4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 56 ª LEGISLATURA
Comissão do Esporte
(Audiência Pública Extraordinária (semipresencial))
Em 9 de Junho de 2022 (Quinta-Feira)
às 10 horas
Horário (Texto com redação final.)
10:08
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O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Bom dia a todos.
Declaro aberta a presente reunião de audiência pública que está sendo realizada em atendimento ao Requerimento nº 10, de 2022, de minha autoria, Deputado Luiz Lima, solicitada também pela Secretaria Executiva da Comissão do Esporte da Câmara dos Deputados, para debater o judô brasileiro, planejamento e programas para este ciclo olímpico.
Tenho a honra de anunciar que foram convidados para esta audiência pública os seguintes expositores: Sr. Sílvio Acácio Borges, Presidente da Confederação Brasileira de Judô, que se encontra aqui presente; Sr. João Derly, bicampeão mundial de judô, Deputado Federal pelo Rio Grande do Sul e integrante da Comissão do Esporte da Câmara dos Deputados entre 2015 e 2018; Sr. Rafael Azevedo Santos, chefe de gabinete da Secretaria Nacional de Alto Rendimento da Secretaria Especial do Esporte, que participará por videoconferência; Sr. Luiz Fernando Toledo Leal, Coronel do Exército Brasileiro e Coordenador da Comissão Desportiva Militar do Brasil, que está presente aqui na Comissão do Esporte; Sr. Rafael Silva, o Baby, medalhista olímpico e membro da Comissão de Atletas da Confederação Brasileira de Judô, que também participará por videoconferência; Sr. Ney de Lucca Mecking, Presidente da Federação Universitária do Paraná, que participará por videoconferência — muito obrigado, Ney, pela sua presença, já estou lhe vendo aqui pelo nossa televisão; Sr. Daniel Dell’Aquila, representante dos clubes da Confederação Brasileira de Judô — CBJ, que participará também de videoconferência — é muito bom ter a sua presença, muito obrigado; e o Sr. Marcelo Ornelas da Cruz França Moreira, Presidente da Federação Baiana de Judô e representante das federações estaduais, que também está presente na Câmara dos Deputados.
Antes de passar às exposições dos nossos convidados, esclareço os procedimentos que serão adotados na condução desta audiência pública.
Os convidados deverão limitar-se ao tema do debate e disporão de 10 minutos para as suas apresentações, não podendo ser interrompidos.
Após as exposições, serão abertos os debates. Os Deputados interessados em fazer perguntas ou considerações sobre o tema deverão se inscrever previamente por meio de assinatura em lista no aplicativo Infoleg ou na plataforma virtual. A palavra será concedida, respeitada a ordem de inscrição, pelo prazo de 3 minutos.
Informo que a presença dos Parlamentares será garantida aos que fizerem uso da palavra de forma remota, sendo essa presença lançada pela Secretaria da Comissão.
No final do debate, cada convidado disporá de até 3 minutos para as suas considerações finais.
Comunico que esta audiência pública está sendo transmitida pelo portal da Câmara dos Deputados e que todos podem participar por meio de perguntas dirigidas a esta Mesa pelo portal e-Democracia.
Informo também que as apresentações em multimídia serão disponibilizadas para consulta na página eletrônica da Comissão após a reunião.
Para a exposição dos convidados, passo a palavra ao Presidente da Confederação Brasileira de Judô, o Sr. Sílvio Acácio Borges.
Presidente Sílvio, muito obrigado pela sua presença. O senhor dispõe de 10 minutos.
A finalidade destas nossas reuniões é reunir propostas em uma mesma sessão, praticamente, para que elas sejam analisadas pela Câmara dos Deputados, pela Secretaria Executiva e pelo Presidente da Comissão do Esporte, o Deputado Delegado Pablo, representante do Amazonas, para que possíveis investimentos públicos sejam levados em consideração por esta Casa e possamos lutar juntos para que as confederações mais assertivas e mais organizadas sejam cada vez mais protegidas pela política pública nacional.
10:12
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Muito obrigado, Presidente Sílvio Acácio Borges.
O SR. SÍLVIO ACÁCIO BORGES - Obrigado, Deputado Luiz Lima.
É uma alegria muito grande estarmos aqui hoje e espero que o Deputado Delegado Pablo, que também está presente aqui, libere-nos a tão sonhada verba de que precisamos para incentivar mais e mais nossa modalidade, não é, João?
Saúdo todos os presentes, Coronel Luiz Fernando; Marcelo, Presidente da Federação Baiana; os nossos convidados on-line; Baby, representando os atletas; Ney Mecking, uma sumidade da nossa modalidade também; não diferente, o Dr. Daniel Dell'Aquila, membro da nossa comissão técnica e também Presidente do Instituto Kodokan do Brasil.
É uma satisfação podermos falar da nossa modalidade, uma modalidade vitoriosa, sim, hoje com 24 medalhas. E temos plena convicção de que podemos ainda mais. O trabalho que vimos desenvolvendo tem perspectivas muito boas e nos colocam na condição de termos convicção da busca de resultados tão bons quanto viemos angariando desde 1984, desde quando viemos nos mantendo no pódio.
Nós temos uma rápida apresentação de um vídeo institucional da CBJ.
(Exibição de vídeo.)
10:16
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O SR. SÍLVIO ACÁCIO BORGES - Agora irei fazer um breve histórico.
(Segue-se exibição de imagens.)
A nossa Confederação tem 53 anos e nosso primeiro grande medalhista olímpico foi Chiaki Ishii. Nos Jogos Olímpicos, somos hoje a modalidade mais vitoriosa dentro do contexto do olimpismo nacional, com 24 medalhas de ouro, e uma característica bem diferenciada: essas 24 medalhas vieram numa constante renovação dos atletas, não só em nível olímpico, como também no cenário mundial.
Falando no cenário mundial, saúdo aqui o nosso bicampeão mundial, João Derly, uma vez mais, que já é lenda do judô nacional. Nós temos também um quantitativo muito grande de medalhas em eventos pan-americanos, um quantitativo de medalhas bem acentuado.
A estrutura do esporte no Brasil está diretamente ligada à federação internacional. Nós passamos pela subordinação às federações continentais, à federação nacional, às federações regionais e temos os clubes, os atletas e os treinadores.
Na governança, nós temos a característica de uma entidade sem fins lucrativos que se baseia na filantropia, no voluntariado e na prestação de serviços. Sobrevivemos, hoje, da verba de loterias e da verba do plano incentivado, da verba de incentivo.
Em nível de governança, nossa entidade também vem buscando um lugar de destaque junto às confederações, até mesmo pelos valores que nós temos, trazendo para dentro da entidade o nosso lema transparência.
Em relação aos marcos legais, desde 2013, quando começou a atuação e surgiram as exigências do nosso segmento esportivo, nós vimos numa constante, e hoje somos uma entidade adequada ao compliance, com todos os níveis de conselhos e de participação de cá e de lá, o que nos deixa com responsabilidade ainda maior, porque, além de cuidarmos da modalidade, nós temos também que cuidar da parte legal, que para nós passou a ser muito importante.
Dentre as várias modalidades que compõem o Comitê Olímpico, nós também temos uma posição de destaque no GET, ferramenta que o COB adota, que é a Gestão, Ética e Transparência, na qual temos notas bastante significativas. Também fazemos parte e estamos enquadrados no Rating Integra, que também é mais um segmento de mensuração das entidades esportivas.
A governança da CBJ passa pelo processo de assembleia, por todos os demais conselhos, e a composição que vem em seguida no nosso organograma, que, apesar de pequeno, é muito completo, no nível das exigências da atual legislação.
10:20
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Temos o nosso planejamento estratégico. Dentro dele, entra o trabalho interno com as nossas áreas de execução de eventos — as competições nacionais e o trabalho com as equipes técnicas, muito bem dirigidas. Tivemos recentemente a necessidade da substituição de um dos grandes nomes do esporte brasileiro, o Ney Wilson, mas em seu lugar veio o Marcelo Teotônio, que já tem uma longa caminhada dentro da CBJ. O Marcelo vem gerenciando hoje o nosso segmento técnico que já, já abrangerá o que nós temos.
A governança da CBJ passa pela execução, pela criação de projetos, mas o mais difícil de tudo isso é prestar contas. Felizmente nós temos, também, nesse quesito, um trabalho bem alicerçado e com total transparência. Tudo isso está nas nossas páginas na Internet.
Este é o nosso calendário de 2021. Ainda no auge da pandemia, nós realizamos uma quantidade bem acentuada de eventos. Em 2020, ficamos totalmente parados, mas em 2021 conseguimos, em esfera nacional, principalmente a partir do final de setembro até dezembro, realizar as principais competições.
O calendário de 2022 já está em andamento, com muitas competições já realizadas. Este final de semana acontecerá em Porto Velho o brasileiro sênior, daí a ausência da nossa ainda Presidente da Comissão dos Atletas, porque a nova Comissão de Atletas será eleita neste final de semana, demonstrando a nossa ação de abrangência com os atletas, buscando neles o apoio e dando a eles também o suporte e a visibilidade importante no segmento da gestão.
Ações estratégicas são um trabalho em que demos continuidade ao que o nosso antecessor vinha fazendo. Temos a distribuição do nosso País em cinco regiões, que movimentam em torno de 3.500 atletas a cada ano, numa seletiva regional. O Marcelo, o Presidente Luiz Lima e o Presidente Gonzaga, que nos acompanham aqui, conhecem bem a dinâmica dessas competições. Já aconteceram todos os regionais, e agora estamos indo para a fase dos nacionais.
Dá saudades, João? Dá sim, um pouquinho. Não é?
Nossas ações estratégicas para detecção de novos talentos são muito bem embasadas, de conhecimento de todo o segmento. O atleta, o técnico, o clube, a federação, todos os envolvidos têm conhecimento das ações e dos critérios adotados.
Eventos em 2019. Nós tínhamos tido um ano muito bom em 2019. Havia 13 federações sediando os eventos nacionais. Os 18 eventos nacionais foram distribuídos em 13 federações. Foram quase 8 mil participantes. E o mais importante: das 27 federações, 26 federações subiram ao pódio.
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Temos transmissão ao vivo dos nossos eventos. Já vínhamos adotando não só o Youtube, mas também o Canal Olímpico e a TV fechada, através de algumas emissoras.
Os eventos em 2021 eu mencionei há pouco. Nacionalmente, com a paralisação do nosso País, só conseguimos andar com os eventos nacionais a partir do final de setembro e do início de outubro, mas internacionalmente as nossas equipes conseguiram rodar no sistema bolha, o que tornou ainda mais dispendiosas as nossas ações, mas fomos aonde nos foi possível ir.
Em 2019, o que obtivemos de medalhas foram: 8 medalhas de ouro em campeonatos mundiais; 1 medalha de prata; e 5 medalhas de bronze. Foi um resultado muito positivo em um momento de muita dificuldade.
Com as equipes de transição, não é diferente, temos um trabalho muito focado. A imprensa sempre nos cobra o porquê de uma equipe tão velha, o porquê da falta de renovação, e eu diria aos senhores que os nossos atletas, à medida que envelhecem, ficam ainda mais experientes e mais competentes. Para aqueles que perguntam o porquê da falta de renovação, nós respondemos com um número bastante significativo: na última Olimpíada, no Japão, fomos representados por 13 atletas, sendo que para 7 atletas era a primeira Olimpíada. Desses 7 atletas, 5 estavam como equipe de apoio na Rio 2016. Estavam lá como sparring dos nossos titulares e 5 anos depois eram, sim, os titulares. Então, há uma renovação. Nós mudamos a nomenclatura: o que antes chamávamos de base tornou-se transição, exatamente por acreditarmos que essa transição foi feita e tem condições de evoluir ainda mais com os aportes que estamos tendo do Comitê Olímpico.
Sobre a equipe de transição, os resultados estão aí. Tudo isso, repito, está nossa página, no nosso site. Aqui temos um pouco pequeno, mas vale a pena vermos, como um demonstrativo, o exemplo do ranking que adotamos, a forma como o atleta ganha pontos e a forma como ele perde pontos. O atleta que se apresenta para um treinamento fora da sua categoria de peso, que é um dos grandes problemas da nossa modalidade, automaticamente vai perdendo os pontos que já angariou. Cria-se com isso a responsabilidade e a coerência do atleta.
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Os resultados da nossa equipe olímpica são do conhecimento de todos.
A respeito das ações que nós tivemos em 2021, mesmo com toda a pandemia, foram realizadas 36 ações, entre elas, 25 competições. Conseguimos ainda, no fechar do calendário, já muito próximo ao Natal, fazer a seletiva olímpica já visando as Olimpíadas de 2024.
Ontem nós fomos surpreendidos com a atualização do ranking da FIJ, no qual o Brasil consta como o terceiro país, agora em 2022, com o maior número de medalhas até o momento.
Fora as ações especificamente técnicas, às quais nós demos maior enfoque aqui, nós temos um trabalho muito voltado às federações para alavancar, sim, o social. Temos uma identificação e um reconhecimento da classe dos veteranos, uma categoria que, até então, não tinha uma abrangência dentro da CBJ.
