita?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, tão logo a administração identificou, acredito que foi em junho, em meados de junho, em junho, não, em agosto, foi quando a companhia comunicou os gestores, foi comunicado, e foram tomadas as decisões e as ações a seguir.
15:39
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O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Os senhores comunicaram as inconsistências financeiras percebidas a alguém da empresa?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, essa informação é objeto de sigilo profissional.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - O modelo de negócios empregado pela 123Milhas necessitava da entrada de novos clientes, de compras, para sustentar e garantir a realização das viagens já vendidas anteriormente?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, essa pergunta está dentro da gestão de negócios, que é fora da minha competência.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - A observância dos princípios fundamentais de contabilidade é obrigatória no exercício da profissão e constitui condição de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade. A prudência é um dos princípios fundamentais da contabilidade e determina a adoção do menor valor para os componentes do ativo e do maior, para os do passivo, sempre que se apresentem alternativas igualmente validadas para a qualificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido. O princípio da prudência pressupõe o emprego de certo grau de precaução no exercício do julgamento, necessárias estimativas em certas condições de incerteza, no sentido de que ativos e receitas não sejam superestimados e que o passivo e a despesa não sejam subestimados, atribuindo maior confiabilidade ao processo de mensuração e de apresentação dos componentes patrimoniais. Pergunto: no cálculo dos valores das obrigações futuras assumidas pela 123Milhas, os senhores consideraram que levaram em consideração este princípio de boa prática contábil nas provisões realizadas?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, essa pergunta abarca questão de sigilo profissional.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Alguém da empresa 123Milhas chegou a solicitar que a contabilidade fosse ajustada, de forma a não demonstrar inviabilidade do negócio antes da notícia pública do encerramento da Linha Promo?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, pode repetir a pergunta, por favor?
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Alguém da empresa 123Milhas chegou a solicitar que a contabilidade fosse ajustada, de forma a não demonstrar a inviabilidade do negócio antes da notícia pública do encerramento da Linha Promo?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, essa é uma questão de sigilo profissional.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Essa?! Vou fazer a pergunta de novo. Alguém da empresa 123Milhas chegou a solicitar que a contabilidade fosse ajustada, de forma a não demonstrar a inviabilidade do negócio antes da notícia pública do encerramento da Linha Promo? Se a pergunta vai incriminá-lo, não precisa responder. Eu entendo isso.
O SR. ROBSON MARTINS PINHEIRO MELO - Excelência, pela ordem.
A orientação da defesa da testemunha é que a pergunta envolve sigilo profissional, e ela está orientada também a não responder, com todo o respeito à Comissão.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Sigilo profissional ou autoincriminação? Só a justificativa, Excelência.
O SR. ROBSON MARTINS PINHEIRO MELO - Sigilo profissional, Sr. Presidente. Com base nas Normas Brasileiras de Contabilidade é a questão de ordem que eu, respeitosamente, argui aqui no início.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - A 123Milhas tem condições financeiras de indenizar e compensar os consumidores lesados?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, eu não tenho condições de responder a essa pergunta.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Há recursos suficientes para o pagamento dos clientes afetados pela suspensão das emissões?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, essa pergunta está no âmbito do negócio, e eu não tenho condições de responder a ela.
15:43
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O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - O senhor poderia explicar detalhadamente como o ativo investimento em formação de carteira foi reconhecido e incluído no resultado?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, o ativo investimento em formação de carteira é o esforço que a companhia obteve e dedicou para criar a carteira de clientes. Há norma contábil que prevê que todo esforço que a companhia tem para formar a carteira de clientes pode ser considerado como intangível, desde que a companhia demonstre os benefícios econômicos futuros daquele ativo e tenha controles suficientes para demonstrar a força daquele ativo.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Por quem foi feito o parecer técnico?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - O parecer técnico foi feito pela Price.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Pode nos disponibilizar?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, pode ser solicitado à administração e, eventualmente, ser disponibilizado.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Peço à assessoria da Comissão que já faça a solicitação.
Qual era o papel da Sra. Cristiane Madureira na empresa?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, ela chegou a ser sócia por um período, mas sempre atuou como diretora na área de reembolso.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Sabe explicar por que existem grandes movimentações financeiras em sua conta-corrente?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, eu não tenho acesso à conta-corrente da Sra. Cristiane Madureira. Portanto, não sei responder.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Como eram registradas, na contabilidade da empresa, as milhas negociadas?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, para a ART Viagens — aí cabe esclarecer que as milhas eram intermediadas na empresa ART Viagens —, elas eram contabilizadas como direito de uso.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Pelos demonstrativos financeiros, as milhas eram registradas como direito de uso futuro e incluídas nos ativos da empresa?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, o direito de uso compõe o ativo circulante que está dentro do processo de intermediação que a empresa fazia ao fornecimento de produtos turísticos.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Então, havia intermediação ou compra de milhas?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, é intermediação.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Que empresa realizou a compra da MaxMilhas?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - A AMRM.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Essa empresa está incluída na recuperação judicial?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, não.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Por quê?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, não sei informar.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Passo a palavra ao Relator Ricardo Silva.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Sr. Presidente, Deputados e Deputadas, primeiro, quero cumprimentar o Dr. Robson Martins Pinheiro Melo. Muito obrigado pela presença do senhor como advogado. Cumprimento também o depoente, o Sr. Sebastião Marcos dos Santos. Sr. Sebastião, eu não sei se o senhor já falou, mas, se falou, eu talvez estivesse chegando aqui, porque eu estava numa audiência com o Deputado Marco Bertaiolli, que foi indicado para o Tribunal de Contas do Estado, numa reunião muito importante sobre reforma tributária. Eu saí de lá e vim correndo para cá. Qual é o seu vínculo com a empresa 123Milhas? O senhor é registrado? O senhor é contratado? O senhor é regido via CLT? Qual é o seu vínculo com a empresa?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Eu sou funcionário CLT desde novembro de 2021.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O.k. Qual é o salário que o senhor recebe? É salário? É outro tipo de pagamento? É comissão? Qual é?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, essa é uma questão sigilosa.
15:47
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O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Esta é uma questão que envolve intimidade. Eu entendo que publicamente o senhor possa não querer informá-la, mas eu questiono ao senhor se pode passar a informação do seu salário, em sigilo, para nossa Comissão Parlamentar de Inquérito, e se é salário e se há comissões, também.
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, com toda a certeza.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O.k. Qual é a atual situação financeira da empresa 123Milhas e como foram os resultados financeiros do último trimestre?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, eu não tenho condições de avaliar a situação atual financeira da empresa, porque esta não é uma função que é atribuída a mim. Sobre o resultado do último trimestre, eu não me lembro. O que eu recordo é o fechamento que fizemos no último semestre.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - E qual é?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Bom, a empresa reconheceu prejuízos relevantes em determinadas situações que são de conhecimento de todos, e, infelizmente, é a sequência que levou ao pedido de recuperação judicial.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - E quais foram esses prejuízos relevantes?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, basicamente, a baixa da recuperabilidade de um ativo, que é um investimento em formação de carteira, sobre o qual a companhia tinha a expectativa de que fosse gerar um benefício econômico futuro, e, dadas as circunstâncias do cancelamento da Promo, esse ativo não se mostrou com a potência que até então a administração acreditava.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Em valores, qual é?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, eu poderia incorrer em erros, mas eu me lembro do valor fechado de prejuízo acumulado em junho, que foi de 1 bilhão e 600 milhões de reais. Mas, só para concluir e para ilustrar um pouco mais, é importante que se compreenda que este valor de 1 bilhão e 600 milhões de reais é o resultado da empresa de todo o semestre e abarca todas as outras despesas que compõem a empresa. Então, eu não tenho esse dado segregado agora para informar a V.Exa.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Não é apenas a Linha Promo, não?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Não, não. Eu não tenho esse dado segregado, mas está dentro deste 1 bilhão e 600 milhões de reais.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - A Linha Promo foi vantajosa para a empresa?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, eu não tenho condições de responder sobre isso porque entendo que isso abarca as condições comerciais. Na minha atuação, eu não tenho condições de emitir opinião sobre isso.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Mas o senhor como contador, é claro, tinha acesso aos números. Eu acredito que a contabilidade da empresa — é até uma pergunta que eu tenho a fazer para o senhor — era feita de forma separada, cada linha, cada produto, enfim. Sobre isto, ou seja, se a Linha Promo foi lucrativa para a empresa ou se ela foi deficitária, o senhor não tem como contribuir para esta Comissão?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, não tenho essa informação segregada.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Não tem a informação?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Não tenho.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - A contabilidade era feita não de forma segregada, ou analisando item a item da empresa. Era uma contabilidade de um bolo geral. É isso?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, a contabilidade não participava da gestão de resultados da companhia.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Mas os números são aqueles a que o senhor tem acesso, não é?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - É importante que se diga que a contabilidade da 123 vem de um processo de internalização — só para contextualizar a V.Exas. — e, desde 2011, quando eu fui convidado a participar da companhia, todo o processo de contabilidade era feito numa contabilidade terceirizada. Então, o processo de contabilização, ao qual eu ainda estou submetido, não requer grandes e melhores integrações contábeis que poderiam dar à contabilidade a visibilidade que V.Exa. está perguntando.
15:51
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O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Então, mais pessoas, além do senhor, faziam a contabilidade?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, até 2021, era uma contabilidade externa. De novembro de 2021 em diante, está comigo, e a gente está fazendo um processo de internalização da contabilidade.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Então, de 2021 para cá, o senhor é que é o responsável por essa contabilidade?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Exatamente. Mas, a partir do momento em que eu estou presente na empresa, não quer dizer que todos os processos se modificaram, para que eu tenha condições de responder às perguntas no nível em que V.Exa. perguntou.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Então, há processos dos quais o senhor não tinha poder ou conhecimento, que não ficavam sob sua responsabilidade?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Tudo o que é relativo a resultado não passava pela pelas minhas mãos, até pela questão de defasagem de tempo. Eu recebia sempre, e ainda recebo, os dados com alguma defasagem de tempo. O senhor há de convir comigo, perdão pela expressão, que, se a informação não é tempestiva, muito obviamente as decisões já foram tomadas com base, imagino, em outros dados.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Então, há uma falha na contabilidade da empresa?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Há uma questão temporal. A contabilidade poderia ser mais tempestiva para que fosse mais contributiva para a empresa.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Esta é uma informação relevante para a CPI, pois mostra uma desorganização contábil. Eu não estou culpando o senhor, mas o senhor está dizendo para esta Comissão Parlamentar de Inquérito que o senhor não recebia as informações de forma tempestiva. Esta é uma informação relevante. Eu tenho uma pergunta a fazer ao senhor. No dia 18 de agosto, a 123Milhas anuncia ao País que estava parando com a linha promocional, que não honraria com aquelas passagens, tampouco devolveria o dinheiro que as pessoas entregaram a esta empresa. Como foram as movimentações no período anterior a esta data? Aqui nós estamos com quebra de sigilo. Então, toda a análise documental nós estamos fazendo, com o apoio da Consultoria Legislativa, da Polícia Federal também, que está conosco aqui na CPI. Mas é importante ouvir do senhor a questão das movimentações anteriores, aquilo que o senhor teve de registro contábil anterior à data do dia 18 de agosto. O que o senhor poderia nos apontar de atípico?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, por favor, por anteriores, o senhor se refere a qual período?
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Do dia 18 de agosto, no mês de agosto, até o dia 18; no mês de julho... Nos 3 meses que antecederam esse anúncio, que ia parar 3 ou 4 meses que antecederam esse anúncio, o que de atípico o senhor observou ali?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, eu vou tecer minha resposta aqui e espero responder ao senhor. A partir da data em que foram comunicadas, em toda a mídia, as circunstâncias que o senhor mesmo mencionou, a administração se reuniu comigo e com os demais gestores da empresa, apresentou as informações, os dados que eram necessários. E, naquele momento, é importante que se diga, a contabilidade estava em processo de fechamento contábil do mês de junho, do semestre. A gente estava no mês de agosto, procedendo ao fechamento contábil do semestre, de junho. Então, conforme a própria norma contábil diz, qualquer evento subsequente, relevante e importante, uma vez conhecido, deve ser refletido na demonstração que está sendo elaborada. Então, há, sim, nos balanços de junho, reflexos de ações, de decisões e de processos que aconteceram ali em meados de agosto, até por atendimento à norma contábil mesmo, como eu propriamente disse, que são eventos subsequentes e que devem ser trazidos ao balanço no momento do seu encerramento.
15:55
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O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - E quais foram esses eventos?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, basicamente, são a baixa em investimento em formação de carteira, o prejuízo da Promo, que eu me lembre.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - E quais foram as movimentações bancárias nesse período, justamente em razão desta situação? Foram típicas, atípicas? Eu queria algum detalhe sobre isso.
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, eu não tenho condições de falar sobre movimentações bancárias, porque são vários bancos, e a gente trabalha com entradas e saídas. Eu, infelizmente, não notei nada atípico sob o aspecto de movimentações bancárias.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Nada atípico. Transferência de recursos?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Não, não, Excelência.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Existem investimentos em ativos financeiros ou em mercado de capitais que a empresa utiliza para otimizar seus recursos financeiros? Quais? Esses investimentos estão líquidos?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, por favor, pode ser mais específico?
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Pergunto se há investimentos em ativos financeiros ou em mercado de capitais que a empresa utiliza ou que a empresa detenha. O senhor tem essa informação?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, não me lembro. No momento, eu não me lembro.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O senhor não se lembra, ou não tem?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Eu não me lembro.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Não se recorda.
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Não me lembro.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Quais são os principais indicadores financeiros que a empresa monitora regularmente para avaliar sua saúde financeira?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, eu não tenho conhecimento desses indicadores.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - A decisão da 123Milhas de pagar às pessoas com voucher parcelado em três vezes foi uma decisão errada ou acertada da empresa?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, no meu campo de atuação, não me cabe opinar sobre isso.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - A empresa Hurb afirmou que, para não manchar a reputação da empresa, procurou honrar os pacotes vendidos, mesmo com prejuízo. A 123Milhas chegou a aventar essa hipótese?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, não tenho conhecimento dessa informação.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Os gastos com publicidade da 123Milhas, que eram somas vultosas, eram regulares?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, perdão, o que o senhor quer dizer com regulares?
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Os gastos com publicidade eram regulares? Eram feitos todos os anos, mensalmente, semestralmente? Como eram esses gastos com publicidade?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, eu não era responsável pela gestão dos gastos, mas o que eu pude acompanhar é que havia, sim, gastos com marketing. Mas eu não sei falar ao senhor com precisão qual a regularidade. Eu via que existiam esses investimentos, mas eu não sabia se determinado mês era para ter mais ou era para ter menos. Eu não geria esse tipo de gasto.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O mecanismo da 123Milhas, pelo que nós temos apurado aqui, é um mecanismo único, único porque a gente até desconfiava que a Hotel Urbano, que a Hurb também se utilizassem deste mecanismo, com a linha flexível. Até quando a Booking não pagou a alguns de seus fornecedores, a gente imaginava que poderia ter algo semelhante. No entanto, nós vimos na prática que não. Parece-me que a 123Milhas criou um modelo pela Linha Promo. E é justamente esse modelo que nós estamos encarando com a possibilidade de ocorrência de crimes e de pirâmide financeira, envolvendo milhas inclusive. Isso é algo do Brasil, porque não conseguimos apurar se já haviam feito essa experiência de pirâmides com milhas em algum lugar deste planeta. Nós não tivemos essa informação. O senhor, como contador da empresa, como um contador contratado, por mais que o senhor seja de confiança dos sócios proprietários — e assim o é, porque, se não fosse, não estaria nessa função, que é uma função de muita importância —, o senhor certamente observava que essa situação da Linha Promo daria errado, quando nós falamos de uma passagem de ida e volta para Miami por 780 reais; ida e volta para Nova York nessa mesma faixa; ida e volta para Paris, 900 reais. Nós questionamos empresas aéreas, estamos num intenso trabalho de apuração sobre isso, e todo mundo diz que isso é inviável, ainda mais como a 123Milhas fazia, que era vender a promessa. Eles vendiam a promessa de passagem, eles não tinham a passagem para vender. Enfim, muitas pessoas foram entrando para essa linha promocional. No começo honram, eu me refiro à linha promocional, no começo a pessoa viaja. E você vai ampliando a base e chega a um momento em que tudo isso não dá para honrar, é óbvio que não dá para honrar. Mesmo sabendo que não dá para honrar, a empresa pega o dinheiro do cidadão e, no momento em que ela anuncia, em 18 de agosto, que não vai conseguir comprar as passagens, mesmo estando com o dinheiro do cidadão, não devolve o dinheiro, o dinheiro fica no caixa da empresa. Se ela devolvesse o dinheiro para o cidadão, talvez esse argumento pudesse cair por terra. Mas não, ela segura o dinheiro do cidadão e, logo após, pede recuperação judicial. A recuperação judicial em si, para que fique claro, é um sistema legal que é previsto em lei. No entanto, a depender da forma como é usada, pode ser uma ferramenta fraudulenta para escolher pagamento de credores, enfim. E o senhor, como contador dessa empresa, não alertou os sócios de que todo esse modelo que eu citei aqui, de forma resumida, poderia dar errado?
15:59
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O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, essas sempre foram informações e decisões estratégicas fora do meu campo de atuação.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O senhor nunca orientou, como um profissional da contabilidade, que todo esse sistema poderia virar ruína e que isso poderia trazer sérios prejuízos às pessoas que estavam ali adquirindo as passagens e a própria empresa? O senhor nunca fez esse alerta?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, na minha atuação, a administração nunca me convidou para participar de reunião de resultado. Todo o processo de resultado era feito com outra diretoria, a qual eu não conheço. Então, eu posso falar com muita tranquilidade e serenidade que eu nunca fui convidado para participar de nenhuma reunião de resultado.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - A empresa realiza remessas ao exterior de valores?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, não.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Não. Nunca efetuou nada em conta fora do Brasil?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Não.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Existe uma hipótese de que gastos com publicidade que utilizavam como agência uma empresa do pai dos dois sócios da 123Milhas fossem utilizados para esconder ativos, para esconder alguma coisa. O senhor tem essa informação ou não?
16:03
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O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, não.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O senhor não tem essa informação?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Não tenho.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Ao desconhecer uma prática de gastos e de questões ali de contabilidade, das duas uma, ou o senhor era deixado de lado na empresa ou... Eu queria entender até a sua relação... O senhor falou que assumiu, em 2021, a questão da contabilidade da empresa, e, em muitas coisas, o contador é o coração de uma empresa. O senhor afirma que desconhece. Como é que era esse o trato no dia a dia com os sócios, esse trato no dia a dia do seu trabalho?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, como eu disse, eu entrei na empresa em 2021 com a missão de internalizar a contabilidade. Então, o meu processo de trabalho se baseou inicialmente em ter uma equipe, abrir processos seletivos, montar uma equipe, fazer todo um trabalho de transição, entender como funcionava o trabalho no escritório. Tudo isso leva tempo. E a empresa, até onde eu tomei conhecimento, e eu sou uma prova disso, a empresa estava e está se organizando. Agora, até o dado momento, eu, na condição de contador, nunca fui convidado para participar de reuniões de resultado, como eu disse anteriormente, dadas, eventualmente, as circunstâncias que eu citei anteriormente, que há necessidade de cumprir alguns requisitos para que a contabilidade esteja atendendo de forma mais tempestiva.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Quantos clientes ficaram sem receber sua passagem, seus ativos, e qual é o montante devido pela empresa?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, eu não tenho essa informação.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Não tem essa informação?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Não tenho.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O montante devido pela empresa, mesmo sendo o contador, o senhor não sabe?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, é que há diversos credores. Então, eu não sei segregar, não sei dizer para o senhor...
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O total.
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Não sei, Excelência. Posso incorrer em erros. Eu posso pesquisar e enviar, na sequência, se o senhor desejar.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Por favor. Se possível, ainda enviar durante esta reunião. Peça ao pessoal da sua assessoria que levante esse dado, por favor.
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, acredito que durante a reunião eu não consiga porque esses dados precisam ser segregados entre fornecedores, eventualmente, funcionários, outros credores. Eu não consigo produzir isso durante a reunião.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O senhor, como contador, tem como passar uma perspectiva para as pessoas que compraram suas passagens, que adquiriram suas passagens, que tiveram um sonho frustrado? Eu sei que há uma resposta que o senhor pode me dar, que é uma resposta modelo, que está tudo em recuperação judicial, mas eu acho que isso não contempla quem estava sonhando com uma viagem e que teve o sonho frustrado. Há como passar às vítimas da 123Milhas uma perspectiva de honrar aquilo que a empresa falhou?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, infelizmente, eu não tenho condições de opinar sobre isso.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Se a 123Milhas pegou dinheiro das pessoas, Sr. Sebastião, e esse dinheiro entrou para o caixa da empresa, por que a empresa não devolveu o dinheiro quando ela entendeu que o mercado estava mudando ou que ela não conseguiria comprar aquela passagem por aquele preço que ela vendeu? Por que ela não devolveu o dinheiro para quem era dono dele?
16:07
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O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, essa é uma decisão estratégica da administração. Eu não participei e não tenho conhecimento sobre isso.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Vou deixar agora que os demais Deputados possam fazer perguntas, como o Deputado Alfredo Gaspar.
Apesar de dizerem que o Presidente e o Relator fazem muitas perguntas, ele é a grande estrela desta Comissão Parlamentar de Inquérito, com uma qualidade técnica invejável. Então, vamos deixar que os demais Parlamentares façam seus questionamentos.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Tem a palavra o Deputado Alfredo Gaspar.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Presidente, quero agradecer o carinho do Deputado Ricardo e de V.Exa., que têm feito um excelente trabalho. Como aluno de V.Exas., vou fazer perguntas o mais objetivas possível. Primeira coisa, eu queria registrar que esta Casa tem a obrigação de retificar, esclarecendo quais são os profissionais e em quais condições os profissionais podem deixar de falar a verdade, inclusive impedir, negar ou calar a verdade. Isso é uma discussão doutrinária muito grande. A primeira pergunta que eu faço ao Sr. Sebastião Marcos: Sr. Sebastião, existe um código de ética na sua profissão?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, sim.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Esse Código de Ética tem lá expressamente, dizendo que o contador está vedado a revelar algo da sua atuação profissional?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, não me lembro desse ponto especificamente.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Tá. O advogado poderia esclarecer se existe?
O SR. ROBSON MARTINS PINHEIRO MELO - Deputado, cumprimento V.Exa.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Também, doutor.
O SR. ROBSON MARTINS PINHEIRO MELO - Agradeço a oportunidade de esclarecer. Existe categoricamente e expressamente. Como normas brasileiras contábeis são muito diferentes de um código de processo penal ou de um código penal, eu não saberia aqui declinar qual é a normativa de pronto, mas posso fazer a consulta aqui e já, já digo a V.Exa.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Seria importante, doutor, porque a doutrina e a jurisprudência têm caminhado a passos largos para abarcar o direito do sigilo profissional quando ele está aliado a um código de ética, um código profissional, como na advocacia. Eu, como não sou profundo conhecedor do Código de Ética dos contadores, queria que V.Sa. fizesse essa consulta, senão eu vou fazer uma questão de ordem dizendo que ele não está, na profissão que exerce, abarcado pelo sigilo profissional. Aqui, as perguntas, as poucas perguntas que rabisquei, vão permear a atividade dele, mas sem adentrar em maiores constrangimentos para responder. Eu já vou para uma das últimas. Quais os impostos... Antes, o senhor é contador de todas as empresas da holding ou só da 123Milhas?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, eu sou contador da Art Viagens, 123Milhas, Novum Investimentos e AMRM.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Tá. Então ficou de fora a HotMilhas ou está dentro?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - A HotMilhas é uma marca da Art Viagens.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Ótimo.
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Está dentro.
16:11
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O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - O senhor pode me dizer quais são os impostos pagos por essas empresas relacionadas a essa intermediação, a essa venda de milhas?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, a Art Viagens e a 123Milhas estão enquadradas nas agências de turismo. Então, pagam os impostos sobre a intermediação...
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Como é? Não pagam?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Pagam impostos sobre a intermediação dos serviços. São 3% de ISS, no caso para a Prefeitura de Belo Horizonte; são 9,25% de PIS e COFINS sobre a receita; e são 34% sobre IR e Contribuição Social sobre o Lucro.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Pronto. O senhor relatou o que nós estamos já discutindo. Se ela não fosse enquadrada como agência de turismo, quais eram os impostos que seriam devidos por ela?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, essa é uma hipótese, e eu prefiro não entrar no campo da hipótese.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Mas, veja aqui... Deixe-me lhe dizer, a gente está discutindo muito se ela se enquadra como agência de turismo. Essa é uma discussão aqui desde o início. Aqui o senhor não pode calar sobre algo que o senhor tem conhecimento técnico e que não ofenda absolutamente nada do seu sigilo. Só estou fazendo uma pergunta objetiva. Não sendo agência de turismo, quais eram os impostos que ela teria que pagar?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, essa é uma pergunta que é muito ampla, porque, se ela não fosse uma agência de turismo, ela seria o quê? Então, eu prefiro me ater ao que é. Eu prefiro me ater aos fatos. A Art Viagens e a 123Milhas são uma agência de turismo.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - A Art Viagens engloba que empresas?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - A Art Viagens está com a marca HotMilhas e Milhas Fácil.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Milhas Fácil está enquadrada como agência de turismo...
