4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 56 ª LEGISLATURA
102ª SESSÃO
(Sessão Não Deliberativa Solene (semipresencial))
Em 1 de Julho de 2022 (Sexta-Feira)
às 10 horas
Horário (Texto com redação final)
10:14
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ABERTURA DA SESSÃO
A SRA. PRESIDENTE (Perpétua Almeida. PCdoB - AC) - Declaro aberta a sessão solene que comemora os 60 anos do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal e o centenário do Mestre Gabriel.
Sob a proteção de Deus e em nome do povo brasileiro iniciamos nossos trabalhos.
LEITURA DA ATA
A SRA. PRESIDENTE (Perpétua Almeida. PCdoB - AC) - Nos termos do parágrafo único do art. 5º do Ato da Mesa nº 123, de 2020, fica dispensada a leitura da ata da sessão anterior.
EXPEDIENTE
(Não há expediente a ser lido.)
HOMENAGEM
A SRA. PRESIDENTE (Perpétua Almeida. PCdoB - AC) - Senhores e senhoras, nós vamos fazer a composição da Mesa. Porém, quero pedir desculpas já a muitos que estão ainda do lado de fora, porque há um protocolo para entrar na Casa, com fotografia, inscrição, e muitos colegas que estão lá gostariam de estar aqui agora neste momento. Enquanto fazemos a composição da Mesa, muitos outros vão chegar.
Eu tenho a honra de ter ao meu lado um amigo, um parceiro a quem eu admiro há muitos anos: o Deputado Wolney Queiroz. A Deputada Paula Belmonte também já está a caminho da Câmara dos Deputados. Então, como o Deputado Wolney já está aqui, não preciso chamá-lo à mesa.
Gostaria de chamar à mesa o Sr. Tadeu Farias Feijão, Presidente da Diretoria-Geral do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal. (Palmas.)
10:18
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Convido também à mesa o Sr. José Carlos Garcia, Mestre-Geral Representante do Centro Espírita União do Vegetal. (Pausa.)
Convido também à mesa o Sr. José Luiz de Oliveira, Mestre do Conselho da Recordação e do Conselho da Representação-Geral do Centro Espírita União do Vegetal. (Pausa.)
Convido ainda à mesa o Sr. Raimundo Monteiro de Souza, Mestre do Conselho da Recordação do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal. (Palmas.)
Senhoras e senhores, convido todos para, em posição de respeito, acompanharmos e execução do Hino Nacional Brasileiro.
(Procede-se à execução do Hino Nacional.)
10:22
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A SRA. PRESIDENTE (Perpétua Almeida. PCdoB - AC) - Convido todos a assistirem a um vídeo institucional sobre o Centro Espírita Beneficente União do Vegetal.
10:26
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(Exibição de vídeo.) (Palmas.)
10:30
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A SRA. PRESIDENTE (Perpétua Almeida. PCdoB - AC) - Senhoras e senhores, o Presidente da Câmara dos Deputados, o Sr. Arthur Lira, encaminhou o seguinte discurso, que eu passo à leitura:
"Senhoras e senhores, a Câmara dos Deputados reúne-se nesta manhã, por requerimento das Deputadas Perpétua Almeida e Paula Belmonte e do Deputado Wolney Queiroz, para homenagear o Centro Espírita Beneficente União do Vegetal.
As sessões solenes, disciplinadas no art. 65 do Regimento Interno, destinam-se a grandes comemorações ou homenagens especiais, conferindo também aos Parlamentares ocasião de louvar pessoas, instituições ou iniciativas que considerem meritórias.
A liberdade religiosa é um dos pilares de uma democracia. Um Estado que acossa instituições religiosas ou cerceia direitos de indivíduos ou lhe impõe gravames em virtude de inclinação religiosa jamais poderá ser chamado de Estado Democrático de Direito.
A Constituição Federal, sólida base em que se assenta todo o ordenamento jurídico brasileiro, não deixa espaço para erro ou abuso neste terreno. Cumpre reler as medidas e definitivas expressões nos incisos VI e VIII do art. 5º:
Art. 5º ..................................................................................................
(...)
VI - É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
(...)
VIII - Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
10:34
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Deste modo, cumpre salientar que homenagear o Centro Espírita Beneficente União do Vegetal significa homenagear a liberdade e o pleno exercício dos direitos e garantias lavrados pelo Constituinte de 1988. Esta é uma entidade religiosa genuinamente brasileira, de natureza cristã e reencarnacionista, centrada no consumo ritual da bebida indígena ayahuasca, criada no seio da Amazônia pelo seringueiro baiano José Gabriel da Costa, em 1961.
Hoje, a UDV conta com quase 30 mil adeptos, que frequentam as cerimônias dos seus mais de 200 núcleos localizados em todos os Estados brasileiros e em outros 10 países.
Um aspecto que, no meu sentir, refulge na UDV é o caritativo e o humanitário. É nítida, em seus documentos e ações, a preocupação em atenuar o sofrimento do próximo e em auxiliar seu desenvolvimento. Neste sentido, a instituição promove iniciativas sociais nas áreas de alimentação, de educação, de saúde, de preservação ambiental, de ciência, entre tantas outras que lhe renderam o reconhecimento como entidade de utilidade pública federal em 1999.
Encerro esta breve intervenção, felicitando todos os membros da União do Vegetal pelo transcurso de mais um aniversário que, em 2022, se reverte de especial importância por se tratar também do centenário de nascimento do mestre Gabriel, seu fundador."
Agradecemos ao Presidente Arthur Lira. (Palmas.)
Senhoras e senhores, passo a Presidência da Mesa ao Deputado Wolney Queiroz.
(A Sra. Perpétua Almeida, nos termos do § 2º do art. 18 do Regimento Interno, deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pelo Sr. Wolney Queiroz, nos termos do § 2º do art. 18 do Regimento Interno.)
O SR. PRESIDENTE (Wolney Queiroz. PDT - PE) - Obrigado, Deputada Perpétua Almeida.
Saúdo a eminente Deputada Paula Belmonte, nossa querida amiga, que acaba de chegar.
Convido a todos para, de pé, assistirmos à apresentação do Hino à Bandeira da União do Vegetal, interpretado pela cantora Laura Cândida.
(É entoado o Hino à Bandeira da União do Vegetal.) (Palmas.)
10:38
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O SR. PRESIDENTE (Wolney Queiroz. PDT - PE) - Concedo a palavra à Deputada Perpétua Almeida, uma das autoras do requerimento desta sessão solene.
A SRA. PERPÉTUA ALMEIDA (PCdoB - AC. Sem revisão da oradora.) - Senhoras e senhores, eu quase sempre falo daquela tribuna, apesar de haver nesta Câmara certa divisão. Daqui falam os Parlamentares oposicionistas, e dali falam os Parlamentares da base do Governo. Mas, como eu gosto que minha flor fique voltada para este lado do plenário, eu sempre falo daquela tribuna.
10:42
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Hoje é um dia especial porque, nos 50 anos da União do Vegetal, foi exatamente desta tribuna que Mestre Pequenina nos entregou a bandeira da UDV, que, pela primeira vez, oficialmente, nos seus 50 anos, entrou nesta Casa, registrando para sempre a presença da União do Vegetal nesta Casa do Povo.