Valorizamos os nossos mestres. Na apresentação, fizemos questão de colocar um kodansha amarrando a faixa, com toda convicção e com todo o vigor. Essa é uma classe que passamos a evidenciar. Realizamos, agora em agosto, o quarto encontro presencial da categoria kodansha. Eu acho que isso enfatiza ainda mais a nossa preocupação com o segmento técnico.
Além disso, já colocamos em atividade o segmento de educação dentro da nossa entidade. Esse segmento foi criado exatamente para buscar maior formação e certificação dos nossos profissionais.
Hoje toda a nossa modalidade é identificada através de uma ferramenta chamada Zempo, um sistema da CBJ. Todos os atletas estão dentro dessa plataforma. Hoje nós temos aproximadamente 120 mil inscritos, desde 2013, quando ela foi adotada. Essa plataforma gere todo o nosso sistema de competição e traz também o currículo dos nossos atletas. O atleta acaba de participar de uma competição, e já é lançado, em seu currículo, o resultado que ele obteve no referido evento.
Então, isso nos dá uma tranquilidade, pois é possível identificarmos o nosso público, os nossos atletas, os nossos profissionais. Daí a busca por esse segmento da educação, já implantado e em desenvolvimento. E adotaremos formas de classificar também os nossos profissionais que atuam e que atuarão no futuro na nossa modalidade.
Deputado, pelo tempo que possuo, acho que eu trouxe uma síntese do que fazemos na confederação. E me coloco à disposição dos senhores para esclarecer qualquer dúvida.
Muito obrigado.
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O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Muito obrigado, Presidente Sílvio Acácio. Muito obrigado por trazer informações para esta Comissão sobre o histórico da Confederação Brasileira, instituição que nasceu em 1969, mas teve início realmente em 1972, ano olímpico, ano das Olimpíadas de Munique, quando o Brasil conquistou a sua primeira medalha, com o pai da Vânia e da Tânia, que estiveram conosco disputando os Jogos Olímpicos. Lembro-me também do Chiaki Ishii, que foi medalha de bronze nas Olimpíadas de Munique, na Alemanha, em 1972.
Realmente, o judô sempre esteve presente nos Jogos Olímpicos. Estou vendo que foi representativo em Los Angeles, em 1984. Em 1988, lembro bem, eu já tinha 11 anos de idade, quando vi Aurélio Miguel ganhar ouro em Seul. Rogério Sampaio ganhou medalha em 1992, e Henrique, em 1996. Recebemos medalhas também em Sydney, em Atenas, em Pequim, em todas as Olimpíadas, desde 1894. Não é, João? Ficamos sem Olimpíadas somente em 1976 e 1980, em Montreal e Moscou.
Muito obrigado, Presidente. Parabéns por ter mantido a participação da nossa seleção e dos nossos atletas nos 2 anos conturbados para os eventos esportivos, 2020 e 2021.
Vai ser um prazer ouvir agora integrantes e representantes de clubes e de atletas. Mas, antes, eu gostaria de convidar João Derly, o primeiro campeão mundial de judô do nosso País — aliás, primeiro bicampeão mundial de judô do nosso País. O João foi Deputado Federal, representando o Rio Grande do Sul de 2015 a 2018, muito presente nesta Comissão do Esporte. Foi autor do projeto de lei que possibilitará aumento no percentual para a Lei de Incentivo de 1% para 2%, ou seja, aumentando em 100% esse repasse — desde 2007 a Lei de Incentivo mantinha o percentual de 1%. O projeto de lei do Deputado João Derly possibilitará esse aumento, se Deus quiser, a partir do ano de 2023. A matéria está sendo agora votada no Senado. Foi aprovada? (Pausa.)
Foi aprovada. O Senador Romário foi o Relator no Senado do projeto de lei do Deputado João Derly, que foi aprovado no Senado e agora segue para sanção do Presidente Jair Bolsonaro. (Palmas.)
Parabéns, João!
Com a proposição sendo sancionada pelo Presidente, teremos em 2023 o esporte fazendo uso de 2%, algo muito significativo e representativo, porque possibilitará não só a confederações e instituições como também a atletas que venham utilizar essa ferramenta e essa possibilidade de recursos da iniciativa privada como política pública para o esporte.
João Derly, Deputado integrante da Comissão do Esporte durante muitos anos aqui na Câmara, é um prazer recebê-lo nesta Comissão hoje. Obrigado, João, pela sua presença.
O SR. JOÃO DERLY - Muito bom dia, Deputado Luiz Lima. É uma satisfação retornar a esta Casa e a esta Comissão e ter aqui ao meu lado o nosso grande secretário e amigo Lindberg.
Deputado Luiz, fico muito contente em ver esportistas lutando para desenvolver o esporte e destinar melhor os recursos, para que sejam aplicados de forma que atendam as necessidades e sejam mais efetivos. Mesmo que ainda sejam poucos os recursos, espero que sejamos mais assertivos na aplicação desses recursos.
10:36
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Eu lhe agradeço pelo empenho na tramitação do Projeto de Lei nº 130, de 2015, que trata do aumento da alíquota da Lei de Incentivo. Se não fosse sua iniciativa e vontade de aprová-lo, o projeto talvez ainda estivesse parado no plenário, pronto para ser votado. Com o seu empenho, conseguimos a aprovação da matéria e o apoio da base do Governo. O projeto chegou ao Senado e foi aprovado na Comissão de Educação. Creio que iniciaremos o ano que vem com mais recursos chegando para o esporte brasileiro, se Deus quiser.
Quero cumprimentar o Presidente da Confederação Brasileira de Judô, o Sílvio Acácio. Meu amigo, é uma satisfação poder estar contigo nesta manhã para unificar ações e saber o que o judô brasileiro tem planejado para o nosso futuro.
Quero cumprimentar também o representante das Forças Armadas, que têm feito um trabalho muito exemplar. Copiamos um pouco de alguns países a metodologia de absorver atletas das Forças Armadas, o que ajudou muita gente, porque, naquele período de transição, eles acabavam tomando outro rumo. Conseguimos manter os nossos atletas dentro do esporte, e o judô foi muito beneficiado. Refiro-me ao Luiz Fernando Toledo. É uma satisfação estar aqui contigo.
Cumprimento ainda o meu amigo Marcelo França, Presidente da Federação Baiana de Judô.
Vi o Gonzaga logo na chegada. Ele também estava aqui presente. Deve ter saído neste momento para atender ao telefone.
Cumprimento também quem está em casa, como o meu amigão Baby. Nós regulamos a altura. (Risos.)
Regulamos hoje o peso também. Baby é um amigão.
Saúdo ainda o Ney de Lucca. É uma satisfação também estar contigo.
Vejo que está aqui o meu amigão Daniel Dell'Aquila.
O Rafael Azevedo também está presente? Ajude-me, Luiz!
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Está presente o Rafael Azevedo, representando o Bruno, Secretário Nacional do Esporte.
O SR. JOÃO DERLY - Ótimo. Saúdo todos que hoje participam da nossa audiência.
Houve um manifesto, há um tempo, de alguns ex-atletas que tentava apontar alguns pontos para melhorar o nosso esporte, o judô, nacional e internacionalmente.
Primeiramente, vou falar sobre algumas coisas que eu acho muito importantes, para tentar trazer novamente essa massificação do judô, pois é um esporte eleito pela UNESCO como o mais completo na formação das nossas crianças e jovens. Por isso, ele tem que estar muito vinculado à educação. É de suma importância que haja mais escolas com a prática do judô no currículo escolar. Alguns países têm o judô no currículo escolar. Com a massificação desse esporte, acabam-se destacando talentos, mas é importante visar a formação.
10:40
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O judô agrega muito na formação, lidando com os valores, principalmente no desenvolvimento motor — lateralidade, motricidade fina. Refiro-me a tudo o que o judô acaba dando em termos de formação do corpo, principalmente, no desenvolvimento das nossas crianças. Tenho dois filhos: a Isabela e o Benício. Observo que, com a pandemia, houve um período em que eles não tinham como praticar um esporte orientado. Eles estavam com dificuldade. Hoje a Isabela tem dificuldade de correr. Ela não desenvolve bem a dinâmica do movimento da corrida. Então, vejam quanto prejuízo isso pode causar.
Se há o benefício do acesso ao esporte, estamos criando gerações bem desenvolvidas. Destaco também os aspectos de formação moral que o judô tem, como, por exemplo, a hierarquia. O mais graduado tem que exigir respeito dentro do tatame, e os menos graduados vão respeitando os mais graduados. Há respeito com o dojo, com o local de treinamento. Ninguém pisa com tênis no tatame. Enfim, são valores que damos às nossas crianças, aos nossos jovens. Damos a todos os judocas esses valores de sociedade.
Com isso, conseguimos fortalecer também o desenvolvimento para a iniciação ali, entrando no meio universitário. A grande maioria dos clubes têm parcerias com universidades e vão encaixando já os atletas. Aqueles que têm talento, que vão permanecer na competição ou vão chegar ao alto rendimento ou à Seleção Brasileira, vão ter o seu encaminhamento em diversas áreas, desde patrocínio até a própria confederação, com o suporte que tem dado. Vão encaminhá-los para a sua formação do futuro.
Este é um dos pontos até que acabamos levantando com os atletas: deveria haver um plano de transição para os nossos atletas. É muito importante conseguirmos um plano de transição, porque temos visto alguns atletas entrando em depressão, com dificuldade nessa transição. Em relação à minha saída do judô, no dia em que parei de competir, em 2012, entrei numa nova competição, que acaba sendo a política partidária. Tive praticamente uma nova competição em minha vida. Então, talvez, eu não teria sentido um pouco se trabalhássemos mais esse plano de transição.
É fundamental ainda termos as Forças Armadas absorvendo e fazendo um trabalho excelente, com os centros de treinamentos que possuem. Temos que manter e aumentar, se possível, esse trabalho.
A Seleção Brasileira deveria casar melhor com os clubes, pois hoje os atletas vivem dentro dos clubes, passam a maior parte do tempo lá. Essa relação com os clubes é fundamental. Hoje o técnico da Seleção Brasileira masculina é o Sensei Kiko, que foi meu sensei. Ele tem 11 medalhas em mundiais e 6 medalhas olímpicas. Com a relação que cria com os atletas dentro do clube, ele conseguiria casar melhor com os profissionais que hoje estão à frente da Seleção Brasileira e também da seleção de base. Isso é fundamental para conhecer melhor os atletas.
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Quando eu viajava com a Seleção, nosso técnico era o Sensei Jun Shinohara. Ele acabava fazendo esse trabalho já com o Kiko, mas porque o Kiko tinha essa iniciativa de conversar bastante com o nosso técnico da Seleção. Isso tem que estar mais fortalecido e teria que estar mais próximo ainda, para que pudéssemos acompanhar melhor nossos atletas e saber as dificuldades, como peso ou, às vezes, algumas fragilidades. O acompanhamento pode ser psicológico, nutricional. Então, é preciso estar mais próximo dos atletas. É fundamental essa relação com os clubes e a Confederação Brasileira de Judô.
A base tem feito um belo trabalho de desenvolvimento do judô, acompanhando e dando muitas oportunidades aos atletas de viajarem.
Uma coisa importante, Deputado Luiz Lima, é levarmos para as assembleias, para os Governos dos Estados e para as PGEs a questão dessa herança maldita dos bingos, que caiu sobre as federações. Um grande vetor de desenvolvimento do judô e do esporte como um todo é a federação, e hoje a grande maioria das federações tem problemas com a Receita. Fizemos um REFIS na legislatura passada, que virou o REFIS dos clubes de futebol, mas a iniciativa era para dar força novamente às confederações e às federações, com o REFIS Nacional.
Temos que trabalhar esse ponto. Tive a oportunidade de ser Secretário do Esporte e Lazer do Estado do Rio Grande do Sul. Chamei a PGE para acharmos todas as federações que tinham problemas. Era uma infinidade, por causa dessa herança maldita da Lei Pelé. Algumas federações, como a do ciclismo, a do judô — as outras me fugiram da cabeça, mas eram em torno de seis federações —, conseguiram resolver a dívida através desse trabalho forte com a PGE. Então, nós temos que envolver os entes políticos, por exemplo, via assembleia, vindo do Executivo um REFIS que possa dar nova vida às federações e ser o grande fomentador do nosso judô dentro dos Estados.
Pela massificação, para a abertura de competições, falamos de compliance, falamos de transparência. Hoje é fundamental termos esse olhar para conseguirmos sanar essa dificuldade, que acaba não dando muita transparência. Como as contas das federações estão, em sua grande maioria, bloqueadas, devemos fazer esse papel e esse trabalho em conjunto.
É importante também trabalharmos uma conferência nacional para debater e unificar as ações futuras e do passado também. Sempre quando há uma unificação como uma audiência como esta, é importante podermos ouvir os pontos de vista, saber as ações que acontecem. Muitas vezes achamos que ninguém está fazendo nada, não é, mas aí vemos que há várias ações pontuais e que devemos agregar, para que possamos contar com todo mundo para um fim melhor.