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Agência de viagens.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Agência de viagens. O senhor sabe dizer, nesse caso, dessa Art Viagens, se ela faz publicidade também na empresa do pai dos sócios?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, a qual empresa o senhor está se referindo?
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Eu esqueci o nome da empresa, mas o senhor sabe qual é.
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - A KL? Não sei informar, Excelência.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Não sabe informar?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Não sei informar.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - O senhor poderia me... o senhor poderia me... O senhor fez uma pergunta para mim, e eu também não sei responder, porque me parece que ela não poderia atuar como agência de viagem, vendendo o que ela não possui. Essa é a principal atividade dela. O senhor poderia me dizer como é que funciona a operação dessas empresas em holding?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - O senhor cita especificamente a AMRM?
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - As que o senhor citou de que é contador. AM...
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - AMRM é uma holding.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Engloba todas essas?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Não, a AMRM é uma holding que foi constituída para aquisição da MaxMilhas. A holding tem o objetivo de ter o controle de outras empresas.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Tá. E o senhor é contador da holding ou dessas empresas que o senhor citou?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Eu sou contador da AMRM, que é uma holding.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Então, vamos lá, vamos falar um pouco sobre a holding. Foi muito pouco falado aqui. O objetivo dela foi adquirir a MaxMilhas?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - O objetivo de uma holding é controle de empresas.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Eu quero saber o que o senhor falou aí que foi o objetivo dela. Ela foi constituída para adquirir a MaxMilhas, certo?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Exatamente.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - E aí? Fale aí sobre a atividade global da holding da qual o senhor é contador.
16:15
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O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, a AMRM foi constituída no final do ano passado. E o objetivo de uma holding é ter o controle de empresas. Nesse âmbito, acho que não há mais o que falar, porque o objetivo, ele é esse. É simples dessa forma. Espero ter respondido a V.Exa.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Não, mas a gente vai continuando. Tem muita gente para perguntar aí. O senhor é contador da 123Milhas?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Sim, Excelência.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Fale sobre a atividade da 123Milhas.
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - A 123Milhas é uma agência de viagens que fornece passagens e pacotes turísticos, e é tributada, dentro do enquadramento, uma agência de viagens.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Em relação a milhas, o senhor considera milhas o quê?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, para fins da minha atuação, em que as milhas são intermediadas na arte viagens, as milhas são um direito de uso.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Um direito de uso. Qual é o imposto pago por essas milhas?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, a intermediação de milhas, não há imposto.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Quer dizer que, nenhuma das empresas em que o senhor é contador, a atividade de intermediação de milhas paga qualquer tipo de imposto?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, a empresa intermedeia...
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Eu estou fazendo uma pergunta objetiva. Na intermediação de milhas, alguma dessas empresas aqui pagava qualquer tipo de imposto?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, o processo intermediação de milhas requer a entrega de um produto. Então, é intermediação de pacotes turísticos com utilização de milhas, milhas...
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Não, não. Aí o senhor está colocando uma coisa dentro da outra. Eu estou perguntando se, na intermediação de milhas, e vocês vendiam só milhas, intermediavam milhas — quero saber —, alguma dessas empresas pagava imposto por essa intermediação.
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, a intermediação de milhas não há imposto, porque a empresa faz intermediação de pacotes turísticos e passagens.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Não, a empresa também faz. Mas, na intermediação de milhas, a pergunta é objetiva, pagava imposto ou não?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - A intermediação de milhas não há imposto.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Pronto. É uma pergunta simples. O senhor falou de uma auditoria aí. Não sei se eu estou enganado. O senhor falou da auditoria... mais de uma auditoria. Quando foi que o senhor tomou conhecimento especificamente dos problemas financeiros da empresa? Em que ano ou em que mês?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, eu tomei conhecimento no mesmo momento em que todos tomaram conhecimento, que foi em meados de agosto de 2023.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Antes disso, para o senhor, na sua atividade, a empresa estava bem?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, eu não detectei nenhum problema que suscitasse alguma necessidade que fosse feito algum levantamento. Ademais, como eu respondi ao nobre Deputado, eu não participava de nenhuma reunião de resultado, então não tinha condição de promover essa informação.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - O senhor responde a algum processo criminal?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, não.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - O senhor participou de alguma fraude contábil junto com os donos da empresa?
O SR. ROBSON MARTINS PINHEIRO MELO - Pela ordem, Sr. Presidente. Me permite? (Pausa.)
Eu só gostaria de aproveitar a pergunta, nobre Deputado, e esclarecer a V.Exa. a pergunta que foi feita. A Norma Brasileira de Contabilidade PG nº 06/09 trata dos deveres e das proibições do contador. Alguns de seus dispositivos mencionam especificamente a pergunta que é objeto do interesse de V.Exa. Aqui se destaca o seguinte sobre os deveres do contador: "I - exercer a profissão com zelo, diligência, honestidade e capacidade técnica, observada toda a legislação vigente (...)". No inciso II, é dever expresso do contador: "guardar sigilo sobre o que souber em razão do exercício profissional lícito, inclusive no âmbito do serviço público (...)". E aí segue. Tem também o Código de Ética, quando trata, no item 4, de deveres, vedações e permissibilidades, que diz, na letra "c", que é dever do contador guardar sigilo sobre o que souber em razão do exercício profissional, e repete o texto. Então, eu penso ter esclarecido V.Exa.
16:19
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O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Doutor, eu quero lhe agradecer a atenção, porque a jurisprudência e a doutrina estão nesse sentido, e ele está acobertado pelo que o senhor argumentou no início.
O SR. ROBSON MARTINS PINHEIRO MELO - Eu agradeço muito.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Eu queria esse esclarecimento.
O SR. ROBSON MARTINS PINHEIRO MELO - O.k. Estamos à disposição, Deputado.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Tá. Agora eu perdi a pergunta.
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Acredito que o senhor perguntou sobre fraude.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Sim. Isso.
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Faça-me um favor, porque eu... Desculpe.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Eu queria saber se o senhor, na sua atividade, foi chamado, foi convocado, foi solicitado pelos donos de algumas dessas empresas da holding para praticar alguma fraude contábil.
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - De forma nenhuma, Excelência.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - O senhor ajudou algum desses sócios a ocultar patrimônio?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - De forma nenhuma, Excelência.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - O senhor sabe dizer se houve transferência de patrimônio dessas pessoas?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Transferência das pessoas físicas?
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Sim.
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Transferências para algum lugar?
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Para terceiros.
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Eu não sei, Excelência, porque eu não cuido da contabilidade das pessoas físicas.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Não sabe. E das empresas, o senhor pode informar se houve transferência de patrimônio das pessoas jurídicas?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, o que houve de transferência são pagamentos de dividendos, dentro do contexto de lucros dos exercícios, e os pagamentos regulares de dividendos.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Esses pagamentos saíram das curvas normais de distribuição de dividendos ou é algo que já acontecia de forma regular?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, se eu entendi a pergunta de V.Exa., o senhor está chamando de curvas normais algo que esteja dentro do contexto operacional da empresa?
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Exatamente.
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Então, eu entendo que estava dentro das curvas normais.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Não houve nada de excepcional?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Nenhum absurdo. Nada excepcional.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Isso é importante.
A empresa possuía mecanismos de controle interno?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, não sei responder a essa pergunta. Que tipo de controle interno?
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Eu sei lá. Auditorias praticadas por ela mesma, vendo como estavam os balanços e discutindo as curvas, se a empresa estava com a saúde financeira boa, se estava saindo do patrimônio indevido, se eles estavam fazendo pagamento além do necessário, se estavam desviando dinheiro.
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, não sei dizer. Não sei.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - A empresa tinha governança?
16:23
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O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, a empresa passa por constante modificação, mas, até maio, tinha uma área de governança corporativa. Eu não sei como que vai suceder, mas existia uma área governança corporativa.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Essa governança corporativa o senhor teve algum conhecimento se ela fez alerta sobre a situação da empresa?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Não, não tenho conhecimento.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - O senhor já estava na empresa, quando uma dessas empresas — acredito que a 123Millhas — da holding tentou fazer uma captação externa de sócio?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, eu não tenho conhecimento dessa informação.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Como é que se encontram as obrigações fiscais da empresa?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, as obrigações fiscais estão apuradas e estão regulares.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Estão todas regulares?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Todas regulares.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Vocês têm certidões negativas?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Certidões negativas.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - As questões de pagamento de salário, fornecedor, tributo o senhor vinha detectando ou estava regular?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, até onde eu acompanhei, os pagamentos são regulares.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Quer dizer que antes de o senhor ter o conhecimento, que foi informado pelos próprios sócios, o senhor não tinha detectado nenhuma anormalidade fiscal, de pagamento, de fornecedor? Nada?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Não, excelência, nenhuma anormalidade.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - O senhor poderia me dizer... O senhor me falou da MMR ou algo parecido.
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - A MRM.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - A MRM. O senhor me falou que ela foi criada com o objetivo principal de adquirir a...
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - MaxMilhas.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - ...MaxMilhas. O senhor conhece alguma outra holding com membros da família fora essa?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - A Novum Investimentos.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Qual a finalidade?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Ela é controladora da 123Milhas.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Eu não consigo entender. A primeira não já tem esse controle?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, eu não sei o motivo pelo qual foi constituída outra empresa.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Então, a resposta do senhor é que o senhor não sabe qual o motivo. É isso?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - É que o senhor me perguntou sobre as outras holdings.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Certo.
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Aí eu estou respondendo a V.Exa. que, até onde eu tenho conhecimento, a MRM foi constituída para aquisição da MaxMilhas. A Novum Investimentos era uma empresa já constituída em outro tempo. Ela é investidora da 123Milhas. O fato de serem criadas as duas eu não sei responder.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Sabe dizer se há uma relação fiscal entre elas?
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Conclua, Deputado.
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, não tenho conhecimento.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - O senhor poderia me dizer se o senhor participou do pedido de recuperação judicial de alguma forma?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, eu elaborei os demonstrativos contábeis que foram enviados para o pedido de recuperação judicial.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - E o senhor elaborou detectando o problema a partir de que mês de 2023?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, os problemas foram identificados em agosto, como eu disse. Nesse momento, o balanço de junho estava sendo elaborado. Conforme a norma de contabilidade fala, eventos subsequentes relevantes e importantes devem ser levados ao balanço a qualquer tempo. Então, identificados em agosto, foram levados para o balanço de junho.
16:27
RF
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Então, pode-se dizer que a empresa apresentou um problema inicial em junho.
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Não, Excelência. O problema foi identificado em agosto. A considerar que o balanço estava sendo elaborado em junho, é responsabilidade da contabilidade garantir que eventos subsequentes relevantes e importantes sejam levados ao balanço no momento em que ele está sendo elaborado. Se eu estivesse elaborando o balanço de julho, seria no balanço de julho. Espero ter respondido, Excelência.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Está bom. A gente vai ver isso aí documentalmente.
Obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Falando sobre os princípios da contabilidade, é obrigatório provisão de recursos quando é realizada uma venda no regime de lucro real?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, não entendi a pergunta. Que provisão?
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Você fez uma venda de um pacote Promo. É obrigatório, quando se realiza a venda no regime, ter a provisão desse recurso?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, sim. Quando você vende um produto, você assume um passivo com o seu cliente. Então, é necessário que ele esteja registrado.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Mesmo que a entrega do produto se dê no futuro, a 123Milhas fazia essa provisão?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Corretamente.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Se fazia, já tinha conhecimento que não conseguiria honrar as suas entregas.
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, essa não é uma afirmação lógica, porque...
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Eu vou perguntar tudo de novo, para dar tempo de você responder. E aí você está com a seu advogado aqui para facilitar o entendimento. Sobre princípios da contabilidade: é obrigatório provisão de recursos quando é realizada uma venda no regime de lucro real?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, seja mais específico, por favor.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Acho que mais que isso é difícil, mas eu vou ler com mais calma. Isto é sobre princípio da contabilidade. É obrigatório ter uma provisão de recursos, quando é realizada uma venda no regime de lucro real? Você vendeu a Linha Promo. Você tem que ter uma provisão dos recursos no regime de lucro real?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, há uma questão aqui que eu preciso explorar.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Você está vendendo um produto. Você tem que ter provisão? Você está na contabilidade.
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, eu preciso explorar a pergunta para que a resposta seja assertiva. Quando se fala de provisão, obviamente, toda vez que a empresa assume um passivo, há uma provisão de honrar aquele passivo.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Isso é regra básica.
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - É regra básica. Quando o senhor fala "provisão", eu só quero esclarecer que o senhor não esteja garantido uma provisão financeira. Isso é uma outra coisa. Isso é gestão de caixa. Então, uma coisa está separada da outra. Então, eu... a resposta é: uma vez que a empresa vende determinado ativo, ela assume um passivo com o seu cliente e deve honrar esse passivo em algum momento.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Deve honrar esse passivo.
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Agora, se eu entendi a pergunta do senhor, e eu espero que não seja nesse sentido, a empresa ter que garantir um ativo para honrar esse passivo, isso não há nenhuma regra contábil que garanta. Por quê? Porque o ativo que a empresa recebe é para operação da empresa.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Mesmo que a entrega do produto se dê no futuro, a 123Milhas não fazia provisão, ela fazia um caixa único?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, a provisão, o passivo a honrar com o cliente, ele sempre foi provisionado. Inclusive, para os contadores é uma conta lógica, é débito e crédito: entra dinheiro no caixa, você tem que reconhecer um passivo, que é a contrapartida daquela... daquele dinheiro. Agora, garantir que esse dinheiro fique paralisado para honrar aquele compromisso, isso não é um princípio contábil.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Se você provisionava, você sabia quanto você precisava para honrar o compromisso.
16:31
RF
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Correto.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Então, você tinha conhecimento de que não conseguiria honrar seu compromisso, não no mês de agosto.
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, eu não tinha esse conhecimento. Eu, na minha atuação, eu elaborava os demonstrativos contábeis, e eu apresentava tanto passivos quanto ativos, né? E, para honrar compromissos, honrar passivos, é necessário que a empresa tenha a gestão de caixa e que tenha o caixa suficiente para honrar os passivos. E, nesse sentido, essa gestão não estava comigo. Eu não tenho condições de falar sobre isso.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - A RMR está em recuperação judicial?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - A MRM?
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - É.
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Não, que é do meu conhecimento não.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - O senhor pensa em fazer delação premiada?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, com todo respeito a V.Exa., essa pergunta é impertinente.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Deputado Delegado Paulo Bilynskyj.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Eu queria saber qual foi o critério que a testemunha utilizou para afirmar que a pergunta não é pertinente.
O SR. ROBSON MARTINS PINHEIRO MELO - Presidente, eu posso responder?
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Eu perguntei para ele, doutor.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, orientado pelo advogado.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - O senhor não respondeu a minha pergunta. A minha pergunta é: qual critério o senhor utilizou para declarar que a pergunta do Presidente não é pertinente.
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, é orientação do advogado.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - O seu advogado lhe orientou a dizer que a pergunta não é pertinente? É isso?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, sim.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Então, o seu advogado respondeu pelo senhor?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Excelência, eu não me sentiria confortável em responder a pergunta, com a devida vênia. Então...
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Tudo bem. Então, o senhor deveria responder que o senhor não está... Então, a resposta é: o senhor não está confortável em responder a pergunta, e não que ela não é pertinente. Correto?
O SR. SEBASTIÃO MARCOS DOS SANTOS - Correto. Retiro o que eu disse.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Encerrado o depoimento do Sr. Sebastião, que está dispensado. (Pausa.)
Peço ao Sr. Douglas Junior que se dirija à mesa com seus advogados para o depoimento.
(Pausa prolongada.)
16:35
RF
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Informo que foi concedido o HC 232.501 ao depoente pelo Supremo Tribunal Federal, garantindo-lhe o direito ao silêncio, isto é, de não responder a perguntas quando possam de qualquer forma incriminá-lo, sendo-lhe, contudo, vedado faltar com a verdade a todos os questionamentos relativos a Francisley Valdevino, Rental Coins e demais investigados. Ele tem o direito a ser assistido por advogado ou advogada durante todo o depoimento, o direito a ser inquirido com dignidade, urbanidade e respeito, a que, de resto, fazem jus todos os depoentes, não podendo sofrer qualquer constrangimento físico ou moral, em especial ameaças de prisão ou de processo em razão do exercício regular dos direitos acima explicitados.
Passo a palavra ao Sr. Douglas para fazer juramento como testemunha nos termos legais.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Faço, sob a palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do que souber e me for perguntado.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Concedo a palavra ao depoente para suas considerações iniciais, se assim desejar.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Boa tarde, Sr. Presidente. Boa tarde, Sr. Relator. Boa tarde, Srs. Deputados. Meu nome é Douglas. Eu atuo no segmento imobiliário na cidade de Curitiba. Eu estou à disposição para esclarecer o que for necessário a todos. Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Passo a palavra ao Relator Ricardo Silva.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Sr. Presidente, nobres colegas Deputados, Sr. Douglas Horn Borcath Junior, boa tarde.
Qual é a sua qualificação pessoal, Sr. Douglas?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Eu sou formado em administração de empresas.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Possui mais cursos, pós-graduação, ou não?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Não possuo.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Em que ramo o senhor atua?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Eu atuo no ramo imobiliário, incorporação imobiliária.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O senhor possui bitcoin ou algum criptoativo?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Não possuo.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Já fez alguma transação financeira ou imobiliária envolvendo criptoativos de alguma forma?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Já fiz.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Quais?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Eu já fiz, no passado, uma venda, não com a Rental Coins, com uma outra empresa, de criptoativo, a qual não se concluiu.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Quando é que o senhor conheceu Francisley Valdevino da Silva, conhecido aí pela imprensa como o "Sheik dos Bitcoins"?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Eu conheci o Francisley no início de 2019, acredito que em meados de abril de 2019. Eu construí um prédio em Curitiba, no Bairro Ecoville. Eu tinha recém entregue esse empreendimento e, num determinado final de semana, eu recebi uma ligação do gerente do prédio, dizendo que existia uma pessoa no prédio que gostaria de locar um andar. Então, eu me desloquei até o prédio e conheci o Francisley nesse momento. Ele tinha interesse em locar um andar no prédio que eu construí.
16:39
RF
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Sr. Douglas, o senhor tem hotel ou já teve hotel?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Sim, a minha família tem hotel.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O senhor não se encontrou com o Sr. Francisley antes dessa data, inclusive num hotel de propriedade sua, de sua família?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Relator, eu não recordo. Ele esteve... A empresa dele usou o nosso hotel. Eu posso levantar as datas que foram usadas, mas eu não me recordo se foi antes dessa data.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O senhor já tinha ouvido falar da Rental Coins nessa época, antes ou depois de conhecer o Sheik dos Bitcoins?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Eu conheci o Francisley a princípio com...Ele tinha uma empresa chamada Intergalaxy, que foi com a qual eu fiz negócio. E, posteriormente, eu tive conhecimento da Rental Coins.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O senhor sabe qual era o endereço da sede das empresas do Sr. Francisley?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Eu loquei... Foi locado um andar nesse prédio que eu construí. Eu não sei se todas as empresas dele estavam nesse prédio, mas, se for esse prédio, é: Deputado Heitor Guimarães, Edifício Opus One Ecoville.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O senhor sabe de mais endereços?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Não recordo.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Em quantos andares do Edifício Opus One, o Sheik ficava? Era alugado ou comprado? Era andar inteiro ou salas? Quais as dimensões, aproximadamente?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Então, vamos lá. Essa pergunta é importante porque, quando eu o conheci, em meados de 2019, ele locou um andar, que é o 13º andar. Só para demonstrar o prédio, eram duas torres: uma torre comercial, com salas; e a outra torre eram lajes. Então, desse 13º andar, ele locou os dois lados. E, daí, na sequência, ele foi locando andares do prédio, não através do meu intermédio, mas ele locou o 11º, ele locou o 10º, ele locou o 4º, ele locou o 5º andar, o 9º andar, o 14º andar, o 17º andar, o 8º andar de salas. Então, eu acredito que ele chegou a ter aproximadamente 40% do prédio locado. Isso deve representar — depois, eu preciso só confirmar certinho para não cometer um erro — uma metragem aproximadamente de 6 mil metros privativos.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O senhor conhecia quais das 100 empresas do Sr. Francisley?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Eu tive conhecimento da... Acredito que umas cinco ou seis empresas, que eram a Rental Coins, a ITX, a Intergalaxy... Não recordo as outras, mas, a princípio, eram essas. Ah, ele teve uma empresa também, na parte de tecnologia, não recordo o nome. Tinha uma agência de publicidade e tinha um banco também, um suposto banco, que eu não recordo o nome também.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O Sheik comprou uma clínica de estética de sua irmã, a Sra. Marilis Borcath?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Sim, ele comprou o CNPJ da minha irmã. Ela tinha uma outra sócia. Não lembro a data específica, mas foi em 2020 ou 2021, ele adquiriu essa propriedade, essa empresa.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O senhor sabe qual foi o valor?
16:43
RF
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Aproximadamente 1 milhão e meio.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Como foi o pagamento?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Foi pago em dinheiro. Ele não concluiu o pagamento, ele pagou em torno de 900 mil.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - A clínica tinha realmente esse valor? Quantos pacientes, médicos? A estrutura disso, por favor.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Tinha. A clínica era um espaço de 525 metros quadrados, aproximadamente, que era uma laje. Se eu não me engano, era o 5º andar. E tinha vários equipamentos e tinha também todo o investimento que foi feito para a montagem da clínica.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Quem era o dono da sala em que a clínica...
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Na época, na época, até no contrato, se eu não me engano, de compra e venda, tinha um anexo com todos os equipamentos e notas fiscais da aquisição.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Quem era o dono da sala em que a clínica ficava? Sabe quanto era o aluguel que a Sra. Marilis pagava? Depois que o Sheik comprou a clínica, foi firmado novo contrato de aluguel? Quanto o Sheik pagava?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Poxa, eu não tenho esse número com certeza, eu posso informar na sequência. Mas, se eu não me engano, Sr. Relator, era um valor aproximadamente entre 25 e 30 mil reais.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Vamos lá! O senhor fez negócios com o Sheik? Quais? O senhor intermediou negócios para ele? Quais também?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Vamos lá! Então eu, sim, fiz negócio com o Sheik, com o Francisley. O senhor quer que eu fale todos eles ou que entregue uma lista?
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Acho que o senhor pode falar e pode entregar também. Mas pode falar.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Então, vamos lá. Eu iniciei minha relação com o Francisley na intermediação do 13º andar, que eu citei há pouco. Isso foi em junho de 2019. Na sequência, eu intermediei uma venda de 10 salas no próprio prédio, que era no 11º andar, logo na sequência. Então, ele se instalou no 13º e, já na sequência, no 11º, ele montou um estúdio para cantores gospel, ou cantores... gravação de cantores. Então, foi a segunda intermediação. Aí, na sequência...
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O valor disso?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Oi?
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O valor disso, total?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - É de 3,5 milhões.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Tá.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Sr. Relator, posso questionar só o decurso do tempo entre o primeiro negócio e o segundo?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Desculpa...
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - O decurso do tempo entre o primeiro negócio e a sequência deles. O senhor começa em 2019 com...
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Vamos lá! Então, eu vou repetir aqui. Eu comecei em junho de 2019 com a locação do 13º andar. E daí, em julho de 2019, eu fiz a venda do 11º andar, no valor de 3 milhões e meio. Foi parcelado em 35 parcelas de 100 mil reais. Ele pagou 2,6 milhões e inadimpliu a diferença. Na sequência, em outubro de 2019, eu fiz a venda de 20 apartamentos de um dormitório num prédio da nossa empresa em construção, no valor de 5,4 milhões, parcelado, e ele pagou certinho. É importante só ressaltar que todas as vendas foram com contrato, depois, escritura pública. Todos os pagamentos de impostos foram devidamente feitos, informados aos órgãos oficiais. A segunda venda, as duas primeiras foram intermediações, então, a segunda venda ocorreu... Foi num empreendimento, o qual eu estava lançando na época. Foram 52 apartamentos de um dormitório, no valor de 14 milhões, o qual não se concluiu. Então, ele pagou 50% desse valor, 7 milhões, em várias parcelas, e depois nós fizemos um distrato da diferença. O quarto negócio foi em 23/02/2022, que foi a venda... Foi a venda de 5 apartamentos de um outro empreendimento que nós estávamos em construção em Curitiba, no valor de 4,2 milhões; ele pagou 2,7. Depois nós fizemos a rescisão.
16:47
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O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Esses 5 apartamentos da DBX Ltda., é isso?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Isso
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - É isso?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Exatamente.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O valor total quanto foi?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Foi 4,2 milhões.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Cinco apartamentos, Edifício Mainz Gutenberg, é isso?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Mainz Gutemberg, exatamente.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O valor que está para mim aqui é de 5,667 milhões. Por que a diferença?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Não, porque foram 2 negócios nesse prédio. Na sequência, tem mais um negócio que foi...
