Horário | (Texto com redação final.) |
---|---|
09:02
|
A SRA. PRESIDENTE (Angela Amin. PP - SC) - Declaro aberta a presente reunião do Conselho de Estudos e Debates Estratégicos.
Eu gostaria de cumprimentar os Parlamentares, os colegas da Casa, os consultores legislativos que organizam este evento, os palestrantes, em especial, e os demais interlocutores aqui presentes.
Hoje nós realizaremos uma audiência pública na qual iremos tratar do tema Cases bem-sucedidos nos Estados quanto ao uso de tecnologias digitais de informação e comunicação na educação.
Esta audiência faz parte do estudo Tecnologias na Educação, que tem como foco identificar os pilares de uma política nacional de tecnologia na educação a partir da elaboração dos fundamentos normativos da transformação digital na educação.
A SRA. PRESIDENTE (Angela Amin. PP - SC) - Profa. Rosalina, se estiver tendo dificuldade, peço que nos comunique, que a nossa equipe técnica poderá lhe auxiliar.
|
09:06
|
(Segue-se exibição de imagens.)
Nós temos uma rede aqui no Amazonas. Eu estou representando a Secretaria Estadual e cuido de uma área que é da Secretaria Executiva de Gestão. Nós cuidamos de todas as áreas relativas à infraestrutura, à logística e à tecnologia.
Em 2020, nós nos deparamos com um cenário em que nós tínhamos na rede estadual 598 escolas, 445 mil alunos e em torno de 27 mil trabalhadores da educação, entre todos os nossos profissionais, nos 62 Municípios do Amazonas.
Nós tínhamos um cenário em que se planejava iniciar 2020, com toda a perspectiva de planos para fazer uma gestão com uso intenso de tecnologias e de outras metodologias de gestão, para obtermos bons resultados para rede. Mas, assim como todo o Brasil e todo o mundo, nós nos deparamos com a pandemia. Então, nós saímos de um ensino que se iniciou totalmente presencial e, em poucos dias, em março, foi para plenamente remoto, para o qual ninguém estava preparado. E assim ficamos de março a agosto de 2020.
Nesse cenário, no Governo do Amazonas, a Secretaria de Educação trabalhou com dois programas prioritários. O que nós tínhamos até então era uma realidade no Amazonas. Nós já tínhamos um centro de mídias estabelecido e funcionando, em função da nossa realidade amazônica de dispersão muito grande e de densidade demográfica muito baixa. Nós temos o ensino presencial mediado por tecnologia e contamos com professores generalistas nas pontas, nas salas de aula remotas, com kits tecnológicos, com mais de 2 mil salas de aula, e esse modelo funciona há 14 anos.
Por força da peculiaridade, da logística e da dificuldade de haver professores especialistas nas salas de aula muito distantes, nas comunidades muito remotas, nós já utilizávamos esse sistema. Mas, nesse sistema, o que não é considerado educação à distância, mas tem a mediação tecnológica, tem o nosso centro de mídias como um grande hub de produção e de preparação de material didático, dentro daquilo que nós estabelecemos como o nosso currículo, para uma faixa etária e para o segmento de ensino do 6º ao 9º ano e do ensino médio. Então, nós já tínhamos a expertise de trabalhar com esse tipo de realidade. Mas, dentro da pandemia, nós tivemos que nos reinventar. Em 1 semana, nós utilizamos tudo o que tínhamos em termos de tecnologia e em termos de acervo de currículo produzido e elaborado em formatos midiáticos e nós colocamos isso em um programa a que nós chamamos de Aula em Casa.
Até aí nós não tínhamos nenhuma experiência, na Secretaria Estadual, com o uso desse tipo de tecnologia para a educação infantil e dos anos iniciais, o que foi um desafio grande.
|
09:10
|
Nós fizemos uma parceria entre a Secretaria do Estado e a Secretaria Municipal de Educação de Manaus, que também tem uma rede muito significativa, com 240 mil alunos, e conseguimos arregimentar professores dos anos iniciais da Secretaria Municipal, além dos nossos professores que já trabalhavam nos ensinos fundamental e médio. Fizemos uma nova priorização curricular, focando em manter o mínimo de conteúdo a ser levado aos nossos alunos, em um mínimo de ritmo de aprendizagem para aquele momento. Era bem importante para nós que os alunos não parassem totalmente suas atividades educacionais e que os professores tivessem condições mínimas de trabalho para dar assistência aos seus alunos. Os nossos professores, como a maioria dos professores do Brasil — e, talvez, do mundo — não tinham essa preparação. O escopo do Aula em Casa acabou avançando. Hoje nós conseguimos chegar a mais de 10 milhões de alunos com o nosso acervo, com esse hub de conteúdos, que é o centro de mídias.
Nós trabalhamos as economicidades que tínhamos, graças a outros contratos que não estavam em execução naquele momento, como transporte, alimentação preparada e manutenção predial, e focamos em levar conteúdo para os nossos alunos.
Nós sabíamos que não podíamos receber os alunos nas salas de aulas conectadas via satélite que naquele momento usávamos no centro de mídias para o nosso programa regular, porque eles não podiam se aglomerar no transporte para ir até as comunidades receber o material. Então, nós utilizamos um instrumento de massa: a TV aberta. O nosso censo mostra que 98% da nossa população têm acesso à TV aberta. Nós colocamos o Aula em Casa, com os nossos conteúdos, em horários regulares para todas as séries em três canais — depois, tornaram-se quatro — da nossa TV aberta, a TV pública do Amazonas, a TV Encontro das Águas, ligada ao sistema EBS.
Em 1 semana, nós conseguimos ligar os transmissores, ativar os canais e fazer todo o movimento de reorganização pedagógica. Colocamos um plantão de professores para acolher e trabalhar com a questão do aprendizado e providenciamos um suporte para os nossos professores e também um suporte de conteúdos.
Num primeiro momento, houve grande manifestação de dois públicos diferenciados que nos permitiram perceber algumas necessidades imediatas para que o nosso material fosse mais inclusivo. Nós precisamos fazer tradução em Libras imediatamente de todo o nosso material. A partir daí, como item de série, passamos a ter um acervo todo traduzido em Libras, além de material para um público inclusivo.
|
09:14
|
Além da TV, nós também colocamos em todas as mídias, em todas as redes sociais e em um aplicativo para a nossa rede interna chamada Aula em Casa. Esses materiais também passaram a serem disponibilizados na nossa camada multiplataforma, na qual nós colocamos um material mais inclusivo para o público autista, que também se manifestou de imediato, o público da educação especial. Os nossos auxiliares de vida escolar passaram a ser assistentes das famílias, e nós precisávamos de uma mediação diferenciada, precisávamos de uma mediação dos pais e das famílias para fazerem, dentro de casa, aquele papel que o professor fazia anteriormente.
|
09:18
|
À medida que as coisas foram tendo números um pouco mais equacionados, nós começamos a olhar para um plano de retorno. Esse plano de retorno nos obrigava a ver muitas dimensões. Nós tínhamos o monitoramento contínuo de órgãos de controle, tínhamos que olhar para as escolas e pensar no retorno como um momento seguro.
Assim como todo mundo, nós fomos para o remoto, mas, em agosto de 2020, fomos para um momento híbrido, com 50% presencial, como a maioria das redes posteriormente fez.
Nós fomos a primeira rede pública a voltar com o ensino híbrido, em 50% presencial. Começamos a escalonar o que era feito. Combinamos a atividade que era feita nas escolas com os horários e o currículo que era ministrado no Aula em Casa em dias alternados nas turmas A e B.
Então, nós utilizávamos todo o hub de transmissão, que era o centro de mídias, todo o suporte pedagógico dos professores em dias alternados com as turmas, de acordo com o escalonamento.
Nós precisávamos garantir todos os protocolos de saúde naquele momento, garantir a relação com os sindicatos, com os órgãos de controle e com a Comissão de Educação.
Tanto no Ministério Público quanto na Assembleia Legislativa, que possui uma Comissão de Educação, toda essa governança foi trabalhada para que enxergássemos, em momento oportuno, que isso podia ser uma volta mínima para os nossos alunos.
Fizemos protocolos de saúde e todo o procedimento; fizemos investimentos em infraestrutura, em EPIs, em EPCs, ou seja, equipamentos de proteção individual e equipamentos de proteção coletiva.
Nós tivemos uma pesquisa toda on-line. A tecnologia teve um papel fundamental nesse momento para fazer uma pesquisa com os pais, com os profissionais de educação e com toda a comunidade sobre que tipo de retorno eles entendiam que seria minimamente seguro e aceitável naquele momento.
Nós também olhamos para uma vertente da saúde e do psicossocial dos nossos alunos e profissionais, para como receberíamos os profissionais da rede, e fizemos todos esses treinamentos remotos.
Nós também utilizamos o nosso centro de mídias nesse momento, em parceria com todas as outras secretarias e com os órgãos de saúde, para chegarmos à interiorização de processos que não poderiam chegar dentro das aldeias indígenas.
Nós tivemos que desenvolver o Programa Merenda em Casa, que precisou fazer a geolocalização de todos os nossos alunos e a atualização de todos os controles de endereçamentos. Isso tudo foi feito usando a tecnologia, a adaptação e o uso das tecnologias que nós já possuíamos dentro de outro projeto arquitetado, com objetivos específicos para aquele momento.
Nosso currículo já era um currículo com novas prioridades, e ele foi repensado de forma que pudesse utilizar as ferramentas tecnológicas. Nós tivemos que fazer a curadoria de conteúdos com os nossos professores, tivemos que fazer também o uso de autoria de alunos e professores e fazer essa interação com o nosso centro de mídias. Ele permite esse tipo de interação.
|
09:22
|
Levantamos todas as plataformas que a Secretaria possuía e as colocamos dentro de um ambiente de aprendizagem virtual para professores e alunos nesse caso. Nós precisávamos preparar os nossos professores a cada dia para que pudessem romper as barreiras que iam surgindo, porque ninguém estava preparado para isso. Os alunos, especialmente, têm maior aderência tecnológica do que os professores. Então, era muito mais complexo do ponto de vista dos professores.
O eslaide seguinte mostra o que nós preparamos. Vivemos praticamente o segundo semestre de 2020 preparando o retorno presencial em 2021. Trabalhamos com muita tecnologia também voltada para a gestão da rede. Isso incluía monitorar os índices da COVID interligados com os órgãos de saúde, monitorar todas as plataformas de controle da implementação dos protocolos biossanitários.
No momento em que os nossos alunos precisaram voltar para o ensino híbrido, tivemos que fazer uma foto de como estavam as lacunas de aprendizado para saber o quão efetivo havia sido o ensino remoto. Sabemos que o ensino remoto deixa muito a desejar, seja por falta de infraestrutura, seja por falta de acompanhamento da família, seja porque não era um modelo ideal, mas era o modelo mínimo que podia ser praticado naquele momento. Então, nós utilizamos uma avaliação de desempenho dos nossos estudantes logo na entrada. Essa avaliação mostrou o quão distante estávamos daquilo que foi planejado no currículo e o quanto nossos alunos haviam aprendido. Nós conseguimos obter, em média, um aproveitamento em torno de 40% a 45% em relação ao desempenho dos nossos alunos.
Nós fazíamos cruzamento de informações: quem era o aluno e a família que respondiam aos nossos links, que percepção ele tinha do nosso ensino que estava sendo transmitido pelos nossos conteúdos. Nós cruzávamos isso com o resultado da avaliação de desempenho dos estudantes que foi feita logo na chegada. Usamos tecnologia para processamento de cartões de modo mais rápido, usamos QR Codes e leitura automática das respostas dos nossos alunos. Com esses cruzamentos, nós olhamos para descritores, para objetos de aprendizagem, olhamos a tecnologia de modo transversal, para que pudéssemos enxergá-la como um facilitador da tomada de decisão para conduzir os nossos projetos posteriores.
Nós criamos também uma sala de situação com painéis de BI e gerenciamento, onde fazemos semanalmente todos os nossos painéis gerenciais. A partir daí, podíamos olhar como estavam os indicadores de cada área e os indicadores de cada Secretaria Executiva e, especialmente, da área pedagógica. Como poderíamos melhorar as ações? Os maiores desafios eram de interiorização de conteúdo. Havia lugares para onde levávamos material de maneira totalmente diversa, de canoa, na porta da casa, material impresso. Havia um processo contínuo de busca ativa dos nossos alunos nesse cenário. Foi um trabalho muito grande de logística para quem esteve no fronte. E nós nunca paramos.
Nós abrimos os nossos painéis de gerenciamento para todos os órgãos de controle acompanharem em tempo real.