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Temos que implementar a padronização metodológica para o desenvolvimento do judô no Brasil, visando uma maior massificação da prática do esporte e captação de talentos. É muito importante conseguirmos dar uma padronização de metodologia de ensino, principalmente na iniciação, para termos uma base já bem voltada para o desenvolvimento do judô e sabermos o que está sendo ensinado lá no Norte e no Sul do País. Então, é muito importante tentarmos implementar essa padronização metodológica e a Escola Nacional de Treinadores, para também, ao mesmo tempo, conseguirmos desenvolver treinadores lidando já nessa transição de rendimento e alto rendimento.
Era isso. Obrigado pela oportunidade. Estou aberto para continuarmos o debate, senão vou falar demais, e não vai ter tempo para todo mundo falar.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Muito obrigado, João. Se a sua preocupação é com a massificação do esporte e a possibilidade que temos — o Presidente Sílvio também tocou neste ponto —, o judô é um esporte que tem facilidade no sentido de implantação em colégios, em pequenos locais. É claro que o mais importante é o bom profissional envolvido, assim como em todo esporte, mas o judô, por si só, é um esporte que usa o nosso corpo e exclusivamente o nosso corpo para o desenvolvimento físico, sem ter praticamente nenhum implemento na luta, não é, Marcelo?
Muito obrigado pela sua presença.
Agora eu olhei para você, Marcelo, e pensei que você era o Rafael. (Risos.)
O Marcelo Ornelas é o Presidente da Federação Baiana de Judô.
Não, não é você agora, Marcelo, desculpe-me, é o Rafael, a não ser que o Rafael não esteja aqui. Eu estou seguindo a ordem. Ele está? Marcelo, você vai falar, está bem?
O SR. MARCELO ORNELAS DA CRUZ FRANÇA MOREIRA - Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - O Rafael está ali. Ele é judoca, está em fase de consagração, de conquistar a faixa preta.
Rafael, muito obrigado pela sua presença, representando a Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento, da Secretaria Especial do Esporte.
Rafael, por favor, a palavra é sua por 10 minutos. Nós não estamos tocando a sirene aqui, porque ela está com defeito aqui na Sala das Comissões 6.
O Presidente falou por 22 minutos, o João falou por 15 minutos, mas foi ótimo. Vamos ficar atentos aos 10 minutos, porque oito pessoas aqui ainda irão participar.
Rafael, fique à vontade para citar as ações da Secretaria Nacional de Alto Rendimento de Esporte, por favor. Muito obrigado, Rafael, pela presença.
O SR. RAFAEL SILVA - Obrigado, Deputado. Inicialmente, em nome do Secretário Especial do Esporte Marcelo Reis e do Secretário Nacional Bruno Souza, gostaria de cumprimentar todos os presentes e toda a Mesa. Cumprimento V.Exa., Deputado Luiz Lima, com quem eu tive o prazer de trabalhar na Secretaria de Autoatendimento.
É um orgulho, mais uma vez, estarmos aqui presentes para discutir o esporte olímpico. Oportunidades como esta são essenciais para promovermos e analisarmos os caminhos e possibilidades de consolidarmos o Brasil como uma potência esportiva mundialmente reconhecida. Pessoalmente, como já informado, como eu sou um adepto do caminho da suavidade e particularmente tenho o judô como uma filosofia de vida muito mais do que o esporte. Neste ano em que eu estou em busca de conquistar minha faixa preta, é um prazer muito grande estar aqui presente, falando das nossas ações da Secretaria em prol do esporte brasileiro, principalmente da modalidade de judô.
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A Secretaria do Esporte vem trabalhando arduamente, ao longo desses anos, na busca de promover políticas públicas e programas de Estado que possam propiciar melhores condições aos atletas brasileiros. Nesse sentido, eu não posso deixar de mencionar o programa Bolsa Atleta que, como todos já sabem, é um dos maiores programas de patrocínio individual ao atleta. Desde a sua criação no ano de 2005 até o ano de 2022, já foram investidos pela Secretaria do Esporte o valor total de 56.359.320 reais. Nesse período, já foram beneficiados 1.544 atletas do judô, com 3.468 bolsas, distribuídas em todas as seis categorias do programa.
Mais especificamente em relação ao ciclo olímpico de Tóquio 2020, beneficiamos 640 atletas da modalidade ou o total de 1.062 bolsas, e isso totaliza o investimento geral de aproximadamente 17 milhões de reais. Temos orgulho de falar que, no ciclo olímpico Tóquio e nas Olimpíadas de Tóquio, todas as medalhas conquistadas tiveram a marca do Governo Federal. Foram conquistadas por atletas que participaram do programa Bolsa Atleta. Vemos que o Bolsa Atleta é um fator primordial para o desenvolvimento dos atletas da modalidade e do cenário mundial.
Falando mais especificamente em relação às nossas parcerias, a Secretaria vem desenvolvendo diversas ações com diversas entidades para promover vários eventos e propiciar a preparação dos atletas. Atualmente, vale mencionar que temos três projetos em vigência voltados justamente à realização de competições, de eventos e mais precisamente alguns para preparação de atletas. E somente desses três projetos vigentes, nós temos aplicado um valor de aproximadamente quase 2 milhões de reais.
Então, a Secretaria tem esse escopo, com esse norte, de realmente continuar promovendo o esporte brasileiro. Quer promover programas que tenham sua função de ser um programa de Estado. Independentemente de Governo, que possa propiciar que a nossa população tenha isso como uma vertente, como um símbolo. Esse é o nosso programa Bolsa Atleta. Essas são as nossas ações desenvolvidas relativamente aos projetos e programas participados.
No geral, em respeito ao tempo, eu quero só agradecer mesmo a oportunidade de estar aqui, mais uma vez, trazendo esses números relacionados ao ciclo olímpico, aos investimentos feitos pela Secretaria no programa Bolsa Atleta.
E quero dizer que primo sempre pelo debate. Ambientes como este, iniciativas como esta, Deputado Luiz Lima, são essenciais para que consigamos demonstrar e verificar quais são os obstáculos e quais são as possibilidades de oportunidades que temos para conseguir promover cada vez mais o esporte brasileiro, promover o esporte como instrumento de transformação, e o Brasil como uma potência mundial.
Muito obrigado a todos. Fico aqui à disposição. Em nome do Secretário Nacional Bruno Souza, do Secretário Marcelo Reis, coloco a Secretaria à disposição para tirar quaisquer dúvidas que tiverem.
Muito obrigado, Deputado.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Obrigado, Rafael. É uma honra ter a sua presença. Rafael, eu gostaria de fazer uma pergunta em relação ao programa Bolsa Atleta.
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No que se refere aos seus atletas de judô, hoje, no Programa Bolsa Atleta, qual é posição que posição? O senhor tem essa informação?
O SR. RAFAEL SILVA - Especificamente esta informação, neste momento, não. Do ciclo olímpico — COB 2020, do total, foram beneficiados 640 atletas, um total de 17 milhões investidos. Levantarei essa informação e, ao final, trarei o dado preciso.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Está ótimo. Muito obrigado, Rafael, por sua participação.
Gostaria de convidar agora o Cel. do Exército Brasileiro Luiz Fernando Toledo Leal, Coordenador da Comissão Desportiva Militar do Brasil. O senhor dispõe de 10 minutos. Muito obrigado por sua presença.
O SR. LUIZ FERNANDO TOLEDO LEAL - Sr. Deputado Luiz Lima, em nome do qual eu cumprimento as demais autoridades presentes e convidados. É um grande prazer estar aqui, representando o Departamento de Desporto Militar, em nome do Vice-Almirante Rossato. Desde já, agradeço o convite para participar desta reunião.
Gostaria de projetar minha apresentação.
(Segue-se exibição de imagens.)
Eu gostaria de apresentar, inicialmente, o nosso Programa de Atletas de Alto Rendimento, que é o carro chefe da CDMB, para que possamos partir, então, às especificações relativas ao judô.
O Programa de Atletas de Alto Rendimento foi uma iniciativa do Ministério da Defesa e do então Ministério do Esporte — hoje Ministério da Cidadania — de forma a incorporar nas fileiras das três forças, Exército, Marinha e Aeronáutica, atletas de alto rendimento de diversas modalidades.
Nós temos, hoje, mais de 30 modalidades atendidas pelo Programa de Atletas de Alto Rendimento — PAAR. Atualmente, nós estamos com 485 atletas nessas mais de 30 modalidades. Dessas modalidades, 44 são de judô, praticamente 10% do efetivo do PAAR. É uma modalidade que, como já foi bem falado, traz uma representatividade nacional com resultados excelentes, tanto nos Jogos Mundiais Militares quanto nos Jogos Olímpicos.
Como esses atletas entram para as três Forças? É um alistamento voluntário. Existe um processo de seleção baseado em mérito esportivo, tanto nacional quanto internacional, com permanência máxima de 8 anos. Ao contrário da fala do Presidente da CBJ, a longevidade do atleta na Seleção Brasileira é um pouco mais prolongada. Infelizmente, nós temos que encerrar a carreira do militar atleta após 8 anos. Mostrarei alguns números expressam isso nos próprios últimos jogos, realizados em Tóquio.
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O que nossos atletas, de forma geral, incluindo o nosso pessoal do judô, têm como apoio das três Forças Armadas? Nos locais de treinamento, materiais e recursos humanos qualificados, a própria participação em competições de alto rendimento. No tocante à saúde, nossos sistemas de saúde estão 100% disponíveis para todos esses atletas. Ressalto que eles são atletas no mundo civil e são militares. Então, eles têm todos os direitos e deveres do militar da ativa. Ne na parte financeira, obviamente, a remuneração, e fazem jus a 13º salário, a férias e a todos os benefícios que a lei prevê.
Em termos de instalação, muitos dos nossos atletas já utilizam as nossas instalações. O nosso pessoal do judô já utilizou bastante tanto as instalações do CEFAN — Centro de Educação Física Almirante Alexandrino, do Centro de Capacitação Física do Exército, na Urca, e da Universidade da Força Aérea, no Campo dos Afonsos. São instalações antigas, porém com instalações esportivas reformadas para os Jogos Olímpicos de 2016 e os Jogos Pan-Americanos de 2007.
Nós temos condições de bem atender os nossos atletas. No caso do judô, nós oferecemos as instalações. O corpo técnico fica sempre a cargo da Confederação Brasileira. Essa é uma parceria de longa data muito boa que nós mantemos, mesmo antes da criação do nosso programa, em 2008.
Sobre as principais competições que apresento a V.Exas., temos os Jogos Mundiais Militares — cito aqui os que ocorreram após a implantação do PAAR, Rio 2011, Coreia 2015 e Wuhan 2019 —, e os Jogos Olímpicos também, em 2012, em 2016 e, por último, em Tóquio, em que contamos com a participação dos nossos atletas olímpicos já incorporados às Forças Armadas.
Aqui mostro o resultado da importância que damos ao PAAR. Este é um primeiro quadro de medalhas dos Jogos Mundiais Militares que nós conquistamos. Participamos de todas as edições. O Programa, como bem disse o nosso amigo João Derly, foi resultado da importação de metodologia aplicada por outros países pertencentes ao Conselho Internacional do Esporte Militar — CISM, que incorporam, em suas forças, atletas de alto rendimento. Nota-se que tivemos uma melhora considerável no nosso quadro de medalhas, saindo da 33ª posição, nos quartos jogos, para a primeira posição nos jogos de 2011, no Rio de Janeiro. E nos mantivemos no top três. O nosso objetivo é manter essa posição nas próximas edições dos Jogos Mundiais Militares. Apresento também um quadro de medalhas similar, relativo aos Jogos Olímpicos de Verão, em que a posição do Brasil mostra igualmente uma sensível melhora.
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Obviamente, nós não estamos querendo dizer que treinamos o atleta para que possa competir nos Jogos Olímpicos. Não, nós oferecemos condições, suporte, instalações, toda a rede logística para que usufrua durante o seu período de treinamento.
Nós temos um percentual considerável de militares do programa integrantes do Time Brasil — mantivemos a faixa de 31% nas duas últimas edições dos jogos, Rio 2016 e Tóquio 2020.
Como eu disse anteriormente, já chegamos a ter, na equipe de judô, 100% de atletas olímpicos oriundos do PAAR. Nos últimos jogos, nós tivemos 54% de atletas integrantes do programa. O restante eram atletas que já pertenceram ao programa e completaram o seu tempo máximo de 8 anos. Mais uma vez, isso dá força à nossa parceria entre Forças Armadas e Confederação Brasileira. Nós estamos no caminho correto. Acredito que estejamos trilhando um caminho de êxito.
Está aí o resultado dos últimos jogos. Em destaque, o Cargnin, em vermelho, como medalhista de bronze dos últimos jogos. Oito medalhas das conquistadas pelo Brasil foram de militares integrantes do programa.
Destaco particularmente a nossa parceria com a Confederação Brasileira de Judô, que vem de 2019. O nosso programa é novo, começou em 2008, com a Marinha. No ano seguinte, passou a contar com o Exército, e, a partir de 2014, também com a Força Aérea.
Nós temos participações em competições civis. Aliás, nesta apresentação aqui não há nenhuma competição militar. Desde 2019, participamos do Grand Slam de Tóquio, do Grand Slam de Moscou, do Grand Slam do Rio de Janeiro, do Grand Prix da China, de Copas do Mundo na Itália, na Espanha, de outros campeonatos mundiais, sempre com uma parceria entre a comissão técnica das Forças Armadas e da comissão técnica da CBJ, a fim de alcançar uma troca de conhecimento e de apoio, principalmente na área de estrategismo, que foi bem forte nessa época. Foi um momento de transição, em 2009 e 2010, em que houve uma mudança de metodologia no estrategismo — eu particularmente estava presente nessa transição —, e isso foi muito salutar para ambas as partes.