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - São dois apartamentos?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Isso, que foi no mesmo edifício, no valor de 5,667. Então, o total foram 7 apartamentos, mas foram 2 contratos separados.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Pois não.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Daí, na sequência, a gente realizou mais um negócio no valor de 2,250, que foi uma loja num edifício que nós estávamos em construção. Ele queria colocar uma franquia de cafés que ele tinha. Esse negócio não chegou a ser concluído. Eu não recebi. Eu distratei. E daí, na sequência, a gente fez mais os últimos dois negócios. Foi uma venda de um terreno numa cidade, numa região metropolitana, em Quatro Barras, que também não se concluiu. Ele não pagou o contrato. A gente fez o distrato. E, por último, foi a venda de um terreno em Araucária, no valor de 12,934 milhões, onde ele também não pagou o valor integral.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Agora, como é que o senhor fazia negócio com quem não te paga? Incrível, não é? Doze milhões para cá, 7 milhões para lá, o cara não te paga, faz distrato e você continua fazendo negócio com ele?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Relator, vamos lá. Eu iniciei fazendo negócio com ele, e ele estava me pagando rigorosamente, porque eu não vendia à vista, eu vendia parcelado. Então, posso voltar ali nos negócios iniciais. E, num determinado momento, eu comecei a perceber a dificuldade de pagamento do Francis. Foi quando ele me propôs receber em moeda digital. Foi aí que eu travei. Então eu, nesse momento, eu contratei um corpo jurídico. Nós fizemos um compliance na minha empresa, e eu fui orientado a desfazer todos os negócios com ele. E foi aí que eu o fiz.
16:51
RF
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Tem também 20 apartamentos no Edifício Elysia?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Sim.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O senhor falou sobre eles já ou não?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Falei.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O.k. Não me atentei. Como é que o Sheik costumava pagar pelos negócios? Era em transferência bancária? Era por meio de dinheiro vivo? Como era a forma de pagamento?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Então, a forma de pagamento era transferência bancária entre as empresas que faziam parte do contrato.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Ele fez contratos de aluguel em criptomoedas?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Como?
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Ele fez contrato de aluguel em criptomoedas com o senhor?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Teve duas negociações, que foram os dois terrenos... um terreno de Quatro Barras e a loja, que eu citei há pouco ali, de 2,25 milhões, que ele me propôs em eu deixar o dinheiro com ele e ele me pagar com aluguel. Mas isso não se efetivou.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O.k. Então, teve ocasião em que ele fez o pagamento com criptomoedas? Correto, não é?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Não. Em criptomoedas, não; sempre em dinheiro. Ele me propôs isso, foi quando eu recuei.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Não teve, em fevereiro de 2021...
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Está bem, deixe eu tentar.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - ...por meio de um contrato que pagaria 8% ao mês, como...
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Deixa eu, talvez, ser mais claro. Então, nesses dois ativos que eu citei há pouco, que foi a loja de 2,25 milhões e foi o terreno em Quatro Barras, ele me propôs em deixar o ativo aplicado lá na empresa dele e me pagar os juros, mas eu não recebia em moeda digital. Eu recebia em dinheiro. Mas ele inadimpliu também.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O senhor, como empresário...
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Quando eu falo de dinheiro...
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Oi?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Desculpa. Até fui corrigido aqui pelo meu advogado. É sempre de transferência bancária.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Sempre transferência bancária, nunca dinheiro vivo.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Não.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O senhor, como empresário, nunca suspeitou de fraudes das promessas de 8% ao mês?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Sim, suspeitei. Tanto é que daí coloquei o meu compliance, e a gente entrou em contato com a empresa. Foi aí que houveram todos os distratos.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Quem são as pessoas da empresa do senhor que já tiveram contato com o Sr. Francisley?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Da minha empresa?
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Isso.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Não, quem fazia... Os contatos eram comigo.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Mais ninguém teve contato com ele?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Mais ninguém.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Mais ninguém... Nem com outras pessoas também dos negócios do Sr. Francisley? Ninguém?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Talvez, na época — eu preciso confirmar —, mas talvez a minha advogada deva ter falado com o advogado dele sobre um contrato ou outro, mas nunca com ele até porque era muito difícil falar com ele, não é? Então, o meu contato era a contadora, depois de um determinado momento, e o advogado.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O senhor teve contato com quais pessoas das empresas do Francisley?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Eu tive contato com o Dr. Alan, que era o advogado dele. Eu tive contato com a contadora dele. Se eu não engano, chamava-se Alessandra. E, em alguma outra oportunidade que eu... Ah, eu tive contato com o Raoni, que agora não lembro se era o irmão, ou era um parente, um primo... Eu conheci a mãe dele também, uma ou outra vez que eu estive lá na empresa, mas não tive contato, só conheci. Acredito que... Ah, havia uma moça que trabalhava no financeiro. Chamava-se Nara. Eu tive contato por WhatsApp. Que eu recordo, seria isso, Dr. Relator.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Por que é que o senhor fez notas promissórias pró-soluto em negócios com o Sheik? Pró-soluto significa que o valor já foi pago, mesmo que o comprador não tenha pagado o vendedor. Por que é que o senhor fez isso?
16:55
RF
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Vamos lá. A gente chegou num determinado momento que a gente partiu para o distrato com as empresas do Francisley. A gente fez um corte. Existiam créditos que ele já tinha me pago. Então, a gente transferiu, com esses créditos, dois terrenos para ele, que seriam terrenos quitados. E houve outro terreno que eu quis também... Fui orientado a transferir o terreno para o nome dele e ficar com o crédito de 2 milhões e pouco, o que não ocorreu. Fez uma novação da dívida.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Deixe-me apenas fazer um pedido ao Presidente.
Já houve uma situação assim, semelhante. Todas as decisões do Supremo Tribunal Federal que deferem habeas corpus são claras no sentido de que o advogado pode ter o contato com o seu cliente, mas que esse regramento fica a cargo do Presidente da CPI, até para que não tenhamos o ditado de respostas do advogado para o cliente. Isso não tem cobertura legal. É claro que o advogado pode pedir a palavra pela ordem, pode, quando entender que o seu cliente está tendo alguma ofensa a direito, pode intervir, mas ele não tem o direito de ditar as respostas, senão é um depoimento não com o depoente, e sim com o advogado.
Quero apenas pedir esse favor ao Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Pode prosseguir.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O senhor já entrou com uma ação cobrando o Sr. Francisley? Ele deve ao senhor, não é? E deve quanto também, em valor atualizado?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Ele me deve, se eu não me engano, 2 milhões e 300, 2 milhões e 400...
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Houve ação de cobrança já?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Não. Não tive ação de cobrança porque, infelizmente, a empresa faliu ou está em recuperação judicial. A empresa a qual eu fiz negócio, que foi a Interag...Eu estou aguardando para habilitar meu crédito.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Em 30 de março de 2021, o setor jurídico de sua empresa emitiu um parecer demandando documentos complementares do Sr. Francisley, para atender à Lei nº 9.613, de 1998, que é a Lei de Crimes de Lavagem de Dinheiro, como contrato social, CPF e balanço.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Deixa eu confirmar a data, mas acredito que...A data foi 12 de agosto de 2021.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Doze de agosto.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Isso.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Relator, eu queria pedir licença para complementar.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Pois não.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Até para não perder a sua pergunta, que foi importante. O senhor não processou porque o senhor está esperando para habilitar na recuperação inicial. Mas por que o senhor não processou o Francisley na pessoa física, e não só o sócio da pessoa que fez negócio com o senhor?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Veja... A gente tem conhecimento que, infelizmente, o Francisley... as empresas...
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Está pobre, não é?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - É. Acabou, não é?
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Ele também, não é?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Eu não sei te dizer ele, mas a orientação nossa, do meu jurídico, foi essa.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Entendi.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Há uma divergência de datas aqui, que eu até queria ver com o senhor, porque eu estou com o documento em posse aqui, em minhas mãos: "Parecer: necessidade de complementação de documentos". Assinada pela advogada Ana Carolina Almeida Ribeiro, pela Ana Paula Assis Friesen, datado de 30 de março de 2021, dizendo que: "Considerando a assinatura, em 1º de março de 2021, de contrato de promessa de compra e venda de unidades imobiliárias em construção, tendo como objeto a unidade 1.001 do Edifício Mendes Gutemberg, por força da qual a ITX Administradora de Bens Ltda. se compromete ao pagamento do preço total de 4 milhões e 200 mil reais; considerando o disposto no inciso X do art. 9º da Lei 963/98, o Departamento Jurídico da DBX Empreendimentos Imobiliários emite parecer no sentido de reiterar o pedido de complementação da documentação apresentada pela ITX, especificamente o contrato social consolidado, cópia de RG e CPF, o último balanço, o balancete da empresa. Tal solicitação justifica-se pela necessidade de análise de compatibilidade patrimonial e o investimento pretendido". Isso foi assinado em 30 de março de 2021. Novamente: em 12 de agosto de 2021 se frisou que somente continuariam fazendo negócios com o Sr. Francisley após ele apresentar essa documentação, pois suspeitaram do modus operandi da empresa. Estou certo ou não?
16:59
RF
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Correto.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Correto?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Correto. Desculpe.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Pelo que o senhor informou ao delegado responsável, o Sr. Francisley não enviou a documentação complementar. Então, o senhor teria desfeito os negócios. É isso?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Perfeito.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - E o senhor continuou recebendo valores após março e agosto de 2021. Correto?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Eu preciso verificar isso, mas eu acredito que foram os distratos feitos. Eu estou aqui com uma planilha. Eu tinha uma planilha nos contratos que ele tinha que me pagar até final de 22, só que não ocorreram esses pagamentos.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - É. E também o senhor fez novos negócios com o Sr. Francisley, mesmo diante disso tudo. Estou certo ou errado?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Não. Depois da orientação do meu compliance, a gente fez distratos, e fizemos a documentação toda das escrituras e tudo o mais.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - No dia 7 de maio de 2021, o senhor intermediou a venda de um avião Cessna C525 CJ4, no valor de 28,6 milhões de reais. Estou certo ou errado?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Correto. Em qual data? Desculpa.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Em 7 de maio de 2021.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Correto.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Em 16 de julho de 2021, o senhor intermediou a locação de um edifício inteiro, de sete andares, por 130 mil reais por mês, por 5 anos. "Há indícios de que tal prédio também foi construído por Douglas" — pelo senhor — "e de que também foi dada a garantia imobiliária nesta locação de imóveis que eram de Douglas, no valor de 7,8 milhões." Está correto ou não?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Não, não está correto. Eu construí o imóvel, o qual o Relator comentou, eu fiz a intermediação da locação e eu dei a orientação de quem era o proprietário do imóvel, para pegar uma garantia. Qual foi a garantia que foi pega? Foi as salas adquiridas pela Intergalaxy em 2019. Essas salas não tinham sido transferidas ainda para a Intergalaxy, não estavam no nome da minha empresa, estavam em nome de um terceiro. Eu intermediei essa venda. Então, não estavam. Eu não tinha imóveis meus em garantia.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Bom, aqui, o que chama atenção é que, em 30 de março de 2021, o senhor passa a desconfiar das operações ilícitas do Sr. Francisley e mesmo assim continua fazendo negócios. Já falamos desse avião, e o senhor confirmou essa intermediação. Há uma divergência nessa segunda informação que eu perguntei ao senhor. Agora eu pergunto sobre outra, a de 15 de outubro de 2021: venda de dois apartamentos tipo no Edifício Gutemberg, em Curitiba, de 4,2 milhões de reais. Estou certo ou errado?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Está certo. A gente só precisa confirmar, Sr. Relator, as datas de contrato e a data de escritura. Isso eu posso lhe apresentar, eu tenho toda a documentação aqui, posso esclarecer essa dúvida...
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - É claro. É importante.
17:03
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O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - ... porque essa dúvida é muito importante, é muito importante.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Essa dúvida diz tudo a respeito até da conduta do senhor, em sua defesa.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Exatamente. E uma coisa importante que o relator do compliance, que me orientou a paralisar os negócios, foi... O e-mail foi do dia 12 de agosto, que eu encaminhei.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O.k.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Depois houve o desdobramento, que não houve a resposta. Então, a partir disso, eu não fiz nenhum negócio. O que eu fiz foi documentar os negócios que foram feitos antes dessa data, através de escrituras públicas.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - E vamos lá. Teve, em 29 de novembro de 2021, a venda de terreno em Quatro Barras, no Paraná, por 7 milhões, e uma mais longe ainda, já em 10 de dezembro em 2021: a venda de um terreno em Araucária, no valor de 12,9 milhões. Seriam, no total, 60 milhões e 500 mil reais em operações, mesmo após a suspeita de fraude, se essas informações se confirmarem.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Sr. Relator, aí é fácil eu explicar. Eu tenho a documentação. As negociações foram antes dessa data. A gente está falando em escrituração de imóvel. Eu já tinha recebido, tinha que transferir, o que eu não distratei. Fiz distratos parciais das minhas vendas. O valor total das minhas operações com o Francis foi 54 milhões. Eu recebi 20.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O senhor conhece a empresa ACS, do Sr. Cícero? O senhor e a ACS já fizeram negócios?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Conheço.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Já fizeram negócios?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Sim.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Quais?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Eu vendi a essa empresa, a ACS, o imóvel no Opus Ecoville, o qual foi locado para o Francis na sequência. Na sequência, não. Eu vendi 3 anos antes. Depois ele locou. E teria alguns outros negócios que eu fiz com ele.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O senhor indicou seu advogado à ACS, para atuar em processo entre a ACS e a Rental Coins?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - O advogado da ACS é o mesmo advogado da minha empresa. Eu tenho três escritórios que me atendem. Então, um deles atende à ACS também.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Em processo com a Rental Coins.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - É. Deixa eu explicar o processo com a Rental Coins. O proprietário das dez salas do 11º andar do Opus, que foi vendida ao Francis, era a ACS. A ACS vendeu para uma empresa chamada Bf01. Essa empresa Bf01 vendeu para o Francis. Só que a titularidade ainda do imóvel estava no nome da ACS, mas ela não tem absolutamente nada a ver com o relacionamento com o Francis. Só que, quando foi dada a garantia para ele, ela teve que anuir, porque o imóvel estava no nome dele. Eu também tenho toda a documentação, que eu comprovei...
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - É bom enviar à CPI, por favor.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Eu vou lhe encaminhar tudo.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O senhor indicou o corretor Joclener Procópio para atuar como perito nesse processo?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Eu não recordo. O processo, desculpa, da... ACS?
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Isso. De ACS e Rental Coins.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - É que o nome da pessoa que eu indiquei chama-se Kenny. Talvez seja a mesma pessoa. Joclener e Kenny...
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - É Clener?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Kenny.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Kenny. Pode ser, porque aqui é Joclener.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Pode ser. É, pode ser Kenny.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O senhor indicou ao Francisley os corretores Joclener e Mauro César, para fazerem avaliações imobiliárias para imóveis que supostamente seriam dados em garantia?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Não. O Dr. Alan, que era advogado do Francis, em alguma determinada negociação conheceu o Kenny. E o outro que o senhor citou eu não recordo.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Seria o Mauro César?
17:07
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O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Eu não lembro, assim, formalmente se eu indiquei. Eu não recordo disso, mas eram pessoas que...
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O senhor não recorda ou o senhor não indicou?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Não, eu não recordo. Preciso confirmar isso, para não cometer nenhum erro aqui.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - E como é que o senhor confirmaria?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Eu preciso ver meus e-mails, preciso levantar essa informação.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O senhor informa à CPI também?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - É claro.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Relator, o Sr. Douglas respondeu quem é o proprietário da Bf01?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Não foi perguntado, mas eu respondo.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Quem é o proprietário?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - É o João Luiz Faria e eu, na minha pessoa física.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O senhor?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Sim.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Tá. Então, essa empresa que o Relator perguntou que fez essa transação o senhor é o proprietário.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Isso.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O Sr. Francisley indicava que alguns investimentos em criptomoedas teriam garantias imobiliárias, indicava ser uma garantia geral para todos os clientes, os quais dividiriam a garantia em tais imóveis. Mais da metade desses imóveis eram de sua propriedade. Como é que ocorreu a negociação desses imóveis?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - É o seguinte: eu acredito que esse imóvel que o Relator está citando é um imóvel em Araucária, que eu fiz a venda do imóvel para a Interag, do imóvel. Só que daí, depois de um determinado momento, a gente não conseguia transferir o imóvel para a Interag. Eu cheguei a assinar a escritura, eu entrei com uma ação de obrigação de fazer, mas o imóvel não... Ele não pagava o ITBI, para transferir para o nome dele. Eu nunca participei de nada além da venda do imóvel para a Interag.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - As avaliações imobiliárias enviadas aos clientes foram feitas pelo mesmo corretor que o seu advogado, no processo de seu parceiro comercial, a ACS Limitada, indicou para atuar como perito na ação contra a Interag?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Eu preciso confirmar, mas pode ser.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - É, aqui me parece que é o Sr. Joclener que fez as avaliações e também o Mauro César, que era...
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - O Mauro César eu não recordo. O Joclener, se for o Kenny, ele é um avaliador conhecido na cidade, que faz avaliação...
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - E fazia também para o senhor e para o...
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Faz para mim e faz para o mercado todo.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - ... para o "Sheik dos Bitcoins" também.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Eu acredito que sim.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Por indicação sua.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Não, não lembro se foi por indicação minha.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - É isso o que o senhor vai nos enviar.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Eu vou confirmar e lhe apresento.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Aqui nós temos algumas avaliações com valores supostamente acima do real. Para que nós possamos entender, um imóvel em Quatro Barras, no Paraná, de 44.400 metros quadrados, matrícula 3385: valor de operação de Douglas e o Sr. Francisley, 7 milhões; valor de avaliação, 21,2 milhões de reais — feita pelo Joclener. Em Curitiba, Paraná, 1.646 metros quadrados, matrícula 28081, 30935: valor da operação de Douglas e Francisley, 2,25 milhões — o negócio foi desfeito. O.k.? Aqui nós temos, em Contenda e Lapa, no Paraná: 111.143 metros quadrados — valor de avaliação: 23,8 milhões; e o outro, de 25,2 milhões, uma pelo Joclener e outra pelo Mauro César. Araucária: avaliado em 24,3 milhões pelo Joclener e, pelo Mauro César, em 10,5 milhões. Piraquara: 48.400 metros quadrados, 20,2 milhões, avaliado pelo Joclener também. Campina das Pedras: no mesmo dia Douglas compra de Leon Grupenmacher, por 1 e meio milhão, Douglas vende ao Sheik por 12,9 milhões. Valor venal do IPTU constando em 457 mil reais. O valor de avaliação aqui, pelo Joclener, é de 23,7 milhões; pelo Mauro César, de 21 milhões. Isso não é muito estranho, Sr. Douglas?
17:11
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O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - O único negócio que eu efetivei foi o imóvel de Araucária. Contenda: não teve negócio. Piraquara: eu não efetivei. E o terreno de Quatro Barras, foi desfeito. Qual que era a minha função, da minha empresa, do meu negócio? É vender imóvel. Então, de fato, eu vendi imóvel para a empresa do Francisley. Agora, o que ele fez para a frente, eu não participei disso. Eu não... É difícil eu te responder.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O senhor é réu em alguma ação penal?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Sim.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Em quais?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Eu sou réu numa ação penal em Araucária.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Elas versam sobre qual tema?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Desculpa?
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Elas versam sobre qual tema?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Sr. Relator, essa ação está sob sigilo. Eu não sei se eu posso falar aqui, se eu não vou ter nenhum prejuízo em relação a isso.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Eu tenho informações aqui...
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Eu posso lhe passar toda a informação...
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Mas eu falo com o senhor, e o senhor apenas me diga se está correto ou se está incorreto. Ação penal em Araucária: 2018. "Em meados de 2015, Douglas foi acusado de pagar propina para funcionário de Araucária para viabilizar uma permuta irregular. Douglas passaria sete terrenos seus ao Município de Araucária, em troca de um terreno do Município. Porém, a operação foi revertida, ante a flagrante fraude, visto que os terrenos de Douglas não tinham valor e a permuta seria onerosa ao Município." Essa é uma ação penal. Queria saber o desfecho dela. O senhor foi absolvido, o senhor foi condenado na ação penal, ou ela está em grau de recurso?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Eu não fui condenado. Essa ação foi... foi... mudada para o eleitoral.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Ela foi para crime eleitoral.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Crime eleitoral. Ela está em fase ainda inicial. Tem 5 anos que estou aguardando o desfecho.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Um julgamento por crime eleitoral. Por que crime eleitoral? Isso envolvia Prefeito ou Vereador? Como era?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Se o meu advogado pudesse explicar certinho... porque eu acho que eu não...
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Sim, sobre a ação. Por favor, doutor.
O SR. TRACY REINALDET - Pela ordem, Excelência. Com o máximo respeito ao Relator, com as perguntas sempre pertinentes, essa ação eleitoral... Vou explicar um pouco do trâmite processual. No mérito em si, a defesa técnica e a autodefesa do Douglas não se sentem à vontade, por conta do sigilo, porque é uma ação ainda em trâmite. Essa ação, ela... Houve o oferecimento de denúncia na Justiça Comum. O Tribunal de Justiça entendeu que o fato era de competência eleitoral...
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - E deslocou para a eleitoral.
O SR. TRACY REINALDET - Deslocou, anulando os atos, com a possibilidade de convalidação pela eleitoral. E ela está, na eleitoral, nessa discussão sobre possibilidade ou não de convalidação.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O.k. Em fase inicial, então.
O SR. TRACY REINALDET - Em fase inicial. Não há nenhuma sentença meritória sobre o caso.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Numa outra ação penal, Sr. Douglas, o senhor é réu, acusado de pagar propina, entre 2013 e 2016, para o Secretário Municipal de Urbanismo de Curitiba, para obter benefícios em contratos imobiliários, alvarás e questões relacionadas. Essa é uma ação penal de 2022. Qual é o trâmite dela? O senhor pode nos falar? Se ele souber responder, ele responde, o Douglas, por favor.
O SR. TRACY REINALDET - Desculpe, Relator. Eu só coloco a defesa à disposição para contribuir, não é porque quero me voluntariar na posição do Douglas.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Não, é claro, é claro, é claro. E é ótima a contribuição.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Ela está em fase inicial.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Em fase inicial. Foi denunciado... O.k. Está na primeira instância ainda. (Gesto positivo.) O.k. Em fevereiro de 2022... E já falo aos Deputados que são as minhas últimas perguntas, para que o Plenário possa fazer as do Plenário. (Risos.)
17:15
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Eu vou me dar por satisfeito até aqui, para que poucas outras perguntas possam ser feitas pelos demais... Desculpem. Enfim, acabei...
Em fevereiro de 2022, o senhor fez um distrato de negócios. É isso, não é? Em fevereiro de 2022, o senhor fez um distrato dos negócios com o Sr. Francisley? Certo?
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Em fevereiro de 2022. Nesse distrato, o senhor passou adiante para o Sheik um terreno e tomou para si diversos de seus imóveis. Foi isso o que aconteceu ou não? Isso em fevereiro de 2022.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Eu preciso confirmar aqui a data, mas eu fiz um distrato. Não é que eu tomei um monte de imóvel, eu só não... Ele parou de me pagar, não é? Então, a gente distratou...
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Aí retomou para a sua propriedade.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Isso, exatamente.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Aquilo que já era da sua empresa, não é?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Exato, exato.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O senhor no mesmo dia comprou um terreno por 1 milhão e 500 mil reais e, no mesmo dia, passou para o Francisley por 12 milhões e 900 mil. Correto?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Correto. Só tenho uma observação: que não foi no mesmo dia. Vou explicar...
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Foi qual lapso temporal?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - ... o que aconteceu. Então, é o seguinte: esse é um terreno, é uma área de 94 mil metros quadrados, que eu iniciei a negociação há aproximadamente 2 a 3 anos antes, com o proprietário, um médico de Curitiba, e em meados em 2021 eu fechei a operação com ele, através de um contrato particular. Eu fiz uma permuta com ele: eu entreguei um imóvel da minha empresa para ele e peguei o terreno para nós. O valor contábil da operação do imóvel é 1 milhão e meio. Posteriormente, alguns meses após, eu negociei esse imóvel com a empresa Interag.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Quanto tempo depois?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Eu preciso... Oito meses...
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Mais ou menos.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - ... sete meses.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O.k.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Eu preciso confirmar e te passo com bastante assertividade.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O.k.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - E pelo valor o qual o senhor citou. O que aconteceu no mesmo dia foi as escrituras. Eu não tinha transferido para o meu nome, em função do meu... do desfazimento... dos distratos. Eu precisava transferir para o meu nome para depois transferir para a empresa Interag. Eu não quis fazer direto isso.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O senhor tem o contrato registrado em cartório, para poder, até em sua defesa, mostrar que fez o negócio num dia e que passou a escritura só depois?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Tenho tudo.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Tem?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Hum, hum.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O.k. Agora, o senhor não acredita que esse distrato teria sido bom só para o senhor, e para muita gente que teria sido fraudada, 30 mil vítimas... O que o senhor pensa sobre isso?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Sr. Relator, essa foi a preocupação que eu... Quando percebi as atividades do Francis, de bitcoin, eu tomei todos os cuidados para encerrar as minhas negociações com ele. Então eu fiz com...eu fiz venda de imóveis para ele. Então, fica difícil eu responder a essa pergunta.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Quero pedir desculpas aos Deputados. Este Relator tem sempre mania ou o jeito de abrir para os Deputados fazerem mais perguntas e acaba ficando com algumas mais tranquilas. Deixo que o Plenário faça e depois, ao final, retomo sempre com aquelas que o Plenário não fez. Mas eu peço perdão e digo aos Deputados que isso não vai se repetir. Nós próximos depoimentos eu deixarei o Plenário fazer as perguntas e eu ficarei com as minhas guardadinhas aqui. Aquelas que não forem feitas eu farei.