Eu sei que já li o discurso do Presidente da Câmara e, para não cometer nenhuma falha, eu gostaria de também ler meu discurso.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, amigos e amigas da UDV, quero saudar, na pessoa do Sr. José Carlos Garcia, Mestre Geral, representante do Centro Espírita UDV, todos os associados e as associadas. Saúdo o Mestre José Luiz de Oliveira, estendendo estes cumprimentos aos sócios-fundadores do centro, que trazem consigo a responsabilidade de zelar e de preservar os ensinamentos do Mestre Gabriel. Saúdo todas as voluntárias e os voluntários da UDV, na pessoa do Sr. Tadeo Feijão, Presidente da Diretoria-Geral. Saúdo as mulheres, exemplos de dedicação nos trabalhos do centro, na pessoa da Conselheira Jandira Gabriel, filha do Mestre Gabriel e da Mestre Pequenina. Incluo, ainda, a pessoa da Conselheira Ivone Menão, que, mesmo com sua vasta experiência de vida, continua a cumprir com os trabalhos funcionais na administração do centro.
Hoje este plenário está alegre e bonito para transitarmos, falarmos e ouvirmos palavras que falem do bem, que falem da paz, que falem do amor. Vejo aqui pessoas se confraternizando, falando a mesma linguagem. É bom para o Parlamento brasileiro receber o povo na Casa da Democracia. Esta sessão solene era para ter acontecido no ano passado. Entretanto, a pandemia impediu o cumprimento da agenda. Tratemos, então, dos 60 anos, em verdade, agora 61 anos da UDV.
Penso, senhoras e senhores, qual teria sido a intensidade da alegria, se é que esta pode ser medida, quando em um ambiente de harmonia, no dia 22 de julho de 1961, Mestre Gabriel recriou a União do Vegetal nos seringais da Amazônia. Na Floresta Amazônica, na singeleza do seu lar e no aconchego da família, um bom brasileiro nascido na Bahia já iniciava a praticar o que recebeu no seio da comunidade camponesa onde nasceu: dar-se ao outro, ser solidário com quem precisa, estender a mão aos carentes.
10:46
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Senhoras e senhores, ali no ambiente amazônico, o cidadão José Gabriel da Costa demonstrou seu comprometimento com a paz, iniciando uma trajetória de ensinamentos da prática fiel do bem. Optou por não ir para os campos de batalha na Segunda Guerra Mundial, mas decidiu ir para outra batalha: a batalha da frente de peleja, sendo ele um soldado da borracha, lutando contra as dificuldades da Selva Amazônica e se beneficiando das belezas da floresta. Naquele período em que Mestre Gabriel fez uma opção para lutar na Amazônia, do lado dos amazônidas, contribuindo para o esforço de guerra, morreram mais de 50 mil brasileiros.
Alegra-me que, no nosso mandato anterior, fizemos inscrever os soldados da borracha no Livro dos Heróis da Pátria. Ali próximo, na Praça dos Três Poderes, no Panteão da Pátria e da Liberdade, José Gabriel da Costa e sua esposa, Raimunda Ferreira da Costa, são também homenageados como heróis da Pátria.
Sei, pelas publicações da UDV, que foi no meu Acre, precisamente na então Vila Plácido de Castro, onde ele foi reconhecido por outras pessoas que bebiam o chá, o vinho das almas, como um mestre. Mestre Gabriel, nascido em fevereiro de 1922 — portanto, também comemoramos seu centenário neste dia —, conviveu até seus vinte e poucos anos com uma legislação restritiva quanto ao culto de religiosidade.
Sim, senhoras e senhores — peço a atenção, principalmente, da juventude —, houve, sim, um tempo em que no Brasil, tão rico na sua formação étnica e cultural, era proibido praticar outra religião que não aquela determinada pelo poder público. Pasmem, já vivemos isso! E foi Jorge Amado, nosso imortal escritor e poeta, digno de tão belas obras da literatura brasileira, reconhecido mundialmente, que, como Deputado Federal, membro do meu partido, o PCdoB, fez uma emenda à Constituição de 1946, garantindo a liberdade de culto. Graças a Deus!
Mesmo assim, senhoras e senhores, sabemos que Mestre Gabriel chegou a ser perseguido por autoridades públicas, criticado por outros líderes religiosos e até censurado por populares. É nas adversidades que se conhece o bom marinheiro, dizem os poetas. Mestre Gabriel, comprometido com sua missão, não se acovardou. Com a mansidão dos determinados, fez-se ser respeitado, e hoje a UDV faz parte da vida de milhares de pessoas.
Sabemos que, mesmo nos desafios da floresta, nas dificuldades estruturais em Porto Velho, enfrentando as batalhas e construindo também muitas vitórias, Mestre Gabriel se mostrou firme e confiante no seu objetivo: trazer a paz para o mundo, começando pela sua família, pelos seus amigos e pelos seus discípulos. Homem que tem como critério de vida a prática fiel, fez publicar nos jornais da época suas opiniões, cativando e orientando seus discípulos a respeitarem para serem respeitados, mostrando a outra face. Mas era a outra face outra forma de ver, praticando a caridade e construindo o amor ao próximo.
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Senhoras e senhores, o mestre é um líder que ensina a seus liderados serem pessoas de bem. Portanto, naquele início de jornada, a firmeza de Mestre Gabriel deu confiantes alicerces para a expansão que presenciamos hoje no Brasil e no mundo.
Hoje, presente em todos os Estados brasileiros, estando também na América do Norte, na Europa e na Oceania, a UDV se mostra firme nos seus objetivos, com dirigentes comprometidos e preparados para fazerem das palavras do criador do centro uma realidade. Os desafios são grandes, mas não são impossíveis.
Mestre José Carlos, permita-me chamá-lo assim. Neste plenário, quando dos 50 anos da UDV, fizemos uma sessão solene, histórica e emocionante, nesta Casa. Vale lembrar que, até então, nunca na história da Câmara dos Deputados se colocaram tantas pessoas no Plenário da Casa nem em suas galerias. Naquele momento, foi registrado, pela organização da Câmara dos Deputados, um recorde de público presente, contando ainda com inúmeros telespectadores pela TV Câmara e pelas redes sociais no Brasil e no mundo. Até hoje, eu recebo e-mails no meu gabinete em que pessoas falam daquela sessão sobre os 50 anos.
Mestre Pequenina, com a autoridade que lhe é admirada, alterou o protocolo e fez uma fala emocionante. Com sua altivez, entregou-nos desta tribuna a bandeira da União do Vegetal.
Saiba, senhor, que, no acervo do Parlamento brasileiro, consta o símbolo da luz, da paz e do amor, tão necessários para nossa sociedade hoje. Tenho a expectativa de que dias melhores virão. Sim, virão, em que a inspiração do Mestre Gabriel se faça uma realidade.
Amigos, no meu Acre, existem várias pessoas, amigos e familiares, que comungam o vegetal, o daime, a ayahuasca, dos nossos povos originários, os indígenas, e mantêm acesa a chama da preservação dos seus rituais.
Nos rituais urbanos, temos os centros que fazem da religião da floresta um simples e discreto jeito de ser, com o compromisso firmado em uma carta de princípios em que a originalidade dos seus criadores ainda é mantida.
Em um dos nossos mandatos, tivemos a ideia de fazer do uso religioso da ayahuasca um reconhecimento como patrimônio imaterial da cultura brasileira. Nós nos mobilizamos e articulamos junto ao então Ministro da Cultura daquela época, Gilberto Gil, o recebimento do pedido do reconhecimento do chá como patrimônio imaterial da cultura brasileira no Estado do Acre.
É certo que tivemos alguns avanços, mas, infelizmente, também alguns entraves. Mas eu mantenho a esperança de que em breve a cultura volte a ser valorizada na nossa Pátria.
Quando falamos do nosso Acre, lembro bons amigos da UDV. Aqui saúdo meus conterrâneos Mário Marques e James Cameli, que ocupam lugar de autoridade na UDV do Acre. Saúdo também a Conselheira Odaíza, amiga pessoal, precursora da União do Vegetal no meu Estado Acre. Em nome dela, felicito toda a irmandade acreana.