E pensávamos que iria começar, no ano de 2021, o ensino presencial, com todo o planejamento que nós fizemos. E fomos abatidos pela segunda onda, de fevereiro a maio de 2021. Nós tínhamos uma rede com 605 escolas, 447 mil alunos e 29,3 mil trabalhadores. Nós continuávamos fazendo economicidade onde era possível. Nós continuávamos levando alimentação para os nossos alunos mais vulneráveis.
|
09:26
|
Entramos num processo agora não censitário, atendendo inclusive à educação indígena, fazendo chamada pública totalmente remota para contratar alimentação indígena para levar às próprias comunidades indígenas. Nós fomos o Estado que fez o primeiro processo de aquisição de alimentação indígena com o uso do PNAE e da agricultura familiar indígena. Nesse processo, trabalhamos com a CATRAPOA — Comissão de Alimentos Tradicionais dos Povos no Amazonas, com o Ministério Público Federal e com os produtores, para esse fomento à renda dos nossos produtores, inclusive das zonas rurais. Neste ano, nós expandimos isso, com o uso misto de tecnologia, para ribeirinhos, quilombolas e extrativistas. Com base nisso, acabamos sendo premiados com um prêmio internacional do BID para quem teve experiências diferenciadas na pandemia, com uso forte de tecnologia nessas frentes, para fazer todo o controle operacional dessa ação.
Com o Aula em Casa, neste momento, já tínhamos alguma experiência, e nós o reformulamos. Nós víamos o quanto era difícil levar conteúdos tão grandes para comunidades que tinham baixas conectividades. Nós começamos a fazer podcasts. Nós fizemos muitas parcerias. Houve um processo de interiorização grande no Estado do Amazonas, com todas as Prefeituras. A partir daí, nós já tínhamos dez estados brasileiros que faziam uso dos nossos materiais, inclusive São Paulo, que tem mais de 3,5 milhões de alunos. Só aí nós temos em torno de 10 milhões alcançados pelos nossos conteúdos. Nós fizemos também grandes parcerias com outros produtores de conteúdos para que essa curadoria aumentasse. Muita gente queria fazer acervo de conteúdo e disponibilizá-lo publicamente. Fizemos grandes cooperações técnicas durante esse período e tivemos a grata satisfação também de ser premiados como produtores dentro do Youtube, como produtores de qualidade.
Isso para nós é motivo de orgulho. Mas nós sabemos que há grandes desafios para a interiorização. Nós temos conectividade muito baixa nas regiões dos nossos Municípios mais distantes. Nós temos o Projeto Amazônia Conectada, que hoje avança, com fibras subaquáticas, dentro dos nossos rios, o que chamamos de infovias dos rios. Elas estão começando a levar Internet de fibra óptica, com a ajuda do Exército e de alguns outros parceiros, para zonas muito distantes, para Municípios como São Gabriel da Cachoeira, onde a maioria da nossa população é indígena, para lugares onde a nossa logística demora em torno de 50 dias para chegar com alimentação, com suprimentos e de outras formas. Entendemos que a tecnologia é um processo que pode nos ajudar bastante nisso.
A partir daí, de maio a agosto, voltamos, com um plano de retorno, com uma nova avaliação. Nós criamos o programa Hora de Avaliar, com vista às avaliações de larga escala, para entender o que podíamos fazer ainda em termos de diagnóstico e recuperação de aprendizagem, especificamente olhando para o SAEB e para o ENEM.
Nós criamos um programa chamado Contraturno Digital.
Como já havia o ensino híbrido novamente, nós criamos esses programas usando também a tecnologia e as deficiências apontadas nas nossas avaliações, trazendo o Contraturno Digital e o Conquistar, que já é um projeto que nós temos há mais tempo, dentro dessa nova roupagem. Nós criamos muitos pacotes off-line também e cadernos digitais com orientações e guias de estudo, para que os nossos professores pudessem usar um material um pouco mais padronizado para seguir o nosso currículo nesse sentido.
Quando iniciamos o retorno 100% presencial, em agosto deste ano — e temos perspectivas de maior adesão até dezembro —, nós criamos o Contraturno Digital, o Aula em Casa, o Hora de Avaliar. Nós olhamos para os nossos resultados, avaliamos bimestralmente os nossos alunos, usando esses recursos tecnológicos. Mesmo nos Municípios mais distantes, onde há baixa conectividade, nós fazíamos a leitura nas impressoras das nossas escolas, dos nossos cartões de resposta, para tabular resultados dentro dos nossos painéis de gerenciamento e de indicadores de resultados.
|
09:30
|
Nós também começamos a fazer, aliada a isso, toda a vacinação, com a intensificação da segunda dose. Os nossos alunos com mais de 12 anos já começaram a ser vacinados. E o retorno foi nesse sentido. Agora estamos trabalhando a terceira dose, como a maioria dos Estados do Brasil. Nós começamos em torno de 50%. Mesmo depois que nós dissemos que voltaríamos ao modo presencial, fomos surpreendidos com uma adesão muito grande, fosse em busca da alimentação escolar, fosse em busca de outras situações. Nós sabíamos que as famílias voltariam muito vulnerabilizadas depois da pandemia. Muita gente precisava do apoio da escola. E a escola se mostrou um local muito acolhedor, com uma grande adesão no retorno, o que até nos surpreendeu. Hoje nós temos em torno de 80% de adesão ao nosso retorno.
A SRA. PRESIDENTE (Angela Amin. PP - SC) - Rosalina, não quero ser impertinente, mas o tempo determinado para cada palestrante é de 15 minutos. A senhora já passou do tempo.
A SRA. PRESIDENTE (Angela Amin. PP - SC) - Obrigada.
A SRA. ROSALINA LOBO - Quando nós terminamos esse processo, fizemos um investimento em 13 projetos prioritários. Dentro disso, nós colocamos 5 projetos que têm uma vertente tecnológica grande: CEPAN Digital, de formação de professores; o Contraturno Digital, para recuperação de aprendizagem; o Fazer para Aprender e o Edutech, que trabalham as novas habilidades que nós esperamos dos nossos alunos. Esperamos um avanço forte, que pode nos levar a outro patamar, seja recuperando a aprendizagem, seja colocando tecnologia no dia a dia das nossas escolas.
|
09:34
|
A SRA. PRESIDENTE (Angela Amin. PP - SC) - Agradeço a sua contribuição, Profa. Rosalina.
A SRA. VIVIANE HOLANDA BARROS CARVALHEDO - Olá! Muito bom dia a todos. Ao saudá-la, Deputada Angela Amin, eu quero saudar todos os presentes aqui nesta sala virtual. É um prazer enorme estarmos reunidos aqui, falando de educação, que é uma área essencial. A educação não parou durante este momento tão desafiador que nós ainda estamos enfrentando. Vivemos momentos desafiadores em 2020, especialmente.
Quero aqui parabenizar a colega que me antecedeu, a Rosalina Lobo. Quero parabenizá-la por toda a plataforma de ensino e todas as estratégias e ações do Estado do Amazonas, que foram implementadas bem antes do início da pandemia. Aliás, é o Estado brasileiro que primeiro inaugurou o formato de ensino mediado por tecnologia.
Eu vou contextualizar a minha participação, tentando ser bem objetiva. Eu não preparei exatamente uma apresentação estruturada, mas vou mostrar a plataforma da estrutura do centro de mídias do Piauí, o Canal Educação, a nossa plataforma. E, a partir daí eu vou traçar o fio lógico para que possamos discorrer como foi a implementação do ensino remoto aqui, no Piauí, por ocasião da pandemia.
Bom, o Piauí é o Estado que tem um tamanho, uma região territorial, uma zona de campo muito grande. Eu acredito que seja o quarto Estado da Federação em região de campo. Então, temos um desafio muito grande para fazer chegar o ensino remoto nas regiões mais longínquas do Piauí.
E ali, em 2012, já com o modelo implementado pelo Amazonas, do Centro de Mídias de Educação do Amazonas, o Estado do Piauí lançou mão da estrutura de ensino mediado por tecnologias, estruturando 300 salas com um estúdio de transmissão aqui, ainda em 2012. Estou contextualizando para que vocês entendam.
Nós construímos esse centro de mídias para chegar aula, com um professor especializado, aos locais mais distantes. Vejam que, no País inteiro, ainda existem desafios para que a aula chegue com um professor especializado em sua área, para que os estudantes tenham a segurança e a garantia do professor, por exemplo, da área de matemática, ministrando aula de matemática. É um desafio muito grande para colocarmos o professor lotado dentro da sua área específica.
Então o Programa de Mediação Tecnológica do Piauí veio primeiro com esse momento inaugural, com esse objetivo primordial, no início. Ali, em 2016, na virada da chave, nós conseguimos ampliar o modelo. Nós saímos de 300 salas e dois estúdios de transmissão para 900 salas.
Nós conseguimos fazer a universalização, com salas de ensino mediado por tecnologia em 900 pontos espalhados no Piauí — estamos em 224 Municípios — e ampliamos a oferta de ensino também.
|
09:38
|
No ano de 2020, no dia 16 de março, devido à chegada da pandemia, tivemos a situação de calamidade decretada pelo Governo do Estado do Piauí e o fechamento das escolas. Como já tínhamos uma estrutura que saiu de dois para seis estúdios de transmissão, com uma oferta que saía com aula, com conteúdo pedagógico, respeitando matriz de referência, currículo da rede, tudo atrelado à matriz de habilidades e competências, que precisavam ser ministradas na nossa rede, e como já tínhamos essa expertise de conteúdo pedagógico, ministrado nos três turnos de ensino, de preparação para o ENEM — temos uma plataforma de preparação para o ENEM, uma frente muito forte aqui no Piauí, que se chama Pré-Enem SEDUC —, no dia 18 de março nós fizemos uma versão de toda a nossa inteligência de tecnologia, toda a nossa estrutura que estava com transmissão satelital para os kits de mediação tecnológica nas escolas, dentro das salas de aula. Nós fizemos uma versão para o formato de Youtube, para que, por meio da transmissão pela Internet, isso chegasse aos nossos estudantes que estavam de casa e aos professores também.
Naquele momento, no dia 18 de março, o Governo do Estado antecipou 15 dias de férias, e nós colocamos o nosso conteúdo para fazer um trabalho de preparação para o ENEM, para manter o engajamento dos nossos estudantes, porque o Piauí, por 4 anos consecutivos, meus caros, foi o Estado com a maior taxa de presença, ou seja, nós tivemos a menor taxa de abstenção em 4 anos consecutivos, em termos de frequência nos dois domingos de realização do ENEM. Então, no dia 18 de março, começamos a ter toda a nossa estrutura em versão e formato de Internet.
Continuamos o nosso trabalho de preparação aqui no Piauí: montamos um comitê de gerenciamento de crise, que elaborou um documento para organizar, estruturar e elaborar estratégias e diretrizes, de forma que as nossas escolas tivessem diretriz pedagógica no momento em que terminasse o período de férias antecipadas, e nós colocássemos todo o nosso conteúdo para rodar. E ainda assim orientamos as escolas a fazer os seus planos de ação atrelados ao conteúdo pedagógico centro de mídias do Estado, o Canal Educação.
Nós tínhamos a oferta de ensino médio completo, educação de jovens e adultos, cursos de preparação para o ENEM. Implementamos, a partir daí, uma formação de professores que trabalhava com as questões de avaliações externas, habilidades e competências, metodologias ativas e diferenças entre ensino mediado, educação a distância e ensino remoto, com o que os nossos professores tinham certa dificuldade.
Ali se pôde ver que a dificuldade foi imensa, quando foi implementado o ensino remoto, porque as pessoas tinham dificuldade até de entender, doutores, a diferença entre um modelo e outro. Qual é a diferença que existe entre o ensino remoto e a educação a distância?
Então, dentro do nosso centro de mídias, nós criamos uma plataforma de formação chamada Mais Aprendizagem, em que implementamos formação para os professores do Estado do Piauí e todos os professores em regime de colaboração também dos 224 Municípios do Estado. A partir desse momento em que começamos a engrossar a veia formativa para trabalhar o ensino remoto, nós também continuamos a entregar conteúdo pedagógico para ensino médio completo nos turnos manhã, tarde e noite, implementamos o ensino fundamental do 6º ao 9º ano, para apoiar as Prefeituras e a nossa camada de estudantes de oferta do ensino fundamental, além de cursos técnicos concomitantes do eixo de gestão e negócios — nós temos também essa oferta —, e passamos a continuar essa entrega.
|
09:42
|
Além disso, apoiamos as Prefeituras, fizemos um regime de colaboração com o Estado de Sergipe, que passou a utilizar o nosso conteúdo do Canal Educação, utilizamos os podcasts também, o que a minha colega que me antecedeu mencionou.