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Participamos também de três campeonatos mundiais mais recentes, no Cazaquistão, em 2013; no Brasil, em 2018; e na França, em 2021, ano passado. E pudemos manter nossa posição elevada no quadro de medalhas do cenário internacional militar.
Terminando a apresentação, utilizando o modelo SPLISS, com os nove pilares de alcance do sucesso no esporte internacional, eu destaquei em vermelho, para deixar claro para todos os presentes, os pontos que nós temos condições de apoiar, tanto na parte financeira... Obviamente, em relação ao suporte financeiro, nós temos a limitação da Lei Orçamentária Anual, que é a base: 100% do recurso utilizado pela CDMB são oriundos da LOA. No passado, já tivemos parcerias com a SNEAR, com repasse de recursos via TED, a fim de fomentar ainda mais o esporte militar, o esporte nacional, mas atualmente nós não temos esse repasse. Apesar disso, nós continuamos desenvolvendo nossas ações.
Podemos também fornecer as nossas instalações esportivas, os nossos três centros de treinamento das três Forças, para que a CBJ possa atuar no Rio de Janeiro. Está disponível para utilização, obviamente, com contatos prévios, agendamentos e tudo mais. Nós temos condições de acompanhar isso de perto.
A realização de competições internacionais, infelizmente, não depende de nós. O CISM tem 140 países-membros, e nem sempre há um candidato para sediar um campeonato mundial militar. No ano passado, foi na França. Para este ano e, até o momento, para 2023 também, nenhum país se candidatou para organizar o Campeonato Mundial Militar de Judô. Os Jogos Mundiais Militares seriam realizados no ano que vem, mas foram suspensos e postergados para 2027.
Também podemos atuar no campo da pesquisa científica, ajudando nossos atletas com a ciência do esporte, para melhoria de performance.
Podemos, ainda, como bem falado pelo João Derly, oferecer suporte no pós-carreira, na transição. Nós estamos finalizando, mais uma vez, um acordo de cooperação com a CBDU, de forma a oferecer a possibilidade de ingresso em universidades particulares para os nossos atletas.
Eram essas as minhas palavras.
Eu agradeço, mais uma vez, a oportunidade e me coloco à disposição para sanar quaisquer dúvidas.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Agradeço muito ao Cel. Luiz Fernando Toledo Leal, do Exército Brasileiro, Coordenador da Comissão Desportiva Militar do Brasil.
Gostaria de convidar agora o Sr. Rafael Silva, o Baby, medalhista olímpico e membro da Comissão de Atletas da Confederação Brasileira de Judô.
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Rafael, muito obrigado por sua presença.
Você esteve, se eu não me engano, nas Olimpíadas de Londres, em 2012, a melhor campanha do nosso País em termos de número de medalhas.
Forte abraço!
Rafael, você tem a palavra por 10 minutos.
O SR. RAFAEL SILVA - Bom dia.
Eu participei, sim, das Olimpíadas de Londres. Acho que foi uma das campanhas mais brilhantes do judô, assim como a das Olimpíadas do Rio de Janeiro, com três medalhas, uma de ouro, da Rafa. A Sarah também conquistou medalha de ouro em 2012.
Para mim, é um prazer participar desta audiência, para conversar, debater, falar da modalidade que eu amo, o judô, bastante importante no desporto nacional.
Quero saudar o João Derly, companheiro de várias batalhas dentro e fora do tatame, o Deputado Luiz Lima, o Cel. Toledo Leal, com quem eu tive a honra de estar junto no programa militar do Exército Brasileiro. Nas duas Olimpíadas em que fui medalhista, eu participava desse programa. Eu sei que faz bastante diferença para nós atletas esse suporte financeiro e essa estrutura.
Saúdo o Rafael Azevedo, representante da Secretaria Especial do Esporte, que leva a cabo o Programa Bolsa Atleta e o Programa Bolsa Podio, que são de extrema importância para nós atletas.
Nessa jornada olímpica, eu sou ainda um atleta, mas já vislumbrando e pensando na transição da carreira. Participo da gestão, como representante da Comissão de Atletas da Confederação Brasileira de Judô e participei, como outros atletas, da formulação do regimento dessa comissão.
Estamos sempre em busca da melhoria do nosso esporte, pensando em todas as frentes, não só no esporte de alto rendimento. Sabemos que o judô é bastante importante também na escola, como um esporte de formação. O judô hoje é muito grande, é bastante vivo e está em várias frentes de uma maneira muito dinâmica. Por exemplo, no próximo fim de semana, teremos uma etapa do campeonato brasileiro, que será realizada em Rondônia. Ao mesmo tempo, a confederação tem que planejar as próximas viagens internacionais, em preparação para o campeonato mundial, que vai ser realizado em outubro, no Uzbequistão. Eu acho que é um grande desafio organizar tudo e ter uma diretriz central para que tudo isso aconteça de maneira bem fluída.
Voltando um pouco ao que o João Derly falou no começo, eu acho que judô — e o esporte, de maneira geral — é de extrema importância. Temos que encontrar maneiras de aumentar o número de pessoas que praticam esporte no País. Eu acho que hoje estamos perdendo uma fatia muito grande da população para os eSports. Há esse viés da tecnologia e de tudo o que vem com isso, que faz com que as crianças deixem de praticar esporte. Então, temos que procurar maneiras de, cada vez mais, aumentar o número de praticantes de atividade física, de praticantes de esporte. Eu acho que isso está muito relacionado à educação. Se tivermos a prática do judô dentro das escolas, vamos conseguir massificar a prática esportiva.
Eu acredito muito que o esporte não deve ser encarado como um hobby, um adendo, um apêndice, uma coisa a mais. Para mim, o esporte é essencial. E é crucial que sejam ensinados valores por meio da prática esportiva. O esporte é um grande atalho para aprender muita coisa: aprender a ganhar e a perder, aprender que as coisas não são do jeito que se quer, aprender o companheirismo, aprender a trabalhar em equipe. O esporte é muito inclusivo e coloca todo mundo no mesmo sarrafo: mistura o pobre e o rico, quem tem e quem não tem dinheiro, o baixo e o alto, o gordo e o magro.
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Eu sou muito feliz por ter encontrado o judô para desenvolver isso dentro de mim. Com certeza, o judô me transformou e fez eu ser quem sou hoje. Nós, como players, como principais fomentadores do esporte dentro do Brasil, temos a responsabilidade de cada vez mais massificar e criar esse ambiente propício para que a criança tenha, dentro de sua cultura, ao longo da vida, o esporte como fundamental na sua formação.
Observando os exemplos de outros países, como Japão e Estados Unidos, vemos que o esporte está muito enraizado em sua cultura e que eles usam essa ferramenta para se melhorar como nação, como sociedade. Eu acredito muito nisso.
Saindo um pouco da casinha do atleta, indo para a nossa organização como comissão de atletas e como futuros gestores, entendemos que o Brasil passou por uma boa fase que foi extensa, pensando nas Olimpíadas de 2012 e nas de 2016, em casa, com diversos investimentos, com empresas apostando fortemente no retorno que isso proporcionaria à mídia. Tivemos também a Copa do Mundo de Futebol, que atraiu dinheiro e olhares para o esporte. Agora, pensando em 2020 e em 2024, em Paris, eu acredito que esse investimento teve uma queda muito brusca, o que é bastante difícil para nós que somos do esporte. Mesmo com os investimentos incentivados das empresas, com os investimentos diretos para o judô, com os patrocínios diretos para os atletas, houve uma queda significativa, o que afeta diretamente a preparação e a base da pirâmide, em que o atleta está começando e tem que haver aquela ajuda do "paitrocínio" ou das academias pequenas, que têm essa preocupação real de como o atleta vai seguir com seu sonho esportivo.
Precisamos entender a melhor maneira de conseguir esses grandes investidores, fazê-los acreditar realmente no esporte. Eu acho que a massificação é a grande resposta, porque, se uma empresa sabe que uma modalidade está presente em várias escolas, em várias famílias, com certeza, vai entender isso como uma forma de exposição da marca, de ter um ganha-ganha — não só apoiar uma modalidade que precisa, apoiar valores, apoiar o esporte, mas também crescer.
Essa é a minha visão de como estamos atualmente no cenário esportivo, no cenário do judô.
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Para mim, temos que nos preocupar em trazer mais praticantes e realmente massificar o judô escolar. Eu acho que a CBJ está fazendo um excelente trabalho com uma nova metodologia em que ela cria diretrizes e uma padronização para que o professor lá de Rondônia, do Acre, o que está distante dos grandes centros, consiga vislumbrar como o judô nacional é trabalhado e consiga ter acesso às informações, às coisas que estão acontecendo. Existe essa metodologia hoje em dia. Eu acho que a próxima etapa é essa questão voltada para o lado educacional, para o lado do judô dentro da escola.
Eu não vou me estender muito mais. Se alguém tiver alguma pergunta, ficarei muito grato e a responderei. Para mim, é uma grande honra e um grande privilégio poder participar desta audiência com vocês. E estou à disposição para ajudar todos a remarem para o mesmo lado e irem à busca de melhorias para o esporte.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Muito obrigado, Rafael, pela sua participação.
Rafael, Baby, você continua atuando como atleta?
O SR. RAFAEL SILVA - Sim, eu estou aqui no clube, nesse ambiente...
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Você continua no Pinheiros?
O SR. RAFAEL SILVA - Isso.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Que bom!
O SR. RAFAEL SILVA - Acabei de treinar. Não tive tempo de ir para casa e fiz a participação daqui mesmo.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Muito bom. Obrigado. Então, você tem ainda como meta participar dos Jogos Olímpicos de Paris, não é, Rafael?
O SR. RAFAEL SILVA - Sim, estou treinando bastante para isso, competindo e, ao mesmo tempo, estou nessa transição, tentando ajudar o esporte, para que desenvolvamos ainda mais o judô e o esporte nacional.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Rafael, e o histórico de medalha olímpica? Você está com 35 anos. Obviamente já houve medalhista olímpico nessa faixa etária, já não houve?
O SR. RAFAEL SILVA - Já. Eu acho que a porcentagem é mais difícil quando se está nessa idade.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Sim.
O SR. RAFAEL SILVA - Mas estou encarando como um grande desafio conseguir conciliar isso, ter esse grande equilíbrio, saber de qual competição participar, saber a melhor maneira de treinar e como desenvolver um planejamento regrado para que eu consiga me manter competitivo mesmo com essa idade. É um desafio difícil. Eu acho que o senhor passou por isso, por essa transição.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Sim.
O SR. RAFAEL SILVA - Mas o desafio vale a pena. Para mim, é muito satisfatório chegar a uma competição e conseguir participar de uma final, como fiz no começo deste ano lá em Israel, ir para um mundial com reais chances de medalha. Estou trabalhando muito para ainda me manter competitivo.
Eu acho que, a partir do momento em que eu não sentir prazer em estar num ambiente competitivo, é melhor pendurar o quimono, deixar esse lado competitivo de lado, mas, é claro, continuar trabalhando com esporte.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Excelente, Rafael. Como o Presidente Sílvio Acácio falou, as carreiras estão sendo prolongadas, e isso é muito positivo porque demonstra a evolução da preparação física, dos médicos, dos ortopedistas, dos fisioterapeutas, dos nutrólogos, que estão fazendo com que o ser humano tenha qualidade de vida melhor. Isso é um grande ensaio realizado através do esporte e serve até para a autoestima das pessoas que pensam que, porque chegaram a determinada idade, não são capazes. E os atletas têm demonstrado isto, que têm um prolongamento de carreira muito mais evidenciado do que acontecia há 40 anos.
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Registro aqui que a Confederação Brasileira de Judô tem 18 atletas que votam, obedecendo-se à proporcionalidade, excedendo-se até os 33% exigidos de participação dos atletas. Então, a Confederação Brasileira de Judô tem 35,3% dos atletas que participam das eleições para a escolha do Presidente; as confederações, 52,9%; e os clubes, 11,8%, que já participam elegendo os presidentes de federação.
Muito obrigado, Rafael.
Eu gostaria de convidar agora o Sr. Ney de Lucca Mecking, Presidente da Federação Universitária do Paraná, que participará através de videoconferência.
Sr. Ney, eu já gostaria de começar fazendo uma pergunta: como está o esporte universitário e como está o judô no esporte universitário? Muito obrigado, Ney.
O SR. NEY DE LUCCA MECKING - Bom dia a todos. É um grande prazer compor esse seleto grupo de autoridades importantíssimas para o judô brasileiro, nesta audiência pública muito bem conduzida pelo Deputado Luiz Lima. Agradeço o convite para estar aqui.
Vou trazer algumas informações sobre o judô universitário, o judô como um todo, porque a nossa origem é o judô não universitário, ainda como crianças. Quero dizer que, pelas grandes estrelas que aqui comparecem, João Derly, Rafael Silva, Daniel Dell'Aquila, como atletas, o nosso Presidente Sílvio e demais autoridades, percebe-se a nítida preocupação e o comprometimento com o desenvolvimento e o crescimento do judô.