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Caro Tadeo Feijão, quando minha equipe de colaboradores — aqui está o Paulo de Tarso, e a Fátima Nobre está hoje no Acre — me avisou que estava auxiliando também o amigo querido Edson Lodi a organizar o encontro entre a Mestre Pequenina e a Madrinha Peregrina, duas firmes autoridades e delicadas líderes, que estiveram juntas aos seus respectivos maridos quando tudo começou, eu imaginei como seria o pensamento do Mestre Gabriel e o do Mestre Irineu vendo aquele encontro entre aquelas duas valorosas mulheres. De onde eles estão, na alta espiritualidade, observam a continuidade de um plantio que se renova em boas colheitas. Emociono-me com essas dignas senhoras, guerreiras da Amazônia, referências e exemplos de perseverança. Procuro, do jeito que me é possível, aprender com elas para poder contribuir com o futuro, que pode ser melhor, que pode beneficiar a maioria do povo brasileiro, incluindo aí a minha neta Helena, que já, já chega a este País, a este mundo.
Imagens do encontro da Mestre Pequenina com a Madrinha Peregrina, duas mensageiras da paz, mães e avós, praticantes e mobilizadoras da paz e do amor, nos traduziram, através de seus exemplos, os ensinos de Jesus. Mulheres comprometidas com a salvação da humanidade, mulheres fazedoras do bem.
Meus colegas Paula Belmonte e Wolney Queiroz, dignos Parlamentares, que assinam comigo o requerimento desta sessão, é uma honra estar neste plenário com V.Exas., mais precisamente agora, na sessão em homenagem aos 60 anos da UDV e ao centenário do Mestre Gabriel. É bem verdade que temos algumas posições distintas, mas isso é salutar para a democracia, pois conviver com as diferenças é um exercício que nos fortalece no propósito de sermos humanistas e solidários. Se aqui estamos, é para que aqueles que não têm voz nesta Casa possam também ser ouvidos através das nossas vozes.
Reafirmo aqui a honra de ser amiga da UDV. Nas minhas orações, peço iluminação nesta minha caminhada de servir: servir ao povo do Acre e servir ao povo do Brasil, expressando sempre minha eterna gratidão à confiança da população que me trouxe a este Parlamento.
Sr. Presidente, encerrando, congratulo-me com os discípulos do Mestre Gabriel. Sei dos trabalhos ligados ao meio ambiente, à beneficência, à orientação religiosa das crianças e jovens, à promoção da cidadania através da inclusão social, ao acolhimento de pessoas que querem um rumo melhor para as suas vidas.
Felicito os dirigentes, alguns destes que já conheço há anos, alguns que já não estão mais aqui conosco, como meus padrinhos de batismo, o Conselheiro Gaim e a Conselheira Maríades, de saudosa memória.
Muito obrigada. Ou melhor, como ouço dos meus companheiros da UDV: muito grata.
Que a luz, a paz e o amor estejam no cotidiano de cada um de nós. Contem sempre com a minha voz para defendê-los nesta Casa e com o meu abraço para acolhê-los sempre.
Muito obrigada. (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Wolney Queiroz. PDT - PE) - Obrigado, Deputada Perpétua.
Nesse instante, transfiro a Presidência para a Exma. Deputada Paula Belmonte.
(O Sr. Wolney Queiroz, nos termos do § 2º do art. 18 do Regimento Interno, deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pela Sra. Paula Belmonte, nos termos do § 2º do art. 18 do Regimento Interno.)
A SRA. PRESIDENTE (Paula Belmonte. CIDADANIA - DF) - Convido agora para o pronunciamento o nosso Exmo. Deputado Wolney Queiroz.
O SR. WOLNEY QUEIROZ (PDT - PE. Sem revisão do orador.) - Muito bom dia a todas e a todos.
Saúdo a Deputada Paula Belmonte, nossa Presidente dos trabalhos; a Deputada Perpétua Almeida, coautora do requerimento; o Mestre Tadeo Feijão, Presidente da Diretoria Geral da UDV; o Mestre José Luiz de Oliveira, Mestre da Representação Geral e do Conselho da Recordação dos Ensinos do Mestre Gabriel; o Mestre José Carlos Garcia, Mestre Geral Representante da União do Vegetal; e também o Mestre Raimundo Monteiro de Souza, Mestre da Representação Geral e do Conselho da Recordação dos Ensinos do Mestre Gabriel.
Minhas senhoras, meus senhores, irmãos presentes aqui e os que nos acompanham pelas redes sociais, pela Internet, no Brasil inteiro, eu poderia fazer um discurso, uma fala de improviso, já que a União do Vegetal faz parte da minha vida. Cheguei a ela com 15 anos de idade, ainda adolescente, e já se passaram quase 35 anos de caminhada. Então, com a base da transmissão oral a que estou acostumado, poderia fazer esse discurso de forma improvisada. Porém, pela excelência e pela solenidade desta sessão, eu recorro a um discurso que escrevi e que passo a ler.
Senhoras e senhores, há 11 anos, esta Câmara dos Deputados, templo maior da democracia em nosso País, homenageava o cinquentenário do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal, religião cristã reencarnacionista criada na Amazônia em 22 de julho de 1961. Cumpria, então, este Parlamento uma de suas finalidades fundamentais, que é a de prestigiar a sociedade civil por meio de suas instituições mais autênticas e representativas, e a religião, sem dúvida, é uma delas, senão a maior delas.
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Mas havia, naquela homenagem de 11 anos atrás, algo de mais singular e significativo. Tratava-se do primeiro reconhecimento público e institucional que a União do Vegetal recebia em meio século de existência. Nos seus inícios, chegou a ser perseguida pela polícia, e esse martírio foi superado com determinação e resiliência.
Hoje, esse rito se repete, essa homenagem se repete nesta sessão solene, demonstrando o acerto que esta Câmara teve ao reconhecer o legítimo fenômeno religioso e cultural que a União do Vegetal representa e que a tem feito crescer e se expandir não apenas pelo Brasil, mas por diversos outros países.
Aqui estiveram, naquela sessão solene, alguns dos seus sócios pioneiros, caboclos do Nordeste e da Amazônia, alguns dos quais já não estão mais entre nós. E cito, entre eles, que tiveram a oportunidade de ver o seu trabalho pioneiro aqui reconhecido, o Sr. Raimundo Carneiro Braga, o saudoso Mestre Braga, e a Sra. Raimunda Ferreira da Costa, a Mestre Pequenina.
Dois outros desses pioneiros, contemporâneos de Mestre Braga e Mestre Pequenina e de igual importância no desenvolvimento dos trabalhos da União do Vegetal, estão hoje aqui presentes. São eles os Srs. José Luiz de Oliveira e Raimundo Monteiro de Souza, integrantes do quadro de Mestres da União do Vegetal, formado pelo fundador dessa obra, José Gabriel da Costa, o Mestre Gabriel. Nas pessoas deles, Mestre Monteiro e Mestre Zé Luiz, eu saúdo e homenageio os discípulos aqui presentes, que aplaudo neste instante. (Palmas.)
Esses caboclos pioneiros eram homens simples, forjados na luta pela sobrevivência no ambiente inóspito da floresta, privados dos meios materiais mais elementares, mas não de fibra, esperança e coragem. Eram pessoas admiráveis e exemplares, cuja prática de vida inspirou e despertou os que hoje, nos meios urbanos, vieram a se tornar discípulos da União do Vegetal. Hoje já somos cerca de 25 mil sócios.