Então, aqui o Pré-ENEM SEDUC também teve uma versão no formato de pílulas para os nossos estudantes, trabalhando matriz de referência, conteúdos mínimos. Criamos uma matriz de habilidades essenciais, porque todo mundo entende que nós não conseguiríamos fazer no ensino remoto toda a matriz de competências e habilidades que precisavam ser trabalhadas ao longo de 1 ano. Mas construímos nesse comitê pedagógico e também nas áreas-meio da Secretaria de Educação uma estrutura para dizer quais são as habilidades e as competências mínimas que os nossos estudantes precisavam ter acesso, para eles continuarem naquele ano, naquela série, naquela modalidade.
A SRA. PRESIDENTE (Angela Amin. PP - SC) - Está tudo o.k.
Aqui no Piauí, nós temos uma rede com 658 escolas em sede de Municípios; entre elas, 121 Municípios só têm apenas uma escola, com oferta de ensino médio, e 171 anexos de região de campo.
Eu acho que o Piauí é o 4º Estado em regiões de campo com a maior extensão territorial, por exemplo, na região ali de Uruçuí, nós temos Municípios que distam da sede em fazendas que chegam a mais de 100 quilômetros de distância do Município-sede. Então, é um desafio muito grande conseguir chegar com professor especializado, com estudante tendo acesso ao ensino e ao professor especializado em sua área.
A mediação tecnológica veio para isso. Com o formato remoto, conseguimos engrossar, fazer uma oferta maior para ensino fundamental, para médio, como eu já falei, para educação de jovens e adultos e o ensino superior.
Nós temos aqui a Universidade Aberta do Piauí, com o curso de administração, curso de empreendedorismo em administração, bacharelado.
Já temos 183 Municípios cobertos com essa oferta. Eu acredito que o Estado do Piauí, em 2022, por conta da estrutura dos centros de mídias, com o formato de oferta de ensino mediado por tecnologia, vai ser o primeiro Estado, senhores, a ofertar ensino superior a todos os seus Municípios — são 224 Municípios —, com cobertura de 100% do Estado em ensino superior. Já universalizamos a educação básica ainda no início dos anos 2000 e, agora, em 2022, inauguramos a universalização do ensino superior no Estado inteiro, por conta da estrutura da mediação tecnológica.
|
09:46
|
Continuando o formato do ensino remoto nos anos de 2020 e 2021... Por volta do mês de agosto, nós continuamos a trabalhar apenas no ensino remoto. O Estado do Piauí adquiriu cerca de 180 mil chips de dados para estudantes e também para professores, dando a garantia da gratuidade de acesso, mas com controle de dados, ao formato das aulas pelos centros de mídias, a todo o nosso conteúdo. Implementamos na nossa plataforma de ensino, na nossa plataforma e-learning, porque ela é atrelada aos centros de mídias, todos os nossos conteúdos e as aulas, para que os nossos estudantes e professores da rede, mesmo aqueles que não têm a sala mediada, com a estrutura de mediação, pudessem fazer uso do nosso conteúdo pedagógico, dos nossos instrumentais pedagógicos e das diretrizes também.
(Segue-se exibição de imagens.)
A partir de agora, eu não vejo vocês, mas podem sinalizar se o meu tempo estiver escasso, porque professor é bicho que gosta de conversar, é gente que gosta muito de conversar. Se nos deixarem, vamos conversando e conversando, ainda mais quando o assunto é tão empolgante.
Como eu mencionei, nós atrelamos toda a estrutura do centro de mídias a orientações, a diretrizes pedagógicas que o comitê, aqui no Piauí, do órgão central, montou com diretrizes orientadas para os professores. Essas diretrizes tinham a determinação de que cada escola deveria construir seu plano de ação. Demos autonomia às escolas, para que dissessem se elas iam utilizar apenas a estrutura de aula do Canal Educação, os conteúdos e as diretrizes pedagógicas, ou se elas iam lançar mão, com seus professores, de outras estratégias, para que eles tivessem um cardápio de ensino autônomo para levar conteúdo para os seus estudantes. E aí começamos a agregar mais pastas, mais conteúdos, à medida que fomos entendendo que era essencial colocar mais versões, mais conteúdo na nossa plataforma.
Esta é a carinha da nossa plataforma. Temos todo o nosso conteúdo também em versões de podcasts, que estamos chamando de pílulas pedagógicas. Nós temos podcasts com toda a plataforma de matriz de referência mais focada no ENEM. Nós estamos nessas três plataformas digitais, com pílulas de conteúdos das quatro áreas do conhecimento que são trabalhadas no ENEM.
|
09:50
|
Estas são as abas que temos disponíveis para acesso dos nossos professores da rede e dos nossos estudantes.
É importante ressaltar que abrimos para a rede inteira esses conteúdos do Canal Educação, para além das salas que são estruturadas com o kit de mediação tecnológica. Como é que isso é feito? O nosso conteúdo está atrelado às diretrizes pedagógicas da rede, que são atreladas ao sistema acadêmico da Secretaria de Educação, e esse sistema vincula o professor ao estudante, de forma que o professor coloca no seu plano de ação as ações que ele vai implementar e as estratégias pedagógicas. Vai-se atrelar também o aspecto acadêmico, dizendo-se quem são os alunos que estão acessando as aulas e colocando-se no sistema acadêmico como estão as questões de avaliação qualitativa e de avaliação quantitativa.
A SRA. PRESIDENTE (Angela Amin. PP - SC) - Profa. Viviane, chamo sua atenção para o fato de que seu tempo já se esgotou. Peço à senhora que parta para a conclusão.
A SRA. VIVIANE HOLANDA BARROS CARVALHEDO - Desculpe-me, eu vou só terminar de apresentar aqui, tentando ser rápida. Que pena!
Nós temos a aba de informações, que contém toda a pauta formativa que nós temos aqui, os webinários. Nós construímos uma série de webinários da gestão da educação piauiense, que ainda estão acontecendo.
Este é o Mais Aprendizagem, que abrange as duas grande áreas, para trabalhar leitura e resolução de problemas, na aba de formações.
Dentro da aba Materiais Pedagógicos, nós temos os nossos planos de aulas, que são separados por modalidade de ensino e por série. Esses planos de aulas são disponíveis para todos os professores, para que tenham acesso a toda a matriz de habilidades e competências, mês a mês, com horário especial, período e o conteúdo que é trabalhado, para que eles possam ter a orientação adequada.
Na aba Acesso às Aulas, nós temos aulas acontecendo ao vivo, ou seja, no horário em que nós estamos transmitindo, a partir dos nossos estúdios. Atualmente, nós estamos com sete estúdios de transmissão funcionando manhã, tarde e noite, inclusive aos fins de semana. Temos também um estúdio móvel para levar a nossa aula do Centro de Mídias até um local onde haja a aula, até uma escola onde haja a aula, para transmitirmos a aula da escola também para todo o Estado do Piauí. Na aba Acesso às Aula, pode-se escolher a modalidade de ensino e a série.
Nós temos aqui todas as disciplinas, os horários, o dia da aula, o componente curricular, o que o professor está ministrando, o link para acesso à aula e os eslaides que o professor utilizou nela, para que tanto os professores como os estudantes tenham condição de visualizar a aula quando eles acharem que devem fazê-lo, em horário oportuno.
|
09:54
|
Além disso, nós temos uma aba de suporte. Agora que voltamos ao formato presencial, aqui no Piauí, abrimos esta aba de suporte para que as escolas que tenham qualquer problema técnico possam solicitar o apoio do suporte técnico. A nossa equipe vai até lá fazer o ajuste do kit tecnológico.
A SRA. PRESIDENTE (Angela Amin. PP - SC) - Agradecemos à Profa. Viviane o compartilhamento da sua experiência no Piauí.
A SRA. CARMEM LÚCIA PRATA - Deputada, de imediato, eu agradeço o convite a V.Exa. e também ao Deputado Da Vitoria.
Eu não trouxe uma apresentação, mas tentei elencar quatro grandes áreas de atuação da Secretaria que eu acredito que tenham tido mais impacto nesse uso da tecnologia, tanto antes da pandemia quanto no momento atual.
Eu acho importante frisar que a Secretaria, em 2016, já havia definido o modelo de uso das tecnologias nas escolas. Era importante que esse modelo dialogasse com as demais políticas educacionais da Secretaria, então não deveria ser uma ação, uma política a mais, mas algo transversal, que colaborasse com todas as políticas ligadas à aprendizagem, à gestão da educação e a todas as demais áreas.
Esse modelo de uso definiu a metodologia. Então, em 2018, ele começou com um grande seminário envolvendo as redes estadual e municipal. Aqui nós temos um programa de colaboração com os Municípios e tratamos da questão do ensino hídrico como um suporte à aprendizagem, como uma inovação metodológica, como a criação de uma cultura nas escolas. As ações eram mais voltadas a essa perspectiva.
|
09:58
|
Esse modelo de metodologia ativa de ensino livre definiu, inclusive, a arquitetura tecnológica que a Secretaria iria adquirir a partir daí. A partir desse modelo pedagógico, a Secretaria adquiriu laboratórios móveis para 194 escolas. O Espírito Santo é um Estado muito pequeno. Nós temos 429 escolas e 230 mil alunos. Dessas 429 escolas, 194, em 2018 e 2019, receberam laboratórios móveis, contendo, cada um, 40 Chromebooks. Foi um movimento que iniciou também a instalação de wi-fi nessas escolas, que dura até hoje. É uma lista crescente a do aumento da capacidade.
Também é importante frisar que, em 2016, nós já havíamos liberado o uso pedagógico de celular em sala de aula, o uso para a aprendizagem. Então, já havia um estímulo muito grande, na nossa rede, ao uso de tecnologias para a aprendizagem, para o desenvolvimento de competências digitais. E, quando surgiu a pandemia, já em abril, a Secretaria foi capaz de lançar uma portaria definindo todo o arcabouço de orientação para as escolas, uma vez que elas — não todas, mas as que tinham os laboratórios móveis — já usavam uma plataforma com salas virtuais e, portanto, já tinham essa cultura.
Então, nós começamos esse processo em abril de 2020, durante a pandemia, já com a criação de 8 mil salas virtuais. Todas as escolas tinham salas virtuais, e os alunos e o os professores tinham contas.
Fizemos uma parceria maravilhosa com o Amazonas. Utilizamos as videoaulas para veiculação em canais de TV aberta. Eu acho que essa colaboração entre Estados foi fundamental nesse período.
Também criamos um aplicativo com dados patrocinados, para que todos os alunos e professores pudessem acessar essas salas virtuais, usar ferramentas de comunicação, como o Meet, e acessar conteúdos curriculares que já estavam agrupados de acordo com o currículo definido para esse período.
Usamos também, já há anos, plataformas para o desenvolvimento de competências específicas. Uma delas fazia uso de inteligência artificial para o desenvolvimento da competência de escrita, principalmente dos alunos do ENEM. Havia plataforma específica para o desenvolvimento de protagonismo juvenil, para o apoio aos projetos de vida nas escolas.
Então, essa é uma cultura que já vinha se estabelecendo. Com a pandemia, entendemos que houve um salto. Percebemos as mazelas. A pandemia colocou em evidência essa diferença; o índice de inclusão ficou muito visível. A Secretaria investiu, então, no aporte de recurso financeiro para que, primeiro, os professores pudessem adquirir computadores. Foram atribuídos 5 mil reais a cada um dos cerca de 15 mil profissionais de educação, ao valor mensal de 70 reais durante 2 ou 3 anos — acredito que o período seja de 3 anos —, para que eles pudessem efetivar suas atividades durante este período de pandemia.
Começamos, há 2 meses ou 3 meses, a entregar 60 Chromebooks para os alunos, principalmente do ensino médio.
Iniciamos a entrega pelos alunos do 3º ano, para que eles pudessem finalizar o ano, e estamos prosseguindo na entrega até que se alcancem os alunos do 1º ano do ensino médio. Por quê? Porque, como eu falei antes, a política tem que estar integrada, articulada. Nós temos agora um novo ensino médio, as eletivas, o projeto de vida. Então, esses são equipamentos que vão apoiar os alunos em casa, para que eles sejam fortalecidos através do ensino híbrido — já temos essa base um pouco mais aprofundada, via formações de professores e tudo mais — e, além disso, possam desenvolver outras competências digitais. Portanto, esse não é um equipamento que o aluno leva para escola; é um equipamento que ele usa em casa durante o período de estudos.
|
10:02
|
Outro fato também muito interessante foi a criação da Ação Psicossocial e Orientação Interativa Escolar — APOIE, que é uma equipe de apoio socioemocional às escolas. Essa equipe não tem nada a ver com tecnologia, mas usa a tecnologia para melhorar a comunicação com as famílias, com as crianças em vulnerabilidade. Os abusos ficaram muito evidentes nesse período de aula remota.