Como todos já falaram, o judô é um esporte que, desde 1984, traz medalhas ao Brasil, não apenas em Olimpíadas, mas também em inúmeros campeonatos, competições mundiais, Grand Slams, Jogos Pan-Americanos e etc., e no judô universitário também não é diferente.
Eu gostaria de fazer um breve relato sobre a estrutura organizacional do judô universitário.
O judô universitário começa na escola, que compõe a questão do esporte educacional. Como continuidade do esporte escolar, os atletas que participavam de eventos escolares vão para as universidades e continuam participando do esporte universitário.
Nós temos uma grande tradição no esporte universitário, podemos dizer, porque ele começa na escola, passa pelas universidades, depois vai para as federações universitárias, que compõem a Confederação Brasileira do Desporto Universitário, presidida hoje por Luciano Cabral, que também foi atleta de judô. Depois, temos a Confederação Sul-Americana Universitária de Desportes, a Confederação Pan-Americana e a Federação Internacional do Esporte Universitário — FISU. Dessa estrutura evidentemente participam aqueles que durante o período são universitários, porque é a condição sine qua non para que possam competir nesses eventos.
E, dizendo da tradição, em 1968 — vejam, ano de 1968, quando não se falava em apoio, em patrocínios, nessas questões todas que são imprescindíveis para o desenvolvimento do esporte como um todo — na competição em Lisboa, tivemos três atletas brasileiros medalhistas: o sensei Mateus Sugizaki, que foi medalha de ouro, campeão mundial universitário, e que, infelizmente, já faleceu; o sensei Liogi Suzuki, que está conosco aqui no Paraná ainda, graças a Deus, com 79 anos de idade agora, foi vice-campeão mundial universitário, e o sensei Haruo Nishimura, que faleceu recentemente também, foi medalha de bronze. Então, em 1968 o Brasil já conquistou três medalhas no campeonato mundial universitário.
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De lá pra cá, houve inúmeras conquistas, a exemplo do nosso amigo João Derly, que está aqui e foi medalha de bronze no mundial em Málaga, na Espanha, no ano de 2000, e depois, novamente, bronze na Universíade de Pequim, em 2001.
A universíade, que teve recentemente seu nome alterado e não é mais universíade, hoje é chamada de Jogos Mundiais Universitários, um evento semelhante a uma olimpíada. Como já disse, evidentemente, é restrito a estudantes universitários.
Desde 1968 para cá, nós temos participado de vários eventos mundiais universitários. Inclusive, em 1978, no mundial universitário, que foi no Rio de Janeiro, eu tive a grande honra de estar na equipe brasileira, e conquistamos três medalhas também: uma com o Mauro Junqueira, que foi medalha de bronze; outra com Arnaldo Menani, minha categoria — eu estava na meio-médio —, que foi medalha de bronze também; e outra com nosso amigo e grande campeão, Oswaldo Simões, que foi medalha de ouro na peso-pesado. Então, 10 anos depois das conquistas em 1968, em 1978, no Brasil, voltamos a conquistar medalhas em mundiais universitários.
Em 1982, conquistamos medalhas com Shinohara, Aurélio Miguel, e Walter Carmona, grandes nomes do judô brasileiro. Depois, em São Bernardo do Campo, quando tive a honra de ser o técnico da equipe brasileira, tivemos o João Douglas Gil como medalha de prata, o Sérgio Pessoa como medalha de bronze e o Rogério Querubim, um atleta aqui do Paraná, que foi campeão mundial universitário no peso pesado e, no dia seguinte, foi campeão mundial universitário absoluto. Foram duas grandes conquistas do esporte universitário brasileiro com o Rogério Querubim, duas vezes campeão mundial na mesma competição.
De lá para cá, sempre tivemos grandes conquistas. Eu fiz uma grande pesquisa — pretendo disponibilizar nos próximos meses a conclusão dela — das conquistas do esporte universitário como um grande trampolim, vamos dizer assim, um grande momento para a experiência e o crescimento dos atletas do judô, para a participação em campeonatos mundiais de judô e em Olimpíadas. Nós estivemos em alguns eventos e universíades como técnico também da equipe brasileira. Inúmeros atletas participaram desses eventos, a exemplo do Tiago Camilo, do Luciano Corrêa, da Vânia Ishii, da própria Ketleyn Quadros, que foi a primeira medalhista de ouro na Universíade, quando ainda se chamava dessa forma, de Kazan, em 2013, e da Rochele Nunes, que também, nessa mesma competição, foi medalha de ouro. Então, a nossa tradição é muito grande, e o fortalecimento que os atletas experimentam e a vivência que eles adquirem, em eventos mundiais e universitários, em universíades, fortalece muito a questão técnica, psicológica e física para a participação em eventos mundiais de judô e em Olimpíadas. Nós temos — eu preparei um resumo — cinco medalhas de ouro no masculino, entre mundiais universitários e universíades; duas medalhas no feminino. O nosso grande campeão Aurélio Miguel passou pelo esporte universitário com medalhas de bronze, tanto na sua categoria, como no absoluto. O Rogério Sampaio também passou pelo esporte universitário com conquista de medalhas de bronze, bem como o Carlos Honorato. São inúmeros atletas que compuseram essas delegações e trouxeram grandes conquistas para o Brasil. Medalhas de prata: temos seis no masculino e cinco no feminino. Medalhas de bronze: temo 24 no masculino e nove no feminino, além de duas conquistas de bronze nas equipes, uma no masculino e uma no feminino.
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Há que se destacar a grande importância do fortalecimento não apenas do judô universitário, mas também do judô da Confederação Brasileira, muito bem dirigido pelo nosso Presidente Sílvio nos dias atuais; dessa parceria que se criou, ainda na gestão do Prof. Paulo Wanderley, no esporte universitário — a Confederação Brasileira do Desporto Universitário com a Confederação Brasileira de Judô — para a composição das equipes brasileiras por ocasião das idas para mundiais universitários e universíades, hoje Jogos Mundiais Universitários. A partir dessa parceria, da inclusão de atletas indicados pela Confederação Brasileira de Judô e das disputas em seletivas, é que se definem as equipes brasileiras masculinas e femininas que vão para esses eventos mundiais e universitários. Nós teremos também alguns eventos pan-americanos e, certamente, teremos atletas de ponta do Brasil, pela disponibilidade da Confederação Brasileira de Judô, visando essas participações.
Isso nos deixa muito feliz, porque, vivendo o judô como vivemos, desde 1961, temos a certeza de que estaremos perseguindo a máxima deixada ao mundo pelo grande shihan Jigoro Kano, o nosso fundador do judô, que diz que é somente por meio da ajuda e dos consentimentos mútuos que entidades que reúnem indivíduos em pequenos ou grandes números poderão realizar sérios projetos e assim atingir seus objetivos. É com essa mentalidade, com esse pensamento que temos a certeza de que assim estaremos contribuindo pessoalmente para a melhoria da vida de cada um, para a melhoria da nossa comunidade, para a melhoria do nosso País e, certamente, para a melhoria da humanidade como um todo, por intermédio da prática do judô.
Agradeço mais uma vez ao Deputado Luiz Lima pelo convite. Estou à disposição para qualquer questionamento que possa surgir nos próximos momentos.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Muito obrigado, Ney. Lembro que o senhor participou dos Jogos Universitários Mundiais de 1978, não participou?
O SR. NEY DE LUCCA MECKING - Isso. Foi em 1978, no Rio de Janeiro.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Poxa! Muito bom!
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Ney, realmente o Luciano hoje, à frente da CBDU, tem feito um trabalho magnífico. A CBDU hoje é muito melhor do que era há 10 anos ou há 20 anos. Eu acredito muito na eficácia, na necessidade da formação universitária dos nossos atletas, até para contribuir com futuras políticas públicas mais eficazes, levando preparação para os nossos heróis. O João Derly citou aqui na mesa a preocupação com o pós-carreira, e você está preparando esses atletas. O judô, por ser um esporte, como eu citei aqui também no início, que requer execução até mais fácil do que uma pista de atletismo ou uma piscina, e você trazer a disciplina, o comportamento de competição e usar o esporte como pilar da educação, com o judô na universidade, na minha opinião é essencial não só para o desenvolvimento da modalidade, mas também para o desenvolvimento desses atletas como futuros profissionais, líderes nas suas profissões, também representando o judô.
Muito obrigado, Ney, pela sua participação.
Nós temos ainda mais dois convidados. O primeiro a falar será o Daniel Dell'Aquila — perdoe-me se eu citei o seu nome de forma equivocada, mas acho que é isso mesmo —, que é representante dos clubes na Confederação Brasileira de Judô.
Daniel, muito obrigado pela sua participação. Eu começo com uma pergunta e já vou provocar você, mas não se sinta pressionado, por favor: é pouca a participação dos clubes em relação à eleição, à participação na Confederação? Os clubes deveriam ter mais voz? Eu gostaria de ouvir a sua opinião.
O SR. DANIEL DELL'AQUILA - Bom dia a todos.
Agradeço o convite.
Eu vou responder essa pergunta, mas, ao ouvir os depoimentos, vou fazer um questionamento: o que inclui essa seleta mesa de professores? Na verdade, ela inclui grupos: as Forças Armadas, a Confederação Brasileira de Judô, os clubes, os políticos, pessoas bem-intencionadas que desejam ver o brilho nos olhos das pessoas, fazer o nosso esporte crescer e, com ele, trazer toda uma sociedade, um número de crianças com expectativa de prosperidade, a fim de um convívio melhor entre as pessoas. É isso que eu vejo numa reunião dessas.
Por exemplo, você vê um cara como eu: fui Presidente de um clube, o Clube Paineiras; sou médico na comunidade de São Paulo; fui da seleção por um tempo — fiquei 12 anos na Seleção Brasileira —, passei pelos mundiais. Na verdade, eu sou um judoca médico, não sou um médico judoca.
A filosofia do judô propicia aos atletas, às pessoas, uma maneira de viver, uma maneira de pensar, uma maneira de dividir, sabendo que todos nós somos passageiros, mas precisamos deixar um legado, precisamos deixar um caminho para que as pessoas consigam continuar esse caminho.
Eu queria agradecer, na presença de todos — não vou citar os nomes, porque, senão, vou tomar muito tempo —, em nome do Presidente da Confederação Brasileira de Judô, o Prof. Sílvio Acácio Borges, a presença de todas as autoridades, agradecer o convite ao Deputado Luiz Lima, agradecer ao Deputado Pablo e aos demais membros.
O Deputado me perguntou em relação à participação do clube na Confederação Brasileira. Eu sou meio suspeito de falar porque sou uma pessoa que tenho uma proximidade muito grande, por ter convivido muito tempo, com a Confederação Brasileira, com os atletas — eu acabo atendendo, eu acabo vendo, eu acabo treinando com eles, percebendo que a idade chegou, apanhado muito nos treinos agora. Isso foi uma coisa que eu vivi e continuo vivendo hoje por intermédio dos meus filhos.
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Como é essa participação? No nosso clube, quando estive na gestão, como Presidente do Clube Paineiras, tivemos um laço de proximidade muito grande com a CBC e com a CBJ. O Comitê Brasileiro de Clubes transferiu, por meio de regras de compliance — tudo muito correto, tudo muito benfeito —, verbas para o nosso clube, que nos propiciaram aparelhar melhor o clube para o esporte de alto rendimento. Ele nos propiciou trazer eventos para o clube; propiciou bancar viagem para os atletas, tudo com verba do clube. Também auxiliou, para determinadas modalidades no clube, ajudando o RH a pagar a alguns atletas e parte dos salários de alguns professores. E isso fez com que pudéssemos ter mais verba para podermos investir ainda mais.
Quando eu comecei a gestão, tínhamos em torno de 100 judocas no clube entre competitivos e não competitivos. Hoje o clube tem quase 700 atletas, se incluir tudo. Conseguimos colocar na última Olimpíada 2 atletas do clube. No masculino, tivemos 2 atletas participando. O Clube, que teoricamente não tinha tradição, passou a integrar o cenário entre as quatro ou as cinco forças de clubes nacionais.
Acho que a gestão da Confederação... Vejo hoje o Prof. Sílvio, e agora saiu o nosso Coordenador de Alto Rendimento, acho que ele foi para o COB, o Sr. Ney Wilson, que fez um excelente trabalho, jogou num outro patamar, mas continuou o processo Marcelo Theotonio, que é uma pessoa que eu vi pequeno treinando, eu vi como ele geriu as categorias de base — hoje o Prof. Sílvio fala em categorias de Transição — e a excelência com que ele geriu isso.
Isso fez com que nós da comunidade de judô, que treinamos, que vamos às academias, que às vezes participamos, víssemos com muito bons olhos. E estamos vendo o empenho do Marcelo — vou falar desse menino. Na verdade, ele está num empenho muito grande em fazer o nosso judô crescer, em fazer o nosso judô... Passamos por um momento complicado, como falou o Derly, pois tivemos perda de patrocínios, a nossa moeda foi desvalorizada. Os grandes centros de treinamento são na Europa, são na Ásia. Então, o gasto é grande, e a responsabilidade é enorme, porque, quando chega o evento, ninguém quer saber se houve ou não investimento; eles querem resultado. E o resultado é muito importante para fomentarmos ainda mais o esporte e trazermos mais crianças, para que esse ciclo virtuoso possa continuar. Nós temos essa preocupação.