O SR. JULIO LOPES (Bloco/PP - RJ) - V.Exa., como sempre, conduziu de forma excepcional. Não há pelo que se desculpar nem o que colocar em adição a suas falas.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Obrigado, obrigado, Deputado.
Sr. Presidente, estou satisfeito por enquanto.
17:19
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O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - Perfeito, Relator.
Passo a palavra para o Deputado...
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Só quero dizer, pegando gancho na fala do Deputado Julio Lopes, que suas perguntas foram muito pertinentes e muito importantes para o depoimento de hoje, Deputado Ricardo.
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - Passo a palavra ao Deputado Alfredo Gaspar.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Eu já estava chateado, que o Relator tomou todas as minhas perguntas. Mas, como ele pediu desculpa... (Risos.)
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Desculpe-me, desculpe-me. Não acontecerá novamente.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Relator, o senhor foi perfeito nas perguntas. Elas foram muito esclarecedoras. Interessava-me muito essa dita sociedade entre o depoente e o Fransciley. O senhor já adentrou nisso. Aqui estamos vendo quase 200 milhões em operações com o Sheik, tanto negócios diretos quanto com intermediação, mas teve uma que eu achei interessante. A minha pergunta é basicamente esta: o Cessna... o senhor fez essa intermediação de venda dele?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Olá, Deputado! É só uma observação, com muito respeito: a operação não chegou a esse volume de 200 milhões, é bem inferior a esse valor. Em relação ao avião, eu, sim, fiz a intermediação. O...
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Esse avião era de quem?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Era de uma empresa...de um cliente meu...da ACS.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Certo.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Só que o Francis, ele não...ele não finalizou a aquisição; ele deu entrada e depois ele revendeu para uma outra empresa chamada GBF, se eu não me engano.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - De quem é essa GBF? Sabe...
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Não recordo o nome da... dos proprietários.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - O senhor sabe com quem esse avião está hoje?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Com a empresa GBF.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - GBF?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Sim.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - O senhor sabe onde ela fica situada?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - No Rio Grande do Sul. Eu posso pegar as informações e passar para o Relator.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Deixa eu só, aqui, rapidamente... O senhor contestou aí o valor. É muito rápido. Dez salas no Opus One. O senhor fez essa venda?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Sim.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Vinte apartamentos no Edifício Elysia.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Sim.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Dois apartamentos no Edifício Roseira.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Sim.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Dois apartamentos no Edifício Gutemberg.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Perfeito.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Cinco apartamentos no Edifício Gutemberg.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Perfeito.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Loja no Edifício Roseira.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - O.k.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Terreno em Quatro Barras.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Sim.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Terreno em Araucária.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Sim.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Aluguel de quartos e espaço para eventos.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Desculpe...
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - O senhor fez algum aluguel de espaço para evento para ele?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Talvez ele tenha usado o hotel da minha família para fazer evento, mas...
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Aqui está dando... só essa parte aqui, está dando um subtotal de 69 milhões e 700.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - O que acontece é que tem uma somatória... que eu fiz um distrato e depois fiz a dação do pagamento com terreno. Então, não é a soma dos dois.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - O senhor está dizendo, vamos averiguar. Mas é só um volume alto, independente disso. O senhor intermediou salas 13 01, 13 10 no Opus One para ele?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Locação, foi a primeira que eu comentei.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - A compra e venda do avião Cessna, o senhor já disse que sim.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Ahã.
17:23
RF
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - O senhor... uma FVS... o senhor intermediou essa venda do Cícero?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Desculpa...o que é isso? FVS?
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Se o senhor, que intermediou, não sabe, imagine eu! (Risos.)
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - FVS...Eu não...
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Não está identificando, não?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Não, não. Desculpa, Deputado. Qual o valor desse...
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - É barato, 34 milhões.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Não.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Não. O senhor desconhece essa intermediação?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Sim.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - E GBF?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Também.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - O senhor intermediou uma venda de 20 apartamentos do Elysia para ele?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Sim. Não, isso eu vendi para ele, os 20 apartamentos.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Então essa daí foi uma venda direta mesmo.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Sim, venda direta.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - E Piraquara?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Não.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Não? A clínica de estética o senhor já colocou, não é?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Sim.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - E alocação do Edifício Podolon... Podolan?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Sim. Olha, esse...
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Aqui, pelas avaliações feitas — Polícia Federal, advogados, clientes lesados —, aqui está dando uma conta de 200 milhões. Mas vamos que a conta seja de 100 milhões. Já é uma conta bastante razoável.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - É, mas não chega a esse montante. Eu tenho... eu tenho todo esse relatório, que já apresentei para a Polícia Federal. Foi averiguado, e eu posso encaminhar para vocês.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - O senhor passou quanto tempo num presídio?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Eu passei 10 dias.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - E o senhor passou quanto tempo com tornozeleira?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - É...6 a 7 meses.
O SR. ALFREDO GASPAR (Bloco/UNIÃO - AL) - Obrigado, estou satisfeito.
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - Obrigado, Deputado Alfredo Gaspar.
Deputado Julio, vou lhe pedir só uma gentileza. O Deputado Paulo Bilynskyj é o autor do requerimento e está me cobrando a palavra aqui. De fato, não estava registrado no sistema, mas, para atender ao pedido do Deputado Delegado Paulo Bilynskyj, eu concedo a palavra a S.Exa.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Presidente, muito obrigado. Gostaria de agradecer ao Relator por ter realizado as perguntas necessárias, de forma a exaurir a matéria. Então, eu gostaria, na verdade, de fazer um pedido para o depoente. Veja, existe uma grande dúvida em relação à questão de datas de negócios, porque uma informação é a realização do negócio em si, outra é a transferência do bem. Então, eu gostaria de pedir para o senhor que organizasse uma linha do tempo. Esse documento pode ser entregue aqui à Comissão até eletronicamente. Mas o que eu gostaria que constasse nessa linha do tempo para poder orientar o nosso Relator aqui em relação aos negócios? Primeiro, que a gente tivesse a data da negociação; depois, a data do pagamento; e, depois, a data da transferência, porque dessa forma a gente consegue estabelecer exatamente a partir de qual momento cessaram negociações, cessaram conclusões de negócios. E aí a gente está falando somente de pagamentos posteriores ou de transferências de bens. Eu posso contar com a colaboração do senhor nesse ponto?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Pode, é claro.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Perfeito. Então, muito obrigado.
17:27
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O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - Obrigado, Deputado Delegado Paulo Bilynskyj.
Passo a palavra ao Deputado Julio Lopes.
O SR. JULIO LOPES (Bloco/PP - RJ) - Sr. depoente, boa tarde. Obrigado pelo seu comparecimento aqui à nossa CPI. Obrigado, Presidente, pela possibilidade de arguir o depoente. Na realidade, eu gostaria de entender melhor. No caso do avião, o senhor não só fez a intermediação, mas parece que o senhor teve um...O senhor colocou também alguns imóveis seus nesse negócio, não foi? Entraram no negócio terrenos próprios seus e dos seus negócios, não é?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Na verdade, eu vendi imóveis ao Francis, como, por exemplo, os 20 apartamentos no Edifício Elysia, e ele deu em dação de pagamento de... esses apartamentos na aquisição do avião. Eu posso lhe apresentar a documentação completa disso, para a CPI, obviamente, para esclarecer tudo bem certinho.
O SR. JULIO LOPES (Bloco/PP - RJ) - É porque essa me parece uma questão bem nebulosa, quer dizer, é claro que o senhor tem toda a condição, tomara que tenha...
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Tenho, sim.
O SR. JULIO LOPES (Bloco/PP - RJ) - ... toda a condição de explicar, mas é uma condição bem estranha, porque são os mesmos imóveis que estão nessa transação.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Eu faço toda essa... entrego, juntamente com o que o Deputado Bilynskyj solicitou, esse esclarecimento para o senhor e para a CPI.
O SR. JULIO LOPES (Bloco/PP - RJ) - Perfeito. Essa questão do terreno, que o senhor disse que o senhor comprou por 1 milhão e meio... o senhor vendeu por 12,9 milhões, 8 meses depois. O senhor não considera, mesmo como corretor, um valor de apreciação muito elevado para uma venda com um tempo tão pequeno de diferença? O senhor não julga estranho? Não é possível que o adquirente ou que o vendedor, num prazo de um intervalo tão curto, ambos não tenham uma informação, quer dizer, normalmente corretoras e mercado têm um valor próximo. Se fosse o dobro, já era um valor muito expressivo, mas nós estamos falando de um valor dez vezes superior. O senhor não acha que isso é, no mínimo, estranho?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Deputado, eu fiz uma negociação nesse terreno, comecei a negociar com a pessoa que me vendeu há 2... 3 anos antes de efetivar o negócio. Eu dei um bem para ele, em troca do terreno, cujo valor contábil é 1 milhão e meio. E, de fato, eu fiz um bom negócio. Eu vendi por um valor superior, bem superior, como o senhor mesmo citou. Mas eu não vejo que teve algo de errado da minha parte em ter um lucro imobiliário, em fazer...
O SR. JULIO LOPES (Bloco/PP - RJ) - Não, veja bem, nem eu estou dizendo que existe algo de errado em ter lucro imobiliário. Não é essa a questão.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Perfeito.
O SR. JULIO LOPES (Bloco/PP - RJ) - A questão é que, na realidade, existe a possibilidade de quem vendeu ter sido lesado também, porque não é possível uma valorização de dez vezes num prazo tão... num espaço tão curto de tempo. O que nós estamos examinando aqui... E eu quero lhe adiantar que até comentei com o Deputado Luciano que o senhor me pareceu bastante à vontade, o que nós agradecemos aqui, expondo com clareza as suas posições, enfim, e obviamente todo mundo pode estar sujeito a ter um... enfim, um encontro infortúnio e malogrado, como o senhor teve com esse cidadão. E eu desejo, sinceramente, que o senhor possa provar que não foi nada além disso, quer dizer, alguém que o senhor encontrou infortunadamente, desenvolveu alguns negócios... descobriu que era um picareta e o senhor tentou, então, se distanciar dele. O que eu estou arguindo aqui agora é uma questão que me parece relevante porque, de fato, é um valor muito expressivo. Um imóvel de 1 milhão e meio ser vendido por 12 milhões e 900 num prazo de apenas 8 meses, que o senhor está colocando, de 7, 8 meses, é de fato um negócio... O senhor não deve ter feito dois negócios desses na sua vida, porque é estranho. O que eu quero, Sr. Douglas, tentar obter do senhor, quer dizer, é que se...O objetivo desta CPI...Ela é muito mais uma CPI pedagógica, no sentido de que a gente inspire a sociedade a tomar cuidado com promessas absolutamente...que são descabidas e incumpríveis e que não são factíveis, como os juros prometidos por essas transações, de 8%, 10% ao mês, coisas irrealizáveis, que acabaram por lesar milhares e milhares de pessoas, num valor total de mais de 100 bilhões de reais. É inacreditável que nós estejamos, nesta CPI, apurando valores da ordem, vou repetir, de 100 bilhões de reais. São valores... É inacreditável. São bilhões de dólares, que sumiram, evadiram do País, e pessoas que ficaram com os seus sonhos frustrados, com as suas vidas aniquiladas, enfim. E o que eu queria pedir ao senhor, certamente, se o senhor puder e os seus advogados, é darem à CPI todas as informações que nos puderem fazer tentar recuperar algum recurso, para que esta CPI possa oferecer àqueles que foram lesados por essas empresas; quer dizer, se, de fato, o senhor tem aí toda essa conduta na direção correta de tentar nos ajudar a apurar tudo, o senhor... as informações que tenha de imóveis que ele ainda possa dispor, bens outros que ele possa dispor, ou de que o senhor, por acaso, tenha ou venha a ter conhecimento, o senhor, por favor, nos informe, para que a gente possa proceder no sentido de pedir o arresto desses bens e dinheiro e recursos, para que a gente possa, então, tentar ressarcir aqueles que foram vilipendiados, assaltados, enganados por todos esses procedimentos.
17:31
RF
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Deputado Julio, eu me comprometo a...o que for solicitado, o que eu tiver de conhecimento dispor, colaborar no que for necessário para a CPI. É um compromisso que eu assumo com o senhor e com a Câmara.
O SR. JULIO LOPES (Bloco/PP - RJ) - Nós lhe agradecemos.
A minha parte, Presidente Caio, está encerrada.
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - Muito obrigado, Deputado Julio Lopes, pela sempre importante participação. V.Exa. engrandece muito esta Comissão Parlamentar de Inquérito, com perguntas extremamente pertinentes. Seguindo, inclusive, na toada que V.Exa. levantou dessa questão da valorização do terreno, eu gostaria de fazer uma pergunta ao Sr. Douglas.
Hoje o terreno está em nome de quem?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Hoje o terreno ainda permanece no nome da minha empresa. Eu... nós entramos com uma ação, em Araucária, de obrigação de fazer, para transferir o terreno para o nome da Intergalaxy, desculpa, da... empresa do Francis Interag.
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - Qual?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Interag.
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - Interag.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - E então...
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - Que é do Francisley?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Que é do Francisley.
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - Tá.
O SR. JULIO LOPES (Bloco/PP - RJ) - Sr. Presidente, desculpe-me interromper, mas é porque é pertinente.
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - Imagina!
O SR. JULIO LOPES (Bloco/PP - RJ) - Esse terreno, então... se o senhor entrou como obrigação de fazer, é porque o senhor está definitivamente interessado em passar esse imóvel para essa empresa.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Sim, sim.
O SR. JULIO LOPES (Bloco/PP - RJ) - O que a CPI pode é arguir ao juiz do caso no sentido de tentar que esse bem possa ser o mais rapidamente transacionado para que aqueles que são credores dessa instituição possam ter, pelo menos, essa parte aí ressarcida, não é isso?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Perfeito.
17:35
RF
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - Qual é a avaliação desse terreno hoje? Quanto é a avaliação desse terreno? Quanto esse terreno hoje está avaliado no mercado?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Eu acredito que esse terreno hoje vale entre 12 e 15 milhões.
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - Hoje, entre 12 e 15 milhões?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Sim. São 94 mil metros quadrados numa região metropolitana, a de Curitiba. É claro que, quando a gente vê o valor da minha compra com o valor da minha venda, ninguém observou o trabalho que eu fiz durante 2, 3 anos no terreno. Tinha problema de invasão; eu organizei, eu cerquei. Eu tinha problema ambiental; eu arrumei. Então, eu trabalhei em cima do terreno. Não foi simplesmente, com muito respeito, Deputado, uma compra num dia e...e vendi por...
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - Esse terreno está localizado numa região nobre?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Não, não é uma região nobre. É uma região metropolitana, na cidade de Curitiba. Porém, hoje, tem um veio social muito grande nesse terreno — Minha Casa, Minha Vida e assim por diante. Então, esse terreno...
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - Quantos metros quadrados tem o terreno?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Noventa e quatro mil metros.
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - Noventa e quatro mil metros.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - E esse é um terreno importante, com que eu acho que tem que, de fato, ser feita alguma coisa, porque, daqui a pouco, invadem o terreno, daqui a pouco...
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - Esse terreno foi vendido para a empresa do Sr. Francisley ou foi vendido para o Francisley na pessoa física?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Para a empresa do Sr. Francisley.
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - Tá. E não foi a Rental Coins, foi outra empresa?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Não foi a Rental Coins. Deixa-me pegar o nome da empresa aqui. É Interag.
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - Interag. O senhor...
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Tem escritura pública, é...tudo certinho.
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - O senhor se considera um amigo pessoal do Francisley?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Não me considero um amigo pessoal.
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - O senhor não frequentava a residência dele, nem ele a sua?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Não frequentava. Nunca frequentou a minha residência.
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - Nem o senhor a dele?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Não. Zero. Zero.
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - O senhor conheceu Francisley como?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Eu conheci o Francisley em meados de 2019, quando eu fui demonstrar um andar no prédio o qual eu construí.
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - Então, essa relação começa em 2019, e ela finda quando?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Ela finda em... Vou pegar a data correta para não... Ela finda em setembro, outubro de 21. Depois que eu apresentei os pedidos do compliance... antes até eu já não tinha contato mais com o Francis, porque ele...
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - Fala.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - ...andava com artistas, com pessoas importantes, e não parava mais em Curitiba, então...com jogadores de futebol, com o Jucilei até, que está...está sendo representado pelo seu advogado aqui. Então, eu não tinha mais contato com ele.
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - O senhor já fez algum tipo de negócio com a pessoa física do Sr. Francisley?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Não. Eu acredito que não. Não, não fiz.
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - Somente com as empresas.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Somente com as empresas.
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - Alguma vez diretamente com a Rental Coins?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - É...Deixa-me confirmar para não...Eu...eu acredito que não. Talvez o contrato de locação que eu intermediei, mas eu...eu...as compras e vendas, nenhuma.
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - Esse contrato de locação que o senhor intermediou... em algum momento ele pagou o valor do contrato inteiro ao senhor de forma antecipada?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Não. Para mim, não. Ele pagou para a empresa a qual foi locada, de forma... Ele antecipou 1 ano; depois, 1 ano; depois, 1 ano.
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - Mas essa empresa é do senhor?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Não, essa empresa não é minha. É outra empresa.
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - Ele costumava te pagar sempre em transferências bancárias?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Cem por cento em transferências bancárias.
17:39
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O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - Tá. Qual foi o momento que o senhor começou a suspeitar das operações do Sr. Francisley e as suas empresas?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Eu comecei a suspeitar das operações do Francisley em meados de março de... primeiro semestre, vai, de 2021, quando eu comecei a ter muita dificuldade de conversar com ele e com a equipe dele. Ninguém me atendia mais. Eu comecei a ter dificuldade de receber. E daí veio a proposta de receber em moeda digital. Foi a hora que eu recuei.
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - Alertou.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - Olha, eu realmente preciso deixar aqui o meu sentimento em que... Primeiro, quero agradecer, porque você está aqui presente colaborando, respondendo, não se furtando a responder. Mas algo que, para mim, é extremamente relevante é que milhares de pessoas foram lesadas pelo golpe praticado pelo Francisley e suas empresas e que infelizmente as empresas do senhor acabaram obtendo lucro com os negócios que vocês firmaram, e infelizmente quem pagou por isso foram as vítimas do Francisley. Eu não tenho aqui agora, e não é o meu papel fazer qualquer pré-julgamento... Nós precisamos avaliar toda a documentação que o senhor vai fornecer e os demais depoimentos, mas, sem dúvida alguma, o Francisley não negociou com o senhor apenas um imóvel, foram diversos imóveis, numa ordem de grandeza extremamente considerável — pelo que o senhor relatou aqui, passou dos 50 milhões de reais. E aí me causou até uma dúvida, porque o senhor falou em algum momento que ele lhe devia 2 milhões de reais, mas foram 54 milhões transacionados, correto?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Correto, porém a gente...
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - Aí o senhor disse que só recebeu 20.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - É. Foram ocorrendo os distratos.
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - Então, dos 54, ocorreram distratos...
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Perfeito. Eu...
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - ... de 34 milhões.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Exato.
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - E, desses 20 milhões, o senhor ainda tem uma dívida com ele de 2 milhões e alguma coisa. O senhor recebeu algo em torno de 18 milhões.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - (Gesto positivo.)
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - Eu realmente quero acreditar na sua boa-fé. A gente tem que fazer aqui as perguntas que são pertinentes para o trabalho desta CPI. E, para finalizar, só um ponto que eu tenho visto aqui constantemente — em todos os depoimentos, praticamente, Alfredo —, e isso me causa muito estranheza... quando chega aqui um depoente para dizer que ele foi lesado por algum desses "piramideiros", mas, obviamente, tiveram transações, obtiveram lucros, assim como as empresas do senhor. E aí me causa uma profunda estranheza quando eu pergunto: "O senhor foi lesado?" "Fui lesado." "O senhor processou o cidadão?" "Não." Aí o senhor, com uma banca de advogados aqui, em número grande...Parecem ser advogados extremamente qualificados — parabéns pela condução aqui, inclusive deixando o depoente prestar os depoimentos. Eu acho que até... em números, eles estão maiores até do que os assessores que a gente tem disponível aqui na CPI. E como é que o senhor...Com toda essa capacidade jurídica, com todo o teu conhecimento de negócio, como é que o senhor não foi processar o cidadão que te lesou e que o senhor está vendo que lesou milhares de brasileiros? Eu...assim, eu acredito que, primeiro, como um homem de negócios, o senhor já deveria ter processado; segundo, pela honra do senhor, pela honra das suas empresas e pela honra do povo brasileiro. Porque, no fim das contas, independente de empresário ou não, político ou não, todos nós somos patriotas. Então, isso me causa muita estranheza.
17:43
RF
Eu queria que ele respondesse primeiro, a não ser que o senhor indique que ele não pode responder, porque eu não gostaria de ouvir a resposta do senhor antes de ouvir a do Douglas.
O SR. TRACY REINALDET - Não é o meu desejo aqui responder por ele, mas a pergunta do senhor passa por uma questão técnica. Se, eventualmente, a resposta dele não lhe satisfazer, e o senhor quiser entender essa questão técnica, a gente está à disposição.
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - Tudo bem, mas eu gostaria de ouvi-lo primeiro. Obrigado.
O SR. TRACY REINALDET - É claro, é claro. Por favor, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Caio Vianna. Bloco/PSD - RJ) - A pergunta é: como você chega nesse fim dessa história toda, com esse desfecho, e você não processou o cidadão que te lesou em 2 milhões e tanto e que lesou milhares de brasileiros? O senhor é um empresário competente, com uma banca de advogados imensa. O senhor não destinou um dos advogados pelo menos para ir lá processar o rapaz? Causa estranheza. E isso a gente viu em quase todos os casos aqui, e ninguém conseguiu explicar, e é o que eu fico me perguntando. Porque, se um cidadão lesa a mim ou minhas empresas, eu vou processá-lo, seja na pessoa jurídica, na pessoa física, ainda mais quando se suspeita que ele participa de ações fraudulentas com as suas empresas. É até uma forma de o senhor se proteger. Quando o senhor não faz isso, parece que o senhor está querendo de certa forma blindar o Francisley em alguma intenção, por conta de alguma coisa a que a gente não tem aqui acesso documental para tal. Então, essa é a minha percepção, e espero que o senhor consiga desfazê-la aqui.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Vamos lá. Com muito respeito, eu... (Pausa.)
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Voltei. Com a palavra o Douglas.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Respondendo à pergunta, eu comecei a sofrer problemas em 2021. Então, de fato, o meu corpo jurídico me apoiou e me ajudou a tentar ao máximo desvincular das empresas da Intergalaxy. Eu fiz todo o esforço para isso acontecer. E também tive prejuízos em relação a demonstrar a verdade. Então, fiz esse demonstrativo para a Polícia Federal, expliquei todos os meus negócios, como eu vou explicar aqui. Então, de fato, o meu maior objetivo era me desvincular das empresas do Francis, e não estar perto dele. Então, obviamente, quando você indaga essa pergunta, com muito respeito, fica até difícil de responder. Mas meu objetivo era me desvincular do Francis. Então, eu fiz isso em 2021, antes de estourar o negócio dele.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - A melhor forma de se desvincular seria processando.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Eu desfiz todos os negócios, não é?
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Hã?
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Eu desfiz os negócios.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Tudo bem, mas alguém que lesa... Veja: se hoje um cidadão comum ou uma outra empresa fizer negócio com a sua empresa, não pagar por um imóvel ou atrasar, o senhor vai ativar essa banca maravilhosa de advogados que o senhor tem. Como é que o senhor não ativou um único para ir lá processar o Francisley, um cara que estava dando um rombo em milhões de brasileiros? Eu não consigo compreender.
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Deputado, essa foi uma orientação do meu corpo jurídico, e tem uma explicação técnica, se me permitir que eles...
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Olha, eu estava falando que eram maravilhosos, mas, se você colocar essa culpa neles, eu vou retirar. Porque não é possível, não é? (Risos.)
O SR. DOUGLAS HORN BORCATH JUNIOR - Não, não. Eu não pus a culpa, eu pus a orientação nele.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Olha, eu até contrataria. Depois dessa, fica difícil. (Risos.)
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Dá, sim. Eu estou brincando. Brincadeiras à parte, pode responder.
O SR. TRACY REINALDET - Deputado, antes de mais nada, eu agradeço a cordialidade do trato que a CPI tem deferido e a possibilidade de colocar aqui para o senhor.
17:47
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Todos os contratos que o Douglas fez, de venda de imóveis com o Francis, foram na pessoa jurídica. As pessoas físicas, dentre elas o Francisley, não figuram como garantidoras ou avalistas desses contratos. A informação que nos chegou é que o Francisley, pelo menos no nome dele, não possui nenhum patrimônio. Óbvio, como esta CPI aqui está apurando, a dúvida é se existem bens em nomes de terceiras pessoas, não no nome do Francisley — ocultos esses bens. Mas nós levantamos que o Francisley está sem bens. Como ele não era avalista, não era garantidor dos contratos e não possui bem, uma execução contra o Francis necessariamente não ia dar resultado. O que hoje nós esperamos é habilitar o crédito, no procedimento de falência, para que o Douglas reaveja o prejuízo. Essa foi a orientação técnica realmente que nós passamos para ele.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Eu compreendi e continuo, para finalizar, sem concordar, porque eu realmente acho que era necessário, até pela imagem e honra do empresário, da empresa. O senhor pode ter feito uma pesquisa, mas o senhor não tinha como garantir que de fato ele não tinha nenhum imóvel, nenhum bem ainda no nome dele. Eu acho que esse seria o padrão.