E houve a contemplação de professores de língua portuguesa e matemática para reforço escolar. Estamos vislumbrando para 2022 esse grupo de trabalho já com ensino personalizado. Já trabalhamos com plataformas personalizadas para recuperação ou para fundamentos de estudos de língua portuguesa e matemática do ensino fundamental — anos finais — e ensino médio.
O primeiro é em relação a equipamentos. É primordial que todas as escolas sejam equipadas. Eu tenho assistido, Deputada, a todas as audiências que a senhora tem realizado, e muitos falam da falta, neste País, de uma ata de registro de preços à qual as Secretarias possam aderir. Então, seria primordial, neste momento, a existência de inúmeras atas de registro de texto, não só de equipamentos, mas de materiais pedagógicos, para que pudéssemos ganhar tempo, até porque o ano escolar é muito diferente do ano administrativo. Então, ao fim do período que a Secretaria leva para fazer uma aquisição de equipamentos, alguns alunos já saíram da rede, já concluíram seus estudos na rede e, portanto, são excluídos desse benefício.
A segunda questão é que as equipes pedagógicas, por exemplo, pela falta de conhecimento e de uso diário de tecnologia, têm muita dificuldade de esclarecer, de configurar exatamente o tipo de tecnologia de que elas necessitam. A Lúcia, do CIEB, acho que na audiência anterior, falou um pouco sobre a importância de existir um banco de ferramentas já bem catalogado, com definições claras, configurações muito bem direcionadas, para apoiar as Secretarias nas escolhas dessas ferramentas. Eu acho que, dessa forma, ganha-se tempo.
Outra questão é que apesar de existirem recursos... Eu acho que, neste momento, não há falta de recursos. É claro que eu não posso falar por todas, mas estou falando pela nossa Secretaria. As escolas têm muitos recursos para investir neste retorno às aulas. O que falta, muitas vezes, em determinadas regiões, é a oferta do serviço. Eu vou dar o exemplo do Programa de Inovação Educação Conectada — PIEC, do MEC, que envia recursos para a escola. A Secretaria também envia recursos para a escola contratar planos de Internet.
A escola recebe recursos para adquirir 100 megabits por segundo, mas, na região, no local onde ela está, só há oferta de 10 ou 5 megabits por segundo. É uma questão de malha. Temos que iluminar este País. O 5G vai resolver? Vai. Agradecemos muito a vocês por terem garantido que as escolas sejam beneficiadas pelo 5G, mas quando, de fato, esse benefício chegará à ponta? Eu já li que cada Município tem que regulamentar a questão das antenas. Então, até quando nós vamos ter que aguardar?
Há outra frente. Na nossa Secretaria — tendo ouvido as colegas, acredito que em todas —, consideramos que o uso de dados e evidências é essencial para o planejamento das políticas. Então, com as tecnologias que nós temos hoje e com as ferramentas que estão disponíveis, muitas delas públicas, das quais se pode ser usuário somente, nós conseguimos, sim, mapear todas as demandas e todas as deficiências da nossa rede. O Secretário é muito exigente até nisso. Semanalmente, há uma reunião de monitoramento em que nós analisamos dados coletados por diferentes ferramentas, diferentes BIs, que tratam da questão da aprendizagem e do fluxo dos alunos, tanto no momento remoto e no híbrido como, agora, no presencial. Já retornamos ao ensino 100% presencial.
|
10:06
|
Por exemplo, no fim do ano passado, ainda no período remoto, nós aplicamos uma avaliação diagnóstica para identificar as lacunas de aprendizagem causadas pela pandemia para, antes do retorno, já começarmos uma política de reforço escolar a ser aplicada em 2022. No início deste ano, nós já iniciamos outra avaliação diagnóstica, para poder definir melhor o currículo e as ações que devem ser implementadas, tanto em relação ao FUST... Há um programa muito forte de busca ativa. Esse trabalho de busca ativa é feito junto com todas as Prefeituras, todos os Municípios do Estado, para que não percamos esses alunos.
Outra questão são os levantamentos situacionais. Por exemplo, nós precisamos saber, a todo momento, quem ainda não tem equipamento, qual é o motivo de não estar chegando à escola, quais são as dificuldades que os professores têm. Então, essa escuta é fundamental tanto para professores quanto para alunos.
Quanto aos dados relativos às competências digitais dos professores, temos que agradecer muito ao CIEB, que criou ferramentas que têm nos ajudado muito a identificar exatamente quais são as competências digitais que os professores desenvolveram. Por exemplo, neste ano nós aplicamos a autoavaliação e já sabemos quantos professores são desenvolvidos em uma ou em outra competência dentre as 12 competências tratadas por essa ferramenta. Ela nos permite, inclusive, identificar professores que têm um alto nível de competência digital e podem ser uma referência para sua própria escola e para a rede também.
Outra ferramenta é o Guia EDUTEC, que nós estamos aplicando agora. Ele mede o nível de apropriação tecnológica da escola em quatro dimensões — a Lúcia explicou isto muito bem na audiência anterior —, que são: visão; competência dos professores; plataforma e conteúdo usados por eles; e condições de infraestrutura da escola. Esse é um dado fantástico, não só porque dá uma devolutiva para a escola, já a orientando sobre como ela pode progredir, mas também porque nos permite fazer a leitura de quais escolas precisam de investimento em infraestrutura ou em formação de professor, quais escolas precisam ter mais cultura de uso de plataformas ou entender melhor o potencial da tecnologia para melhorar seu plano de ação escolar.
|
10:10
|
E aí vem a organização desses dados. Este é um ponto de atenção para essa frente de trabalho: a dificuldade que as Secretarias têm de concatenar esses dados todos, de fazer essa mineração toda, porque se trata de ferramentas diferentes. Essa é uma grande dificuldade. Seria interessante, por exemplo, um BI que integrasse todas as ferramentas de coleta de dados. Algumas Secretarias já têm isso.
Outra frente que eu acho importante é em relação à formação dos profissionais da educação. Por que é importante fazer a escuta dos professores? Porque isso já nos permite identificar que um formato só de formação de professores não atende as necessidades desse profissional. Então, a partir dessa escuta da autoavaliação e do Guia EDUTEC, percebemos que os professores, embora aprendessem em cursos EAD e cursos presenciais, aprendiam muito mais e melhor com o colega, entre pares.
O que nós fizemos? Instituímos diversos modelos de formação. Então, a formação já não se dá mais apenas por EAD — presencialmente não se dá mais, por causa da pandemia —, mas também pela integração com comunidades de prática e aprendizagem, com webinários, com a elaboração de tutoriais. Usamos uma estratégia que faz com que o professor que entra nesses grupos de estudo como aluno se torne autor, produtor de conteúdo, formador, apoiador, fomentador da cultura. Essa foi uma ação de sucesso no Espírito Santo, talvez a de maior sucesso, porque hoje temos professores altamente engajados, conseguimos identificar quem são os professores líderes em competências digitais, criamos uma rede informal colaborativa de formação de professores. Então, nós temos professores com nível mais desenvolvido de competência digital capacitando outras escolas que não são as suas, capacitando escolas da rede municipal. Criamos realmente uma competência, pois a colaboração é uma competência. Então, essa foi muito desenvolvida.
Com isso, também conseguimos personalizar as formações. Nós fazemos a curadoria... Quando foi apresentado o Itaú Social, foram mostrados vários cursos. Temos a Fundação Telefônica. Hoje há uma oferta de formação nos IFs, nas universidades. É muito grande a oferta de cursos livres em que as Secretarias podem se apoiar para formar os seus professores. E nós fizemos isso quando aplicamos o EAD. Nós fizemos e continuamos fazendo uma curadoria de cursos, não mais uma curadoria só de cursos de conteúdos digitais para apoio curricular, para apoio ao planejamento do professor, mas uma curadoria de cursos com base nessa personalização. Então, quando percebemos que um grupo não tem muito conhecimento, por exemplo, sobre a questão da cidadania digital — nós temos a LGPD e a cidadania digital —, nós buscamos essas parcerias para fazer essa oferta aos professores. Portanto, a personalização do ensino é primordial. E esses cursos têm foco no desenvolvimento de competências, no domínio de metodologias e nas ferramentas digitais. Então, trata-se de um conjunto.
|
10:14
|
A SRA. PRESIDENTE (Angela Amin. PP - SC) - Carmem, lembro que o seu tempo já se esgotou. Peço à senhora que finalize, por favor.
A SRA. CARMEM LÚCIA PRATA - Vou só informar que, ano passado, ofertamos 50 mil vagas de professor nas redes estadual e municipal e, neste ano, 140 mil. Há 19 comunidades e 5.600 professores.
Em relação à capacitação, seria importante termos no Brasil uma rede nacional de repositórios de conteúdos digitais de acesso público ativos. Há muitos repositórios com links que não funcionam e com materiais que não são acessados. É preciso pensar numa política de implantação de REA com uso de recursos públicos e numa formação de professores mais personalizada e menos fragmentada.
Terminando, informo que a nossa outra frente é a criação do plano escolar. A Secretaria tem o seu plano de inovação, mas nós temos aqui o Plano Escolar de Inovação e Tecnologia: a partir do Guia EDUTEC, a escola recebe uma devolutiva e incorpora ações de inovação ao seu plano pedagógico. Nós começamos isso em 2019 e paramos por causa da pandemia, mas já retomamos essa ação.
A SRA. PRESIDENTE (Angela Amin. PP - SC) - Agradeço a sua contribuição, Profa. Carmem.
A SRA. SÔNIA ELIZABETH BIER - Bom dia a todos. Saudando a Deputada Angela Amin, cumprimento todos os que estão nesta audiência.
(Segue-se exibição de imagens.)
Primeiro, contextualizo: as escolas SESI de ensino médio iniciaram-se no Rio Grande do Sul em 2013 com base num planejamento de escolas voltadas para filhos de trabalhadores da indústria. São escolas de tempo integral cujos princípios estão voltados para o uso da tecnologia, para a inovação, para o empreendedorismo, para a interdisciplinaridade, para os processos de contextualização, para o protagonismo juvenil e para a responsabilidade social. Temos cinco escolas atuantes e teremos mais uma. A maioria delas se localiza na Região Metropolitana de Porto Alegre, mas uma delas fica na zona sul do Rio Grande do Sul. O currículo é composto de todas as matérias da Base Nacional Comum, mas há pesos diferentes por área: as áreas de matemática e de ciências da natureza representam 50% do que nós trabalhamos junto aos alunos; as áreas de linguagens representam 30%; e a área de ciências humanas, 20%. Atualmente, nós temos 1.150 alunos. A renda familiar deles é de 3 a 4 salários mínimos. Esses alunos estudam, em sua grande maioria, gratuitamente, porque são filhos de trabalhadores da indústria.
|
10:18
|
Quando nós construímos essas escolas, tínhamos em mente o princípio da tecnologia e entendíamos que precisávamos ampliar esse princípio em três dimensões. Na primeira, considera-se que o aprender, neste momento da sociedade, no século XXI, se dá independentemente do espaço onde as pessoas estão. Então, era necessário ter braços para que, em qualquer lugar, os nossos alunos tivessem acesso aos conhecimentos desenvolvidos na escola, por isso a necessidade de plataformas. A segunda questão em relação às tecnologias é como elas poderiam ser ferramentas para o desenvolvimento de um ensino presencial e levar à construção de soluções para problemas identificados no dia a dia de cada aluno, cuja ênfase, pesquisa e solução estariam centralizadas no desenvolvimento de outros conhecimentos. A terceira questão é como essa tecnologia conseguiria trazer para o aluno o protagonismo que nós entendemos que ele deve ter, pensando em ações de resolução maior e de construção de uma identidade juvenil a partir de interesses que estão relacionados aos seus diferentes contextos.
O primeiro desafio é o da formação dos professores. Por mais que os nossos professores tivessem alguma familiaridade com as tecnologias, era necessário que os professores de todas as áreas de conhecimento pudessem ter essa familiaridade, não só os professores de ciências da natureza ou os professores de matemática, mas os de todas as áreas de conhecimento, para que pudessem traduzir os seus problemas em soluções cuja ferramenta da tecnologia seria um braço importante para essa concretização.
O segundo grande desafio era construir uma escola cujo acesso à tecnologia pudesse habitar tanto as salas de aula como também um espaço onde diferentes recursos pudessem ser estabelecidos para que o processo criativo tivesse amplitude para aquilo que os alunos entendiam ser necessário para as suas soluções. Para isso, construímos um espaço arquitetônico e um espaço específico para FabLearn, a fim de que os projetos desenvolvidos em sala de aula estivessem amplamente articulados entre o currículo e o trabalho desenvolvido nesses espaços.