De certa forma, o que eu tenho que fazer aqui no clube? O clube tem um padrão e ali há muitos empresários. E muitas pessoas que gostam do judô, que praticaram judô e hoje são empresárias, estão na sociedade em posições de comando, procuramos que essas pessoas possam abraçar a modalidade. Os seus filhos, os seus netos participam hoje do judô e acabam abraçando a modalidade e trazendo recursos para o judô. E isso acaba colaborando para todos. Então, eu acho isso bem bacana também.
Não sei se eu respondi a sua pergunta, mas acho que é isso.
Pois não, o senhor tem mais uma pergunta, Deputado Luiz?
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Daniel, muito obrigado pela sua participação.
Eu estava até aqui conversando anteriormente com o João, e nós sabemos que em São Paulo há muitos clubes de judô, assim como no Rio Grande do Sul também. Então, a minha única dúvida que fica... Eu estive com a Confederação Brasileira de Vôlei. Se eu não me engano, a Confederação Brasileira de Vôlei tem uma participação de 3% no colégio eleitoral. Sabemos que são 12 clubes na Superliga, no masculino e no feminino, e, na Confederação Brasileira de Vôlei, nós temos 3%. No judô, já temos 11%. Na Confederação Brasileira de Voleibol, nós temos 3,5% da participação dos clubes; nas federações, 63%; na Confederação Brasileira de Judô são 52%; e a participação dos clubes no colégio eleitoral é de 11,8%. Tudo bem que os clubes elegem os presidentes das federações, mas muitas federações têm pouquíssimos clubes.
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De certa forma, eu enxergo uma confederação mais ou menos como sendo o Senado, mas, como eu sou da Câmara dos Deputados, gosto muito mais da Câmara dos Deputados, porque a Câmara reflete a proporcionalidade por habitante de cada Estado; então, São Paulo tem 70 Deputados Federais e Roraima tem 8. (Risos.) Não temos esse equilíbrio nas confederações, porque, afinal de contas, as confederações são feitas de federações, mas são feitas de atletas. Por isso, eu acho a Câmara dos Deputados muito mais viva que o Senado, tanto que, quando aparece na televisão o impeachment da Dilma, é a cena da Câmara que aparece, e não a do Senado. Aqui está a representatividade do povo.
Então, opinião minha, presidindo esta sessão, eu gostaria de ver mais participação dos atletas, mais participação dos clubes e menos participação das federações, até porque as confederações, hoje, vivem muito mais de recurso público do que de recurso privado, e vem do pipoqueiro, do jardineiro, que pagam, o recurso inclusive do Bolsa Atleta de muitos atletas.
Também vou dar outra sugestão, e quando eu era secretário eu batia muito nesta tecla. Eu não gosto de ver um atleta que mora fora do País receber o Bolsa Atleta. Não gosto de ver um atleta recebendo um salário bom como Bolsa Atleta ou uma verba militar, que vem da mesma caixa, vem do pagador de imposto. Não importa se é patrocinado pelo Exército, Bolsa Atleta ou Lei de Incentivo, no final das contas vem lá do pobre trabalhador, que compra um saco de arroz e está pagando tudo isso. Então, esse atleta, na minha opinião, deveria dar uma contrapartida para o Estado brasileiro, palestrando num colégio ou retribuindo de alguma forma o valor que ele está recebendo, que é um bem público vindo do mais simples brasileiro, que paga imposto, na verdade, neste País, além do empresário, mas, de uma forma proporcional, quem paga mais é aquele que menos tem.
Por isso é que eu te fiz essa pergunta, Daniel, porque eu quero ver os clubes participando mais, os atletas participando mais.
O SR. DANIEL DELL'AQUILA - Rapidinho, vou falar em termos de clube. Geralmente, no clube, quem elege o presidente é o conselho. Seria mais ou menos essa analogia que você fez. No Clube Paineiras é diferente. Quem elege é o sócio, eleição direta. Então, eu fui eleito nessa condição. Pelo conselho, eu jamais teria sido eleito, porque não tenho perfil. Você percebeu que eu não tenho muito perfil, mas é uma história familiar — está há muito tempo lá —, e acabei sendo eleito.
Colocamos as regras de compliance, começamos a fazer, a verba começou a sobrar, começamos a fazer as coisas caminharem, o esporte cresceu. A atual gestão está ajudando, o esporte está melhorando e estamos conseguindo fazer no clube esse caminho, colocando as pessoas, porque, a grande função, para mim, de um gestor é reunir quem tem a necessidade com quem tem o poder de fazer a junção dos dois. Essa é a função nossa, a função de quem gere, seja político, seja presidente, seja qual for o cargo que tivermos. É fazer quem merece e precisa receber o que deve para conseguir que o olho brilhe e ele consiga chegar e trazer mais gente de bem atrás dele. Então é isso.
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É por isso que eu estou aqui, desmarquei o consultório e estou aqui. Por quê? Sabe qual foi a primeira preocupação que eu tive? Eu não sabia quem iria participar desta reunião. Troquei uma mensagem com o Tiago Camilo — eu operei o Tiago Camilo —, perguntado como seria. Ele falou que o pessoal é do bem. Aí, eu disse: está bom, Tiagão, vou ter que ir mesmo. Pode perguntar ao Lindberg, o Secretário, a quantidade de tempo que eu demorei a responder a ele. Foi por causa disso. Eu até desmarquei agenda, desmarquei cirurgia. Pensei: não, eu vou lá porque acho importante nós falarmos em prol do esporte, em prol do judô, em prol da coisa boa para a realização. Então, precisamos caminhar juntos e, com essa energia, cada um dando um pouquinho, nós vamos chegar lá. Eu acho que essa sinergia é muito bacana e espero que o senhor consiga, Deputado Luiz, o seu propósito, porque vejo que sua energia é muito boa também para a realização.
Agradeço o convite. Não queria me estender, porque eu vi que o seu horário está apertado. Espero poder ajudar novamente em alguma coisa.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Muito obrigado, Daniel, pela sua participação, e não fique mais com receio em participar, porque a experiência de cada um é válida. Aqui na Câmara dos Deputados, por exemplo, tem gente que pergunta se para ser Deputado é preciso ter a experiência tal. Não. Nós temos 513 Deputados. E há Deputados aqui de origem muito simples, Deputados que foram pedreiros, por exemplo, e Deputados que são médicos, cirurgiões, generais, professores acadêmicos, mas cada um tem uma maneira de enxergar o Brasil. E cada um representa milhares de pessoas. Então, aqui temos que ter pessoas muito diferentes tomando decisões para que elas tenham convergência e atinjam os 220 milhões de brasileiros. E assim deve ser nas confederações também, Daniel.
Obrigado pela sua participação. Você também tem uma energia muito boa — muito boa.
O SR. DANIEL DELL'AQUILA - Grande abraço!
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Agora, eu vou finalizar com o Sr. Marcelo Ornelas da Cruz França Moreira, Presidente da Federação Baiana de Judô e representante das federações estaduais.
Marcelo, muito obrigado.
E a Bahia? A Bahia tem boxe, o que é muito bom, não é?
O SR. MARCELO ORNELAS DA CRUZ FRANÇA MOREIRA - Sim.
Bom dia a todos.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Tem capoeira e tem judô, não é?
O SR. MARCELO ORNELAS DA CRUZ FRANÇA MOREIRA - Com certeza.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - E tem natação em águas abertas, com a Ana Marcela, com a Allan?
O SR. MARCELO ORNELAS DA CRUZ FRANÇA MOREIRA - É muito forte na natação.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - E tem futebol, não é? O último título brasileiro do Bahia foi o de 1988?
O SR. MARCELO ORNELAS DA CRUZ FRANÇA MOREIRA - O Bahia, em 1988.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Com o Bobô?
O SR. MARCELO ORNELAS DA CRUZ FRANÇA MOREIRA - Com o Bobô.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Como está o Bobô?
O SR. MARCELO ORNELAS DA CRUZ FRANÇA MOREIRA - Está lá, Deputado Estadual, tem uma função muito grande no esporte.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Ah, é? O Bobô é Deputado Estadual?
O SR. MARCELO ORNELAS DA CRUZ FRANÇA MOREIRA - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Continua magrinho, o Bobô?
O SR. MARCELO ORNELAS DA CRUZ FRANÇA MOREIRA - Está em forma. (Risos.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Marcelo, muito obrigado pela sua presença.
O SR. MARCELO ORNELAS DA CRUZ FRANÇA MOREIRA - Deputado Luiz, falar do Bobô, para mim, que sou torcedor do Internacional, então... Foi para a final...
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Judiou bastante da gente.
O SR. MARCELO ORNELAS DA CRUZ FRANÇA MOREIRA - Foi para a final.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Ah, é? Foi a final de 1988?
O SR. MARCELO ORNELAS DA CRUZ FRANÇA MOREIRA - Foi Bahia e Inter.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Foi Bahia e Inter. Desculpe, João... (Risos.)
O João está acostumado. (Risos.) Ele não pode contar piada agora de futebol porque ele é candidato. É pré-candidato, perdão — pré-candidato.
Marcelo, fique à vontade. Muito obrigado pela sua presença.
O SR. MARCELO ORNELAS DA CRUZ FRANÇA MOREIRA - Primeiro, quero cumprimentar o Deputado Luiz Lima, autor do requerimento, e parabenizá-lo por essa pauta tão importante para o judô brasileiro. Também cumprimento o nosso bicampeão mundial, o ex-Deputado João Derly. Também cumprimento o Lindberg Junior, Secretário-Executivo. E, representando todas as autoridades presentes, eu cumprimento o Presidente da Confederação Brasileira de Judô, Sílvio Acácio Borges.
Para mim, é uma honra estar presente e agradeço o convite como representante das federações que fazem parte da Rede Nacional do Esporte.
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Hoje ainda somos maioria na assembleia da Confederação Brasileira de Judô — CBJ. Mas quero deixar claro que nós entendemos a importância da participação dos clubes, dos atletas, buscando a democracia e um ambiente de harmonia, para sempre tomar a melhor decisão para o esporte brasileiro, no nosso caso o judô. Está aumentando cada vez mais a participação dos clubes e dos atletas, e eu entendo e acredito que esse é o caminho para o nosso esporte continuar crescendo.
Vou falar um pouquinho da situação das federações estaduais. A maioria delas hoje se encontra num processo de transição para uma gestão profissional. E o grande desafio é ter uma gestão profissional sem uma fonte de recursos perene. As federações realmente têm dificuldade para se manter, para conseguir chegar a uma gestão totalmente profissional. É um processo delicado. Algumas federações têm, sim, entre seus filiados, grandes clubes, com foco no alto rendimento. Mas não é o caso da maioria. Norte e Nordeste, por exemplo, não têm grandes clubes. E esse desafio do alto rendimento recai um pouco sobre nós.
No caso do judô, há um projeto, chamado Bahia Olímpica, que tem apoio do Governo Federal, por meio da Secretaria Nacional de Alto Rendimento. É uma forma de a federação dar um suporte — lá é esporte de base.
Fiquei muito feliz, João, em saber da possibilidade do aumento do percentual da Lei de Incentivo ao Esporte. A FEBAJU, no ano passado, realizou pela primeira vez um projeto com verbas dessa lei. E, neste ano, esse projeto está tendo continuidade, totalmente financiado por recursos daí aportados. Então, nós sabemos da sua importância. É uma forma de criar uma fonte de renda mais estável. Sobreviver da arrecadação de clubes e de atletas é muito complicado, muito difícil. Eu, como Presidente de federação, sempre busco uma gestão de excelência, sempre busco fazer o melhor possível. Sei, sim, que é um desafio muito complicado. E vivencio com meus colegas Presidentes essa grande luta.
Não posso deixar de parabenizar o nosso Presidente Sílvio Acácio por seu trabalho. A CBJ, sempre digo, é a nossa referência em gestão, em governança, em desempenho esportivo. E, claro, é exemplo para que as federações estaduais continuem buscando crescer, mesmo com as dificuldades, com essa missão muito delicada de gerir com pouco ou nenhum recurso.
O nosso bicampeão mundial João Derly foi Secretário de Estado do Esporte e vivenciou essa dificuldade. Temos que, no futuro, discutir e ver possibilidades para que as federações não acabem, não deixem de ter seu papel. Elas fomentam não só o alto rendimento, mas também o esporte estudantil e o esporte universitário. Suas ações são o que possibilitam a formação de um atleta de nível nacional, de nível olímpico para o futuro. O próprio João passou por isso, participou de muitas competições estaduais. Apesar de ter despontado muito cedo — lembro-me do João muito jovem já com nível de seleção brasileira —, ele sabe da importância desse conjunto formado por atletas, clubes, federações e Confederação Nacional.
No mais, quero, mais uma vez agradecer o convite para fazer parte desta Mesa tão importante e seleta.
Fico à disposição para futuras ações, sempre pensando no melhor para o esporte brasileiro e para o judô, esse esporte tão vitorioso e que, como o João falou mais cedo, forma cidadãos. É o diferencial do nosso querido e amado judô.