Mas foi com esses pioneiros que o seringueiro José Gabriel da Costa, o Mestre Gabriel, baiano de Coração de Maria, fez surgir essa religião, que nasceu num ermo da Floresta Amazônica, no Seringal Sunta, fronteira do Brasil com a Bolívia. E é preciso que se dê destaque a essa admirável figura de Mestre Gabriel, cujo centenário este ano celebramos. Guia espiritual dessa religião e benfeitor da humanidade, seus ensinamentos e doutrina são de imensa valia nesses tempos turbulentos da história.
Pouco se sabe ainda de sua trajetória humana e religiosa, resumida num livro publicado pela UDV cujo título já sinaliza a sua dimensão e importância: Mestre Gabriel, o Mensageiro de Deus.
Em 1944, aos 22 anos, como tantos outros jovens nordestinos, migrou para a Amazônia como soldado da borracha, contribuição fundamental do Brasil para a vitória dos aliados sobre as forças do nazifascismo na Segunda Guerra Mundial. Esse esforço de guerra que impunha o desafio de duplicar a produção mundial de borracha — e que acabou por quadruplicá-la — custou caro ao Brasil. Enquanto nas frentes de batalha na Europa morreram 465 soldados, nos seringais da Amazônia morreram de doenças tropicais e ataques de feras números que vão de 30 mil a 50 mil soldados da borracha. Esse, aliás, é um capítulo heroico, e que, no entanto, é pouco valorizado da história do Brasil.
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O Mestre Gabriel veio para Amazônia ciente de que, para além dos seus deveres cívicos como integrante do exército da borracha, era portador de uma missão espiritual.
Essa missão concretizou-se com a criação da União do Vegetal, criada no seringal, organizada e instituída em Porto Velho, Rondônia. Não tenho dúvidas de que a relevância de sua missão será gradualmente conhecida e reconhecida pela humanidade.
Sabemos que o que nutre e sustenta uma religião não é o seu reconhecimento institucional, mas o conteúdo e a consistência de sua mensagem, a chama profética que a inspira, a coerência de quem a difunde. Basta-lhe o sopro do sagrado para ser o que é. Sem ele, sem esse sopro, de nada vale, do ponto de vista espiritual, o poderio material que eventualmente ostenta.
No entanto, esse reconhecimento não é irrelevante. Permite que um número muito maior de pessoas tenha conhecimento e se beneficie dos frutos de sua doutrina e de sua revelação. Daí a importância de homenagens como esta de hoje, que auxiliam a difundir a nobreza desse trabalho e a história da expansão da UDV, que — temos a certeza — será contada por muitas e muitas gerações. Isso indica que algo mais do que o esforço humano a inspira, conduz e orienta.
Como diz o evangelho de São João: "O espírito sopra onde quer". Há 61 anos, sem dúvida, soprou na Floresta Amazônica e nos trouxe esse caminho de salvação. Sem recorrer a expedientes de propaganda, sem recursos materiais, públicos ou privados, e exclusivamente levada pelos primeiros discípulos de Mestre Gabriel, hoje a União do Vegetal se faz presente em todo o Brasil e em alguns outros países.
Além de sua sede geral, em Brasília, possui 204 núcleos de distribuição autorizada de vegetal em todos os Estados brasileiros e em mais dez países: Estados Unidos, Canadá, Peru, Portugal, Espanha, Reino Unido, Suíça, Itália, Holanda e Austrália.
O primeiro núcleo fora da Amazônia estabeleceu-se em São Paulo, em 1972, 1 ano após o falecimento do Mestre Gabriel. Ele surgiu a partir do interesse de um grupo de artistas de São Paulo que havia conhecido o vegetal em Manaus. Eles deram origem ao Núcleo Samaúma, na capital paulista.
Esse fenômeno, então, se repetiu em relação a outros núcleos, que ininterruptamente vieram se estabelecendo por todo o País, cumprindo uma profecia do Mestre Gabriel, de que a UDV vai circular o mundo e contribuir para que nele, nesse mundo, hoje tão atormentado, se estabeleça um dia a paz entre os homens. Essa é a missão pela qual a União do Vegetal trabalha.
Dentro dessa expansão, sem pressa ou precipitação, chegou, nos anos 90, aos Estados Unidos. Cidadãos de lá que haviam conhecido o vegetal em Manaus deram início ao estabelecimento dessa religião naquele país. Hoje, há sete núcleos, duas distribuições autorizadas de vegetal, dois plantios de mariri e chacrona, nos Estados Unidos, e um total de 500 sócios, sendo, depois do Brasil, o país em que a UDV tem maior presença.
Administrativamente, a UDV compõe-se de sede geral, núcleos e distribuições autorizadas de vegetal. Ela é dirigida pelo Conselho da Representação Geral, cuja autoridade máxima é o Mestre Geral Representante, eleito por esse conselho para um mandato de 3 anos. Hoje esse cargo é honrosamente ocupado pelo Mestre José Carlos Garcia, presente à Mesa destes trabalhos.
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A UDV possui também órgãos técnicos incumbidos de aprofundar estudos referentes à temática do chá ayahuasca nos diversos campos que abrange: religioso, cultural, sociológico, jurídico, ecológico, biomédico e farmacológico.
Ela mantém instituições beneficentes em todo o Brasil e também nos Estados Unidos, voltadas ao atendimento de menores, idosos e pessoas carentes. Pelos serviços sociais que presta, recebeu, por parte do Estado brasileiro, o título de Utilidade Pública Federal, em 1999, e o mesmo título lhe foi concedido também em diversos Estados e Municípios do Brasil.
Em seus rituais, realizados em seu templo espirita, a UDV comunga o chá ayahuasca, sacramento religioso fruto da decocção de duas plantas amazônicas, o banisteriopsis caapi (cariri) e a psychotria viridis (chacrona), comprovadamente inofensivos a saúde física e mental do ser humano, conforme atestam diversas pesquisas científicas realizadas em diversos países.
Foram essas pesquisas que embasaram a liberação do uso ritualístico do vegetal no Brasil, em 1986, e, em 1989, pela Suprema Corte dos Estados Unidos. Lá, como aqui, a aprovação se deu por unanimidade. E o relator de lá, o juiz John Roberts, fez questão de constar em seu relatório o reconhecimento de que a UDV, entre aspas: "É um exercício sincero de religião".
Hoje já em estágio mais avançado de sua caminhada e, como já foi dito, com a presença de diversas outras regiões do planeta, a União do Vegetal recebe mais essa homenagem por parte do Poder Legislativo brasileiro, justa, justíssima homenagem.
Congratulo-me mais uma vez com essa irmandade religiosa e a saúdo com o símbolo desta sagrada ordem instituído pelo próprio Mestre Gabriel: luz, paz e amor.
Muito obrigado. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Paula Belmonte. CIDADANIA - DF) - Eu passo a palavra ao Sr. Tadeo Farias Feijão, Presidente da Diretoria Geral do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal.
O SR. TADEU FARIAS FEIJÃO - Bom dia a todos.
Primeiramente, eu quero ser grato a todas as pessoas que trabalharam para que acontecesse esta homenagem à União do Vegetal, principalmente aos requerentes, a Deputada Perpétua Almeida, a Deputada Paula Belmonte e o Deputado Wolney Queiroz.
Sou grato também à sensibilidade do Presidente da Casa, o Deputado Arthur Lira, por permitir que a União do Vegetal receba essa justa homenagem hoje aqui nesta Casa do Povo.
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Quero também saudar a Mesa, por meio do Mestre-Geral Representante, os mestres fundadores do núcleo, o Mestre Monteiro, o Mestre José Luiz de Oliveira. Saúdo ainda as pessoas que estão aqui e os que, com certeza, nos assistem através da Internet e dos meios de comunicação. Com certeza, a União do Vegetal está hoje mobilizada para participar neste instante conosco desta homenagem que se está prestando à obra do Mestre Gabriel e da Mestre Pequenina.