Finalmente, era preciso haver uso de tecnologias abertas, porque uma das questões que o SESI defende é que a sua atitude nas escolas de educação básica possa servir de referência, possa ser um espaço a ser olhado por outras redes de ensino.
Por isso, trabalhamos com tecnologias e com alinhamentos de situações que podem ser replicadas não são só nos espaços do SESI, mas também nos da rede pública estadual e municipal e na rede privada.
|
10:22
|
Quando falamos de dar aos nossos alunos acesso à tecnologia, buscamos tecnologias abertas por essência. Daí, trabalhamos com a placa GogoBoard, que é uma tecnologia aberta desenvolvida por um grupo de pesquisa da USP e capitaneada pelo Prof. Paulo Blikstein.
Nesse sentido, o trabalho que foi desenvolvido foi um incremento no currículo para incluir práticas de ciências e engenharia na área de ciências da natureza e, com isso, trabalhar, desde os primeiros anos, o desenvolvimento do pensamento computacional como habilidade capaz de mobilizar os conhecimentos para socializar e solucionar os problemas com eficiência a partir do uso da tecnologia, mas, ao mesmo tempo, a partir da construção de um modo de raciocínio.
A formação continuada para os professores em todas as áreas do conhecimento foi sendo continuamente articulada com as competências gerais definidas pela BNCC E esse "continuamente articulado" foi trabalhado pari passu com esse processo de diagnóstico das competências dos professores, a que, há pouco tempo, a Profa. Carmem se referiu, que é o processo diagnóstico com que a Profa. Lúcia Dellagnelo trabalha no CIEB. Nesse sentido, todo o foco do trabalho foi para a construção de uma cultura digital dentro da nossa escola, pensando-se não só na aplicabilidade específica do uso da tecnologia, mas também num ambiente da escola que respire a cultura digital e que, com isso, dê vazão à criatividade e ao protagonismo dos alunos.
Nessa perspectiva, tivemos o apoio e a consultoria do Prof. Paulo Blikstein e, assim, fomos alvo da pesquisa feita sobre os impactos do nosso trabalho no desenvolvimento das competências dos nossos professores e dos nossos alunos. Essas competências foram avaliadas em diferentes espectros. Então, nas técnicas de trabalho relacionadas especificamente às questões do uso de laboratórios e de instrumentos da tecnologia, dentro de uma pontuação que vai de 1 a 4, todos os nossos professores ficaram acima da média. O papel do experimento dentro da consecução da aprendizagem e a forma de desenvolver didaticamente os processos de aprendizagem também facilitaram o reconhecimento de que o uso da tecnologia trouxe mais fluidez e mais condição de desenvolvimento. A utilização de computadores foi amplamente trabalhada, trazendo maior naturalidade ao seu uso na sala de aula.
|
10:26
|
Como citou a Profa. Carmem, também nas escolas SESI, desde sua criação, o uso de celulares está disponível para os alunos, assim como o uso de computadores. E esse uso acabou se aprimorando a partir do momento em que eles foram mais envolvidos em processos de pesquisa. O papel e a presença de momentos de avaliação dos desempenhos de habilidades e competências para a questão tecnológica e o próprio volume de aplicações de soluções também foram mais constantes, e pôde-se notar um crescimento e uma robustez na aprendizagem dos alunos.
A crença na sua capacidade de ser eficiente como professor cresceu muito. Numa escala de 0 a 4, nossos professores atingiram uma pontuação de 3,5. Então, também o processo de reforço da autoestima desse professor, no que se refere a quanto ele consegue atender das necessidades de uma formação diferenciada, foi robustecido. Tendo o professor condições de perceber uma realização na sua profissão, o prazer de ensinar, de ser professor, aumentou. O ambiente de aprendizagem em sala de aula se tornou muito mais rico e muito mais procurado, conferindo um dinamismo maior às propostas que os professores tinham junto aos alunos. E a colaboração entre pares, a cooperação dentro do trabalho em grupo nas relações necessárias para que possamos construir um planejamento e desenvolver soluções, foi ampliada de modo a quase atingirmos o máximo da pontuação nessa avaliação. É importante frisar que essa avaliação foi feita 1 ano após a aplicação de todos os subsídios que tínhamos dentro da escola para o desenvolvimento das competências tecnológicas.
Em relação aos alunos, também fizemos uma avaliação e percebemos uma atitude mais positiva em relação às ciências da natureza e à matemática. No início da entrada dos alunos, é muito comum vermos que a matemática e as ciências da natureza são áreas de conhecimento que não têm grande atratividade. A partir desse movimento do trabalho com as tecnologias e dos FabLearns, encontramos uma grande adesão, uma atitude muito positiva ao se usarem esses espaços e um entendimento da busca de soluções de alta eficácia em engenharia bastante grande. A presença e o papel dos computadores também foram fortalecidos. Chamamos atenção para as atividades lideradas pelos estudantes, que, cada qual, dentro da mesma proporção, com um jeito de aprender, construíram formas de auxiliar uns aos outros para que essas competências ficassem fortalecidas e, com isso, pudessem ampliar e aprofundar os seus trabalhos de pesquisa.
Quais são os impactos dentro dos processos dos alunos?
Todos os nossos alunos são oriundos de rede pública. Um grande número desses alunos não tem acesso nem a laboratórios nem a uso de tecnologias, principalmente antes da pandemia. Isso fez com que os nossos alunos construíssem diferentes projetos e tivessem alcance em mostras e feiras que os levaram a lugares que antes não imaginavam. Temos aqui exemplo de alunos que, a partir do uso da tecnologia, foram selecionados em mostras e apresentaram na Tunísia e na Escócia as suas criações, a partir de soluções com uso de materiais em sala de aula para ensinar melhor matemática.
|
10:30
|
Aqui também está presente o uso da tecnologia como fortalecimento do incremento da inserção das mulheres na ciência. É um grupo de alunas que inovaram, a partir da construção de polpa de celulose para materiais de construção para a construção civil. Meninas também foram selecionadas. Uma série de competências na área da matemática acabou levando os nossos alunos a serem desafiados a trabalhar numa olimpíada mundial na China, onde foram premiados.
Houve o incremento da inserção das mulheres na ciência, partindo das suas experiências e abrindo a consciência para que estas ações pudessem ser replicadas nas escolas públicas. Os alunos entenderam a tecnologia como forma de incrementar o protagonismo de outros alunos que não tiveram essa familiaridade tão estimulada nas suas escolas. Com isso, buscou-se a criação de materiais, para que isso pudesse acontecer em escolas nos arredores das nossas.
Como isso ficou na pandemia? Se antes da pandemia já tínhamos, em relação aos alunos de 14 a 29 de idade, um número bastante grande de alunos que não completavam a sua educação básica, em torno de 20%; se havia um abandono precoce dos alunos de 15 anos, um percentual enorme de 75% dos jovens, que estavam atrasados ou abandonaram os estudos, fortalecendo as nossas fileiras de EJA; ou, ainda, adolescentes que não estavam dentro da escola; se esta era uma realidade na pandemia — e quando o SESI constituiu as escolas de ensino médio o objetivo era reverter este cenário, pois na pandemia, nós sabemos, este cenário anterior recrudesceu —, como isso ficou nas nossas escolas? Nós continuamos o trabalho, por meio de plataformas que já usávamos nas nossas escolas — Geekie, Teams, MindLab e Mangahigh — e que sustentaram a interlocução dos alunos com os seus professores.
E o FabLearn, que antes era presencial, os alunos e professores o tornaram digital. Os alunos e professores construíram o FabLearn digital. Com isso, nós tivemos evasão zero. Mantivemos uma frequência de 92% e tivemos, apesar de todas as questões emocionais decorrentes de perdas de familiares e outras situações, a permanência desses alunos na escola. Houve também o apoio socioemocional e a constituição de redes no Município, para que esses adolescentes pudessem ser acolhidos.
|
10:34
|
Em termos de ENEM, mesmo que não tenhamos todos os resultados, temos, dentro de alguns espectros, o entendimento de que os nossos alunos tiveram um bom índice de inscrição. Nas regiões onde estamos situados, há perspectiva de um posicionamento bastante importante.
Nossos alunos, neste momento da pandemia, porque já entendíamos que o ensino híbrido não significa só alternância — estudar em casa ou estudar em sala de aula —, utilizam os mecanismos da tecnologia para estar na escola e percorrer diferentes espaços do mundo para enriquecer a sua formação, mediados pelo professor, seja presencialmente, seja via vídeo ou tela. Eles continuaram realizando projetos e continuaram participando de diferentes mostras, conquistando espaços de soluções, que foram viabilizados por um entendimento de que a tecnologia permite que haja a construção, seja por simuladores, seja por um aprofundamento de pesquisa daquilo que eles entendem que é preciso para criar a solução que buscam.
Aqui temos um trio de meninas que constituíram uma inovação no mercado de óculos a partir de armações com uso de fibras vegetais. A partir daí, começaram a empreender para produzir essas armações em escala maior.
Alunos que participaram de torneios internacionais em matemática também se destacaram por ter excelente resultado nas suas provas.
Também na área de engenharias foi formulado um copo antiassédio. O objeto é um detector de alterações do nível de PH em diferentes líquidos. Isso permite que a menina ou o menino que tenha alguma substância tóxica sejam avisados de quanto está em perigo.
Enfim, todo o movimento que a escola SESI realiza é no sentido de que o uso da tecnologia precisa ser estabelecido a partir de uma formação mais sólida de professores, de uma condição de acesso a módulos de tecnologia mais acessíveis financeiramente, da socialização com diferentes escolas e da constituição de espaços que propiciem que projetos de diferentes natureza possam ser desenvolvidos para provocar o processo de inovação e construir uma aprendizagem mais interdisciplinar.
A SRA. PRESIDENTE (Angela Amin. PP - SC) - Agradeço à Dra. Sônia a contribuição.
|
10:38
|
Gostaria de dizer que é uma grande alegria e um grande orgulho para o Município de Estrela estar sendo hoje o único Município do Brasil a participar desta audiência pública. Quero destacar que, no Município, nós assumimos a gestão da educação em janeiro deste ano e estamos trabalhando muito a questão das tecnologias.
A SRA. PRESIDENTE (Angela Amin. PP - SC) - Profa. Elisângela, se a senhora não conseguir passar os eslaides, basta encaminhar cópia, que nós faremos a exibição das imagens.
A SRA. PRESIDENTE (Angela Amin. PP - SC) - A Juliana já está providenciando.
O Município de Estrela é localizado no Vale no Taquari, no Rio Grande do Sul. É um Município que conta, na sua rede municipal de educação, com 13 escolas de educação infantil e com 9 escolas de ensino fundamental. Nós temos matriculados na rede municipal de educação aproximadamente 3.800 alunos e contamos com cerca de 760 profissionais.
Assim como as colegas dos outros Estados que apresentaram trabalhos sobre tecnologia, nós entendemos que, sim, a tecnologia é essencial. A tecnologia é um potencializador da aprendizagem das crianças. E é fato também que, quando a criança dispõe de recursos adequados e ferramentas adequadas, ela tende a aprender com mais facilidade e também com mais prazer.
(Segue-se exibição de imagens.)
Falarei um pouco da questão deste ano letivo de 2021, frente ao cenário de pandemia. Nós utilizamos diversas estratégias para podermos atingir todos os alunos da nossa rede. Nós utilizamos redes sociais, criamos uma plataforma, disponibilizamos um blog de atividades. Também foi constituído no Município um canal do YouTube, de forma que chegassem a todos os nossos alunos os recursos necessários para a aprendizagem.
Destaco, com muita alegria, que nós atingimos, em cenário da pandemia, 98% dos nossos alunos, que participaram das atividades pedagógicas, realizaram atividades e deram as devolutivas para os professores e para as escolas. Chegamos a este número também em função do desempenho dos professores, que se integraram, eu diria, com muita ênfase a essa proposta. E conseguimos atingir esse percentual.
Retornamos já com as atividades presenciais, num primeiro momento com 50% dos alunos. Mas, em meados de julho e início de agosto, nós já retornamos com os nossos alunos 100% dentro das escolas, diariamente, cumprindo os protocolos de higiene, cumprindo todas as orientações da Secretaria Estadual da Saúde.
|
10:42
|
Eu gostaria de destacar que nós tivemos muitas ações referentes ao cuidado com as pessoas que estavam no ambiente escolar. Não apresentamos casos significativos de COVID-19. E tentamos trabalhar este ano letivo o mais próximo possível da normalidade. Agora, neste retorno de 100% dos nossos alunos, só estão afastados da escola aqueles alunos que realmente possuem alguma situação de comorbidade ou uma necessidade bem específica. Então, estamos hoje com todos os alunos, com um trabalho muito forte.