Muito obrigado.
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O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Eu é que agradeço, Marcelo. Tenho muitos amigos na Bahia, inclusive o Edvaldo Valério, o Bala, o primeiro nadador negro a representar o Brasil nos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000. Não satisfeito, ganhou uma medalha de bronze, fechando revezamento com Gustavo Borges, Fernando Scherer e Carlos Jaime. Foi muito bacana. Hoje ele é o responsável pela piscina olímpica no Bairro da Pituba, que ficou à beira-mar.
Marcelo, muito obrigado por sua participação. Espero que a Federação Baiana consiga filiar mais atletas e, consequentemente, tenha um grande atleta que represente o Brasil e a Bahia.
Gostaria muito de agradecer a presença de todos. Vou chamar todos os participantes para suas considerações finais. Vamos seguir a ordem e começar pelo Prof. Sílvio Acácio Borges, Presidente da Confederação Brasileira de Judô.
Presidente, muito obrigado. Parabéns pela condução da Confederação Brasileira de Judô! Espero que tenhamos sucesso em 2024. Espero também que haja mais praticantes de judô no Brasil, que a Confederação Brasileira, a exemplo do Presidente Marcelo da Federação Baiana, dirija bem as federações e estimule a boa governança das federações.
Eu gostaria de ouvir do senhor alguma sugestão em relação a esta Casa, a Câmara dos Deputados. O que podemos buscar para melhorar, como podemos contribuir com as confederações, não só a Confederação de Judô, mas todas as confederações. Gostaria de ouvir do senhor, como Presidente: o que a Secretaria Especial do Esporte pode fazer para melhorar.
Muito obrigado.
O SR. SÍLVIO ACÁCIO BORGES - Deputado, todos falaram, e falaram muito bem. A nossa modalidade tem, sim, um destaque todo especial. Ela é muito embasada na formação do indivíduo, muito embasada na educação. Nesta oportunidade, que o senhor me deixa mencionar como esta Casa pode contribuir, eu digo que ela já contribui bastante. Mas precisaríamos de mais e mais pessoas com foco real no esporte; pessoas como o senhor, que viveu o mundo do atleta, que viveu a experiência, que viveu na pele, no suor e no sangue, para olhar mais para as nossas modalidades, não propriamente a nossa, mas todas as modalidades do nosso País, os trabalhos que são benfeitos. O João — Joãozinho, para nós do judô, ex-Deputado aqui — fez um trabalho baseado na experiência que ele teve na Câmara. Quando voltou ao seu Estado e esteve à frente da Secretaria, deu uma contribuição muito grande ao esporte que ele pratica e a todo o esporte gaúcho, como ele mencionou, com a ação que ele fez junto à Procuradoria de sanar uma história mal contada lá de trás, quando o bingo era possível. Isso, em um momento, veio para ajudar e, logo depois, quase inviabilizou a maioria das federações. E não foi diferente de algumas confederações.
Espero que mais e mais pessoas se unam a esta Casa, para buscarmos, como vimos fazendo... Como atleta, João mencionou que participou de uma comissão em que eles faziam algumas reivindicações. Eles foram ouvidos. A manifestação que eles apresentaram foi lida, e ela repercutiu dentro de casa.
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Isso amadureceu as propostas e as discussões. Conversamos com muitas pessoas a partir dali. E mudanças foram feitas. Já foi observado, não é, João? Várias mudanças aconteceram a partir daquele momento. Com a nossa confederação não é diferente, ela tem essa característica de ouvir a todos. Quando nós abrimos o espaço para o atleta, quando ouvimos o Baby mencionar a participação dele e de outros atletas na construção do regimento, na participação da comissão eleitoral... O atleta, sim, é respeitado. Dentro da nossa modalidade, respeito é um dos itens fundamentais.
Ney concluiu a fala dele com o que nós no judô citamos como Jita Kyoei — quando dois ou mais indivíduos se juntam com o mesmo propósito, aí está a verdadeira meta do judô. Esse foi o legado que Jigoro Kano deixou para todos, não só para os praticantes de judô, mas para que o mundo se una e trabalhe, porque, unidos, nós somos muito mais.
Nós somos muito focados, sim, na questão da educação. Durante 4 anos do ciclo Rio/Tóquio, nós fomos muito beneficiados pelo Japão na proposta de legado olímpico deles. Eles nos trouxeram o judô nas escolas. O judô nas escolas foi um projeto que levou para Tóquio, levou para o Japão, 20 profissionais selecionados com critério em bases pedagógicas. Eles foram vivenciar a realidade do judô nas escolas do Japão e trazer para cá. Foi a partir dessa demanda que surgiu a necessidade perene de haver um segmento de educação para padronizarmos, a exemplo do que disse João na fala dele, a necessidade de que a mesma base pedagógica adotada no Maranhão seja adotada no Paraná, em Rondônia, em São Paulo, para que não fique uma coisa distinta da outra.
Estou muito honrado, Deputado, de estar aqui, de ouvir e de mencionar a parceria que temos com o Exército, um trabalho que veio lá de trás. Todos os atletas, o Baby, o João, que também passou por esse processo, são unânimes em mencionar sua importância. Tomara que o Coronel que nos ouve aqui consiga estender, em vez de oito, vendo o Baby, que ainda está no ciclo, para doze.
Obrigado, Deputado. Obrigado a todos.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Obrigado, Presidente Sílvio Acácio.
Gostaria agora de ouvir João Derly, campeão mundial de judô, Deputado integrante da Comissão do Esporte da Câmara dos Deputados entre 2015 e 2018.
João, muito obrigado por sua participação.
O SR. JOÃO DERLY - Eu é que agradeço o convite. Fiquei muito honrado de estar aqui ao lado dos meus amigos. Não citei a Alessandra, mas o faço agora. É uma satisfação estar novamente nesta Comissão.
Quero só fazer um adendo que acabei esquecendo. Nós temos que trabalhar no fortalecimento de novos patrocínios ou na retomada dos patrocínios do judô brasileiro. Nós sabemos da desvalorização da moeda, tivemos o processo de pandemia, e está cada vez mais difícil levar as nossas equipes para participarem das competições. E, com a perda de receita, isso pode refletir na preparação dos nossos atletas.
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O Deputado perguntou ao Presidente Sílvio o que poderia ser feito. Eu acho que esta Casa pode auxiliar no fortalecimento do apoio político para a Confederação Brasileira de Judô retomar os patrocínios ou buscar novos patrocínios.
Cumprimento os nossos amigos Tranquilini e Ricardo, nossas duas feras. É uma satisfação estar com vocês novamente.
Obrigado pela oportunidade. Espero que nós possamos continuar promovendo o desenvolvimento do judô brasileiro e avançando na retomada desse esporte, que é muito especial, principalmente para mim.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Obrigado, João. Foi um prazer recebê-lo aqui na Comissão do Esporte.
Gostaria de convidar o Sr. Rafael Silva para suas considerações finais.
Rafael, muito obrigado por sua presença.
O SR. RAFAEL SILVA - Deputado, muito obrigado mais uma vez pelo convite. Parabenizo-o pela iniciativa deste ciclo de debates e pela oportunidade de cada um dos representantes das modalidades fazer a discussão a respeito dos programas e demonstrar o que estamos fazendo em relação ao esporte brasileiro, individualmente para cada uma das modalidades.
É muito bom ter oportunidades como esta e a participação de grandes atores e de pessoas envolvidas e imbuídas no mesmo propósito de promover o desenvolvimento em prol do esporte brasileiro, verificar quais são as nossas dificuldades e como podemos, juntos, superá-las.
É um prazer enorme estar aqui, porque, particularmente, eu sou praticante de judô desde a infância. O judô para mim é uma filosofia de vida, o esporte em si nos traz princípios e valores essenciais. Eu acho que é fenomenal ver tantas pessoas participando desta audiência imbuídas desse mesmo sentimento. E aqui, particularmente, nós vemos a sagacidade do próprio Secretário Especial do Esporte em trazer para compor a sua equipe diversos atletas que conhecem essas dificuldades, exatamente o outro lado, não só o lado político, e vivenciaram o esporte na sua essência.
Mais uma vez, muito obrigado a todos. Agradeço ao Secretário Especial do Esporte, Marcelo Reis, e ao Secretário Nacional do Esporte, Bruno Souza.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Muito obrigado, Rafael, pela sua participação.
O SR. RAFAEL SILVA - Deputado, quero falar sobre aquela informação solicitada por V.Exa.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Por favor, Rafael. Ótimo!
O SR. RAFAEL SILVA - Em relação ao ranking, o judô, no total, está em 11º lugar, de acordo com o ciclo do edital de 2022.
Em relação às modalidades individuais de luta, ele é o primeiro. E, no que diz respeito às modalidades individuais, ele está na terceira colocação.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Eu anotei aqui. Muito obrigado, Rafael, pelas suas informações e pela sua participação.
Gostaria de convidar o Sr. Coronel do Exército Brasileiro, Luiz Fernando Toledo Leal, Coordenador da Comissão Desportiva Militar do Brasil — Marinha, Aeronáutica e Exército.
Muito obrigado, Coronel Luiz Fernando.
O SR. LUIZ FERNANDO TOLEDO LEAL - Muito obrigado, Deputado, mais uma vez.
Eu só gostaria de reforçar aqui as palavras do Presidente da CBJ com relação à importância dessas ações conjuntas, como, por exemplo, o nosso debate nesta reunião, para que possamos, juntos, discutir e encontrar melhores ações para desenvolvermos o judô nacional, principalmente voltado para o grande calcanhar de Aquiles de todas as modalidades que é o suporte financeiro, a busca de patrocínios, novas fontes de receita.
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Quero dizer também que a CDMB segue firme no propósito de manter vivo o nosso objetivo, que é desenvolver o esporte militar e o esporte nacional. Obviamente nós não conseguimos fazer sozinhos. Precisamos, mais uma vez, reforçar a ideia de ações conjuntas.
Mais uma vez, muito obrigado pela oportunidade.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Muito obrigado, Coronel Luiz Fernando Toledo Leal, pela sua participação não só em defesa do esporte militar, mas em defesa do esporte brasileiro e do judô.
Gostaria de convidar agora para as considerações finais o Sr. Rafael Silva, o Baby, medalhista olímpico em 2012 e 2016.
Muito obrigado, Baby.
O SR. RAFAEL SILVA - Quero só agradecer por poder participar disto, desta proposta de melhoria do judô brasileiro, do esporte brasileiro.
Eu tinha me esquecido de cumprimentar o sensei Presidente Sílvio Acácio Borges e também o Marcelo Ornelas, que está à frente da Federação Baiana. Com certeza, essas ações conjuntas entre federações e o desporto universitário, com o sensei Ney Mecking... Eu acho que essa junção de esforços com certeza vai fazer com que, no judô, todo mundo reme para o mesmo lado, o desenvolvimento da nossa modalidade.
Outra coisa importante que vale reforçar, junto com o que o João disse, é esse esforço para que os investimentos cheguem até a modalidade, cheguem até o judô. Eu sei que a confederação tem diversos programas de lei de incentivo ao esporte aprovados; com certeza são programas importantíssimos para as competições que nós temos pela frente, de classificação olímpica, pensando em 2024, também para a preparação olímpica, nos treinamentos internacionais.
Como o João disse, e eu reitero, a nossa moeda está desvalorizada lá fora. Então, os custos das viagens e os custos operacionais de tudo o que acontece nesse alto rendimento está bastante oneroso, e o apoio das empresas é de extrema importância para que tudo isso aconteça.
No resto, eu só tenho a agradecer. Estou à disposição para trabalhar em prol do judô brasileiro.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Rafael, muito obrigado pela sua participação. Mande um abraço para todos no Esporte Clube Pinheiros, que, certamente, é um dos clubes que mais investem no esporte no nosso País.
Gostaria de convidar agora o Sr. Ney de Lucca Mecking.
Eu pronunciei direitinho o seu último sobrenome?
O SR. NEY DE LUCCA MECKING - Sim, Mecking.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Muito obrigado, Ney, pelas suas considerações finais e pela sua participação.
O SR. NEY DE LUCCA MECKING - Quem agradece sou eu.
Quero destacar a fala de todos os amigos presentes aqui nesta audiência, lembrar o que disse o Rafael Silva, o nosso Baby, grande campeão, quando citou o Japão e os Estados Unidos nas questões de incentivo ao esporte como um todo, e dizer que o judô no Japão, de fato, é muito forte nas universidades.
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Quando nós pensamos em Tenri, em Tsukuba e em tantas outras, vemos que é lá realmente que as coisas acontecem. Então, como um sonho, talvez — não sei —, posso até dizer algo, uma ilusão: quem sabe um dia o Brasil chegará a esse ponto em que as nossas universidades tenham equipes se preparando, nas suas diversas modalidades, não apenas no judô, mas em todas elas, a exemplo dos Estados Unidos, para irmos aos mundiais e às Olimpíadas com chances reais de conquista de medalhas.
Quando o Presidente Sílvio fala no Jita Kyoei, que, traduzindo, é amizade e prosperidade mútuas, trago ainda a questão do Seiryoku Zen'yo, que é a melhor utilização das nossas energias, e também do Ki Itsu Sai, que quer dizer que tudo é unidade. Se estivermos unidos — ao contrário de ações isoladas, que são enfraquecidas —, certamente seremos mais fortes.