Então, deixo meus votos de paz e prosperidade a todos.
Nós somos participantes de uma história de heroísmo e de superação. Como foi falado aqui, em alguns momentos da União do Vegetal, o Mestre Gabriel foi perseguido, mas para que pudesse ter a liberdade de trazer a sua mensagem de amor e paz. Como todas as grandes ideias, elas começam pela perseguição, depois, pela tolerância, e, depois, pela aceitação. Graças a Deus, hoje, estamos vivendo um momento no qual podemos professar livremente a nossa religião neste País e também em alguns outros países. Ainda temos alguns desafios a serem vencidos, mas, com, certeza, nós venceremos.
Eu sempre digo que, quando estamos em um desafio em que não sabemos quem ganha, ficamos um tanto quanto apreensivos, mas, quando sabemos quem prevalecerá, ficamos mais tranquilos. E eu tenho certeza de que toda a União do Vegetal sabe quem prevalecerá nesses desafios em que temos que levar a nossa mensagem — a mensagem do Mestre Gabriel.
Nessa história na qual a estrela do Mestre Gabriel sempre brilhou e continua a brilhar, inspirando-nos e fortalecendo-nos com seu exemplo, hoje, em muitos Estados do Brasil, o dia 22 de julho, data de aniversário de fundação da União do Vegetal, é celebrado o Dia da Paz e da Conciliação. Eu não posso imaginar uma homenagem mais significativa para o Mestre Gabriel do que no dia em que ele criou a União do Vegetal seja celebrado o Dia da Paz e da Conciliação.
Nesses 60 anos, a União do Vegetal fortaleceu suas raízes na floresta e expandiu-se pelo Brasil e pelo mundo, trazendo a todos nós sua mensagem de esperança e salvação, através da doutrina e dos ensinamentos do nosso Mestre Gabriel. A nossa força é a fé; a nossa força é a força da união, fundamentada em uma espiritualidade vivencial, em que o exemplo fala por si. Ela é fortalecido pelo bom senso, com os extremos dando lugar ao equilíbrio. Construída pela participação de todos, transforma-nos e aprimora-nos na prática fiel da doutrina do Mestre Gabriel.
Conquistas foram se somando a esse trabalho feito ao longo desses 60 anos de União do Vegetal. E neste ano também estamos celebrando o centenário de nascimento do Mestre José Gabriel da Costa.
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É justo o reconhecimento a cada um que deu a sua parcela nessa construção. E, neste instante, quero lembrar principalmente dos pioneiros da União do Vegetal, a Mestre Pequenina e sua família. A União do Vegetal foi criada por uma família e vem mantendo a tradição dessa família. Então, é justo que façamos esse reconhecimento aos fundadores, às pessoas que levaram adiante a mensagem do Mestre Gabriel para que ela chegasse até nós. Neste momento, estão presentes conosco o Mestre Monteiro e o Mestre José Luiz de Oliveira. Uns são mais visíveis pelos lugares ocupados, mas todos igualmente importantes e merecedores de nossa gratidão.
Estamos seguindo a força da união e seu fluxo de prosperidade, conforme antecipado pelo nosso Mestre Gabriel. Nossos desafios hoje não se limitam até onde alcança a nossa vista, pois, aonde não chega a nossa visão, contamos com a visão de quem vê 100 anos à frente. O mestre nos legou profecias a serem cumpridas. E o maior de todos os desafios é fazer de nosso dia a dia uma prova de que podemos nos inserir em todos os ambientes com ética e decência, transformando o mundo pela nossa conduta e inspirando-o pelo nosso exemplo.
Para mim, uma das maiores forças da União do Vegetal é o exemplo e a capacidade que ele tem de equilibrar pessoas e famílias. E pessoas e famílias equilibradas certamente trarão como consequência uma sociedade equilibrada, uma sociedade em que a justiça seja comum no dia a dia, o natural, e não uma luta diária.
A todos os irmãos e irmãs expressamos nosso desejo de paz e prosperidade, além de nossa confiança na palavra do mestre, que nos ensina que as dificuldades existem para serem vencidas. Assim, confiamos em nossa capacidade de transformar dificuldades em aprendizado e transformar nossas dores em testemunho de nossa resistência e de nossa fé em Deus.
Com os votos de luz, paz, amor, eu desejo a todos nós felicidade, e que continuemos firmes em nossa caminhada, seguindo sempre, com a palavra de amor, esse fluxo a que o Mestre Gabriel deu início e que cabe a nós dar continuidade. Contamos com a liderança da Representação-Geral, na pessoa do Mestre José Carlos Garcia, e de tantos outros membros desse Conselho, que dedicam a vida principalmente à continuidade dessa obra do Mestre Gabriel.
Grato a todos. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE (Paula Belmonte. CIDADANIA - DF) - Passo agora a Presidência ao Exmo. Deputado Wolney Queiroz.
(A Sra. Paula Belmonte, nos termos do § 2º do art. 18 do Regimento Interno, deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pelo Sr. Wolney Queiroz, nos termos do § 2º do art. 18 do Regimento Interno.)
O SR. PRESIDENTE (Wolney Queiroz. PDT - PE) - Convido para usar a tribuna a eminente Deputada Paula Belmonte.
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A SRA. PAULA BELMONTE (CIDADANIA - DF. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Deputado Wolney Queiroz, querida Deputada Perpétua Almeida, nosso Mestre-Geral Representante José Carlos Garcia; Presidente da Diretoria-Geral, Mestre Tadeu; Mestre Monteiro, do Conselho da Recordação; Mestre José Luiz de Oliveira, do Conselho da Recordação.
Estamos na Casa do Povo, mostrando e fixando que estamos no Brasil, dentro de uma liberdade religiosa, comemorando os 60 anos de transformação da vida de milhares de pessoas. Fazemos com que a missão de cada um de nós seja cada vez mais conduzida pela palavra do Mestre Gabriel, o qual transformou a vida de todos nós. A doutrina da União do Vegetal fala de luz, paz e amor.
Esta é a Casa do Povo, local em que há democracia verdadeira, como foi falado pela Deputada Perpétua Almeida. Aqui há divergências ideológicas, mas é onde se conduz a vida do povo brasileiro.
Estar aqui hoje — estive na comemoração dos 50 anos —, neste momento, como Deputada Federal, mas sendo membro da União do Vegetal, é uma honra, uma emoção, o que nos traz maior responsabilidade para que possamos acreditar e ter esperança de que estamos buscando a paz.
Hoje estão presentes neste plenário várias pessoas amigas. Mas também quero saudar um grupo de crianças que nos honra muito com a presença, mostrando o futuro do País, que depende de cada um de nós. E a União do Vegetal precisa, sim, estar presente no Parlamento, no Congresso Nacional, na política, defendendo, sim, a família brasileira, as nossas crianças. Ela mostra ainda que o Mestre Gabriel veio e está dentro de nós, no nosso coração, para trazer paz, harmonia, para mostrar que somos todos irmãos e que a família é o berço da nossa sociedade. (Palmas.)
11:26
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Todas as vezes que eu subo a esta tribuna, eu peço a Deus para que abençoe este lugar, abençoe a nós Deputados, abençoe as nossas famílias. E a visita dos senhores aqui, sentados na cadeira de muitos legisladores, representa a esperança para que possamos, cada vez mais, trazer a este País a paz, o amor e a luz na nossa consciência.
Que Deus abençoe a todos e que este momento fique registrado em nossos corações para que sigamos firmes, dentro dessa união.
Muito grata. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Wolney Queiroz. PDT - PE) - O Deputado Airton Faleiro, do Pará, deseja usar a tribuna pela Liderança do partido, e o fará virtualmente. Peço à Secretaria que providencie a entrada de S.Exa. pelo Zoom.