Neste retorno, quero destacar também que, visando às aprendizagens, à recuperação das aprendizagens que ficaram prejudicadas pela pandemia, aqui no Município de Estrela nós implantamos o projeto de dois professores por sala de aula, nas séries iniciais do ensino fundamental. Isso quer dizer que todas as turmas de primeiro, segundo e terceiro ano da rede municipal contam com dois profissionais em sala de aula. É claro que nós sabemos que a tecnologia, sim, é importante, que é aliada da educação e a potencializa, mas os recursos humanos também são essenciais, e aqui no nosso Município nós trabalhamos alinhando todas as estratégias possíveis para a recuperação dos nossos alunos e para a qualidade da educação.
Destaco também algumas parcerias que nós firmamos com entidades como a APAE, por exemplo, por meio da qual já disponibilizamos mais de 800 atendimentos clínicos para os nossos alunos, alunos com dificuldades específicas de aprendizagem ou com necessidades educacionais especiais, com vistas a realmente garantir uma efetiva aprendizagem para as nossas crianças.
Nosso programa municipal chama-se Educa Estrela, um programa de Governo. Dentro do Educa Estrela, são várias as ações desenvolvidas.
Destaco a questão da tecnologia. Só neste início de ano, neste ano letivo, nós investimos mais de 3 milhões de reais em tecnologia no Município de Estrela. Nossas escolas não contavam ainda com espaços e com recursos suficientes e necessários para essa inclusão da tecnologia. Este ano, o Governo de Estrela investiu mais de 3 milhões de reais.
Eu destaco que, diferentemente das colegas que apresentaram números de Secretaria de Estado de Educação, para nós, como Município, este é um investimento extremamente significativo dentro do orçamento que temos no Município, referente à Secretaria da Educação. Então, é um investimento muito grande, com outras projeções de investimento daqui para frente.
A SRA. PRESIDENTE (Angela Amin. PP - SC) - Eu gostaria que V.Sa. falasse um pouquinho mais alto, por favor, pois estamos com dificuldade de ouvir as suas colocações.
A SRA. PRESIDENTE (Angela Amin. PP - SC) - Um pouquinho mais alto, por favor.
|
10:46
|
(Segue-se exibição de imagens.)
O SR. PAULO GUSTAVO SEHN - Nós investimos inicialmente num estudo sobre a estrutura que nós tínhamos à disposição no Município de Estrela. Para que pudéssemos avançar nos nossos projetos, primeiro investimos em conectividade. Algumas escolas tinham Internet extremamente precária. Nelas nós instalamos Internet de 200 megas. Destaco que as escolas rurais praticamente não tinham conectividade, e as que tinham acessavam a Internet de forma precária. Nós melhoramos essa questão instalando roteadores que pudessem atender todos os espaços escolares, além de links de 200 megas exclusivos para a utilização pedagógica.
A SRA. ELISÂNGELA MENDES - Considerando os apontamentos feitos pelo Coordenador Paulo, é importante destacar que um dos grandes desafios da tecnologia na educação é a questão do acesso à Internet em espaços grandes e em zonas rurais, onde a conectividade é prejudicada. Então, destacamos como o grande e principal ponto do Município o fato de que conseguimos abranger todas as escolas da rede, tanto da zona urbana quanto da zona rural.
O SR. PAULO GUSTAVO SEHN - Nós entendemos que a tecnologia é extremamente importante no dia a dia dos nossos alunos na sala de aula e no dia a dia dos professores no seu planejamento de aula. Os alunos, quando interagem com essa tecnologia, passam a ser protagonistas do seu aprendizado, e não mero espectadores.
Vou dar destaque a alguns dos investimentos que fizemos, como, por exemplo, nas smartboards, que são painéis interativos de 75 polegadas, por meio dos quais os alunos podem interagir. Além de permitir acesso a outros recursos que o painel tem a oferecer, porque é conectado à rede, o professor pode utilizá-lo para aprimorar sua aula e fazer o seu planejamento.
(Segue-se exibição de imagens.)
A SRA. ELISÂNGELA MENDES - Destaco que todas as escolas da rede municipal de Estrela contam com a projeção smart, todas as escolas receberam.
Este é o vídeo de uma criança da rede municipal utilizando-se do equipamento para mostrar um pouquinho desse trabalho na prática. Esse é um exemplo de interatividade. A professora fez um trabalho de localização no Google Earth, para que a criança fosse protagonista no uso das tecnologias da educação.
|
10:50
|
O SR. PAULO GUSTAVO SEHN - De forma gratuita, nós oferecemos aos nossos professores o ChromeBook. Foram comprados 300 ChromeBooks para os professores. O ChromeBook é um projeto do Google que oferece todas as ferramentas educacionais para os nossos professores. Cada professor da rede municipal de Estrela recebeu gratuitamente um ChromeBook.
O SR. PAULO GUSTAVO SEHN - Temos mais algumas imagens, a seguir, dos professores recebendo o equipamento.
A SRA. ELISÂNGELA MENDES - É importante destacar também que hoje os recursos tecnológicos e a Internet estão presentes em todos os lugares. Portanto, aqui no Município de Estrela não há mais um espaço físico específico para a conectividade. Aqueles antigos laboratórios de informática que tinham equipamentos grandes e obsoletos não existem mais. A partir de agora, nós levamos as tecnologias para dentro das salas de aula. O professor vai ter o seu recurso, o aluno vai ter o seu computador.
A SRA. PRESIDENTE (Angela Amin. PP - SC) - Sra. Elisângela, seu tempo finalizou. Se puder seguir para o encerramento, será importante para nós.
O SR. PAULO GUSTAVO SEHN - Para a educação infantil, nós também oferecemos recursos tecnológicos. Adquirimos 325 tablets.
Os tablets também são utilizados com cunho pedagógico, principalmente no que diz respeito ao (ininteligível). Muitas das crianças ainda não estão alfabetizadas, então não conseguiram digitar, mas todos os recursos passam a ser mais interessantes.
|
10:54
|
A SRA. ELISÂNGELA MENDES - O investimento na educação infantil também é pontual. Muitas vezes, há dificuldade de se incorporar as tecnologias da educação infantil. Levamos os tablets porque são mais fáceis de a criança poder trabalhar com aplicativos e uma série de recursos.
Estamos em fase de implantação também de telas de projeção. Todas as salas da rede municipal de Estrela terão telas de projeção. Isso significa que as salas de aula terão um ambiente tecnológico: pessoas com equipamentos, alunos com equipamentos, telas de projeção para as mais diversas ações.
Junto com essa questão, nós estamos estruturando uma plataforma pedagógica para o próximo ano, onde os professores terão à disposição conteúdos e onde os alunos poderão interagir com jogos, aplicativos, as mais diversas opções, de forma a qualificar ainda mais e garantir a utilização dessas tecnologias.
Dentro desse programa que está sendo pensado para o próximo ano, nós teremos profissionais específicos dentro das escolas, trabalhando na individualidade com os professores, incentivando os professores ao uso e trabalhando com esses professores essas ferramentas, para que realmente sejam incorporadas na prática.
O SR. PAULO GUSTAVO SEHN - E tão importante quanto isso, nós pensamos também na capacitação dos nossos profissionais e também dos nossos alunos. Para utilizar todos esses recursos que nós estamos colocando na sala de aula, para que eles possam fazer parte do planejamento do nosso professor, nós também estamos e continuaremos, por ser a tecnologia extremamente volátil, capacitando em tempo integral os nossos professores e os nossos alunos, para que essas ferramentas tecnológicas possam potencializar ainda mais o aprendizado dos nossos alunos.
A SRA. ELISÂNGELA MENDES - Como eu destaquei antes, durante a minha fala, as salas de aula da rede municipal de Estrela se tornarão ambientes tecnológicos, com os recursos. Nesses mais de 3,5 milhões de investimento, nós adquirimos mais de 1.100 equipamentos tecnológicos, que irão para dentro da sala de aula. Aliados a essas formações, serão desenvolvidos esses dados com as crianças, garantindo e potencializando, como eu sempre digo, a aprendizagem.
Gostaria de destacar na minha fala final que no Município de Estrela, no Vale do Taquari, avaliamos e acompanhamos o trabalho de todos os Estados. Trata-se de um Município protagonista nas iniciativas nas questões tecnológicas.
|
10:58
|
A SRA. PRESIDENTE (Angela Amin. PP - SC) - Agradecendo a participação da Elisângela e do seu parceiro de trabalho, eu gostaria de fazer aqui duas observações.
A primeira trata da importância das experiências aqui colocadas, mas principalmente da possibilidade de termos uma rede de compartilhamento dessas experiências, para que cada um dos Municípios e Estados possam aperfeiçoar o seu trabalho. A segunda, conforme foi colocado, se eu não me engano, pelas Profas. Carmem e Sônia, trata da importância do processo de avaliação. A partir do momento em que for instalado esse processo de avaliação, determinando indicadores, tanto da formação dos profissionais da educação quanto do resultado desses processos, serão avaliados. E automaticamente, nessa avaliação, pode ser melhorado o processo de formação e fazer com que esse resultado venha a ser mais positivo.
Por isso, eu deixaria aqui, como desafio, o seguinte: eu acho que nós podemos aqui também trabalhar e trazer sugestões a esse processo de avaliação, principalmente, que ainda é um processo não automático e normal dentro das redes de ensino.
Há aqui um questionamento feito por Expedito Júnior, Gestor de TI da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina: "A meu ver, o grande desafio da educação digital no ensino fundamental está associado à atuação dos pais ou genitores em casa, nas suas residências. Um processo de engajamento dos pais seria interessante. Seria interessante incluí-lo no processo de educação digital, para garantir um resultado positivo também para os seus filhos".
Essa é uma questão que eu até havia registrado, quando eu falava do Plano Escolar de Inovação em Tecnologia. Quando a escola pensa em implementar inovações metodológicas em estrutura e integração dos professores em uma rede em colaboração de conhecimento que envolva isso, e que essa ação envolva os alunos também, fica muito nítido que é importante tratar também da inclusão das famílias.
Mais do que nunca, agora na pandemia, principalmente com essa crise econômica que foi gerada, ficou perceptível a incapacidade de um grande número de famílias de recorrer ao suporte dado pelos Governos, uma vez que estavam todos os serviços em plataformas digitais. São ofertas de emprego, cadastros, o INSS e o SUS, este que é todo digital. Fica muito difícil para essa população de baixa renda e para as famílias que estão inscritas o CadÚnico e outros programas serem incluídas, se não tiverem as condições ideais.
|
11:02
|
Nós vivenciamos muito isso, quando lançamos o aplicativo. Quando lançamos o aplicativo para o aluno e para as famílias terem acesso à plataforma digital, ficou nítido isso. A família tinha um celular. Como ela iria distribuir tempo de uso para cinco filhos em séries diferentes? E às vezes os pais usavam o celular para o trabalho. Portanto, é preciso, sim, uma política pública, e não para a escola se responsabilizar por isso, mas é preciso uma política pública nacional de inclusão digital das famílias, principalmente as de baixa renda.
A SRA. PRESIDENTE (Angela Amin. PP - SC) - Agradecendo a contribuição, eu passo a palavra à Profa. Sônia.
A SRA. SÔNIA ELIZABETH BIER - A pergunta é bastante pertinente, e eu gostaria de poder dizer um pouquinho como é que o SESI Rio Grande do Sul trabalha isso.
Nós temos uma proposta em que os alunos têm bastante envolvimento com tecnologia. Dentro da proposta de educação do SESI, os pais são convidados a ter reuniões mensais, e nós temos uma frequência em torno de 80% dos pais. Estas reuniões têm como mote aproximar os pais daquilo que os alunos estão criando. Esse processo de aproximação passa por lançar desafios aos pais sobre o uso destes recursos, com os alunos fazendo essa mediação. Nós temos, durante o ano, doze encontros com os pais. Nesses encontros, os pais aprendem a lidar com estas tecnologias. Nesta dimensão de lidar com a ferramenta e o acesso, isso faz diferença, porque permite que a experiência de um estabeleça um complemento na experiência do outro e dá uma aproximação no interesse do desenvolvimento educacional.
Sobre as questões do ensino híbrido em casa, o que a Profa. Carmem trouxe é extremamente relevante, mas acredito que existam outros fatores que sejam impeditivos para que os pais possam colaborar para o progresso destes alunos, fatores que não estão restritos ao uso da tecnologia, mas sim à compreensão do que é o esperado pelo professor e o esperado pelo aluno naquele momento.