Então, é com esse pensamento que eu agradeço, mais uma vez, o convite para estar aqui, Deputado Luiz Lima. Fico feliz de ver aqui todos com saúde e com essa intenção real de fortalecimento, em um primeiro momento, do judô brasileiro, com toda a sua plena condição, por toda a tradição que tem, desde todas as conquistas dos nossos pioneiros, em mundiais e Olimpíadas, o sensei Ishii, em mundiais universitários, Universíadas, com a certeza de que um dia estaremos, de fato, promovendo o bem-estar da humanidade, por intermédio do nosso judô.
Meus agradecimentos a todos. Muita saúde! Espero em breve poder abraçá-los e vê-los pessoalmente.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Muito obrigado, Sr. Ney. Também espero estar com o senhor pessoalmente, se Deus quiser, para nos reunirmos e conversarmos mais sobre esporte.
Gostaria de convidar agora o Sr. Daniel Dell'Aquila, representante dos clubes na Confederação Brasileira de Judô.
Registro a presença do Presidente desta Comissão, o Deputado Federal Delegado Pablo, representando o Estado do Amazonas.
Por favor, Daniel, fique à vontade.
O SR. DANIEL DELL'AQUILA - Obrigado.
Finalizando, eu gostaria primeiro de agradecer o convite, mas faltou fazer um pequeno comentário nessa mesma linha do que disse o Prof. Ney Mecking, professor que é um exemplo de conduta no judô, e do que disseram o próprio João e o próprio Baby, de que é essa união que construímos em um momento de dificuldade que nos faz crescer e ser mais fortes.
Eu vou dar um exemplo. Eu ajudo a comandar o Instituto Kodokan do Brasil, que é ligado ao Governo japonês. Então, nós temos uma proximidade muito grande. O Instituto Kodokan foi a primeira academia de judô do Japão, e nós os representamos aqui no Brasil. Eles lançaram esse programa chamado Sport for Tomorrow, que visa promover a educação com os princípios do judô, a educação nas escolas. Essa união entre a confederação e o Kodokan do Brasil — a nossa função, na verdade, é ajudar o judô — fez com que esse projeto ficasse grandioso. A confederação desenvolveu esse trabalho e hoje está assumindo e ampliando isso para as demais federações, tentando fazer com que esse projeto progrida. Então, são ações pequenas, de poucas pessoas, que vão gerar um fruto muito grande e uma reverberação em toda uma sociedade.
Portanto, é para isso que estamos aqui, e eu agradeço muito o convite que nos foi feito. Quero agradecer a todos, quero citar o nome das pessoas, o Marcelo, o Baby, o João Derly, todos eles. Que continuem nessa luta, para conseguirmos ver o nosso esporte crescer cada vez mais.
Agradeço o convite, Deputado Luiz Lima e Deputado Delegado Pablo.
Um forte abraço! Tudo de bom!
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O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Muito obrigado, Daniel, pela sua participação, foi muito produtiva.
Gostaria agora de convidar o Sr. Marcelo Ornelas da Cruz França Moreira, Presidente da Federação Baiana de Judô, para as suas considerações finais.
Obrigado, Marcelo, pela presença.
O SR. MARCELO ORNELAS DA CRUZ FRANÇA MOREIRA - Eu é que agradeço e, mais uma vez, parabenizo o Deputado Luiz Lima, o Deputado Delegado Pablo e toda a Comissão do Esporte, e reitero a importância desse trabalho em conjunto, do Governo Federal, da CBJ, do esporte universitário e estudantil, das federações, dos clubes, dos atletas. Não há dúvida de que, trabalhando unidos, nós conseguiremos fazer o judô brasileiro evoluir e trazer, consequentemente, grandes resultados para o Brasil.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Obrigado, Presidente Marcelo, pela sua participação, representando as federações estaduais do judô.
Antes de finalizar a nossa audiência pública, eu gostaria de registrar a presença da Deputada Rosinha da Adefal, do CBCP.
Obrigado, Deputada Rosinha, pela sua presença.
A SRA. ROSINHA DA ADEFAL - Deputado, deixe-me falar também dos feitos dos judocas paraolímpicos. Não podem passar em branco.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Fique à vontade, Deputada Rosinha, por favor.
A SRA. ROSINHA DA ADEFAL - Nós temos dois grandes ícones do judô, o Tenório e a Alana. Participamos das Paraolimpíadas desde 1988, com o Tenório.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Sim, desde Seul, com o Tenório, deficiente visual.
A SRA. ROSINHA DA ADEFAL - Desde a primeira edição das Paraolimpíadas, ele sempre trouxe medalhas. Nessa última, ele teve COVID às vésperas da viagem, ficou mais de uma semana na UTI, infelizmente a performance dele caiu, e ele não conseguiu voltar de Tóquio com medalha. Foi a única vez que ele não trouxe medalha. A Alana participa desde as Paraolimpíadas de 2004, em Atenas, e é também uma grande medalhista. Ao todo, os paraolímpicos já trouxeram dezoito medalhas, entre homens e mulheres.
Então, nós não podemos deixar de falar dos feitos dos paraolímpicos. É uma modalidade superimportante, é um desenvolvimento muito completo que o judô traz, principalmente para os deficientes visuais, em que a modalidade também é dividida em três classes, assim como acontece com os atletas que não têm deficiência. Mas, além da idade e do peso, há também a questão da acuidade visual. Então, a divisão das classes acontece também pela capacidade de enxergar, de enxergar menos ou não enxergar nada.
Enfim, quero parabenizar mais uma vez a iniciativa dessa discussão sobre o ciclo olímpico e deixar registrado que o Comitê Brasileiro de Clubes Paralímpicos deseja que algum dia possamos discutir também o ciclo paraolímpico, se ainda conseguir encaixar em sua agenda.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Com certeza.
A SRA. ROSINHA DA ADEFAL - Acho que é importante trazer essa discussão, os números, os resultados e como estamos nos preparando para as próximas Paraolimpíadas.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Excelente! Obrigado, Deputada Rosinha.
A SRA. ROSINHA DA ADEFAL - Muito obrigada e mais uma vez parabéns pela iniciativa de discutir sobre o ciclo, de realizar as audiências. Agradeço a todos os presentes, que trouxeram grandes informações e grande contribuição para o judô olímpico.
Obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Eu é que agradeço, Deputada Rosinha.
A SRA. ROSINHA DA ADEFAL - E deixo um abraço do nosso Presidente João Batista — toda vez eu me esqueço de registrar. Estou igual àqueles fãs, "um abraço pro meu pai, pra minha mãe". Mas deixo um abraço do nosso Presidente João Batista, que em breve estará aqui para cumprimentá-lo pessoalmente.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Obrigado.
A SRA. ROSINHA DA ADEFAL - Só mais uma coisa...
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Por favor, Deputada Rosinha.
A SRA. ROSINHA DA ADEFAL - Quero registrar nossos parabéns ao Deputado.
12:20
RF
A Lei de Incentivo foi aprovada hoje na Comissão de Educação do Senado. Nós também estamos acompanhando. Nós sabemos quão imprescindível é para o esporte como um todo nós conseguirmos esta aprovação a tempo, antes do fim do ano. Vamos conseguir! Mas a iniciativa foi mais que importante: ela vai garantir que o esporte continue crescendo, não só o esporte de alto rendimento, mas também o esporte que promove a inclusão. Ambos são muito importantes. O recurso que vem através da Lei de Incentivo é realmente o grande impulso para trabalharmos o social através do esporte.
Parabéns, mais uma vez, Deputado!
Muito obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Obrigado, Deputada Rosinha, que representa não só Alagoas, mas também todo o nosso País, sempre presente nesta Câmara dos Deputados.
Eu gostaria de registrar a presença de Ricardo Vidal, da Confederação Brasileira de Atletismo — CBAt, sempre presente conosco.
Passo a palavra ao Sr. Ricardo Vidal de Oliveira. Fique à vontade!
O SR. RICARDO VIDAL DE OLIVEIRA - Deputado, bom dia. Bom dia a todos.
Queria me solidarizar com a Deputada Rosinha. Gostaria de agradecer por ter uma foto emblemática, de 2015, da iniciativa do Deputado João Derly e, depois, com a sua condução, Deputado, do PL 130, que agora é o PL 940, que foi aprovado agora pela manhã na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado. Esse projeto vai dar uma garantia muito boa para todo o segmento esportivo, por mais 5 anos desta lei que é uma fonte de financiamento de uma política pública fantástica.
Parabéns!
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Obrigado, Ricardo, pela participação. Mande um abraço para o Wlamir, Presidente da CBAt.
Antes de terminar esta reunião, eu gostaria de registrar a presença de José Mário Tranquillini, atleta olímpico em Barcelona, em 1992. Você é que vai encerrar hoje esta audiência pública! É por sua conta! Você, nascido em Brasília, em 1962, tem quase a idade de Brasília.
O SR. JOSÉ MÁRIO TRANQUILLINI - Deputados, eu sou fã de V.Exas., primeiramente.
Eu estava com um problema. Estou fazendo um TCC da faculdade. Estou me formando em direito. Quero mandar um abraço especial ao João Derly, que esteve comigo em várias competições; ao Lindberg, reconhecidamente nosso líder; ao Ricardo, nosso Presidente, que tanto ajuda nossa confederação; ao Sílvio, nosso Presidente da Confederação de Judô; e ao Gonzaga, que está ali — ele que me bateu muito quando eu era pequeno; se eu pudesse descontar... Gostaria de lembrar à Deputada Rosinha que talvez eles tragam mais medalhas do que nós, Derly, Tenório. Nós temos que correr muito atrás!
O Ricardo dividia a marmita comigo no CEF. Eu sou nascido em Brasília pelas mãos do médico Dr. Nardelli. Tenho a honra de ter participado desses projetos sociais, de ser fruto deste projeto social aqui em Brasília. É muito bom estarmos reunidos aqui para debater sobre o esporte que mudou tanto a minha vida, como a vida de mais ou menos 20 mil que passaram no meu projeto social.
Podem contar comigo, representante do Exército. Eu acho que eu já era general. Eu passei no concurso e optei por outra coisa. Mas ajudou muito e ajuda muito nosso desporto, com infraestrutura. Nós treinamos muito no quartel militar da Urca e tivemos todo o apoio.
Obrigado, Deputado Luiz Lima.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Eu é que agradeço.
O SR. JOSÉ MÁRIO TRANQUILLINI - Eu me sinto honrado de estar aqui. Este é um momento histórico para mim e para meus amigos que estão sabendo que eu estou aqui.
Podem contar comigo e com a minha experiência, para melhorarmos este esporte.
12:24
RF
Esperamos você de volta, João Derly. Você é uma grande referência!
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Eu também queria muito isso.
O SR. JOSÉ MÁRIO TRANQUILLINI - Foi uma grande honra participar desta audiência.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Eu é que lhe agradeço, Tranquillini. Eu me sinto muito honrado de estar aqui.
Eu estava conversando ontem com o João e com outros amigos que se tornaram Deputados. Eu dizia que, para mim, é uma honra ter me tornado Deputado Federal. É uma forma de representar, nesta Casa, pessoas como o Tranquillini. Embora ele seja de Brasília, ele é uma pessoa que deveria ter participado, em algum momento, da história do Congresso. Deus sempre reserva algo. É difícil, pois se trata de uma disputa pouco democrática, que envolve algumas escolhas, que envolve recursos. É preciso estar no momento certo, na hora certa.
Tranquillini, é uma honra representar o esporte, representar o Tranquillini não só de 1992, mas o Tranquillini que desenvolveu projetos à beça. Eu estou muito honrado por isso.
Seus pais trabalharam na construção de Brasília?
O SR. JOSÉ MÁRIO TRANQUILLINI - Meu pai veio para cá em 1958. Nós viemos cedo. Minha mãe passou em primeiro lugar num concurso aqui em Brasília. Apesar de ser prima do Deputado Ranieri Mazzilli, um dos Presidentes desta Casa, minha mãe tem a honra de nunca ter precisado dele. Minha mãe se orgulhava de sua meritocracia. Ela era professora, minhas irmãs são professoras, minha esposa é professora e jornalista. Aliás, minha esposa me ajudou muito no projeto. Eu sou funcionário aposentado da Polícia Federal.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Estudou em colégio público?
O SR. JOSÉ MÁRIO TRANQUILLINI - Eu estudei toda a minha vida em colégio público, numa escola de aplicação. Por ser muito grande, como o Baby, que está falando conosco, eu dava problema para a Diretora Lurdes Moura, que recomendou, em 1970, que eu entrasse para o judô, senão ela não aguentaria. (Risos.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Muito bom!
Tranquillini, repita comigo, por favor: "Nada mais havendo a tratar, agradeço a presença de todos e declaro encerrada a reunião".
O SR. JOSÉ MÁRIO TRANQUILLINI - Nada além para tratar, encerro a reunião.
Lembro que o pai do Lindberg também foi uma referência aqui em Brasília. Faço uma homenagem ao pai dele.
Obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PL - RJ) - Nada mais havendo a tratar, agradeço a presença de todos e declaro encerrada a reunião.
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