Inclusive, eu vou falar aqui — mas teria que estar com um documento que não está aqui em minha posse: o Francisley fez, sim, vendas, inclusive de terrenos que ele, a priori, tinha comprado na empresa dele e depois ele passa... que ele tinha comprado na pessoa física dele e depois ele passa para a empresa, ganhando, tendo um ganho capital, em uma transação, 4 minutos depois que ele fez, de mais de 20 milhões de reais. Portanto, o que ele fez com esses 20 milhões de reais na pessoa física dele? Sumiu? Evaporou?
Portanto, mais uma vez, eu acho que seria necessário e acho que ainda dá tempo de vocês fazerem.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Encerrado o depoimento do Sr. Douglas. Está dispensado. (Pausa.)
Solicito a presença do Sr. Márcio Borges Brito de Andrade, para o depoimento, acompanhado de seus advogados. (Pausa.)
Passo a palavra ao Sr. Márcio de Andrade, para fazer o juramento, como testemunha, nos termos legais.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Faço, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do que souber e me for perguntado.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Passo a palavra para o Sr. Márcio de Andrade, para fazer as considerações iniciais, se assim desejar.
17:51
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O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Primeiramente, obrigado pelo convite. Eu estou aqui para responder a qualquer coisa. Não fiz questão de fazer nenhum habeas corpus e abro mão de sigilo fiscal ou bancário, caso seja necessário. Eu estou pronto para elucidar qualquer dúvida que seja a respeito dessa operação.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Quero destacar a presença do Deputado Estadual do Estado do Rio de Janeiro, o Deputado Vitor Junior, que visita esta Comissão, preocupado também com os clientes lesados da cidade de Niterói e região, e a presença do Vereador Leandro Portugal, Vereador da cidade de Niterói, que o acompanha, com pauta hoje no Ministério do Trabalho, cuidando de postos de trabalho relativos à cidade de Niterói. Quero dar os parabéns pela visita e pelo comprometimento com a nossa região de Niterói.
Passo a palavra ao Relator, o Deputado Ricardo Silva.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Sr. Presidente, eu vou passar a palavra aos Deputados que estão no plenário, em especial ao Deputado Delegado Paulo Bilynskyj, autor do requerimento, porque eu fiz uma autocobrança, porque, no outro depoimento, eu fiz muitas perguntas e acabei meio que exaurindo, não todo o tema, porque houve outros questionamentos complementares muito importantes. Mas, em respeito ao colegiado, eu estou com as minhas perguntas, vou acompanhar as perguntas do colegiado, e aquelas que não forem feitas, eventualmente, eu venho e faço no final, para que eu fique satisfeito aqui.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Passo a palavra ao Deputado Delegado Paulo Bilynskyj.
Marque o tempo para mim, mas, se precisar, nós renovaremos o tempo do Deputado Delegado Paulo Bilynskyj, porque é um bom companheiro. Só para termos noção do tempo, por favor.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Muito obrigado, Presidente. Muito obrigado, Relator, muito obrigado pela presença, Sr. Márcio. Eu gostaria de começar essa conversa aqui perguntando para o senhor como o senhor conhece o Francisley. Qual a origem dessa relação?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Lá na cidade de Curitiba, Deputado, eu tive academia por muito tempo. Sempre fui empresário do ramo de academias. E, digamos, lá pelo ano de 2015, ele era o rapaz que limpava os aquários da academia. Ele ia lá limpar o aquário — e sempre muito bom de papo. A gente ficava conversando ali. De repente, ele pediu para me ajudar... que eu ajudasse ele a vender as roupas que eu tinha na academia. Então, a minha relação com ele foi essa. Só que daí ele sumiu com essas roupas, em 2015. De repente ele apareceu 5 anos depois e me procurando: "Ah, eu quero pagar aquelas roupas que eu te devia". E aí eu voltei a falar com ele novamente.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - E, quando o senhor retornou a conversar com ele novamente, como desenrolou esse relacionamento?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Eu tinha um escritório de treinamento e desenvolvimento humano, no qual eu dava treinamento para equipes. Ele me chamou para almoçar e, de repente, ele mostrou que estava com um carrão, um Porsche Panamera vermelho. Aí eu falei: "Francis, você tava duro. De repente você volta com um carro desse? O que está acontecendo?". Ele: "Não, não. Agora eu estou aprendendo sobre bitcoin. Fui morar nos Estados Unidos e agora eu entendo desse mercado. Então, estamos fazendo dinheiro". Daí ele me convidou. Eu falei: "Agora eu faço treinamento. Eu treino equipes". Como eu tenho o background de ser coaching de atletas profissionais de luta, aí ele me convidou para dar treinamento de desenvolvimento para os funcionários dele. Então, o primeiro treinamento que eu dei para a equipe dele foi para 200 funcionários, em uma chácara, que ele me convidou para dar uma palestra para eles. Então, eu vi que tinha muita gente que trabalhava ali dentro. Depois disso ele ainda me convidou para que eu desse aula de liderança e vendas para a equipe comercial dele, aulas até que eu tenho gravadas ainda.
17:55
RF
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Esses treinamentos foram realizados por intermédio da Holy Spirit Investment?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Não, não.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Não? Mas o senhor é proprietário dessa empresa?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Sim.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Certo. Qual é a finalidade dessa empresa?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Os treinamentos foram uma empresa de coaching minha. A Holy Spirit Investment é um outro processo. A partir do momento em que eu comecei a fazer treinamento para eles, eu comecei a entender o mercado que ele fazia. Ele falava que mexia com bitcoin e criptomoeda, e eu tinha muito interesse em entender mais sobre isso. Então, num dado momento, eu coloquei 10 mil reais lá na empresa dele e esperei para ver o que dava. Então, 12 meses... Oito, 9 meses depois, eu retirei esse dinheiro que eu coloquei. Então, tinha uma rentabilidade mensal, e eu consegui retirar no final. Eu falei: "Nossa, isso aqui funciona". Eu sempre fui muito interessado no mercado de criptomoedas, mas nunca quis ser um trader, nunca quis operar esse tipo de coisa. Então, eu vi ali uma oportunidade de negócios, e ele me ofereceu abrir uma agência, que é o modus operandi deles, de ter agências. As pessoas compram agência, para daí você... É como se fosse um agente... um agente autônomo da XP comprar uma franquia. Então, foi assim que eu abri a Holy Spirit Investment.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Então, a Holy Spirit Investment é uma franquia da Interag?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - É.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Certo. Nesse momento, o senhor já se considerava um investidor.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Eu investia. Eu colocava o meu dinheiro lá dentro e depois comecei a chamar familiares para fazer a mesma coisa, só que eu nunca tirei 1 real dessa operação.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Num primeiro momento, o senhor retirou.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Aqueles 10 mil com a rentabilidade, sim.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Mas ali eu era somente um cliente da operação.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Depois que o senhor se tornou investidor, proprietário da franquia, o senhor não teve mais lucro.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Não, porque eu colocava o investimento novamente na operação.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - O senhor reinvestia o lucro.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Eu reinvestia. Exatamente.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - A Sra. Clemilda Jesus Rodrigues de Paula Tomé é a sua esposa?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Sim, minha esposa.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Ela também investiu na Rental Coins?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Ela colocou um dinheiro volumoso na operação, tanto que quase um terço dessa operação era dinheiro da minha mulher. Então, ela colocou, ela investiu.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Mas ela investiu na Rental Coins ou ela investiu na Holy Spirit?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Na Holy Spirit.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - É que a Holy Spirit é como se fosse a intermediária. Eles fazem o depósito, e a gente pega uma comissão em cima disso.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Certo. O senhor é proprietário da FMS, da Fight Music Show.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Hoje em dia, sim.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Certo. Essa empresa surgiu unicamente tendo o senhor como sócio ou existia alguma participação do Francisley?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - O CNPJ original dessa empresa era do Francisley. Eu era o cara que operava. Eu fui para Dubai, eu vi um modelo de negócio muito atrativo para o ramo de artes marciais, que seria... Inclusive, um amigo meu que estava fazendo um evento lá, o Toli Makris, que fazia lutas de influenciadores e monetizava através da criação de NFTs dos atletas. Aí eu falei: "Está aí um modelo de negócio muito interessante. Eu vou levar para alguém que possa investir nesse negócio". Aí é que eu trouxe a ideia de Dubai e ofereci para ele. Então, ele abriu o CNPJ dele, a empresa dele, e eu fiz essa operação, buscando uma rentabilidade no lucro do evento.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - O senhor era sócio dele na FMS?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Não. Eu nunca fui sócio dele na FMS. Na primeira FMS era uma produtora chamada FMS Eventos.
17:59
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O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Então, a FMS Eventos Ltda. é a primeira empresa, que foi aberta por ele, para operar essa ideia que o senhor trouxe de Dubai?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Perfeitamente.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Certo. Mas hoje o senhor é dono de outra FMS. É outra empresa?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - A partir do momento em que eu mostrei, elucidei o resultado da operação para ele, a operação foi deficitária, aí eu pedi para ele a marca. Ele falou: "Eu não quero mais operar esse tipo de coisa. Esse negócio de fazer evento dá muito trabalho e não dá dinheiro". Entendeu? Ele estava acostumado com outras maneiras mais fáceis de render. Eu falei: "Tudo bem. Então me dá a marca, que eu quero essa marca, porque, de repente, no futuro, eu vou voltar a trabalhar com isso". Porque, apesar da operação não ser boa financeiramente, ela era ótima operação de marketing.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Então, a partir do momento em que esse primeiro momento, esse primeiro ideal de FMS não deu certo, ele abandonou a operação, o senhor manteve a marca. O senhor manteve a marca por uma compra e venda? O senhor adquiriu essa marca?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Eu adquiri. Ele passou para mim, para a minha produtora.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Por qual valor?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Naquele momento, ele tinha passado já a empresa dele, essa FMS, para o sócio. Entendeu? Eu argumentei com ele, falei: "Olha só...". A gente estava lá em meados de dezembro de 2021. Eu falei: "Cara, eu já coloquei um dinheiro volumoso ali através da minha família — entendeu? —, e nós não estamos conseguindo tirar esse dinheiro. Eu estou com um problema, e ainda agora essa operação que nós fizemos também não deu lucro. Então, eu estou ficando cada vez pior nessa situação". Então ele falou: "Mamá, calma, porque nós temos uma auditoria interna, e todos os problemas referentes à Rental Coins vão ser sanados". Ele tinha aquele discurso padrão. "Mas eu vou passar a marca para você, que você está me pedindo, e tenha calma, que daqui a pouco a gente vai resolver sua operação lá, que você tem dinheiro lá dentro."
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Então ele doou.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Sim.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Gratuitamente.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Sim.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Não foi uma dação em pagamento, em relação a valores que o senhor tinha a ver em termos de investimento?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Não, de jeito nenhum, até porque o maior montante que tinha na operação era da minha família, não meu. Eu jamais iria pegar uma marca para... por um dinheiro que tinha a minha mulher, meu primo, meu pai, minha irmã. Não faz sentido.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Então essa dívida permanece.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Essa dívida permanece.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Qual o valor dessa dívida, atualizado, hoje?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - É 1 milhão e 300 mil... Eu tenho que confirmar. Lembrando que, se quiser, depois eu posso mandar todos os... todos os documentos necessários.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Perfeito. O evento que contou com a participação do Francisley, como a Blockplace da Signature Films, como isso aconteceu? Qual o contexto?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Como eu vim de Dubai com esta ideia — "vamos criar atletas, influenciadores, grandes nomes e criar uma NFT desses atletas" —, aí ele tinha uma das operações, que era a Blockplace, que é uma empresa de criação de NFTs. Então, ele foi um patrocinador, como a Blockplace. Entendeu? Como se eles fossem criar os NFTs. E era um momento, assim, em que os NFTs do Neymar valiam milhões. Então, na cabeça dele, aquilo lá ia realmente virar algum dinheiro. E foi isso o que a gente fez. Ele patrocinou.
18:03
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O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - O evento com a presença do Popó, Whindersson Nunes e Caio Castro foi realizado pela FMS na gestão dele ou na gestão do senhor?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - A empresa estava em nome dele. Eu tinha um acordo de receber uma participação do resultado operacional.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Essa é que foi deficitária... Esse evento foi deficitário?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Isso. Isso. Lembrando que o Caio Castro estava como... Apesar de ele ser patrocinado na Porsche Cup por uma das empresas do Francis também, ele estava lá como audiência só. Só estava assistindo.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Ele não recebeu para estar lá?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - O Caio Castro? Não.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Não. Mas o Popó e o Whindersson Nunes, sim?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Sim. Estavam na conta da operação.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Quem fez o pagamento do cachê dessas celebridades?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Eles tinham um contrato direto, o Francis com os lutadores. Então, a empresa do Francis fazia direto com os lutadores.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - A empresa dele, FMS Eventos.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Na verdade, acho que ele fazia até... Eu posso trazer... Desculpa, porque, como eu estava fora do País anteontem, eu cheguei hoje e me consultei com os meus advogados. Então, se precisar de mais algumas coisas com detalhes, a gente consegue. Mas, de repente, foi alguma empresa dele que pagou — entendeu? Mas foram dele. O contato era do Francis com os lutadores.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - O senhor tem conhecimento se esse pagamento aconteceu por intermédio da Rental Coins ou por intermédio de alguma espécie de vantagem dentro da estrutura da Rental Coins?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - No escopo, Excelência, do evento, não.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Porque o Popó e o...O Whindersson Nunes tem envolvimento com a Rental Coins.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Eu não posso afirmar isso.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - O senhor não tem conhecimento disso?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Do Whindersson Nunes? Eu creio que não.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Não.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Mas o senhor tem conhecimento de algum envolvimento relacionado, entre o pagamento do cachê dessas celebridades no Fight Music Show relacionado com a Rental Coins?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Não. Nenhum relativo à Rental Coins. Todos relativos a um CNPJ da Bloc Place, que é uma empresa de NFTs.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Que é do...
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Que é dele também. Porém, eu não entendo do fluxo interno de caixa dele, mas o contrato foi feito em cima dessa transferência da Bloc Place.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Quando o senhor tomou conhecimento de que a Rental Coins se tratava de uma pirâmide?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Deputado, me colocando onde eu estava naquele momento, eu nem sabia o que era uma pirâmide, eu nem imaginava.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Eu não estou pensando num exercício de reflexão. Não estou pensando assim: "hoje, o senhor, analisando, posteriormente..." Não. Eu queria saber o momento no tempo em que o senhor, com todo esse envolvimento que foi realizado, lembrando que o Francisley era um limpador de aquário, que deixou de pagar ao senhor por roupas da academia, que aparece 5 anos depois, que está com um carrão, que propõe um investimento, que envolve o senhor num grande evento... Acredito que o Fight Music Show faturou algo em torno de 25 milhões de reais. É isso?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - De jeito nenhum.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - É uma notícia do Valor Econômico.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Nem perto.
18:07
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O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Então, quando o senhor, não numa perspectiva retroativa, em que o senhor, hoje, conhecendo tudo o que conheceu, analisa e fala que eram...Mas, no momento do tempo em que o senhor parou e realizou que era um golpe, quando foi isso?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Lembrando: esses documentos do fluxo de caixa da operação eu posso mandar sempre que necessário. Não é nem perto isso aí. É uma operação, realmente, que foi negativa. Mas...
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Não, não quer dizer que não tenha faturado 25 milhões. Ela pode ser negativa porque o investimento foi maior do que...
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Não! Não! Ela faturou 10% disso.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Não faturou 2 milhões de reais?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Não, foram 3 milhões.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Faturou 3 milhões.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Não, espera aí, perdão: 2,5 milhões — entendeu? Custou 3...
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Entendi. Quando foi o momento em que o senhor percebeu que a Rental Coins era, então, um golpe?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Eu não percebi que era um golpe, porque, no momento, em dezembro, eu vi sinais, sinais de problema. Como eu não tinha noção — porque eu não pegava dinheiro, eu nunca peguei algum dinheiro, minha família nunca retirou algum dinheiro —, eu achava que essa operação era saudável, a gente reinvestia. Algumas pessoas que sacavam o dinheiro começaram a reportar atrasos. Então, foi em dezembro de 2021. Ali que eu dei a ordem para os agentes autônomos, como a XP faz, que lá se chamavam microfranqueados, para que não captassem mais dinheiro nenhum para essa operação, para ver o que estava acontecendo.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Então, o senhor determinou que a Holy Spirit Investment parasse de captar valores.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Completamente, em dezembro de 2021.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Foi quando investidores narraram que não tinham mais a capacidade de fazer o saque?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Estava tendo atrasos.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Atrasos no pagamento?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Atrasos no pagamento. Ali nós ligamos o sinal amarelo: alguma coisa estranha está acontecendo, porque um mercado, com essa volatilidade, com essa rentabilidade, não está conseguindo pagar em dia? Eles sempre tinham um discurso muito pronto: "Ah, nós temos uma auditoria. Nós temos uma..." Entendeu? Ficavam sempre dando desculpas. Eu falei: "Segura um pouco, que daqui a pouco isso aqui é um problema, e eu tenho um problema maior em casa, que é a minha mulher, o meu pai, minha mãe, minha família, que está lá dentro".
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - O senhor chegou a contratar algum influenciador para trabalhar em prol da Holy Spirit Investment?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Não. Eu os coloco para lutar no evento, mas, para fazer alguma propaganda, marketing, para empresa de investimento, não. De jeito nenhum!
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - A captação funcionava dentro do sistema da Rental Coins com captadores?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - É, exatamente. Os agentes autônomos, com o seu network, traziam pessoas, mostravam o modelo de negócios e faziam a oferta.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Qual é a sua relação com o Francisley hoje?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Hoje? Hoje eu o considero um inimigo meu, devido a tudo o que ele me fez passar, devido a quase terminar o meu relacionamento, devido a eu perder o dinheiro da minha família, devido a eu ter que vender os meus imóveis para sanar dívidas que não eram minhas. Então, eu não tenho relação nenhuma com esse cara.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - A Holy Spirit investment, quanto ela deve hoje para os investidores?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Ela captou em 1 ano em torno de 5 milhões, sendo que quase 30% eram capital meu e da minha família.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Esses 70% que não eram capital do senhor, esses valores foram devolvidos?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Boa parte, não. Boa parte... Foi recomendado a gente entrar na Justiça contra eles, porque a gente fazia só a intermediação. E eles faziam um documento diretamente com a Rental. Então, o intermediário, que são as agências, não tem responsabilidade. É por isso que eles entram na Justiça contra a Rental Coins.
18:11
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O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Hoje o senhor tem alguma relação de negócios com o Francisley?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Absolutamente nenhuma.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - O senhor tem alguma ação contra ele?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Sim, a minha família colocou na Justiça para tentar reaver esse valor e o colocar na prisão naquele momento.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Obteve sucesso?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Está em andamento.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - O advogado que representa o senhor é esse que o acompanha hoje?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Não, não. É empresário da holding da minha mulher.
O SR. DELEGADO PAULO BILYNSKYJ (PL - SP) - Perfeito.
Eu agradeço, Presidente. Estou satisfeito.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Deputado Caio Vianna, pelo prazo de 5 minutos.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Cinquenta minutos?
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Cinco minutos agora. Depois, 5 minutos no próximo.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Ah, mas se você só perder o voo está tranquilo, rapaz! Tem tantos brasileiros que perderam milhões com o Francisley e com a Rental Coins! Se for só o voo, está tranquilo.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Mas me deixe... Eu quero ouvir o depoente, por favor. Sr. Márcio Borges, quando foi que o senhor conheceu o Francisley?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Nesse episódio que ele foi na academia para limpar o meu aquário. Eu o conheci como um limpador de aquário.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Qual é sua principal profissão?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Hoje em dia eu sou produtor e promotor de eventos.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O senhor tem formação?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Fiz técnica em mecânica industrial e cursei engenharia mecânica.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O que é hipnoterapia?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - É um dos cursos ao qual sou capacitado.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Você se considera, então, um hipnoterapeuta?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Hipnoterapeuta. Eu não trabalho com isso.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O que é isso?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - É hipnose. É você fazer terapia através de hipnose, de coach, hipnose. É processo de desenvolvimento humano.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O senhor vende esses cursos?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Não, eu dava treinamento. Isso é uma capacitação que eu tenho como treinador comportamental.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Mas o senhor dava esses cursos através de qual empresa?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Mamá Brito Coaching e Treinamentos.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O senhor possui investimentos em criptomoedas?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Possuo o que eu coloquei dentro da operação do Francisley e nunca recebi. Então, é o dinheiro que eu estava lá dentro. Mas, hoje, de fora, se eu botasse diretamente na Binance, em alguma outra operação? Não! Não tenho!
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Você se considera ou em algum momento o senhor foi amigo pessoal do Francisley?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Não! Amigo eu conto na palma da minha mão. Cinco pessoas no máximo. Eu tinha uma relação...
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O senhor frequentou a casa dele?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Em alguns momentos a gente teve reuniões comerciais na casa dele.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O senhor frequentou a casa dele em algum momento para se divertir?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Não.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Para conversar amenidades?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Não.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Só comercial?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Comercial.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Vocês não viajavam juntos?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Eu fiz uma viagem de Balneário... De Florianópolis a Balneário com ele uma vez só.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Vocês chegaram a ter algum tipo de sociedade?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Não.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Vocês nunca tiveram sociedade?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Não.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O senhor me esclarece uma coisa, porque eu não estou conseguindo compreender. O senhor montou uma empresa que promove eventos de lutas. O senhor disse que o Francisley era o responsável por contratar as pessoas que iriam lutar naquele evento, e o senhor era o responsável pelo quê? Pela promoção?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Não! Veja bem, eu contratava. Eu era o promotor do evento. Eu falei: "Eu faço o evento de ponta a ponta. Esse aqui é o modelo de negócio, você tem aqui um monte de empresa. Esse aqui, de repente, é um bom negócio para você". Ele falou: "Tudo bem. Tem que ser do meu modo. A empresa é minha, você vai receber 30% do lucro desta operação".
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Quem falou isso para o senhor?
18:15
RF
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - O Francis.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Então, nessa empresa, de certa forma, vocês tiveram uma sociedade?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Não, não tenho documentada uma sociedade...
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Documentado, não, mas...
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Eu tinha uma participação no resultado.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Vocês tinham uma sociedade. Em algum momento, você foi sócio do Francisley. Você fez o evento com a ajuda do Francisley.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Sim, na verdade...
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Se ele era comissionado de um evento que o senhor era o produtor, e ele ganhava dinheiro em cima do evento que o senhor produzia, logo tinha uma sociedade. Velada ou não, tinha uma sociedade. Concorda ou não?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Eu não vejo como uma sociedade, sinceramente.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Então, vamos lá.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Eu vejo como resultado aquela operação...
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Nós vamos montar uma empresa aqui, agora, de fabricação de copo plástico. Está certo? Nós não temos nenhum documento formal que diga que eu sou sócio do senhor, certo? Portanto, a empresa está em meu nome. Eu produzo as vendas desse copo, eu lucro dinheiro na minha empresa, e você recebe comissionamento participando dessa operação e ajudando a custear essa operação. Como é que isso não é uma sociedade? O senhor pode até não ter mais, mas isso foi uma sociedade.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Eu fiz uma participação em um evento específico. Eu não tinha uma participação na empresa.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Apenas um evento?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - É, a gente está falando de um evento.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Vocês só tiveram essa sociedade em um evento?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Foi a participação em um evento.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Como vocês chegaram ao Whindersson Nunes?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Eu liguei na... Nós entramos em contato com a empresa que o empresaria e o contratamos.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Quem contratou ele?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - A empresa do Francis. Eu fiz o contato, e a empresa do Francis fez o contato com ele.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Para o Whindersson lutar onde?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - No evento Fight Music Show 1.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - E esse evento é de qual empresa?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - FMS Eventos.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Quem é o proprietário?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Francisley.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - E onde o senhor entra nisso?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Eu produzi o evento.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O senhor produziu o evento. A empresa Fight Music é do Francisley. O Francisley contratou o Whindersson, que o senhor levou para o Francisley contratar, ou seja, têm uma sociedade.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Posso fazer uma comparação ao último evento que eu fiz?
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Claro.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Eu chamei o Patrick Bordignon e falei...
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Estou te perguntando exatamente para você ter a oportunidade de esclarecer, porque, para mim, está confuso e parece... É uma oportunidade sua aqui de esclarecer.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Lógico. Por favor, deixo tudo claro e objetivo. Eu chamei o Patrick Bordignon para que ele pudesse fazer a produção do evento, e eu falei: "Cara, eu tenho um evento aqui que eu quero fazer em São Paulo. Você faz toda a produção para mim, e eu vou fazer a venda, vou abrir o funil de vendas, e você faz a produção dela para mim". O Patrick não é meu sócio. Eu o contratei para fazer o evento. Ele é o produtor. Eu entrei como produtor do evento.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Então, você era contratado do Francisley?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Eu não fui contratado. Eu fiz um acordo com ele...