A SRA. PRESIDENTE (Angela Amin. PP - SC) - Agradecendo a sua participação, eu apenas registro que estão on-line conosco a Dra. Wagda Rocha, Pró-Reitora Adjunta da Graduação da Universidade Estadual da Paraíba; o Sr. Giancarlo Possamai, representante do Ministro Ciro Nogueira, da Casa Civil da Presidência da República; o Prof. Abimael Costa, Auditor-Chefe da Universidade de Brasília; o Sr. Adelson Afonso França, Analista da Superintendência de Educação do SERPRO; a Sra. Stefanny Moncada, Primeira Secretária, representando a Embaixada na Colômbia; o Sr. Daniel Costa, representante da Secretaria Nacional da Inclusão, do Ministério da Cidadania; o Sr. Lélio Marcio Milagres de Assis, Analista da Superintendência de Educação do SERPRO; o Sr. Antônio Reboredo, representante do INMETRO; o Sr. Expedito Júnior, Gestor de TI da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina; a Sra. Joelma Kremer, Coordenadora-Geral de Planejamento e Avaliação de Educação da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica, do Ministério da Educação; a Sra. Quissinia Freitas, Gerente de Educação do SESI de Goiás; o Sr. Andrey de Sousa Nascimento, do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação; o Sr. José Gustavo Sampaio Gontijo, Diretor do Departamento de Ciência, Tecnologia e Inovação Digital, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações; a Sra. Gabriela Martos Rodrigues, da Secretaria de Modalidades Especializadas de Educação, do Ministério da Educação; a Sra. Helen Carla Matos, da Secretaria de Educação Básica, do Ministério da Educação; o Sr. Rafael Silva Sanches, da Secretaria de Modalidades Especializadas de Educação, do Ministério da Educação.
|
11:06
|
Agradeço, ainda, ao Prof. Gregório Varvakis, da Universidade Federal de Santa Catarina, com muita honra meu orientador de mestrado e doutorado naquela universidade.
Eu gostaria de parabenizar os convidados pelas apresentações. Foram apresentações muito interessantes. Cada apresentação focou um aspecto diferente de tecnologia na educação. Nós tivemos a Sra. Rosalina, da Secretaria Estadual do Amazonas, tratando, eu posso pontuar, a questão da produção de conteúdos digitais. A apresentação da Sra. Viviane, da Secretaria de Estadual do Piauí, foi sobre plataforma, uma apresentação bem abrangente. Depois, a Sra. Carmem Lúcia, do SESI Rio Grande do Sul, fez uma excelente apresentação sobre o uso da tecnologia no processo de aprendizagem e na produção de soluções. Finalmente, o Município de Estrela, com a Sra. Elisângela, apresentou todo um processo de implantação da infraestrutura tecnológica.
A SRA. PRESIDENTE (Angela Amin. PP - SC) - Obrigada, Dra. Carolina.
A SRA. PRESIDENTE (Angela Amin. PP - SC) - Pois não, Prof. Ricardo.
|
11:10
|
Permitam-me fazer uma saudação especial à Profa. Sônia Bier, com quem nós tivemos a oportunidade, ou eu tive o privilégio de compartilhar já há algum tempo um trabalho junto aos Secretários Municipais, o Conselho de Educação e Conselheiros do FUNDEF, no projeto do FUNDEF.
A minha pergunta — e por isso mesmo eu pedi a palavra, Deputada, perdoe-me a ousadia —, a minha indagação, mais ou menos, vai na direção do que a Carolina colocou. Faço, mais ou menos, a mesma questão. Primeiro, faço o elogio. As experiências que foram apresentadas mostram qual é a capacidade e a criatividades das nossas redes de ensino, das nossas escolas, no sentido de se reinventarem, diante de um momento tão grave, como foi este que enfrentamos, pela pandemia. O tema das tecnologias educacionais sempre foi muito relevante e foi acentuado por esse período. Agora, nós temos um futuro pela frente com base em todo esse aprendizado que foi feito ao longo desse período. A minha indagação vai na mesma direção.
Estamos num momento de discutir aqui, inclusive dentro da Casa, um projeto de autoria da Deputada Angela Amin que define uma política nacional de educação digital, que está sendo debatida pelo Plenário. Temos esse estudo que o CEDES está desenvolvendo, sob a coordenação também da Deputada Angela Amin e da Deputada Professora Dorinha Seabra Rezende, que, na verdade, é uma proposta, um estudo de diagnóstico e proposta de política nacional e de ações estratégicas para o desenvolvimento e a implantação definitiva das tecnologias na educação.
Portanto, a minha pergunta é se, com a experiência que as senhoras e senhores têm com relação a isso, teriam algumas sugestões de duas ou três ações que seriam imediatamente prioritárias, para serem desde logo deslanchadas, em relação a uma política nacional de incorporação definitiva das tecnologias, num processo de ideia de política nacional de educação digital. Esta é, digamos, a minha ousadia na pergunta.
A SRA. PRESIDENTE (Angela Amin. PP - SC) - Agradecendo mais uma vez ao Prof. Ricardo a contribuição, eu passo a palavra ao Consultor Renato Gilioli.
A SRA. PRESIDENTE (Angela Amin. PP - SC) - Agradecendo ao Dr. Ricardo, eu passaria o desafio da resposta a um dos nossos convidados. Quem se habilita?
A SRA. VIVIANE HOLANDA BARROS CARVALHEDO - Eu posso iniciar, rapidamente, e fazer alguma consideração a respeito do desafio posto. Nós estamos vivendo um momento que forçosamente trouxe para nós a obrigatoriedade de implementar políticas de ensino, ensino remoto. As pessoas tiveram que aprender a fazer ensino fora do chão da escola, já que o chão da escola foi tirado de todos nós de forma muito abrupta. Alguns Estados já tinham alguma estrutura para implementar o ensino remoto, mas, em sua maioria, o País inteiro e o mundo inteiro viveram situação de aprender. E ainda estamos em aprendizado.
Eu entendo que agora, quando estamos quase saindo dessa crise, nós já retornamos aqui no Piauí e em grande parte do País para o chão das nossas escolas.
Nós tivemos o retorno imediato ainda no ano de 2020. Por volta do mês de outubro, nós iniciamos uma tentativa de retorno presencial para as turmas de 3ª série do ensino médio, 7ª etapa, aquelas turmas que estavam se preparando para o ENEM. Depois voltamos a ficar estritamente remotos e agora nós retornamos ao chão da escola mais uma vez, mas entendemos que é daqui para frente. Nós não temos mais como voltar ao modelo totalmente tradicional de escola com professor estritamente, com uma sala de aula e o quadro de acrílico. Precisamos continuar com o formato híbrido, o formato remoto, o formato de ensino que lança mão das tecnologias.
|
11:14
|
Aqui no Piauí, o nosso desafio, como temos um centro de mídias com estrutura de 7 estúdios de transmissão, precisamos chegar não só a um número maior de Municípios, porque já estamos implementados em todos os Municípios do Estado, mas também a todas as escolas. Neste momento, estamos fazendo a aquisição, ampliando o nosso parque tecnológico. Em estruturação há mais 3 estúdios. Vamos de 7 para 11 estúdios, porque são mais 3 estúdios fixos e 1 móvel para aumentar a nossa oferta de ensino, a formação de professores e chegar a um maior número de escolas.
Agora, o desafio é universalizar, equipar todas as escolas da nossa rede, com estrutura de mediação tecnológica, com kit de mediação tecnológica chegando a todas as 658 escolas e 171 anexos que a rede do Piauí tem. Aqui nós temos cerca de 220 estudantes matriculados na rede pública estadual. O Piauí é um Estado que tem 85% das matrículas de ensino médio exclusivamente em escolas da rede pública estadual. Apenas 15% são estudantes de escolas confessionais, privadas, filantrópicas, e há os institutos federais. Então, temos uma camada muito grande. O Estado do Piauí, a rede estadual de ensino, toca pelo menos um terço da população das famílias piauienses com ensino público.
Precisamos incorporar para mais gente, para mais pessoas, um volume maior de acessos. Mais kits tecnológicos serão adquiridos no ano de 2022, mais estúdios de transmissão para o nosso centro de mídias. Também estamos fazendo a aquisição de chromebooks — eu ouvi um dos nossos colegas que falou sobre as suas redes falar sobre os chromebooks. A Secretaria de Educação, além do chip de dados, que já adquirimos em 2020, vai adquirir também equipamentos para os nossos professores e estudantes, para levar mais acesso, para implementar mais políticas educacionais para os nossos estudantes.
Mais do que isso, vamos fazer APIs para que tenhamos na nuvem todo o conteúdo pedagógico na nossa plataforma chegando às salas de aula com o kit de mediação. Vamos fazer uma API, uma sincronização de dados com o sistema acadêmico da secretaria, que é gerenciado pela nossa gerência de tecnologia da informação, e também com as nossas escolas, fazendo conexão do conteúdo, com frequência, com nota, com atividades pedagógicas.
|
11:18
|
Então, vamos fazer toda uma sincronização para que percebamos que o desempenho do nosso estudante está sendo melhorado e para que o nosso professor também tenha insumos para fazer o ensino acontecer. O ensino realmente é daqui para frente. Não conseguimos mais enxergar o formato de ensino de 2019 para trás.
A SRA. PRESIDENTE (Angela Amin. PP - SC) - Agradeço a contribuição da Profa. Viviane.
A SRA. ELISÂNGELA MENDES - Nós observamos neste debate que é fato que as redes municipais e estaduais, as sedes estão tendo condições de se organizar para dentro dos seus espaços, investindo em recursos, em Internet.
Respondendo à pergunta que foi feita, eu vejo como grande desafio daqui para frente uma política pública que leve para as famílias condições de acesso à Internet e os recursos necessários para utilização em casa, assim como a Profa. Carmem afirmou antes, um dos grandes desafios das famílias com 3, 4, 5 crianças em casa que não dispõem de recursos para aquilo. Destaco a necessidade de uma política pública que leve para as famílias essas condições de acesso, em que possamos demandar para as famílias equipamentos. Falo isso em nível de país, não só de rede, para que todos os alunos no Brasil tenham acesso, igualdade de condições, para que seja garantido o seu direito de aprendizagem. Não tem mais como retroceder no uso da tecnologia, mas nós precisamos avançar nesse sentido, em nível de território nacional como uma política pública.
A SRA. PRESIDENTE (Angela Amin. PP - SC) - Agradeço a sua contribuição, Sra. Elisângela.
A SRA. ROSALINA LOBO - Sobre as considerações que foram colocadas aqui, o papel importante das famílias, nesse processo todo nós aprendemos que não tínhamos como trabalhar sem o engajamento familiar. O papel do professor em sala de aula precisou ser compartilhado com as famílias e, necessariamente, as famílias mais vulneráveis ficaram com muito mais dificuldade de acompanhar esse processo.
Famílias de classes A e B tinham mais facilidades, mais equipamentos, mais conectividade, as desigualdades eram menores e o acesso era mais fácil à informação, ao conteúdo e a todo o processo educacional durante esse processo de ensino híbrido e remoto. A partir de então, se não houvesse um movimento de engajamento familiar, essa cadeia toda se quebraria.
Do ponto de vista da rede do aprendizado, nós entendemos que precisávamos fazer reprises em dias diferentes das nossas aulas, porque uma família que tinha 3, 4 alunos podia combinar os horários para que os alunos tivessem acesso aos conteúdos, senão em uma única família os alunos não teriam esse acesso por meio de TV ou celular, nem todos tinham acesso à conectividade por telefonia móvel.
|
11:22
|
Sabemos que a camada de infraestrutura tecnológica é muito complexa quando um país é tão díspar como o nosso, especialmente em situações com dificuldades logísticas muito grandes. As operadoras não têm interesse se não houver fomento para que elas entrem em determinadas áreas para fazer toda a parte de infraestrutura de rede. Há uma expectativa muito grande quanto às contrapartidas sociais, na via do 4G e agora do 5G, de levar conectividade para as escolas de maneira efetiva. Os compromissos das operadoras não se concretizaram aqui na região nos prazos que estavam estabelecidos nos planos.
Entendemos que é bem importante, para que consigamos avançar, levar em consideração todos os aprendizados que nós tivemos nesse período de pandemia, nesse processo todo, que foi tão difícil para nós. Para isso, entendemos que, para além de investimento em infraestrutura, precisamos de programas nacionais de estratégia metodológica para o desenvolvimento de competências digitais que permitam conectar nossos alunos, nossos professores, nossas famílias com esse novo mundo, que é mais ampliado, e de programas permanentes de formação para os docentes e também para os gestores desse novo cenário que entendam que o mundo antigo não era tão bom e que temos que ter esses aprendizados para seguir combinando o que já sabíamos com o que fomos obrigados a aprender durante a pandemia, com o uso de tecnologias.
A SRA. PRESIDENTE (Angela Amin. PP - SC) - Agradeço a sua contribuição, Profa. Rosalina.
Eu passo ao último questionamento desta live, que é do José Gustavo Sampaio Gontijo, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações: “É importante ter em mente e também utilizar as Diretrizes para Ensino de Computação na Educação Básica, da Sociedade Brasileira de Computação. Está sendo levada em conta essa relevante proposta? Como vocês a avaliam?”