Enquanto o Deputado Airton Faleiro organiza no sistema sua entrada, eu gostaria de registrar a presença do Dr. Leonardo Pauperio, juiz federal; Dr. Náiber Pontes, juiz federal; Dr. Márcio Ribeiro, Procurador do Trabalho: e Dr. Luís Felipe Belmonte dos Santos, suplente de Senador do Distrito Federal.
O SR. AIRTON FALEIRO (PT - PA) - Sr. Presidente, já estou aqui.
O SR. PRESIDENTE (Wolney Queiroz. PDT - PE) - Pois não, Deputado. Tem V.Exa. a palavra.
O SR. AIRTON FALEIRO (PT - PA. Sem revisão do orador.) - Inicialmente, quero cumprimentar todos os nossos amigos e amigas da UDV, em especial o Vinícius e o Fernando, que são meus familiares e também têm liderado a organização da UDV.
Sou Parlamentar e, quando fui Deputado Estadual por quatro mandatos, já tive oportunidade de legislar em favor da UDV, além conviver com esta turma toda.
11:30
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Sou um grande admirador, como pessoa, como ser humano e também como Parlamentar, por ver que a filosofia dos senhores melhora as pessoas como seres humanos nas relações familiares e nas relações com a sociedade.
Nós vivemos em um mundo de muita turbulência e um momento, inclusive na política, em que, em vez de termos uma lógica de concorrência democrática, temos concorrência — eu diria — de adversários, transformando-se em uma lógica de que quem não pensar como eu é inimigo. Isso não é salutar para as relações políticas e não é salutar para as relações na sociedade.
Admiro muito esse trabalho que os senhores fazem de pegar as pessoas, às vezes, que estão em dificuldade, e essa pessoa encontra na UDV um conforto, um abrigo, um lugar que faz com que ela se recoloque na sociedade.
Nossa manifestação é no sentido de parabenizá-los por todo o trabalho que fazem e por estarem ganhando cada vez mais espaço — espaço nacional e espaço internacional —, fruto de um trabalho maravilhoso que desenvolvem.
Estou em viagem e gostaria muito de estar aí, mas as agendas estão muito puxadas. Hoje é uma sexta-feira, e nós precisamos combinar também a nossa ação no Parlamento com a ação de base. Mas eu fico muito agradecido de ter conseguido esse espaço para manifestar todo o meu carinho e toda a minha admiração, e mais uma vez parabenizar a UDV pelo belo trabalho que faz.
Um grande abraço, continuem fortes e firmes. Podem contar conosco. Os senhores sabem que têm um time no Parlamento que é mais do que aliado, mas parte da trincheira que defende as boas coisas, que defende a boa política e que defende quem faz da religião um espaço em benefício da alma e da sociedade. E eu sou um admirador, como morador da Amazônia, por essa religião ter nascido no coração da Amazônia por um extrativista, que hoje faz história no mundo todo.
Um grande abraço. Muito obrigado pela oportunidade. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Wolney Queiroz. PDT - PE) - Agradecemos ao Deputado Airton Faleiro a manifestação.
Passo a palavra ao Mestre-Geral Representante da União do Vegetal, Sr. José Carlos Garcia.
O SR. JOSÉ CARLOS GARCIA - Eu tenho a honra, neste momento, de cumprimentar a Exma. Sra. Deputada Perpétua Almeida, o Exmo. Sr. Deputado Wolney Queiroz e a Exma. Sra. Deputada Paula Belmonte. Também quero cumprimentar todos os Deputados, em nome desses Deputados que fizeram o requerimento para que acontecesse esta sessão solene tão importante para o nosso Centro Espirita Beneficente União do Vegetal e tão importante para a nossa sociedade.
11:34
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Quero neste momento também, representando com muita honra o Mestre Gabriel, dizer algumas palavras a todos os senhores e as senhoras aqui presentes e àqueles que estão nos acompanhando.
Quero falar principalmente de um atributo de pessoas fortes: a coragem. Podemos dizer que a coragem é uma virtude daquelas pessoas que procuram fazer o bem. Coragem o Mestre Gabriel demonstrou quando se alistou para ser soldado da borracha ainda jovem e foi para a Amazônia em busca de um sonho, em busca de cumprir a missão dele. Lá chegando à Amazônia, aos seringais, ele recriou a União do Vegetal no dia 22 de julho de 1961, juntamente com toda a sua família, a Mestre Pequenina e seus filhos. Lá, após recriar a União do Vegetal, ele criou o Centro Espírita Beneficente União do Vegetal. Muitos de seus discípulos e de seus sócios estão aqui presentes, bem como os mestres da origem, nas pessoas do Mestre Monteiro e do Mestre José Luiz, que são valorosos irmãos que deram continuidade àquele pensamento do Mestre Gabriel de recriar a União do Vegetal e criar uma união para fazer a paz no mundo. Essa paz depende muito de nós.
Assim, o Mestre Gabriel com sua família se mudou para Porto Velho, onde começou a ter os seus discípulos pela sua vivência, pela sua coerência, pela sua atitude, pela sua bondade. Os discípulos, que são esses mestres mais antigos da origem, se comprometeram com essa união e continuaram com o trabalho valoroso de trazer essa paz ao mundo e de dar mais consciência para a humanidade dessa vivência que todos nós temos neste mundo. Queremos paz, amor, luz e bondade.
Outra coisa muito importante também do Mestre Gabriel é a coerência com que falava e praticava os seus ensinos que repassava. Ele ensinou aos seus discípulos a também praticar isso e ter a sua palavra como sendo uma coisa muito importante. Ele era cumpridor da sua palavra. Assim, na União do Vegetal, o Mestre Gabriel nos ensinou e vem nos ensinando a cumprirmos verdadeiramente com a nossa palavra. Como ele disse, ele é o rei da palavra dele. Nós também podemos ser o rei da nossa palavra, desde que possamos cumprir aquilo que falamos.
Então, o importante dessa nossa sociedade da União do Vegetal é que os mestres e as pessoas que nela estão querem sempre cumprir com os seus mandamentos e ser cumpridores das suas palavras, sendo a verdade falada mansa e calmamente também.
É uma honra estar aqui presente e falar com todos os senhores. É a primeira vez que eu venho aqui a esta Casa. Não preparei um discurso, porque, na União, aprendemos a falar espontaneamente. Então, é isso que estou fazendo aqui agora, falando espontaneamente, trazendo de dentro de mim essa força que eu recebo da União do Vegetal e as palavras que eu posso trazer de alegria, o que também aprendi com o Mestre Gabriel, que demonstrou alegria em toda a sua vida. Apesar de todas as dificuldades que ele enfrentou, ele nos ensinou que a dificuldade e a facilidade são coisas muito próximas, muito parecidas e que podemos vencê-las assim que as encontrarmos na nossa caminhada. Assim o Mestre Gabriel vem nos ensinando. Nós vimos cumprindo com os seus ensinamentos de que a luz, a paz e o amor de que tanto precisamos podemos encontrar, desde que o nosso coração esteja mais limpo perante a luz divina, a luz de Deus. A nossa União, criada pelo Mestre Gabriel, é reencarnacionista. Ela é um pouco diferente porque nós comungamos um chá misterioso, que é a ayahuasca. Nós bebemos esse chá para termos efeito da nossa concentração mental e também para nos ligarmos com o superior, com Deus, porque é isto que é importante: termos na nossa vida, na nossa prática e no nosso caminho Deus e o Mestre.