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O senhor não é sócio, o senhor não é contratado, o senhor era o quê, então? Era um fantasma passeando pelo evento.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - De certa forma, eu era produtor dele.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O senhor não era nada. O senhor não era contratado, o senhor não era sócio, o senhor só obtinha lucro, e ele também, mas, assim, o senhor não conseguiu explicar até agora o que o senhor fazia lá?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Eu era produtor do evento. O evento foi feito em 30 dias.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Parabéns para o senhor, que conseguiu fazer um evento em 30 dias dessa magnitude.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Exatamente.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O senhor pagou o Whindersson Nunes?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Esse contrato é feito do Francis com o Whindersson. O Francis pagou uma parte do valor do Whindersson Nunes.
18:19
RF
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Você tem certeza que o Francis pagou?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Tenho.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Como?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Porque está documentado esse recibo. Na verdade, o advogado da empresa do Francis... do Whindersson está aqui e não me deixa mentir. Ele recebeu uma parte do Whindersson. A outra parte do contrato do Francis com o Whindersson, ele não honrou.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O Francis não honrou?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Não.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Claro.
O SR. EDUARDO VELLOSO (Bloco/UNIÃO - AC) - Márcio, não é?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Márcio.
O SR. EDUARDO VELLOSO (Bloco/UNIÃO - AC) - Márcio Borges. Me gerou uma dúvida. Se você promoveu, porque você está falando do evento...
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Fui produtor do evento.
O SR. EDUARDO VELLOSO (Bloco/UNIÃO - AC) - Isso, produtor do evento. Se você não tem um contrato com a empresa, se a empresa contratou...A minha primeira pergunta é: esse evento deu lucro, sim ou não?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Não.
O SR. EDUARDO VELLOSO (Bloco/UNIÃO - AC) - Não deu lucro?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Não.
O SR. EDUARDO VELLOSO (Bloco/UNIÃO - AC) - Então, se não deu lucro, ele não lhe repassou dinheiro nenhum desse evento.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Absolutamente nada, Excelência.
O SR. EDUARDO VELLOSO (Bloco/UNIÃO - AC) - Era isso.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Deixe-me fazer uma pergunta. O senhor, então, decidiu entrar para uma aventura, porque o senhor decidiu produzir um evento em que o senhor não fez nenhum contrato de prestação de serviço. Certo?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Correto.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O senhor não tinha nem garantia que o senhor ia receber.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Não. Por que acontece isso, Excelência?
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Deixe-me fazer uma pergunta: o senhor toparia uma acareação com o advogado do Whindersson Nunes?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Como assim?
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O senhor disse que o advogado do Whindersson Nunes está presente. E você está afirmando que o Whindersson Nunes recebeu.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Recebeu uma parte.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O senhor tem certeza? O senhor tem como provar isso?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Tenho certeza. Lógico.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O senhor tem esses documentos aí, agora, em mãos?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Eu não tenho agora em mãos. Como estava em viagem aí... Eu posso providenciar e posso mandar.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Presidente, acho importante ficar registrada a necessidade de requisitar esses documentos de que o Whindersson Nunes de fato recebeu alguma parte do contrato.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Uma parte.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Vou pedir à assessoria da Comissão que prepare essa requisição.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Obrigado, Presidente. Essa empresa não é mais a empresa que toca a FMS?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Não.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Mas a FMS era de propriedade da empresa do Francisley.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - A marca era do CNPJ do Francisley.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Como ela passou para o senhor?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Eu pedi para ele.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Ah, você pediu? E ele decidiu passar para o senhor?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Sim, ele tinha um sócio e deixou na mão dele. Ele falou: "Eu não vou mais pegar essa empresa. Isso aqui não dá dinheiro. Ela é deficitária. Não vale a pena". E eu tenho como provar que aquilo lá não deu lucro. Aí eu falei: "Tudo bem, mas eu acredito no potencial dessa empresa". Assim como o Rock in Rio, que fez dois eventos que deram prejuízo e, lá no terceiro, ele começou a performar, então acreditava que, no futuro, a longo prazo, seria um bom negócio, mas, a curto prazo, era um péssimo negócio.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Como o senhor fez, na produção do evento e na divulgação, para conseguir transformar um evento ainda pouco conhecido... Obviamente, o senhor usou a imagem das celebridades, mas como o senhor fez para ganhar essa dimensão e até ganhar a confiança dessas celebridades, para que elas colocassem o nome delas atrelado ao seu evento? Como isso se deu?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Esse é o poder da Internet, dos influenciadores. A gente fez um evento muito legal, muito bonito. É um modelo de negócio que nós criamos: trazer influenciadores para lutar com lutadores. Era um momento em que o Popó tinha parado de lutar; o Whindersson Nunes nunca tinha lutado na vida. Então, era um modelo inovador que nós criamos.
18:23
RF
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Tudo bem, mas o senhor não respondeu a minha pergunta. Como que o senhor chegou nessas celebridades? Quem abriu as portas para o senhor? O senhor era um produtor que não fazia nem contrato, ou seja, o senhor era desconhecido. O senhor não estava num momento que o senhor está hoje, gozando de todo o avanço da sua empresa. Como é que o senhor chegou nessas celebridades?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - O Francis tinha um contato com o pessoal da Non Stop.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O Francis?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Tinha o contato do pessoal da Non Stop. A Non Stop é a empresa do Whindersson... que contratou o Whindersson Nunes.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Mas o senhor falou que você que fez contato com a empresa do Whindersson e o senhor que apresentou o Whindersson para o Francis, como é que o Francis...
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Não, eu não falei que eu não avisei ao Whindersson. Eu falei que eu fiz todo o contato de todos os lutadores. Nós temos 10, 12 lutas...
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Foi o senhor que apresentou o Whindersson ao Francis?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Não.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Não. O Francisley já conhecia?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Eu acredito que ele conhecia o empresário do Whindersson.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Tá. Teve alguma participação do Wesley Safadão na divulgação, no início dessa construção dessa empresa?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Ele fez um pocket show, uma apresentação rápida no primeiro evento.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - No primeiro evento. Depois não fez mais?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - No segundo, eu contratei ele. Contratei a empresa dele.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - E quem te colocou em contato com Wesley Safadão?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Francis.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Francis. Para mim, vocês tinham uma sociedade porque o Francis ajudou você a montar o negócio que você tem hoje. O senhor pode ter até um negócio hoje legítimo, mas vocês tiveram uma sociedade. E esse negócio foi fundado em cima da desgraça de milhares de brasileiros que foram lesados através da Rental Coins, porque o Francis só teve a condição de financiar toda a construção desse evento, dessa empresa, a partir do momento que o Francis estava tomando dinheiro do povo brasileiro, prometendo ganhos que ele jamais teria capacidade de entregar com sustentabilidade. O senhor conhece Janguiê Diniz?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Conheço.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Da onde?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Janguiê é proprietário de uma rede de universidades no Nordeste. Através de amigos em comum, em São Paulo.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - E o senhor conhece ele da onde?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - De amigos em comum, em São Paulo. Um amigo meu...
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Quando que o senhor conheceu ele?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Quando conheci o Janguiê? Lá em São Paulo, em um jantar na casa de um amigo meu.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Qual data?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - É...
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Janguiê Diniz é um bilionário.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Sim. Posso falar onde...
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Não é possível que o senhor não lembre como o senhor conheceu.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Não, eu lembro exatamente qual foi o episódio. Eu lembro exatamente. Tinha uma palestra de um amigo meu que estava lançando um documentário, e ele colocou eu e a minha mulher dentro de um camarote, num teatro lá em São Paulo. E dentro desse teatro estava eu e o Janguiê. Então, ali que eu conheci o Janguiê Diniz. Ali que a gente teve proximidade.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Qual o ano? O senhor não respondeu ainda.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - O ano?
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Eu perguntei três vezes. Qual o ano? Qual foi a data? Qual o ano que o senhor conheceu? O senhor me disse São Paulo, depois o senhor me disse que foi num evento com sua mulher. O senhor se esquivou e não me disse a data.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Eu posso te dar isso com perfeição, qual é essa data. Provavelmente em 2021...
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Olha, eu não conheço nenhum bilionário, mas, certamente, o dia que eu conhecer, deve ser uma conversa tão saudável, de tanto aprendizado, que eu jamais esqueceria a data que eu conheci um bilionário, ainda mais um bilionário que colocou 17 milhões de reais nas empresas do seu colega Francisley. O senhor, de alguma forma, cooptou o Janguiê Diniz para participar disso?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Não.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Não?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - De jeito nenhum.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Em momento nenhum? Ele não participou do evento? Não participou de nada com você?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - De jeito nenhum.
18:27
RF
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Nem do evento, nem da Rental Coins? Não foi você?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Não. Zero.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O Popó, nosso querido lutador de boxe, participou dos seus eventos. Vocês pagaram o Popó, pelo menos?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Sim.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - E por que vocês não pagaram o Whindersson Nunes?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Não tinha caixa para pagar. O evento foi... Ele deu o prejuízo.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Mas o caixa estava vindo da pirâmide financeira.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - O dinheiro do caixa veio de uma empresa chamada Bloc Place.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Do Francisley?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - É.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - E qual era a atividade do Francisey, além da pirâmide financeira Rental Coins?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Eu não sabia naquele momento... A gente não tinha noção do que seria uma pirâmide financeira. A operação estava rodando ainda. Ali ninguém sabia. Todo mundo estava operando. No momento em que a gente fez esse evento, no momento de tudo... Teve sinais em dezembro de 2022 — de 2021, perdão. Mas não tinha sido configurada ainda uma pirâmide financeira. Eu tinha medo, porque eu tinha dinheiro lá dentro, e muito dinheiro da minha família estava lá dentro. Mas não tinha problema ainda. Os problemas apareceram depois.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - É estranho porque vocês inclusive selecionaram quem vocês iriam pagar. Pagaram o Popó, mas não pagaram o Whindersson Nunes. Em que será que o Whindersson errou com vocês para não receber?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Nós não pagamos. O Francis pagou.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Então, o Francis não pagou?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - É, então...
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - E aí você me confirma o que eu estou aqui tentando desde o início dizer. Havia uma sociedade entre vocês, e essa empresa FMS foi montada em cima dessa parceria que vocês formataram lá atrás, à custa do povo brasileiro, que foi lesado pela Rental Coins. Queira o senhor assumir aqui ou não, esse é um fato.
O SR. EDUARDO VELLOSO (Bloco/UNIÃO - AC) - Pela ordem.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Claro!
O SR. EDUARDO VELLOSO (Bloco/UNIÃO - AC) - Só para fazer uma pergunta. Você me falou que não tinha muita relação com o Francis, que, naquele momento, você não tinha relação com as empresas dele. Concorda comigo? Está certo?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Sim.
O SR. EDUARDO VELLOSO (Bloco/UNIÃO - AC) - Então, como você consegue me dizer com detalhe qual era a empresa que estava pagando, se era A ou B, se você não tinha contrato, não tinha acesso? Como é que você me detalha esse tipo de pagamento?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Porque nós temos documentada a cota de patrocínio dessas empresas. Elas colocaram 1 milhão e meio de patrocínio. Foi esse o dinheiro que ele colocou.
O SR. EDUARDO VELLOSO (Bloco/UNIÃO - AC) - Então, quando você via que não era daquela empresa que você estava esperando, porque você estava esperando de uma empresa do Francisley, e vinha uma outra: "Ah, essa daqui é sua também? Então vai colocar dela?" Era assim?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - De certa forma, era. Eu esperava o valor ser depositado, e ele mandava.
O SR. EDUARDO VELLOSO (Bloco/UNIÃO - AC) - Perfeito. A empresa hoje é sua, não é? Você me disse que, naquele momento, ela não deu lucro. Concorda?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Não deu lucro.
O SR. EDUARDO VELLOSO (Bloco/UNIÃO - AC) - Perfeito. E aí você continuou fazendo eventos? Perfeito?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Sim, continuei.
O SR. EDUARDO VELLOSO (Bloco/UNIÃO - AC) - Tiveram alguns outros eventos que também deram prejuízo?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Sim, o segundo deu um prejuízo maior ainda.
O SR. EDUARDO VELLOSO (Bloco/UNIÃO - AC) - Certo. Então, se o segundo deu, você está me afirmando aqui que, a partir do terceiro, não teve mais prejuízo. É isso?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - A conta começou a fechar no terceiro evento.
O SR. EDUARDO VELLOSO (Bloco/UNIÃO - AC) - Perfeito.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O Deputado fez aqui uma excelente pergunta.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Para concluir, Deputado.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Só um segundo, Presidente. A gente está chegando num ponto importante. Não é qualquer dia que a gente tem o Mamá aqui para saber como é que se deu isso tudo. Veja, quem pagou o Popó? Foi Mamá ou Francisley?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - O Francisley.
18:31
RF
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Quem pagou uma parte, segundo o senhor, do Whindersson, também foi o Francisley?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Sim.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Quem criou a FMS foi o Francisley?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - A empresa, sim; o CNPJ, sim.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Hoje essa empresa é sua?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - É.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Então, tudo deu errado com a empresa. Você não era amigo pessoal do Francisley. Você não tinha relação. E aí ele, por um ato de bondade, decide lhe doar o nome, sendo que vocês não tinham nem relação pessoal, era relação comercial. Então, no mínimo, ele deveria vender o nome para você, não é? Porque ele já tinha feito algum evento, já tinha tido artistas famosos, celebridades, no evento. A marca já tinha tido uma certa relevância. E o Francisley é um homem de negócios. Afinal de contas, ele enganou milhares de brasileiros. E ele passa para você de graça? O senhor realmente continua afirmando isso.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Então, Deputado, a operação deu prejuízo. Ele viu que era um mau negócio. Eu pedi a ele essa marca para que colocasse na minha empresa, exatamente porque o negócio, em si, não valia a pena, a não ser que tocasse a operação para a frente, a longo prazo.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Para finalizar, Deputados, eu vou finalizar aqui. Hoje é uma empresa de sucesso, e o Francisley é um pobre coitado. Segundo dizem, não tem patrimônio, não tem mais dinheiro, não tem nada. A Rental Coins acabou, mas a sua está de pé. Você acha que em algum momento o Francisley previu obviamente a queda da pirâmide financeira dele e decidiu investir no senhor para ser a porta de saída dele?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Eu acredito que não, doutor. Eu acredito que não foi bem por aí. Eu trouxe uma ideia, e ele investiu na ideia. Na verdade, eu mostrei que o negócio era ruim, só que eu acreditei. Como empreendedor, eu falei: "Eu acredito nesse negócio. Se eu fizer mais eventos, ele vai acontecer".
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O senhor já tentou se envolver, em algum outro momento, com alguma empresa que oferecesse ativos digitais, seja token ou qualquer outra coisa?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Não.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Nunca, não é? O senhor processou o Francisley?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Sim.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Na pessoa física?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Na pessoa física da minha mulher, que é o valor mais relevante que nós temos lá dentro.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Sua mulher, então, processou ele?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Sim.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Você não?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - O valor que eu tenho lá é irrelevante, porque era só rentabilidade em cima de rentabilidade. Eu abri mão disso.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Quanto o senhor tinha lá?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Cento e oitenta mil reais.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O senhor acha irrelevante 180 mil reais?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Assim...
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O senhor estava vindo de uma empresa quebrada, na qual o senhor não ganhava lucro, na qual o senhor tinha prejuízo, e o senhor vai dizer para mim que 180 mil reais é irrelevante? Quanto a sua mulher tinha na Rental Coins, se 180 mil para o senhor é irrelevante?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Um milhão e meio.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Um milhão e meio.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - A minha grande preocupação, sinceramente, era me desvincular dessa operação e sanar os problemas que eu tinha com a minha família.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Mas ela processou, não desvinculou o senhor não. Os grandes amigos: Mamá e Francisley montaram uma empresa juntos, seguiram adiante. Passou o nome para você, que virou esse sucesso...
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Para uma contribuição, Deputado. Tem mais alguém da sua família que processou, pai, mãe, tio, tia, irmão, cunhado?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Não.
O SR. EDUARDO VELLOSO (Bloco/UNIÃO - AC) - Ele te deu a empresa que dava prejuízo, é isso?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Exatamente.
O SR. EDUARDO VELLOSO (Bloco/UNIÃO - AC) - Então, a empresa dá lucro hoje?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Ela empata.
O SR. EDUARDO VELLOSO (Bloco/UNIÃO - AC) - Então, você vai pagar as pessoas que ele não pagou?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Por que eu vou pagar se o contrato era dele com as pessoas?
O SR. EDUARDO VELLOSO (Bloco/UNIÃO - AC) - Mas não é da empresa? O contrato é da empresa que ele te deu. Eu acho que, quando a gente herda uma empresa, herda as dívidas também. Isso não existe não. Ou eu estou errado?
18:35
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O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - O contrato foi feito por ele com esses artistas, entendeu? Eu jamais teria feito essa operação se...
O SR. EDUARDO VELLOSO (Bloco/UNIÃO - AC) - Mas ele fez em nome de uma empresa, que é a que ele lhe doou. Você que me falou.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - A marca. A empresa continua dele. Eu não tenho nada a ver com a empresa que ele criou, que é a FMS Eventos.
O SR. EDUARDO VELLOSO (Bloco/UNIÃO - AC) - Então, ele não te doou a empresa. Ele doou a marca?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Sim.
O SR. EDUARDO VELLOSO (Bloco/UNIÃO - AC) - Aí, você abriu a outra empresa e pegou a marca.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Eu já tinha uma empresa, uma produtora aberta e só coloquei a marca dentro dela.
O SR. EDUARDO VELLOSO (Bloco/UNIÃO - AC) - Então, ele não doou a empresa.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Independente... Se o senhor continua com eventos, o senhor deveria, de certa forma, ajudar, por exemplo, o Whindersson Nunes da vida, que fez o trabalho dele e não recebeu por isso. O senhor teve alguém mais da sua empresa, da sua família ou da família da sua mulher que investiu na Rental Coins?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Meu pai, meu primo, minha irmã.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Qual valor?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Meu pai, 20 mil. Meu primo, 50 mil. Minha irmã, 50 mil. Minha prima também, 200 mil.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Todos eles estão processando?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Não. Eu vendi meus imóveis e paguei a dívida da minha família.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Rapaz... Eu estou querendo terminar, Presidente. Estou querendo atender ao pedido de V.Exa., mas está difícil. Espera aí. Você pegou uma empresa do cara, que vocês montaram juntos, que você iniciou junto — recapitulando. Chegou a um ponto em que sua empresa dava lucro, etc. e tal. Que maravilha! Aí, você quer se afastar completamente do criminoso — criminoso que está na cara de todo mundo, virou inimigo, porque é incontestável a atuação desse cidadão. Pois bem, aí você me diz que o cara ferrou você, a sua família, todo mundo. Você que estava ferrado, sem dinheiro, com uma empresa que não dava lucro, que dava prejuízo, ainda arrumou jeito de pagar a dívida da sua família. Espera aí. Assim, o senhor está testando a minha capacidade. De onde veio esse dinheiro?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Eu peguei um imóvel meu e vendi. Eu queria sanar o prejuízo do meu pai, coitado, que está lá no interior da Bahia com a minha irmã. Eu não queria deixá-los na situação...
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Você vendeu um imóvel para quitar a dívida do seu pai?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - É.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - E de quem mais?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Da minha prima que está em Londres, da minha família, os menores.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Quem mais?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Da minha prima, do meu primo lutador, e só isso.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - E quanto foi o total?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Cento e oitenta mil.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O senhor tem como comprovar essas transações para o seu pai, para a sua prima, para a sua irmã?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Tenho. Eu tenho as transferências.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O senhor pode contribuir enviando essa documentação para esta CPI?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Sem dúvida.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Para concluir, é muito estranho. Isso tem sido um modelo aqui, um modelo. Todo sujeito que chega aqui que, em algum momento, de alguma forma, teve participação próxima com os piramideiros, no fim, termina dizendo que ele é lesado. Isso virou um padrão. Termina dizendo que virou lesado. E aí, quando você pergunta se o cara processou...
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Mas a vida mudou. A vida de todos eles mudou, até para melhor do que estava.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Cresceu e muito. Avançou.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Sr. Deputado, eu quero lembrar que eu tenho o meu sigilo bancário e fiscal aberto, se vocês quiserem ver. A minha vida não mudou em nada.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Qual era o CNPJ da FMS?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Essa primeira, que é do Francis?
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - É.
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Eu não lembro qual era o CNPJ. O número?
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Você não lembra?
O SR. MÁRCIO BORGES BRITO DE ANDRADE - Não.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Tá. Presidente, eu acho que é extremamente prudente a gente pedir a quebra de sigilo bancário, não só da empresa do Francis, quando ela foi constituída, mas hoje a do Mamá, para confirmar todas as informações. E, é óbvio, podemos fazer aqui em caráter sigiloso. Se tudo se comprovar, de acordo com que o senhor está dizendo aqui em depoimento, maravilhoso. Torcemos para que, de fato, o senhor esteja falando a verdade e possa seguir com a sua vida.
18:39
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Eu me dou por satisfeito, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Faça o requerimento para que possamos votar na próxima reunião.
Tem a palavra o Deputado Luciano Vieira. (Pausa.)
Encerrado o depoimento do Sr. Márcio. Está dispensado. (Pausa.)
Solicito que se dirija à Mesa o Sr. Paulo Alberto Segarra, para o seu depoimento, acompanhado de seus advogados.
Informo que foi concedido o HC 23.2497 ao depoente, pelo Supremo Tribunal Federal, sem dispensá-lo da obrigação de comparecer a esta CPI, mas assegurando ao paciente o direito constitucional ao silêncio, incluindo o privilégio contra a autoincriminação, para não responder, se quiser, a perguntas potencialmente incriminatórias a ele direcionadas, bem como o direito de ser assistido por seus advogados e de se comunicar com eles durante a sua inquirição, garantindo-se a esses todas as prerrogativas previstas na Lei nº 8.906, de 1994.
O HC garante, igualmente, a impossibilidade de o paciente ser submetido a qualquer medida privativa de liberdade ou restritiva de direito, em reação do exercício de tais prerrogativas.
Passo a palavra ao Sr. Paulo para suas considerações iniciais, se assim o desejar.
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Boa tarde a todos. Exmo. Sr. Presidente, Deputado Federal Aureo Ribeiro, Exmo. Sr. Relator, Deputado Ricardo Silva, e demais ilustres integrantes desta Comissão Parlamentar de Inquérito, eu tive ciência da minha convocação, li todos os parâmetros, todas as informações que ali foram impostas, acho, pelo Deputado Luciano Vieira. De antemão, ali eu não reconheci alguns números, algumas coisas sobre a minha empresa, sobre a empresa da qual faço parte e sou sócio, tendo em vista que, no total dos anos que eu trabalhei, eu tive 1.180 clientes e lá reza, acho, 10 mil clientes. Eu não... Eu posso, no momento que for pedido, comprovar isso. Também não tenho conhecimento das mil e poucas reclamações no Reclame Aqui ocorridas — eu tenho o reconhecimento de 25 ou 28 reclamações no Reclame Aqui, que lá foram conferidas —, muito menos de um contrato de 8% de rentabilidade. Então, assim, tive conhecimento, estou aqui, estou presente, o que for oportuno eu vou responder. Eu hoje toco praticamente a minha empresa a sós. Então, tenho uma dificuldade gigantesca de papéis, etc. Conheci o Sr. Luciano lá no Rio de Janeiro. Ele esteve na minha empresa, ele e o irmão, que é um... Enfim, temos pessoas aí em comum. Então, estou aqui à disposição de todos vocês.
18:43
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O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Passo a palavra ao autor do requerimento, Sr. Deputado Luciano Vieira.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Presidente, eu lhe agradeço por ter convocado o Sr. Paulo. Não estou satisfeito, porque o sócio dele, Caio Almeida, não veio. O que me consta é que ele foi para a Europa. Isso procede, Sr. Paulo?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Pelas informações que tenho, procede.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Sr. Presidente, eu ia falar no meio da condução das perguntas, mas, diante de tantas denúncias de pessoas lesadas que estão aqui, eu vou ler algumas, e do seu sócio dele que já fugiu ou foi para a Europa, eu sugiro que esta Presidência peça o passaporte dele, traga o passaporte dele para esta CPI, até que, de fato, isso seja esclarecido e as pessoas que foram lesadas, de alguma forma, recebam o seu aporte e o seu dinheiro. Paulo, você não deve estar nem dormindo, pois você vai pagar uma conta, acho, primeiro com Deus, pela responsabilidade de ter pegado, ter captado dinheiro de tantas pessoas e agora declarar a falência da empresa. Pessoas que talvez deram o seu único dinheiro, Presidente Aureo Ribeiro, que economizaram, durante a sua vida toda, estou vendo aqui, 20 mil, 30 mil reais, e agora não têm como... o dinheiro sumiu. Então, você vai pagar primeiro uma conta com Deus e vai pagar uma conta com esta CPI, com a Polícia Federal, com o Ministério Público Federal. Serão encaminhados todos os documentos, e eu vou acompanhar de perto. Eu faço questão. Vou começar as minhas perguntas. Eu vou fazer uma por uma, por isso vou pedir paciência aos nobres Deputados. Eu vou fazer 75 perguntas. Primeira: o senhor teve alguma sociedade com a mãe e com o pai do Caio Almeida?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Não.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Não teve nenhuma sociedade? Tá.