A SRA. CARMEM LÚCIA PRATA - Como eu não consigo levantar a mãozinha aqui, em relação à pergunta anterior, volto a afirmar a questão da conectividade nas escolas do campo. Eu chamo muito a atenção para isso porque é um universo meio excluído por falta de serviços.
Em relação à colaboração que a senhora mencionou, eu volto a afirmar a necessidade de repositório de conteúdos públicos interoperáveis, em que possamos fazer buscas num modelo mais otimizado.
Em relação à última pergunta, a BNCC já traz as competências 4 e 5, no caso das competências digitais, assim como o novo ensino médio, com os percursos formativos. Então, cada secretaria tem incluído, focado bastante essas questões tecnológicas ao definir os seus currículos. É claro que esses currículos terão que ser revisados agora. Eu acho que vai ser tudo mais acelerado. Enquanto, durante muito tempo, a tecnologia foi vista só como cultura de uso na escola, de apoio à aprendizagem, agora ela está ligada mais às competências mesmo do cidadão.
Então, eu acho que isso está amarrado no próprio currículo, na própria organização curricular das secretarias. Temos de estar muito atentos à implementação disso e aos ajustes, às mudanças de rumo que precisarão ser feitas a partir das avaliações.
|
11:26
|
A SRA. PRESIDENTE (Angela Amin. PP - SC) - Agradeço a sua contribuição.
Para fazer a resposta à questão do que está recomendado dentro do uso da tecnologia e dos princípios que estão no (ininteligível), o uso dessas competências para a construção do itinerário 5, no caso do Rio Grande do Sul, onde nós temos uma trilha que vai trabalhar com as questões de arquitetura e de tecnologia voltadas para a engenharia, estão contempladas, além de outras competências, as que estão voltadas para a Base Nacional Comum Curricular e que já haviam sido pontuadas nessa dimensão. Este projeto vem muito forte para esta mudança do novo ensino médio.
Gostaria também de agradecer a participação e de dizer que o entendimento desse movimento é extremamente importante, que não podemos esquecer que estamos propondo um avanço na educação, que aqueles princípios que falávamos antes da LDB, como o de que é preciso garantir o acesso à permanência e ao sucesso, também se caracterizam nessa situação. Não é possível fazer uma educação tecnológica sem infraestrutura. Não é possível pensar uma permanência sem que haja uso da metodologia nas escolas, construção curricular que a abarque e, com isso, formação de professores diferenciada. E o sucesso precisa ser constatado, precisa ser observado à medida que avaliações possam nos dizer o quanto os nossos jovens estão conseguindo transitar dentro dessa nova sociedade, que exige constantemente maiores soluções tecnológicas.
A SRA. PRESIDENTE (Angela Amin. PP - SC) - Agradeço a sua contribuição, Profa. Sônia.
A SRA. ROSALINA LOBO - Nós agradecemos a oportunidade de ter aqui um espaço para compartilhar as nossas experiências e também, principalmente, para aprender. Essa troca é muito rica para nós. Pudemos perceber isso, o quão foi positivo o que fizemos durante a pandemia, as cooperações técnicas que estabelecemos com outras redes. Algumas redes já eram parceiras daqui do Amazonas, e nós conseguimos trocas em outros aspectos. Nesse modelo de cooperação técnica, conseguimos obter acesso a sistemas, códigos e plataformas. Em outro momento, nós não pensaríamos em usar esse tipo de conexão. Todo mundo baixou a guarda por uma causa muito mais humanitária, muito mais nobre. E o Espírito Santo foi o nosso primeiro parceiro durante a pandemia, foi com quem nós realmente fizemos uma parceria muito produtiva, lá com o Vítor.
Nós deixamos os nossos agradecimentos a todos e parabenizamos todos que aqui estiveram nesse momento tão oportuno de construção e de discussão de políticas públicas.
O País às vezes está tão preocupado, as pessoas estão sem emprego, estão passando fome, e é muito difícil pensar em priorizar tecnologia, quando se tem algumas frentes dentro das redes públicas tão difíceis de lidar, teoricamente tão mais prioritárias.
|
11:30
|
Aqui nós tratamos com educação indígena, nós temos salas de aula que são apenas salas de aula anexas, a 5 dias de caminhada da comunidade mais próxima. Temos lugares onde temos que subir 15 cachoeiras com o barco nas costas para que consigamos chegar com suprimento e logística aos locais, às escolas; alimentação só chega com um avião do Exército. Então, quando se vai falar de tecnologia, parece uma coisa muito sofisticada, uma coisa muito distante da realidade das pessoas. Mas tentamos inverter essa lógica e pensar que a tecnologia pode encurtar essas distâncias.
Se há fomento em um país que pensa em estruturar políticas públicas que encurtem essas distâncias, se há aumento da comunicação entre as comunidades, vai-se ter um processo muito mais colaborativo, muito mais rico. E eu acho que isso se faz também com momentos como este que nós estamos tendo aqui hoje. E só podemos agradecer por esta oportunidade.
A SRA. PRESIDENTE (Angela Amin. PP - SC) - Agradeço mais uma vez pela sua participação, Profa. Rosalina.
Primeiro, quero reiterar aqui, mais uma vez, meu agradecimento a todos os colegas que fizeram suas apresentações. Quero parabenizar o CEDES e a Sra. Deputada pela agenda.
Quero dizer que o Piauí está grato e feliz por estar participando. Aprendi e eu estou aprendendo muito mais do que eu pude contribuir. Estamos à disposição sempre.
O Piauí é um Estado onde, no início dos anos 2000, nós não tínhamos sequer oferta de educação básica em todos os Municípios. Para se ter uma ideia, nós tínhamos pessoas que finalizavam o ensino fundamental nos seus Municípios que precisavam migrar para outros Municípios, se quisessem continuar os estudos e finalizar a educação básica. Então, havia uma dificuldade muito grande, ali no início dos anos 2000, mais ou menos até 2005. Conseguimos universalizar a educação básica ainda no início do século XXI e agora vamos implementar a política de ensino superior em todos os Municípios do Estado.
Só para reiterar aqui os nossos números, em 2009 nós éramos o 26º Estado da Federação no ranking do IDEB; éramos o penúltimo Estado em desempenho educacional em leitura e resolução de problemas. Na última medição do IDEB, em 2019, nós subimos 14 posições. Estamos entre os 15 primeiros; somos o segundo do Nordeste com a maior velocidade de crescimento do desempenho dos nossos estudantes em matemática e leitura em língua portuguesa, nessas áreas em especial, que são as áreas medidas pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica.
|
11:34
|
O desafio do Piauí, como eu falei no início da minha apresentação, é conseguir chegar a todos os 224 Municípios, à zona rural, às regiões do campo, com professores especializados em suas áreas. Nós temos aqui regiões de fazendas com distâncias muito grandes. Eu vi a minha colega Rosalina falar do desafio das comunidades ribeirinhas, que são muito grandes aqui no Piauí. Nós temos a região de Corrente, Cristalândia, que dista mais de mil quilômetros da capital. Outra situação bem difícil também é colocar professor especializado em sua área, mas o Piauí lança mão de tudo o que puder ter e ser para conseguir alcançar esses números.
Estamos à disposição para conversar sobre educação, porque realmente ela é essencial, transformadora, muda a vida das pessoas e consegue nos fazer felizes a cada dia, quando sabemos que estamos a serviço da população e conseguimos enxergar os benefícios chegando.
E, muito mais do que isso, nós estamos implementando o novo ensino médio nas escolas, estamos em vias de implementar um novo currículo. O Piauí já está com o seu currículo homologado. E nós queremos realmente que o estudante saiba que a escola é espaço de protagonismo, é espaço de alegria. Eles precisam ter a certeza de que estão chegando a um lugar onde há alegria, felicidade. Eles precisam ter a certeza de que têm uma educação de fato de qualidade.
A SRA. PRESIDENTE (Angela Amin. PP - SC) - Agradeço a contribuição da Profa. Viviane.
Peço escusas aos demais palestrantes, porque realmente vou ter que sair. Tenho que pegar um voo agora e já estou atrasada.
Eu passo a palavra à Sra. Elisângela Mendes, do Município de Estrela, e ao seu parceiro de trabalho, o Paulo.
A SRA. ELISÂNGELA MENDES - O Município de Estrela agradece novamente a oportunidade de poder participar deste momento. Falar em educação é extremamente importante, e compartilhar é extremamente importante.
Hoje também aprendemos muito com as experiências de outros lugares, de realidades diferentes. Acredito que a educação se constrói, sim, com a troca de experiências, com os debates, buscando boas ideias para as crianças.
Então, novamente obrigada pela oportunidade de participar. O Município de Estrela está muito feliz por estar aqui neste importante momento. Desejo a todos os colegas que atuam na área da educação sucesso em suas jornadas e que possamos, em algum momento ao longo deste caminho, trilhar juntos algumas ações, algumas estratégias.
|
11:38
|
A SRA. CARMEM LÚCIA PRATA - Eu acho que esse projeto de lei é muito importante para este momento que estamos vivenciando de pandemia e para todas essas condições de vida que estamos tendo.
Em relação a esse movimento nas escolas, a secretaria deve ter muita sensibilidade para tratar agora as questões das escolas. A questão pedagógica é uma delas. Há também as questões socioemocionais, as questões familiares. Então, são muitos pontos de atenção que a secretaria precisa ter neste momento para levar adiante a sua política pública envolvendo a tecnologia.
A tecnologia cria uma janela de oportunidades, mas ela depende realmente de existir. Então, ela precisa existir. Em função disso, acho que esse projeto de lei é fantástico. Eu tenho assistido a todas as audiências, que têm contribuído muito e inclusive trazido soluções, já que estamos vivenciando alguns problemas. Então, isso tem sido de uma riqueza infinita.
A SRA. ROSALINA LOBO - Mais uma vez agradeço a oportunidade. Quero parabenizar todos aqui presentes. Depositamos muitas expectativas nesse tipo de momento e na construção de políticas públicas significativas para um Brasil do tamanho do nosso, com todas as divergências que temos entre as regiões, mas isso gera um movimento muito rico e também muito criativo no Brasil.
Vemos que os pequenos Municípios e os maiores Estados têm o mesmo tipo de dificuldade. Quando vamos do micro para esse macro, sabemos o quanto é importante a política pública nacional como fomento, como um todo, para conseguirmos romper essas barreiras, para avançarmos rumo a uma educação de maior qualidade, para que possamos pensar um processo mais sofisticado do ponto de vista educacional, o quanto a cultura digital é importante para ser desenvolvida como competência, que tanto esperamos, tanto na educação básica, como em outros níveis da sociedade em geral, mas que possamos também ter um ambiente propício para isso.
Não falamos muito aqui, mas percebemos, na volta às aulas, o quão evidentes ficaram os problemas socioemocionais, denúncias, ameaças, bullying, cyberbullying, o uso responsável de tecnologia, todas as questões de cidadania digital e serviços de governo que precisam avançar.
|
11:42
|
Esse processo todo é um contexto social muito grande, e precisamos trabalhar de maneira muito colaborativa para ter esses aprendizados. Nós temos sentido isso na nossa rede muito de perto, o quão é difícil e o quanto acontece de problemas relacionados a assédios pelas redes, que os nossos alunos não estão preparados para a utilização da tecnologia de maneira consciente, de maneira responsável, muito menos as famílias, para lidar com isso. Esse é um outro aspecto muito sensível de tocar, mas que precisa ser tocado dentro das redes.
Eu agradeço a presença de todos e a participação de todos os nossos conferencistas, mais uma vez, Rosalina Lobo, Viviane Holanda, Carmem Lúcia Prata, Sônia Elisabeth Bier e Elisângela Mendes. Muito obrigado pela contribuição que todos trouxeram, contribuições ricas, de fato, apontamentos a partir de diversas realidades do nosso País, um país tão grande e diversificado. São experiências ricas, esclarecedoras e com subsídios muito importantes para esse estudo desenvolvido pela Câmara dos Deputados através do nosso Centro de Estudos e Debates Estratégicos.
Tivemos também a participação dos nossos consultores Carolina Cezar, Renato Gilioli e Ricardo Martins. Muito obrigado pela presença e pelo acompanhamento desse estudo.
Agradeço a todos, mais uma vez, e também aos que nos acompanharam pelo Youtube e pelo e-Democracia. Nós temos algumas mensagens que nos foram encaminhadas inclusive pelo Zoom. Não terei a oportunidade de ler todas, mas, de maneira geral, essas mensagens reiteram a importância das falas dos nossos conferencistas, falas ricas que contribuem muito para o nosso estudo.
|