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Assim, eu peço ao grande Mestre que continue a abençoar todas as pessoas que aqui estão neste momento de alegria para a União do Vegetal. Eu acredito que, onde o Mestre está, ele está com alegria, porque essa foi uma demonstração que ele deu no decorrer de toda a sua vida. Ele sempre trouxe alegria para as pessoas, porque é importante termos alegria para vivermos bem uma vida saudável, e isso aprendemos com os seus ensinamentos, inclusive a sermos coerentes com a prática daquilo que nós falamos. Falar e cumprir aquilo que se fala é muito importante para a União do Vegetal. É isso o que o nosso Mestre Gabriel demonstrou e é isso que queremos.
Que a luz, a paz e o amor estejam presentes em todas as pessoas que aqui estão neste momento!
Sou muito grato a todos por esta oportunidade. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Wolney Queiroz. PDT - PE) - Agradecemos a manifestação do Mestre José Carlos Garcia.
A Deputada Perpétua nos lembra de que neste instante há milhares de pessoas acompanhando esta sessão aqui no Brasil e em muitos países do mundo, através da Internet.
Eu convido para usar a palavra neste instante um dos pioneiros da União do Vegetal, o Mestre José Luiz de Oliveira.
O SR. JOSÉ LUIZ DE OLIVEIRA - Srs. Deputados e Sras. Deputadas, meus senhores, minhas senhoras, meus amigos irmãos da União do Vegetal, eu não estava pensando em falar hoje. Não estou muito bem de saúde, mas fui solicitado e aqui estou.
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Desejo apenas dizer que me sinto um dos homens mais felizes por pertencer a esta organização. Eu e outros aqui chegamos à União do Vegetal jovens e dedicamos a nossa vida a esse trabalho, um trabalho de auxiliar as pessoas e a nós mesmos a encontrar um melhor equilíbrio na vida, a educar nossos filhos e nossas famílias no sentido do bem-estar, no sentido do símbolo da união, que é a luz, a paz e o amor, e assim dar continuidade ao trabalho do nosso saudoso e inesquecível Mestre José Gabriel da Costa, o Mestre Gabriel, como nós conhecemos.
E todo esse trabalho que nós procuramos fazer desde que chegamos à União do Vegetal não seria possível se nós não tivéssemos o apoio de nossa família, principalmente da nossa esposa.
À minha esposa, Emanuela, eu sou grato pela dedicação, pelo carinho com que ela me trata, com que ela cuida de mim. Já estou hoje com 85 anos de idade. Eu me sinto feliz, sinto-me bem e jamais poderia me olvidar do carinho com que ela me trata, carinho que tem dado a mim condição de dar continuidade a esse trabalho. Então, não posso esquecer isso.
Sou grato também a todas as companheiras dos nossos irmãos que vêm se dedicando a esse trabalho.
Aqui fica também a minha gratidão a todos. E espero que nós possamos dar continuidade a esse trabalho para que a União do Vegetal continue cada vez mais crescendo, estendendo-se e chegue a muitos outros países ainda.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Wolney Queiroz. PDT - PE) - Agradecemos a manifestação do Mestre José Luiz.
Neste instante, convidamos outro pioneiro, de igual relevância e importância para a União, para usar a palavra, o nosso querido amigo e Mestre Raimundo Monteiro de Souza, o Mestre Monteiro.
O SR. RAIMUNDO MONTEIRO DE SOUZA - Meus senhores, amigos e irmãos de luz, também não preparei um discurso, mas vou falar do meu sentimento.
Primeiramente, agradecer nunca é demais. Agradeço aos Parlamentares que tiveram esta feliz iniciativa de organizar este momento tão importante, histórico e espiritual para todos nós do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal.
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Nós somos pioneiros da fundação deste centro espírita, ao lado do nosso líder espiritual Mestre Gabriel. Hoje, eu me sinto feliz e observo o desenvolver desta religião e a consolidação das palavras do grande Mestre Gabriel.
Na União Vegetal, todos sabem, nós somos guiados por uma palavra do cristianismo, que é a doutrina cristã reencarnacionista, e pelos princípios cristãos que se fundamentam também na instituição família. Família essa que nós hoje sentimos, em alguns momentos, um pouco esquecida, mas que nós do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal, pela palavra do grande mestre, que criou e fundou essa religião dentro da sua família, sabemos que temos que preservar.
O Mestre José Luiz se lembrou da sua esposa, que trabalha também para dar esse suporte para ele desenvolver esse trabalho. Da mesma forma, eu também digo: a minha esposa, Zildinha, é quem me dá esse suporte para eu poder viajar e me deslocar de um Estado para outro a serviço dessa obra. E o que mais me alegra é ver alicerçada, na palavra do Mestre Gabriel, essa instituição.
E a ele e seus familiares, a todos os fundadores, a todos os senhores que estão aqui presentes, que, com certeza, têm em seus corações o sentimento de gratidão, deixo o meu abraço, principalmente aos Parlamentares que nos proporcionaram este momento tão importante, significativo e histórico.
Tenho dito. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Wolney Queiroz. PDT - PE) - Meus caríssimos amigos e irmãos, nós estamos nos dirigindo para os momentos finais desta sessão solene, e eu gostaria de quebrar um protocolo aqui e chamar para falar alguém que é um mestre de segunda geração, que já foi Mestre-Geral Representante. Eu queria ouvir a palavra aqui do Mestre Luís Felipe Belmonte dos Santos.
O SR. LUÍS FELIPE BELMONTE DOS SANTOS - Bom dia a todos.
Faço minha saudação ao nosso nobre Presidente dos trabalhos, Deputado Wolney, à Deputada Perpétua, que vem de longa data nos apoiando nesse trabalho, à Deputada Paula, aos nossos dirigentes do centro, aos nossos valorosos pioneiros, a todos que aqui estão e a todos que nos assistem.
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Realmente eu vim para este evento com o propósito de ser o mestre assistente e tão somente assistir a este belo trabalho, a este belo dia, a esta bela homenagem. Mas, instado pelo nosso Presidente, nós que temos uma certa, digamos, valorização da expressão obediência, aqui estou para falar alguma coisa do meu sentimento.
Não há como falar dessa história sem iniciar com o nosso fundador, a pedra angular de todo esse trabalho, que é o Mestre Gabriel, que teve o cuidado, o zelo de trazer todos os valores cristãos, renovando os ensinamentos e a palavra do nosso mestre Jesus, que, com isso, renova a nossa fé cristã, renova nossos propósitos, renova nossos princípios e faz com que tenhamos esses valores éticos, esses valores morais e esses valores espirituais que nos são tão caros.
Também não há como deixar de falar desses pioneiros que conseguiram cruzar momentos de grande dificuldade e fazer com que tudo isso chegasse até nós. São verdadeiramente a ponte por onde todas essas palavras, ensinamentos e exemplos chegaram até nós. E eu quero falar homenageando os que aqui estão presentes, Mestre José Luiz, Mestre Monteiro, pessoas que têm uma história e têm trabalhos prestados de alta relevância, e, talvez, em uma só sessão, nós não tivéssemos oportunidade de descrever tudo de bom que eles já fizeram por nós, como muitos outros também. E não há como não fazer menção àqueles que não mais estão presentes. Assim menciono os saudosos Mestre Pequenina e Mestre Braga, que têm realmente posições fundamentais e especiais dentro deste trabalho.
Mas quero dizer que a transformação na vida das pessoas é um exemplo. Fala-se na comunhão, na comunhão do vegetal. A história da comunhão é antiga e vem desde os tempos da Índia antiga. A própria religião católica tem a sua comunhão, e nós temos a nossa comunhão. Essa comunhão faz com que melhoremos nossas vidas. Essa melhoria de vida tem também uma expressão de gratidão.