Sr. Presidente, eu também gostaria de pedir... Já está aprovado o requerimento que convoca a mãe e o pai do Caio, que fugiu para a Europa. Então, eu solicito a V.Exa...
18:47
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O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Qual é o número do requerimento, Deputado?
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Requerimento nº 139. Solicito que, na próxima semana, seja trazida a mãe e o pai, já que o filho correu de dar o seu testemunho. Sr. Paulo, qual é a natureza jurídica da RCX e em que data foi fundada?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Ela é uma empresa de tecnologia. Eu entrei no contrato social em meados de 2020, acredito eu, mas ela foi fundada em 2018, se eu me recordo bem.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Você não era dono em 2018?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Não.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Quem são os fundadores e principais dirigentes do RCX?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Os fundadores foram Caio Almeida Lima e Ricardo Stradiotto.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Como a empresa descrevia esses produtos ou serviços aos potenciais investidores?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Nós éramos uma empresa de investimento, sempre voltada à tecnologia.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Quais promessas de retornos financeiros eram feitas aos investidores?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Elas variaram entre 2% a 5%.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Qual era a base ou o fundamento para essas promessas de rentabilidade alta ou garantida?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Nós realmente desenvolvíamos sistemas até para trader mesmo e para laboratórios de algoritmos. Então, acreditávamos até no futuro, que eu acho que é mais na robótica. É com essa intenção que foi captado, que eu tinha as pessoas captando investidores.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Eram quantos traders?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Traders, em si, chegaram a ser quatro, mas o sistema é meio que autodidata, ele não precisa... é só assistido.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Qual o nome completo desses quatro traders, por favor?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Um chama-se Tiago. Eu não me recordo dos sobrenomes, depois eu posso enviar. Tudo bem?
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Quatro pessoas trabalhavam com você e você já esqueceu? Eu tenho 120 funcionários na minha empresa e sei o nome de todos. Então, quatro funcionários trabalharam fazendo trade, dando-lhe lucro, dando-lhe dinheiro, e você está com dificuldade de lembrar. Só se lembrou de um.
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Mas é que eles trabalhavam no laboratório de algoritmo também.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Mas não foi contratado por você?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Foram contratados pela empresa.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Sim, você é o dono da empresa. Qual o nome do seu funcionário?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Rapaz...
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Lembrando que, nesta CPI, não pode faltar com a verdade.
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Não, por isso. Se eu tiver dúvidas...
O SR. ARISTIDES ZACARELLI NETO - Pela ordem. Com todo o respeito, concessa venia, ele figura na condição de investigado e tem um habeas corpus. Então, por isso, ele não presta o compromisso de dizer a verdade, pode permanecer em silêncio. Ele só está tentando se recordar. Digo isso com todo o respeito ao Deputado.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Concedido. Deputado Luciano Vieira, ele configura na condição de investigado e não tem juramento de testemunha.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Não lembra o número de funcionários?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Não. Prefiro falar com segurança.
18:51
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O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Como funcionava o processo de recrutamento de novos membros da RCX?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Eu tinha um RH lá e um comercial, que passavam por eles geralmente, por mim, não.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Qual é o nome da funcionária do RH e do comercial?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Thais, não sei o sobrenome ao certo. E o comercial, Alexandre.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Qual era a estrutura de comissões ou recompensa para os investidores que trouxessem novos membros?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Investidor não tinha comissionamento.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Quem indicava recebia quanto para indicar?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Não tinha.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Quais criptomoedas eram envolvidas nas operações da RCX?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Sempre moeda principal, bitcoin.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Só trabalhava bitcoins? Só bitcoins? (Gesto positivo.)
Como eram realizadas as operações com criptomoedas e como os investidores podiam acompanhar essas transações?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Lá tinha uma plataforma. Todos tinham acesso.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Vou fazer uma pergunta que não estava nem nas minhas perguntas, mas me trouxe uma dúvida. Quando a empresa declarou falência é porque não tinha mais o dinheiro para poder pagar as pessoas, mas tinha o aporte. O mercado tomou o dinheiro todo de uma vez?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Me desculpa, mas a gente nunca declarou falência. Ela foi parada, a empresa.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - E onde está esse dinheiro?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Na verdade, ela já vinha passando dificuldade por tendência de mercado, tá? Até está no pedido que ela parou em 2022, e ela só foi parar agora, acho que em 4 de 2023. Até então, nunca tinha atrasado nada.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Não? Bacana. Eu conheço um pouquinho de mercado e entendo. Por exemplo...
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Se o senhor entende, a gente teve uma...
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Por exemplo, se uma ação custa 20 reais e for valer 2 reais, tem um valor de 2 reais. Então, tem um valor. O mercado não tomou todo o dinheiro da empresa. Onde foi parar esse dinheiro nessa queda das...
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Então, mas, você pega uma empresa que tinha 1.100 — acho que foi o total que já passaram por lá, de pessoas —, hoje consta com 480, praticamente, ativos só. Muitos saíram. Você tem um ativo que perdeu praticamente 70% no mercado do ano passado, de valorização. Então, se o senhor fizer um cálculo, grosso modo, do que saiu, de quem rentabilizou, do que ganhou e de quem retirou, acho que você vai conseguir chegar na conta.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Não. Não consigo chegar, não. Mas tudo bem. Qual era a política da RCX em relação à gestão do risco, especialmente considerando os retornos elevados prometidos?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Eu prefiro não responder a isso aí. Eu não fazia gestão de risco.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Não tinha uma gestão de risco?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Não, eu. Eu não posso responder por algo que não era a minha metodologia.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - A empresa oferecia informações claras sobre os riscos associados ao investimento em criptomoeda?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Sim.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Era em contrato?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Eu não lembro ao certo. Não, em contrato, não.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Só falava à pessoa: "Gente, bota aí, mas..."
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Mas... É que meu comercial era muito enxuto. Eu nunca tive... Diferente de outras empresas, que tinham 30 mil ou 3 mil representantes, a gente, o mais que eu tive, eu acho que exercendo a função, no máximo, umas dez pessoas ao mesmo tempo, não é?
18:55
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O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - A RCX tinha autorização ou registro na Comissão de Valores Mobiliários ou em outros órgãos competentes?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Não. Ela chegou a montar um fundo chamado RCX Tech, que era para fazer a migração, e acabou não sendo feito; que, aí, sim, tem a gestão da CVM.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Quais eram as promessas ou representações feitas pela empresa em relação a sua conformidade com regulamentos financeiros?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Eu acho que reza em contrato. Eu não conheço das regras.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Como funcionava o processo de investimento do dinheiro dos clientes na RCX?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Passava exatamente pelo comercial e jurídico.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Houve algum tipo de segregação de fundos ou contabilidade transparente em relação ao dinheiro dos investidores?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Sempre que questionado.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Quais eram as comissões ou taxas cobradas dos investidores pela RCX?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Como assim? O senhor repete, por favor?
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Quais eram as comissões ou taxas cobradas dos investidores pela RCX?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Taxa praticamente nunca existiu. Depois, acho que teve zero ponto alguma coisa, só para manter a carteira ativa ou alguma coisa assim, 0,3% eu acho.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Essas comissões eram claras e transparentes para os clientes?
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - É, eu acho que está em contrato. Oi? Desculpa.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Essas comissões eram claras e transparentes para os clientes?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Sim.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - A RCX pode apresentar documentação ou evidências que comprovem a legitimidade de suas atividades financeiras?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Acredito que sim.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Eu solicito à CPI essa documentação. Quais eram os mecanismos de prestação de contas e auditoria interna na empresa?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Eu contava com dois financeiros.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Qual o nome dos funcionários, por favor?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Uma chamava Vanessa e a outra chama... E agora, no final, era o Rilvan.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Quais eram as principais fontes de receita da RCX que permitiam pagar os retornos prometidos aos investidores?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Realmente é a comercialização e o trade.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Você consegue apresentar todas essas transações de compra e de venda? Você tem tudo isso? Porque, dentro da carteira, fica lá tudo o que você fez e não fez no ano e no anterior. É só pedir o extrato. Você consegue apresentar isso tudo?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Eu posso lhe informar isso depois. Eu não vou te afirmar isso.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Porque é importante, não é? Se realmente tinha quatro traders, arrecadou milhões, existia a transação, eu acho, até para facilitar a vida da RCX com seus clientes, era apresentar todas essas operações, e aí ficaria algo mais claro e pertinente para os clientes.
18:59
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O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Eu quero ser claro, eu fiquei só. Eu trabalho mais ou menos de 10 a 15 horas por dia. É muito complicado. Então, assim, eu não tenho acesso a tudo, também não sou um banco de dados.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Não, não.
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Então, tudo o que eu puder...
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Não, mas tem as contas que eram investidas, que eram...
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Mas eu tive um... A empresa foi parada por motivo de uma ação, e, nesse momento, eu tive um efeito manada, eu perdi muita gente.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Não, mas eu não estou preocupado que você perdeu.
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Não, isso...
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Eu quero só pegar os últimos 3 anos de operações, que você entregue...
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Isso...
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - ... as operações que os traders faziam, os robôs. Pelo que eu entendi, tinha ali uma operação montada. Você consegue me entregar as operações? Eu acho que ajuda a empresa, se a gente pegar... Arrecadou 200 milhões, compramos e vendemos tal. Estão aqui as operações, está aqui todo o código.
O SR. ARISTIDES ZACARELLI NETO - Não vou responder por ele, mas, só para auxiliar na resposta a V.Exa., o Paulo, naquilo que compete a ele, ele ficou praticamente sozinho na empresa, respondendo por tudo, não é? Então, aquilo que ele puder colaborar com as investigações, colaborará de maneira incondicional.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Tá. A empresa obtinha lucros por meio de negociações de criptomoeda, taxa de adesão ou outras fontes?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Ela tinha algumas fontes. Por cripto ou taxa de adesão nunca, porque, geralmente, não foi repassado para o cliente. E, automaticamente, a gente tinha também uma empresa que se chamava Photo 21, que é até do meu sócio, mas acabou fazendo um pouco parte do grupo.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Qual o nome da empresa?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Photo 21.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Photo 21. Ela também comprava e vendia?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Não, ela prestava serviços.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Qual o nome do seu sócio?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Caio Almeida Lima.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Como a RCX investia os fundos dos clientes em criptomoedas? Era utilizada alguma estratégia específica?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Deveria ter várias estratégias. Eu não tocava esse departamento.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - A empresa tinha política de diversificação de investimentos em criptomoedas?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Não.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Não? Quais eram as taxas de comissões cobradas pela RCX em transações de criptomoedas?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Não, não tem, não tem taxa.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Nas campanhas de marketing, publicidade e propaganda, a empresa apresentava os lucros ou ganhos que os investidores teriam ao fechar contrato com a empresa?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Não.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Poderia informar todas as pessoas que são beneficiadas ou a pessoa que é beneficiada quando ocorre uma transação de compra e venda realizada pela empresa?
19:03
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O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Você pode repetir, por favor? Queria só entender a ordem cronológica.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Poderia informar os nomes das pessoas que são beneficiadas quando ocorre uma transação de compra e venda realizada pela empresa?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Não.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Quantos investidores a empresa teve durante todo o seu funcionamento? E qual foi o montante investido nesses anos?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Ela teve, eu fui puxar... Ela teve 1.187 clientes.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - E quanto arrecadou?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Deve ter girado em torno de uns, total, uns 200 milhões.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Desse total de investidores, quantos receberam o lucro ou oferta prometida?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Ah, muitos performaram. Eu acho que, só para você entender, hoje tem 480. Então, quer dizer, vários contratos já saíram. Várias pessoas performaram. Tem pessoas ativas também que já performaram, que já tiveram o seu lucro, enfim. Então, eu acho que eu devo ter umas 120 reclamações hoje, que eu respondo a todas cíveis, não é? Eu acho que, praticamente, bastante gente da carteira.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Até que data a empresa conseguiu pagar os investidores?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Até a ação judicial, mês 4.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Após essa data, quantos investidores a empresa captou?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Nenhum. Ela foi impossibilitada. Eu fui travado. Até minhas contas, travadas. Nada mais funcionava.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Mas, após essa data, existe dinheiro em conta? Existe moeda, criptomoeda?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Tudo que está, está bloqueado.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Mas existe criptomoeda?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Não, que conste lá, não.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - E a empresa não tem dinheiro nenhum?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - É muito difícil trabalhar parado. Eu gostaria até que o patrimônio tivesse líquido para poder ir ajudando a...
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Mas não ficou nada? Zerou a conta?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Nada. Inclusive, bens pessoais meus já foram colocados na empresa, que, assim, vem ressarcindo o que pode na carteira.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Presidente, eu solicito também a quebra do sigilo bancário e fiscal dos sócios da empresa. Eu vou apresentar requerimento.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Apresente o requerimento, se possível, amanhã, Deputado.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Está bom. O senhor conhece o termo marketing multinível, esquema Ponzi? Tem conhecimento de que realizava um processo criminoso, que não é autorizado pela legislação brasileira?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Nunca pratiquei nada criminoso. Já ouvi falar de multinível, apesar de que eu não acredito que se enquadre na minha empresa, até pelo número de captadores de clientes que eu tive, a forma. Não existia a comissão sobre comissão. Se alguém falou isso aí, pode analisar que está errado.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Todo o dinheiro e criptomoeda arrecadados pela empresa foram devidamente registrados e documentados?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Deve estar no meu departamento — como é que chama? — contábil, não é?
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Então, você afirma que...
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Não, não afirmo. Deve estar no departamento. Temos um departamento contábil.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Mas você sabe se foi declarado esse dinheiro? Você não sabe se declararam esse dinheiro ou não?
19:07
RF
O SR. PAULO ALBERTO W. B SEGARRA - Tudo o que entrava e saía, sim. Tenho certeza.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Está na declaração da empresa?
O SR. PAULO ALBERTO W. B SEGARRA - Sim.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - O senhor tem documento e poderia fornecer a esta CPI o balanço financeiro de toda a quantia arrecadada através dos investidores e a declaração à Receita Federal desses valores?
O SR. PAULO ALBERTO W. B SEGARRA - Já deve ser informado. Ela já deve ter. Se você pedir à Receita, acho que ela informa.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Então a Receita vai informar que vocês arrecadaram 200 milhões? Vocês informaram isso para a Receita?
O SR. PAULO ALBERTO W. B SEGARRA - Tudo o que se passou na empresa é declarado, até onde eu sei.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Você sabe que o que você falou foi que 200 milhões foram arrecadados pela empresa.
O SR. PAULO ALBERTO W. B SEGARRA - Em torno, não é!
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Em torno... Então, isso aqui tem que estar declarado à Receita Federal, se não, consta um crime. Além de bens imóveis, a empresa também adquiriu automóveis, joias, outros ativos de valor considerável em nome da empresa?
O SR. PAULO ALBERTO W. B SEGARRA - Em nome da empresa?
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - É.
O SR. PAULO ALBERTO W. B SEGARRA - Adquiriu um imóvel comercial que estava sendo pago, por sinal, vizinho à própria sede.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - A empresa custeou viagens, hospedagem, gastos com restaurantes, festa ou outras despesas corporativas?
O SR. PAULO ALBERTO W. B SEGARRA - Sim, hospedagem.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - As pessoas que usufruíram dessas compras ou despesas realizadas pela empresa são os fundadores ou captadores de investidores? Se não, quem são?
O SR. PAULO ALBERTO W. B SEGARRA - Eu acredito que só os fundadores.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Então nenhum captador de investidores usufruiu desse recurso? Ninguém captou...
O SR. PAULO ALBERTO W. B SEGARRA - Poderia formular direito?
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Vamos lá. As pessoas que usufruíram dessas compras ou despesas realizadas pela empresa são os fundadores ou os captadores de investidores? Quem usou foram os proprietários da empresa ou quem estava captando cliente para a empresa?
O SR. PAULO ALBERTO W. B SEGARRA - Acho que, se tivesse algum custo ou algo assim, deve ter sido ressarcido. Mas não tinha muito isso, não tinha esse tipo de verba.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Tanto para os proprietários quanto para aqueles que estavam captando cliente?
O SR. PAULO ALBERTO W. B SEGARRA - Isso. Só para o que dizia ao trabalho.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - E o que as pessoas que captavam clientes ganhavam com isso?
O SR. PAULO ALBERTO W. B SEGARRA - Tinha um captador de clientes. Eu tinha na época, mas tinham uns dez. Eles ganhavam comissionamento.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - É porque você falou lá em cima que quem trazia cliente não ganhava...
O SR. PAULO ALBERTO W. B SEGARRA - Não, não. Você perguntou se cliente que indicasse cliente ganhava alguma coisa. Não ganha nada. Eu nunca falei isso, não.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Agora, essa CPI pode pedir também a alguns clientes para ver se tiveram indicação e se receberam em conta alguma transferência bancária...
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Prepare um requerimento, Deputado.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Sim, Sr. Presidente. A empresa RCX e seus fundadores realizavam a declaração de Imposto de Renda de forma completa e precisa, incluindo todos os ganhos?
O SR. PAULO ALBERTO W. B SEGARRA - Tudo foi feito pela própria contabilidade da empresa.
19:11
RF
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - A empresa de vocês ou até mesmo vocês ainda têm recursos no exterior, seja em criptomoeda ou em paraísos fiscais?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Não, não acredito. Eu só posso responder por mim: não.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Por que a RCX assinou, em março de 2026, contrato de rescisão com os clientes da empresa para pagamento do saldo a ser pago em cinco vezes, com carência de 60 dias, e não honrou os pagamentos?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Porque ela esperava continuar funcionando e foi impossibilitada de continuar.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Onde foi parar o dinheiro para o pagamento desses contratos de rescisão, já que foram assinados pela empresa e não foram pagos?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Eu não consigo te responder isso neste momento.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - É complicado! A empresa assinou um compromisso pedindo uma carência de 60 dias para pagar os seus credores e não sabe onde foi parar o dinheiro. Onde está o outro sócio da RCX: Caio Almeida Lima? Já fiz essa pergunta lá no começo.
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Perfeito.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Ele fugiu do Brasil?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Não, eu soube, depois de 1 mês, que ele estava em outro... Me falaram que está em outro país, também não posso afirmar nada.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Em qual país ele se encontra?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Não posso afirmar, me falaram que é Espanha. Não sei, não posso afirmar.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Você tem contato com os pais do Caio?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Não.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - O seu endereço residencial seria na Rua Prof. João de Oliveira Torres, 440, Jardim Anália Franco, Condomínio Saint Claire?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Sim.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Esse imóvel está em seu nome ou está em nome de terceiros, visando ocultação de bens para se esquivar de possíveis penhoras ou bloqueios?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Não, não está no meu nome, não.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Está no nome de quem?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Está em nome do antigo proprietário, porque eu tentei comprar e não consegui pagar. Já foi rescindido o imóvel.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Você paga aluguel hoje?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Eu tenho até fevereiro para ficar no imóvel.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Qual o valor do aluguel?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Não, não é aluguel, é até fevereiro mesmo para residir no imóvel. Eu vou entregar.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Mas você não paga para morar na casa dos outros?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Não. Eu estou entregando sem briga, sem nada. Só quero...
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Não, tudo bem, mas, nesse período, você não paga para morar lá?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Não. Ele me deu esse período de tempo aí.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - E você pagou até quando esse imóvel?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Até 2022.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Até 2022. Qual o valor do aluguel?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Não tem aluguel.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Não, não, até 2022 você pagava. Qual o valor que você pagava até 2022?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Não. Eu estava comprando.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Ah, você estava comprando.
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - É, mas eu não consegui efetuar o pagamento.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Você não pagou nada?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Não. Eu cheguei a dar uma entrada, e está até bloqueado assim.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Qual o valor que você deu?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Eu dei um carro de entrada.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Qual carro?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Uma Lamborghini.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Qual o valor dessa Lamborghini?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Dois milhões.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Essa Lamborghini está em nome de quem?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Estava em nome... Era minha, estava em nome da empresa.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Eu perguntei se tinha imóveis ou bens em nome da empresa, e apareceu uma Lamborghini.
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Não está mais em nome da empresa. Ela foi bloqueada, mas não está.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Ela está em nome de quem?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Estava em nome do proprietário.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Qual o nome do proprietário?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - É Isabela. Eu dei para a Isabela.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Oi?
19:15
RF
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Isabela. Eu posso fornecer isso tudo.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Por favor, forneça o nome dela. Peço a quebra do sigilo bancário para ver se tem alguma transação bancária entre a empresa e a Isabela. Você mora no mesmo prédio de Vinícius Gritzbach? Você o conhece?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Moro no mesmo prédio.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Oi?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Moro.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Você conhece ele?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Conheci.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Conheceu? É seu amigo?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Não.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Você tem algum envolvimento com a morte de Anselmo Santa Fausta, da qual Vinícius foi um dos mandantes?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Prefiro não falar. Não tem nada a ver isso aí, que isso!
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Muitos dizem que parte do dinheiro investido em sua empresa, a RCX, seria do Vinícius. Falou-se que supostamente era de Anselmo. Você confirma?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Negativo.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Qual o valor que o Vinícius investiu?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Nada.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - E qual o valor que o Anselmo investiu?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Nada.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Eles não tiveram nenhum envolvimento com a empresa?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Não. Eu queria até entender quem fez isso, esse tipo de maldade aí.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Você conhece ou já esteve com Samir Gabriel da Silva?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Conheci.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Conheceu onde?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Ele era namorado de uma amiga do Caio.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Você tem contato com ele hoje?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Não mais.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Teve negócio com ele?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Não.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Teve alguma transação bancária sua com ele ou da empresa?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Que eu me recorde, não.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Existe a suspeita que o mesmo tenha sequestrado a esposa, pois ela o fez investir dinheiro na sua empresa, na RCX. Isso procede?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Não procede.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Você possui cidadania europeia?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Sim.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Se sim, pretendia ir para algum país europeu?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Não.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Presidente, mais uma vez, eu peço o bloqueio do passaporte até que se esclareça todo esse imbróglio dessa empresa.
Está bem, Sr. Presidente?
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - V.Exa. tem que apresentar o requerimento.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Presidente, para pedir o bloqueio do passaporte, é preciso apresentar requerimento? V.Exa. não pode registrar para mim?
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Precisa ser apresentado o requerimento, ser votado e enviado, e fundamentado para enviar.
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Eu não tenho a mínima intenção em sair daqui.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Quem é Thiago Kerbes e qual era a sua função na empresa?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Ele era um head.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Oi?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Head.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Head? Você conhece o Ricardo Stradiotto?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Conheço.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Se sim, qual era a participação e o cargo dele na empresa?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Ele era do financeiro.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Era sócio?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Sócio.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Peça a quebra de sigilo bancário e fiscal do Ricardo também. Você conhece o Tiago Kerbes, vulgo Faraó? Se sim, qual era a participação e o cargo dele na empresa?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Acabei de falar. Ele era head da empresa.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Sócio?
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Não.
19:19
RF
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Sr. Presidente, eu me dou por satisfeito. Só quero, mais uma vez, registrar o pedido de, na próxima semana, trazer a mãe e o pai...
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Requerimento nº 139, não é isso?
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Por favor, é isso.
Dou-me por satisfeito, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Deputado Ricardo, Deputado Caio...
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Estou contemplado com as perguntas do nosso nobre colega. Completo!
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Eu também.
Encerrado o depoimento do Sr. Paulo.
Está dispensado.
O SR. PAULO ALBERTO WENDEL BAU SEGARRA - Obrigado. Boa noite a todos.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Solicito que se dirija à Mesa o Sr. Regis Fernandes, sócio da empresa Indeal Consultoria de Investimentos, e seus advogados. (Pausa.) Informo que o Sr. Regis prestará depoimento como investigado, sendo dispensado de firmar compromisso e de não responder perguntas que possam incriminá-lo, podendo consultar a qualquer momento os seus advogados. Passo a palavra ao Sr. Regis Fernandes para fazer as suas considerações iniciais, se assim desejar.
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Eu gostaria só de agradecer à Comissão Parlamentar, ao Diretor, Deputados e a todos os presentes.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Tem a palavra o autor do requerimento, o Deputado Luciano Vieira. (Pausa.)
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Presidente, eu posso fazer algumas considerações antes?
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Tem a palavra o Deputado Ricardo Silva.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Só para contextualizar, porque esse depoimento é importante também para esta Comissão Parlamentar de Inquérito.
A Justiça Federal de Porto Alegre recebeu comunicação de que a empresa Indeal — acusada de funcionar como uma pirâmide financeira com criptomoedas e desviar dinheiro de clientes — decretou falência. A informação é de reportagem da Gaúcha Zero Hora.
Segundo o jornal, com a decretação da falência, os bens que foram sequestrados pela Justiça — ativos financeiros, imóveis e veículos — devem ser enviados para a Regional Empresarial da Comarca de Novo Hamburgo, cidade onde funcionava a empresa. A 7ª Vara Federal também não deverá mais aceitar novos pedidos de reserva de penhoras, valores e informações de endereços dos réus.
Por outro lado, a ação penal contra a companhia e os sócios continua em andamento. Em julho do ano passado, o Ministério Público Federal pediu a condenação de 15 réus.
O fim do esquema, que consistia em oferecer falsos rendimentos de até 15% ao mês em bitcoin, ocorreu em 2019, com a Operação Egypto, da Polícia Federal, que levou à prisão de vários suspeitos. A Procuradoria da República no Rio Grande do Sul requer que os acusados paguem 1,19 bilhão de reais a título de reparação de danos a 23,2 mil consumidores lesados.
Além do golpe de pirâmide, os acusados também respondem ao crime de lavagem de dinheiro devido à grande quantidade de valores enviados para o exterior. Eles converteram o dinheiro arrecadado dos investidores em criptomoedas em corretoras como Binance e Poloniex. Os Estados Unidos cooperam com as investigações e congelaram 24 milhões de dólares em criptomoedas oriundas de fraude.
19:23
RF
Desde a derrubada do esquema, em 2019, os clientes tentam reaver os investimentos na Justiça. Existem diversos relatos de vítimas que venderam bens como carros, imóveis e terrenos para aplicar na Indeal e nunca mais tiveram acesso ao dinheiro. Desde 2017, essa empresa captava recursos para investimento em criptomoedas e prometia ganhos, como eu já disse, de até 15% ao mês.
Alguns sócios apresentaram uma evolução patrimonial descomunal. Houve sócio que passou de menos de 100 mil reais para dezenas de milhões de reais em cerca de 1 ano. O tipo de negócio chamou a atenção da Comissão de Valores Mobiliários, que proibiu a empresa de operar no Brasil.
De acordo com a Superintendência da PF no Rio Grande do Sul, a Operação Egypto foi iniciada a partir de um e-mail. Nele, a pessoa questionava a legalidade dessa companhia, que estava captando recursos para investimentos em criptomoedas, que possuía capital social de 100 milhões e prometia 15% de retorno ao mês.
Isso aqui é apenas uma introdução, Presidente.
Eu já devolvo a palavra a V.Exa. para que os Parlamentares possam fazer as suas perguntas.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Passo a palavra ao Deputado Luciano Vieira, autor do requerimento.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Boa tarde, Sr. Regis.
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Boa tarde.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Desde quando existe a empresa de vocês e quando foram encerradas as suas atividades?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Ela iniciou em meados de junho de 2017 e parou as atividades, com a operação, em maio de 2019.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Os senhores podem explicar como eram os contratos feitos com os clientes? Era promessa rentabilidade fixa mensal desde que deixasse um capital por 12 meses, certo?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Excelência, não é correto. Não tinha prazo mínimo. O cliente poderia retirar na primeira semana se desejasse. O resto está correto.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Mas era uma promessa de rentabilidade fixa mensal?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - De 15%, sim.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - De 15%? Isso é um sonho, hein! O que aconteceu para que não fossem cumpridos os contratos com as vítimas?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - A operação da polícia.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - A operação da polícia?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Até a operação, não havia nenhum cliente lesado, reclamando ou com atraso em pagamento, algo parecido.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - No Reclame Aqui, existem informações sobre a ação coletiva civil e criminal em desfavor da Indeal e seus sócios. Os senhores podem explicar o que ocorreu com as pessoas que se consideram lesadas por vocês na pirâmide financeira com fachada de mercado de criptomoedas?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Excelência, conforme eu falei, depois da operação, sim, algumas reclamações e processos aconteceram, porque, com a operação, a empresa deixou de pagar, sem os recursos, claro, todos bloqueados. Então, foi isso que aconteceu.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Mas hoje o dinheiro está bloqueado na conta?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Tudo bloqueado.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Qual é o valor?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Em criptoativos, eu posso dizer o número em BTC: 3.537.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - São 3.500 bitcoins?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Isso. Essa é uma das contas. Das outras contas eu não tenho essa informação. Em banco, cerca de 50 milhões.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Tá. E quantas contas tinham?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Bancárias?
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Não. Quantas contas com bitcoins?
19:27
RF
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Contas que eram "treidadas", tinha duas contas. Uma é essa que eu informei, a outra eu não tenho informação do valor.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Eram quantos traders?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Dois traders sócios.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Ele era trader e era sócio?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Sim.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Qual é o nome dos dois?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Tassia Fernanda...
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Cássia?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Tassia Fernanda e Marcos Fagundes.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - O dinheiro colocado na InDeal deveria ter sido pago em maio de 2019, e, passados mais de 3 anos, nada foi feito. O que o senhor pode dizer a respeito?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Excelência, conforme sua pergunta, em maio de 2019, deveria ser pago, mas o dinheiro ficou todo bloqueado pela Polícia Federal.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Os senhores sabiam que estavam cometendo crimes por montar pirâmide financeira ilegal no Brasil?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - A nossa ação, Excelência, não foi considerada pirâmide, posteriormente à operação. Não tem sido tratada assim, apenas na mídia.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Tá, mas quanto aquelas pessoas que indicavam outro cliente...
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Desculpa, Excelência, mas não havia...
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Rentabilidade...
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Não havia pagamento de comissão por indicação — não havia.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Então, as pessoas vinham espontaneamente, conheciam...
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Nós tínhamos consultores que faziam a captação.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Quantos consultores?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Inicialmente, 28 consultores. Depois entrou o que se chamava de gestão, e aí subiu consideravelmente, cerca de 600 consultores. Cada gestão tinha um limite de consultores.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Quanto esses consultores recebiam?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Quanto eles recebiam? Cerca de 5%.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Cinco por cento do que captavam?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Exato, após o trabalho de trade, não era imediato.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Explique, com detalhe, a entrada do dinheiro dos aplicadores para os bancos que vocês operam e como se dá a operacionalidade na compra das criptomoedas ou bitcoins.
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - A empresa aceitava transferência bancária, sempre em nome do próprio investidor. O valor era comprado, criptomoeda, e remetido para as corretoras onde eram feitos os trades.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Nunca recebeu dinheiro em espécie?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Não, não havia essa possibilidade de pagamento em dinheiro. Era sempre transferência.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Você nunca fez um depósito na empresa em espécie? Você pegou um dinheiro, foi ao banco e depositou 100 mil, 200 mil, 50 mil?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Quando havia o depósito em espécie, o cliente...
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Eu estou falando da empresa, da própria empresa, porque, quando a gente vai ao banco fazer um depósito, se o senhor me der um dinheiro, eu boto o meu CPF lá. A empresa, em algum momento, depositou um dinheiro no caixa eletrônico? Porque aí fica registrado.
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Desculpa, eu preciso que repita a pergunta.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Em algum momento a empresa foi a um banco, a qualquer um dos bancos, e fez um depósito em dinheiro, espécie?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Em todo banco, quando for fazer esse tipo de depósito, a pessoa tem que indicar o CPF de quem está depositando.
19:31
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O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Sim, eu sei. Estou fazendo uma pergunta. Em algum momento, a empresa foi à boca do caixa depositar um dinheiro em espécie?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - A empresa não.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Nunca entrou um dinheiro na conta da empresa, que a própria empresa depositou?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Não.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Não existe esse registro? De forma alguma, no período que a empresa foi aberta, trabalhou, operou, ela fez um depósito, na boca do caixa, em dinheiro, em espécie?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Não que eu lembre, Excelência.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Tá. Pedir a quebra de sigilo bancário. Tem uma filial da empresa estrangeira fora do País?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Não, Excelência.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Quantas pessoas são investidoras ou podem ser chamadas de vítimas?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Cerca de 24 mil clientes têm ainda algum saldo para receber.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - O dinheiro que tem bloqueado quita com essas pessoas?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Diria que hoje não quita. Em alguns momentos, principalmente em 2021, porque nós estamos com o capital em BTC... Depois da operação, não foi mais trabalhado esse valor. Aí, ele ficou parado, digamos assim. Com a descida do BTC, hoje, ele não quita, mas em alguns momentos quitava e sobrava.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - É importante para você — é uma pergunta — que desbloqueie, não que você tenha controle desse dinheiro, mas, diretamente, por exemplo, que essa CPI dê entrada e peça que desbloqueie e pague os clientes? Para você é importante esse dinheiro que está bloqueado? Não teria problema nenhum?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Nenhum problema. Com certeza, seria importante.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Seria importante para poder pagar aqueles que estão lesados.
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Os clientes, correto.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Presidente, acho que a gente tem que agir em relação a isso.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Só para contribuir. Quantos clientes estão lesados hoje?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Cerca de 24 mil clientes.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Qual é o total de débito com esses clientes?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Aproximadamente, 700 milhões.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Você afirma aqui que tem aproximadamente 460 milhões de uma conta só bloqueada em criptoativos.
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Correto, Excelência.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Mais 50 milhões numa conta bancária.
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Correto, Excelência.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - E mais algumas contas com alguns pedaços. Você está afirmando que tem aqui o recurso, basicamente, para pagar todos os clientes e que você não pagou porque teve uma operação e teve um bloqueio de tudo.
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Exatamente, Excelência.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Qual é a corretora onde estão bloqueados esses 460 milhões?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Eles já não estão mais nas corretoras. O valor principal, vamos citar esse de 3.500 BTCs, eles estavam na Poloniex e foram resgatados e, se não me engano, já foram convertidos para reais.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Pela Polícia Federal, custodiado pelo Ministério Público?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Sim, senhor.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - A sua operação foi no ano de...
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - A operação foi em maio de 2019.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - O seu processo corre na Justiça Federal?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Federal, sim.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Do Estado...
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Do Rio Grande do Sul.
19:35
RF
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Tá.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Só para finalizar aqui, Sr. Presidente. Vocês têm alguma vinculação com as empresas Bet?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Não, senhor.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Nunca teve negócio nenhum com os Bets?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Excelência, na verdade, eu só escutei falar em Bet há menos de 2 anos.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Tá. As aplicações financeiras estão em nome de corretoras por meio de CPF ou CNPJ?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Acredito que as contas principais de trades eram em CPF, da Tassia e do Marcos.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Existem indícios de que os investidores da empresa InDeal tenham divulgado informações falsas sobre projetos ou serviços com o intuito de atrair investidores, configurando possível crime de divulgação de informações falsas para manipulação do mercado financeiro?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Desconheço isso, Excelência.
O SR. LUCIANO VIEIRA (PL - RJ) - Presidente, eu me dou por satisfeito.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Tem a palavra o Deputado Caio Vianna.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Boa noite, Sr. Regis. Eu gostaria de iniciar perguntando quem é o Sr. Regis?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Eu sou técnico em TI, analista de sistemas. Já trabalho com informática há muitos anos.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Como que começou a tua empresa?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - A InDeal... Estou falando da InDeal, não é? A InDeal surgiu com uma ideia de um projeto de divulgação de trabalho de venda de serviços.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Que serviços?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Serviços de advocacia, por exemplo. A partir de consultores, venderíamos serviços advocatícios.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - E qual foi o momento que ela se tornou uma empresa de investimentos?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Ela passou a ser trade quando se aproximou do grupo, que era apenas de três, o Marcos e a Tassia, oferecendo esses serviços, serviços de trade. A gente começou, então, a oferecer esse serviço, e ele passou a ser o único.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - E aí você parou com a natureza original da empresa?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Correto.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O senhor fazia operações no mercado de criptomoedas?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Não, senhor. Eu só trabalhava com TI mesmo.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Não, mas a sua empresa fazia?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - A empresa fazia.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - E qual plataforma que o senhor usava?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Poloniex, a que eu conheço.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Poloniex. Essa é nova, hein, Presidente! Poloniex.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - É fora.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - É fora? Essas operações, de fato, aconteciam?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Essa informação é dos trades, mas eu acredito que sim. A gente fazia...
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Quanto o senhor pagava para cada trade.
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Os trades eram sócios.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Ah! Eles eram os sócios?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Sócios.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Tá. O senhor possui investimentos em criptomoedas?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Hoje, não.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Já possuiu?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Durante a empresa.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - E por que hoje o senhor não possui mais?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Porque o capital ficou bloqueado.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Havia uma promessa ou estimativa dos lucros que seriam recebidos pelos clientes?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Desculpa, eu não sei se entendi direito a pergunta, V.Exa.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Qual era a oferta que o senhor fazia para os clientes? Havia uma promessa de lucro para eles ou não?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Clientes de rentabilidade, como investidores? O.k., 15% ao mês.
19:39
RF
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Ao mês? O senhor achava razoável essa taxa?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - De acordo com o que os traders apresentavam, eu achava bastante razoável.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O que eles apresentavam?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Cerca de 2%, quase 2% ao dia.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Um risco danado o senhor montar uma empresa com o seu nome, o senhor sendo sócio, os traders também poderiam ser sócios. Mas um risco danado, não é? O senhor é um cara inteligente, um analista de sistemas, montar uma empresa oferecendo 15% ao mês, 180% ao ano? Se o senhor conseguisse concluir isso por alguns anos, o senhor ia ser o rei do mercado financeiro. O senhor, em 10 anos, poderia estar maior do que certos bancos. Como...
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Posso apenas contribuir?
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Claro.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O senhor confirma para esta Comissão Parlamentar de Inquérito que a empresa oferecia rendimentos de 15% ao mês. É isso mesmo?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - É isso, Excelência.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Dois por cento ao dia?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Não... É 0,5%.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - É 0,5% ao dia. O.k., que seja 0,5% ao dia. O senhor tem noção de que essa é uma oferta criminosa?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Desconheço, senhor, porque tínhamos consciência de que era possível fazer mais e, portanto, era uma oferta razoável esses 15%.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Qual é a mágica? Conta para mim a mágica, porque o senhor está convicto de que isso era um negócio ainda que tinha chance de prosperar.
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Eu desconhecia o mercado cripto. Eu desconhecia bitcoin na época ainda. Para mim, era uma novidade, mas, como a oferta era feita e as pessoas já conheciam e se interessavam e achavam que... Eu entendi que era um mercado novo, que eu só não conhecia. Então, eu acreditava, sim.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - E aí o senhor ofereceu isso para as pessoas e pegou dinheiro de muita gente?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Sim, senhor.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Chega a ser inacreditável, não é?
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Inacreditável.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Como essas pessoas foram lesadas! O senhor responde a quantos processos criminais?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Cerca de oito ou nove. Não tenho certeza, senhor.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O senhor já foi preso?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Sim, senhor... Excelência.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Por quanto tempo?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Fiquei cerca de 90 dias, durante a operação.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O senhor foi solto por quê?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Não tenho certeza, senhor.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Rapaz, é de deixar a gente refletindo aqui. É cada barbaridade que a gente está vendo nesta CPI.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - O grupo de advogados que defende o senhor tentou algum acordo com o Ministério Público ou algum TAC para tentar fazer ajuste com os clientes lesados?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Sim, Excelência. Tentamos fazer um acordo. Pedimos para o STJ. Fomos... Foi acatado o pedido. Chegamos a oferecer o acordo. Cerca de 50% dos clientes aceitaram o acordo. Só que não entendi ainda por que entrou o pedido de falência, que não foi pela empresa. Foi pelo Ministério Público, talvez.
19:43
RF
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O que causa estranheza nesses casos, inclusive...
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Agora, o senhor fala que a dívida do senhor com os clientes é cerca de 700 milhões de reais.
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Sim, Excelência.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Mas o senhor tem os 700 milhões de reais apreendidos.
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Correto, Excelência.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Por que ofereceu 50%?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Não. Desculpa, Excelência. Eu fui mal interpretado. Para 50% de clientes que a gente conseguiu chegar à oferta do acordo, eles aceitaram. A gente tentou chegar em todos os clientes.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - E por que não chegou?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Cadastro... Por e-mail... A tentativa foi por e-mail, e nem todos responderam ao e-mail.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Está bem.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - É curioso demais porque eles falam dessas propostas, depois, com os clientes lesados. Vocês falam de acordos, se os clientes aceitam ou não. De fato, coitados, que opções eles têm, não é? Chega a um ponto em que, praticamente, ele não tem opção. Se ele não aceitar o acordo, é uma dificuldade para ele reaver qualquer valor... Ele, aceitando, já é difícil, imagine ele não aceitando. O senhor não sabe nem por que o senhor foi solto. O senhor acha que o senhor deveria estar preso ainda?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Não, isso não, Excelência.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Não? O senhor acha que o senhor cometeu crimes?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Não, Excelência.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Não?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Hoje a...Desculpe, Excelência. Posso?
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Claro.
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Hoje a causa, o que tem mantido a empresa como... O crime que está acometendo mais sobre a empresa seria como se ela tivesse realizado operações financeiras sem autorização do Banco Central, e não pirâmide financeira.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Está aí o problema de sempre. Está aí o problema de sempre. O cara hoje... No Brasil, enquanto a gente aqui, nessa brilhante CPI, conduzida pelo Presidente Aureo e pelo Relator Ricardo Silva, enquanto a gente aqui não mudar essa legislação, está compensando o cara ser criminoso e fazer qualquer que seja o modelo de pirâmide financeira. É impressionante...
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O crime está compensando no Brasil, Deputado, infelizmente.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - A gente tem que vir aqui, Relator, e ouvir um cidadão dizer que ele acha que não cometeu crime nenhum, ele ofertando 15% de ganho ao mês, ele não entregando esses resultados, deixando pessoas lesadas, com uma dívida de 700 milhões... É impressionante. É uma desfaçatez. Isso se tornou uma vergonha. Hoje o cara pode ir lá, faz uma pirâmide financeira, pega 90 dias de cadeia lá, diz que está tudo certo. Sai daqui vivendo a vida boa.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - E sai rico ainda. Sai rico ainda.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O senhor hoje tem quanto de patrimônio estimado?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Todos bloqueados, senhor.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Todos bloqueados, mas de quantos milhões?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Cerca de 7 milhões.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Sete milhões. Quanto o senhor lucrava por mês com essas operações?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Cinco por cento.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - De quanto?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - De cada valor do...
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Quanto que a sua empresa movimentou?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Cerca de 1 bilhão.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Um bilhão. E 5% de 1 bilhão dá quanto?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Cinquenta milhões?
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - E o senhor só tem 7?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - O dinheiro ficava investido. O dinheiro está bloqueado também.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O senhor nunca teve prejuízo com essa operação?
19:47
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O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Prejuízo com a imagem, prejuízo financeiro...
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Não, prejuízo financeiro... A cada mês que sua empresa ficou em funcionamento, o senhor nunca teve prejuízo mensal.
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Não tivemos prejuízo. A todos os clientes eram pagas as retiradas que eles solicitavam. Nunca tivemos um atraso.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O que aconteceu, então?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - A Polícia Federal — a Polícia Federal, o Ministério Público, não tenho certeza — acreditou que algo não estava correto, porque não havia nem reclamações.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Espere aí! Como é que a Polícia Federal faz uma investigação, leva o senhor para a cadeia, e a gente chega a este ponto: o senhor dizendo que ela acreditou, não havia denúncias? É claro que a Polícia Federal constatou irregularidade! Senão, o senhor não tinha ido para a cadeia. Nós estamos falando de uma das instituições mais sérias deste Brasil.
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Excelência, eu acredito que tenha sido a movimentação bancária.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Quem é Francisco Daniel Lima de Freitas?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - É um dos sócios.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Ele se encontra no Brasil?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Sim, Excelência, pelo que eu sei.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Quem é Marco Antônio Fagundes?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Outro sócio.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Ele se encontra no Brasil?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Acredito que sim, senhor. Todos estão com os passaportes...
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - O senhor tem contato com eles, ou não?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Não tenho, senhor.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Se eles eram sócios da empresa e estão no mesmo problema, por que você não tem contato com eles?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - As cautelares nos impedem de comunicação.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - E a Sra. Tassia Fernanda da Paz?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Também é sócia e se encontra no Brasil.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - E o Sr. Ângelo Ventura?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Sócio também.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Quantas pessoas investiram na InDeal?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Cerca de 40 mil pessoas.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Quarenta mil pessoas! Quantas dessas pessoas fizeram acordo?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Das 40 mil pessoas, apenas 24 mil, cerca de 24 mil ficaram com saldos a haver. Outras chegaram a sacar todos os valores.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Essas 40 mil pessoas depositaram em confiança à empresa do senhor 1 bilhão de reais?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Correto.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Como vocês respondem às alegações de que milhões em bitcoins foram encontrados pela Justiça dos Estados Unidos da América?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Eles estavam na corretora onde eram efetuados os trades, Excelência.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Qual era a corretora?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Poloniex.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Ela está sediada nos Estados Unidos?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Acredito que sim, Excelência.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Como a Justiça americana encontrou?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Por pedido da Polícia Federal brasileira.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Então, a Polícia Federal estava certa, não é?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Mas, desculpa, Excelência, se ele não estivesse, na corretora, fazendo os trades, não haveria trades na empresa.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O senhor declarava?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Sim, senhor.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - O senhor pagava tributos?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - A empresa, inclusive.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Quanto o senhor já pagou em tributo, no período da operação?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - A empresa InDeal pagou cerca de 10 milhões, pelo que eu lembro, senhor.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Os 5% que o senhor obtinha de lucro eram obtidos apenas pelo senhor, ou eram 5% para cada sócio?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Para cada sócio.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Então, cada sócio ganhava 5% das operações no mês?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Correto, Excelência.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Então, se o senhor teria que ter mais ou menos algo em torno de 50 milhões, eram você e mais quantos sócios?
19:51
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O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Mais quatro.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Então, são cinco; então, 250. Portanto, um quarto de todo o dinheiro que teria sido investido estaria no bolso de vocês, não é?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Não fiz esse cálculo, senhor.
O SR. CAIO VIANNA (Bloco/PSD - RJ) - Faça comigo, por favor, este exercício. O senhor sabe programar, o senhor, com certeza, estudou bastante matemática. Cinco empresários ganhavam, ao mês, 5% de 1 bilhão. Se o senhor tinha que ganhar 50 milhões, como o senhor disse, 50 milhões vezes 5 são 250 milhões — um quarto de 1 bilhão. Como é que isso era sustentável?
Se só vocês cinco, nessa panelinha de criminosos, ficaram com um quarto de 1 bilhão, como é que isso ia dar certo? Vocês assaltaram as pessoas. Vocês não ofereceram oportunidade a essas pessoas de terem liberdade financeira. É lamentável! É lamentável até que o senhor esteja aqui hoje. Este não é o lugar do senhor, nem dos seus sócios.
Eu me dou por satisfeito, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Tem a palavra o Deputado Ricardo Silva.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Presidente, eu quero concluir dizendo a esse senhor que muito nos envergonha, muito nos envergonha, quando a gente se depara com esse tipo de situação criminosa, em que o senhor afirma, com uma desfaçatez gigantesca, sem ter o mínimo de pudor, o mínimo de vergonha, que o senhor, sua empresa, seus sócios ofereciam rendimentos de 15% ao mês, meio por cento ao dia. O senhor não deveria estar sentado aqui; devia estar na prisão. Infelizmente, o senhor se beneficia, assim como tantos outros fraudadores "piramideiros", de uma legislação brasileira que é vergonhosa. Esta Comissão Parlamentar de Inquérito há de ter a missão, Deputado Caio e Presidente Aureo, de modificá-la, para que criminosos que fraudam milhares de pessoas...O senhor e seus sócios são responsáveis pelo abismo de milhares de pessoas. Quantas pessoas o senhor disse que foram vítimas? Quantas pessoas?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Vinte e quatro mil pessoas ainda têm algum valor para receber. Não significa que elas não tenham tirado algum valor.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Mas 24 mil famílias foram lesadas por esse sistema! O senhor confirma isso?
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - Eu confirmo que, depois da ação da Polícia Federal, deixamos de pagar às pessoas.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - O senhor está me dizendo que a culpa agora é da Polícia Federal, que investigou o senhor e seus sócios, porque os senhores são suspeitos de darem golpes em milhares de pessoas?! A culpa é da Polícia Federal?!
O SR. REGIS LIPPERT FERNANDES - A culpa é de quem parou a empresa. A empresa está parada. Ela não conseguiu honrar seus compromissos.
O SR. RICARDO SILVA (Bloco/PSD - SP) - Mas a empresa estava praticando crime! Isso é crime! Assusta-me que o senhor não tenha essa noção e que, mesmo depois de passado o tempo, mesmo depois de ter errado, mesmo depois de ter sido preso e de responder a oito processos criminais, o senhor não tenha a noção de vir aqui falar: "Olha, eu cometi um crime".
19:55
RF
O que assusta é a sua percepção de que isso era correto. E essas 24 mil famílias lesadas? A culpa é delas? A Polícia Federal é a culpada? A Justiça Federal é a culpada? Isso me assusta muito, Presidente.
Não leve para o campo pessoal. É que nós estamos lidando aqui — o senhor deve imaginar — com milhares de pessoas que ligam chorando para nosso gabinete. Nós lidamos aqui com famílias de pessoas que cometeram suicídio. Essas famílias perderam seus entes queridos, que colocaram dinheiro numa fraude, uma fraude que iludiu muita gente. Ao se virem na lama, na ruína, muitos tiraram a própria vida.
Por causa de condutas como esta, isso aconteceu, e esperamos que essa prática não se repita. Esperamos! Não é nada pessoal contra o senhor. Não o conheço, não o conhecia, mas me assusta muito isso tudo que está acontecendo no Brasil.
Muito obrigado, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Aureo Ribeiro. Bloco/SOLIDARIEDADE - RJ) - Eu me sinto satisfeito com as perguntas dos nobres Parlamentares. Na próxima divulgação de pauta, convidaremos os outros sócios, que ainda não estiveram presentes conosco.
Agradeço a todos os presentes.
Nada mais havendo a tratar, declaro encerrada a presente reunião, antes convocando reunião para amanhã, às 10 horas, para a tomada de depoimentos.
Está encerrada a reunião.
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