Em nome dessa gratidão, eu cheguei à União. Eu era músico, achava que eu ia ser maestro, estudava para isso. A vida foi me conduzindo, até que eu resolvi fazer um curso de direito, e fazer um curso de direito com um propósito, porque eu sentia que eu precisava trabalhar para que tivéssemos segurança, inclusive jurídica. Segurança espiritual nós já tínhamos. Eu me preparei, lutei, pedi ao mestre inspiração, e fomos trabalhar pela legalização da União do Vegetal. Essa legalização abriu as portas para esse momento em que aqui estamos, que é o reconhecimento do poder público.
Depois fomos trabalhar para instalar um trabalho de beneficência. Esse trabalho de beneficência, Deputada Perpétua, chegou e chega a atender 70 mil pessoas por ano, pelo bem das pessoas. Também tive a oportunidade de dar uma singela contribuição para termos o reconhecimento da Suprema Corte americana, a internacionalização e o reconhecimento.
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Aqui, Deputada Perpétua Almeida, eu vou me permitir trazer um exemplo do que a União do Vegetal pode fazer principalmente nesta Casa, que pedimos que Deus abençoe. Nós estávamos presentes no aniversário do Mestre Wolney, o nosso Deputado. A Deputada de repente me viu numa conversa muito animada e harmônica com a Líder do PSOL e comentou: "Eu acho que o mundo tem salvação, porque eu vejo o Felipe Belmonte conversando com tanta harmonia com a Líder do PSOL..." Esta é a tradução dos ensinos da União: a harmonia mesmo com quem pensa diferente, o respeito ao pensamento de cada um. Esse respeito nós temos às outras pessoas. Por isso, nós gostamos e nos sentimos também merecedores do mesmo respeito.
Deputado Wolney Queiroz, diz a Bíblia que pelos frutos se conhece a árvore. No caso, V.Exa. é um exemplo disso. Há quanto tempo tem o reconhecimento do povo pernambucano? Há quanto tempo tem o reconhecimento de seus pares, a ponto de ser o Líder do seu partido e hoje ser o Líder da Oposição? Liderança se conquista, não se impõe. E ela se conquista com sua prática, porque o senhor trabalha, e assim é o nosso dever, praticando aquilo que recebemos e temos no coração.
Agora, permitam-me, senhores e senhoras, falar que eu tenho muita honra de compartilhar muitos momentos, sentimentos, às vezes agruras, dificuldades, mas também alegrias e vitórias, com a Deputada Paula Belmonte. A Deputada Paula é uma Deputada nova, mas ela traduz e traz em seu coração o sentimento, a demonstração e a prova dos valores que aprendemos nessa união. Não por isso com 3 anos de trabalho ela chegou a ser reconhecida como a terceira melhor Parlamentar do Congresso Nacional em todo o Brasil, por produtividade, por transparência e por ética.
E não por outra razão hoje, no Distrito Federal, tantos clamam, Deputada, que a senhora se disponha a apresentar sua candidatura ao Governo. Isso é reconhecimento. Esse reconhecimento vem dessa luz que nos inspira, desse trabalho que fazemos. Reconhecimento vem de atos, e não apenas de palavras.
Estamos aqui nesta Casa, de onde emanam as diretrizes para o povo brasileiro. Nós trazemos valores cristãos, nós trabalhamos pela defesa da nossa Pátria, nós trabalhamos pela defesa da família. Nós não podemos permitir que valores importantes, como o valor da família, sejam ultrajados ou ameaçados. Esses são valores importantes, que são o cerne e a base de uma sociedade, o equilíbrio de uma sociedade.
E nós também devemos ter equilíbrio e moderação. Longe dos polos, longe dos excessos, nós precisamos de moderação e, principalmente, precisamos de paz. O nosso País precisa de pacificação, o nosso País precisa de estabilidade, e o nosso povo precisa de união. Essa força da união, por certo, clama-se que esteja presente nesta Casa, que esteja presente no nosso País. Que Deus abençoe a nossa Nação e que essas palavras de luz aqui estejam, permaneçam e possam ser palavras e luzes que inspirem os legisladores do povo brasileiro.
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Prezados amigos, para concluir, eu quero dizer que não sei se poderei estar presente — estive presente nos 50 anos, estou presente nos 60 anos — no centenário, a não ser que Deus me conceda 114 anos de vida, de preferência com os atributos que hoje tenho. (Risos.)
Mas rogo e peço aos mais novos também que, quando chegar o centenário, essas raízes estejam firmes, que essa árvore esteja frondosa, que esses frutos sejam os mesmos, sem desvios, com retidão de conduta, com retidão de princípios. Rogo que essa luz que a União do Vegetal traz a todos nós permaneça em nossos corações, em nossa consciência, em nossos atos; que essa luz divina possa abençoar todos nós e que tenhamos esta Nação como exemplo para todo o mundo de um povo de paz, de um povo de união, de um povo de progresso; que essa luz ilumine todos nós.
Muito grato a todos vocês por este momento. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Wolney Queiroz. PDT - PE) - Agradeço as palavras do Mestre Felipe.
Antes de passar a Presidência para a Deputada Perpétua Almeida, eu quero falar da enorme emoção de presidir esta sessão solene, de ser coautor dela e de aqui estar.
No cinquentenário da União do Vegetal, experimentei um dos dias mais felizes da minha vida. Hoje sinto essa mesma alegria, essa mesma felicidade também que se estampa no rosto das senhoras e dos senhores, no brilho e no pulsar do coração de cada caianinho que está hoje nos acompanhando. Deus nos abençoe!
Eu transfiro a Presidência para a Deputada Perpétua Almeida. (Palmas.)
(O Sr. Wolney Queiroz, nos termos do § 2º do art. 18 do Regimento Interno, deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pela Sra. Perpétua Almeida, nos termos do § 2º do art. 18 do Regimento Interno.)
A SRA. PRESIDENTE (Perpétua Almeida. PCdoB - AC) - Colegas, eu dizia para o Mestre José Luiz que, na minha fala, no meu discurso, eu citei todos os convidados da nossa Mesa, mas que a citação a ele veio logo depois da emoção que eu tive ao citar a minha neta Helena, que vai chegar agora em setembro, se Deus quiser.
Na citação à qual eu me referia, eu dizia que eu vim de um convento de freiras. Dos 14 aos 19 anos, eu escolhi o sacerdócio, o convento das Irmãs Dominicanas. Ali eu já fiz um propósito e um compromisso: servir com amor. É claro, depois eu conheci meu marido e eu fui servir com amor outra trincheira, que é a política. Sim, é possível fazer política com decência, é possível fazer política com amor, é possível fazer política com dedicação, e nós precisamos de luz para estar no dia a dia dessa caminhada da política, para que possamos pregar a verdadeira paz e espalhar amor por onde formos, para que ninguém passe por nós impunemente, sem ser uma pessoa melhor.
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Eu sempre me emociono nos eventos da UDV e me sinto muito honrada de ser amiga da UDV, de ter tantos amigos dentro da União do Vegetal.
Como disse meu colega Deputado Wolney e a Deputada Paula, que aqui também estava nos 50 anos da UDV, fizemos uma foto linda, que roda o mundo inteiro, aquela foto dos 50 anos. Vamos repetir aquela foto? Afinal de contas, são os 60 anos da UDV e o centenário de nascimento do Mestre Gabriel.
Senhoras e senhores, antes de encerrar esta sessão, convido todos a nos dirigirmos para a frente do Congresso e fazermos o registro, desta vez, dos 60 anos da UDV e do centenário de nascimento do Mestre Gabriel.
Muito obrigada. (Palmas.)
ENCERRAMENTO
A SRA. PRESIDENTE (Perpétua Almeida. PCdoB - AC) - Está encerrada a presente sessão.
(Encerra-se a sessão às 12 horas e 03 minutos.)
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