Horário | (Texto com redação final.) |
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O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Vamos começar esta audiência pública.
Hoje, dia 21 de setembro de 2021, no Anexo II, no Plenário 6, faremos uma audiência pública sobre o Balanço dos jogos olímpicos de Tóquio 2020, em atendimento ao Requerimento nº 49, de autoria do Deputado Luiz Lima e com a concordância de todos os Deputados que fazem parte desta Comissão, para debater a participação brasileira nos Jogos Olímpicos de Tóquio de 2020.
Convidados confirmados: Sr. Paulo Wanderley Teixeira, Presidente do Comitê Olímpico do Brasil; Sr. Bruno Souza, Secretário Nacional de Alto Rendimento da Secretaria Especial do Esporte; Sr. Ricardo Avellar, Gerente de Formalização do Comitê Brasileiro de Clubes — CBC; Major-Brigadeiro do Ar João Campos Ferreira Filho, Presidente da Comissão Desportiva Militar do Brasil — CDMB; Sr. Fernando Possenti, professor de educação física, treinador de maratonas aquáticas, treinador da atleta Ana Marcela Cunha, primeira mulher campeã olímpica da história da natação brasileira; Sr. Guilherme Schleder, Secretário Municipal de Esportes do Rio de Janeiro — muito obrigado, Guilherme, pela sua participação —; Sr. Antônio Carlos Kiko Pereira, treinador de judô da equipe da Sociedade de Ginástica de Porto Alegre — SOGIPA, do Rio Grande do Sul; Sra. Yane Marques, Presidente da Comissão de Atletas do Comitê Olímpico do Brasil, medalhista olímpica, que também tem uma visão da parte executiva do esporte nacional; e Sr. Diego Pérez, Secretário-Executivo de Esportes do Estado de Pernambuco.
Então, tenho a honra de anunciar que foram convidados para esta audiência pública e estarão participando, por meio de plataforma virtual, a senhora e os senhores já mencionados.
O SR. FELIPE CARRERAS (PSB - PE) - Eu quero parabenizar o Deputado Luiz Lima pela autoria do requerimento desta audiência pública.
O esporte tem a capacidade de unir. Aqui quem está falando é um Deputado da Oposição do Governo, e o Deputado Luiz Lima, que eu tive a grata felicidade de conhecer nesta Legislatura, é da base do Governo. E aqui nós temos uma convivência extremamente harmônica. Temos dito que o esporte não tem partido, o nosso partido é o esporte. Nós lutamos para que o esporte possa cumprir o seu papel. Eu sempre tenho dito para não se formar só campeão medalhista, mas se formar cidadão. O esporte é inclusão. No momento em que vemos essa pandemia, que devastou tantas famílias, milhares de pessoas, aumentou ainda o abismo, a juventude que nem trabalha, nem estuda. Sabemos que o esporte é uma porta de inclusão e uma porta de libertação.
Nós vamos aqui fazer um balanço dessas olimpíadas.
Mas eu queria aqui provocar todos os gestores, todos os membros da comunidade esportiva nacional, desde a maior autoridade nessa área, que é o querido Presidente do COB, o Sr. Paulo Wanderley, ao representante do Governo Federal, o Sr. Bruno, que é uma figura onipresente nas nossas audiências públicas; desde o Secretário de Esportes do Rio de Janeiro, que eu tenho certeza de que está com um grande desafio ao assumir a responsabilidade de parte do legado olímpico, ao Secretário de Esportes do Governo de Pernambuco, o Sr. Diego Pérez, ao lado de quem eu tive a felicidade de trabalhar no Governo de Pernambuco — e ele continua fazendo um belíssimo trabalho.
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Parabenizo também a Yane, com quem tenho uma convivência e falo praticamente toda semana. Ela é a nossa querida heroína — assim eu trato os nossos atletas e paratletas.
Cumprimento o nosso Deputado Luiz Lima, que também é um grande herói medalhista; a nossa Yane Marques, minha conterrânea, pernambucana, sertaneja, arretada, medalhista olímpica, que faz um belo trabalho na Secretaria de Esportes da Prefeitura de Recife, com o Prefeito João Campos, e também na Comissão de Atletas pelo Brasil; o Ricardo Avellar; Major-Brigadeiro do Ar João Campos; o Sr. Fernando Possenti; e o Sr. Antônio Kiko Pereira.
Acho que cumprimentei todo mundo aqui. Quero desejar uma grande audiência pública, que vai ser bem conduzida pelo Presidente, o querido Deputado Luiz Lima, e dizer que estamos à disposição e que estamos vivendo um momento muito rico.
O Deputado Luiz Lima também é membro da Comissão de Atualização da Lei Pelé. Ele é Vice-Presidente dessa Comissão. Nós estamos num momento muito rico, muito importante, que é o da atualização da Lei Pelé. Eu acho que esta lei pode, sim, corrigir deficiências do Estado brasileiro em relação ao esporte.
Não vou entrar no Governo de Bolsonaro, nem no de Dilma, nem no de Lula, nem no de Michel Temer, nem no de Fernando Henrique Cardoso. Eu vou falar das deficiências que existem dos governantes do Estado brasileiro para com o esporte. Este Parlamento está com este desafio de, através da atualização da Lei Pelé e de leis que empoderem mais as confederações, as federações, os clubes, os atletas, os paratletas, as entidades esportivas, fazer com que o recurso público chegue à ponta, àqueles invisíveis. Eu acho que esse é um grande desafio nosso e tenho certeza de que também vamos pautar isso. Nós estamos com essa oportunidade.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Obrigado, Presidente Felipe Carreras.
Antes de passar às exposições dos nossos convidados, esclareço os procedimentos a serem adotados na condução desta audiência pública.
O convidado deverá limitar-se ao tema em debate e disporá de 10 minutos para a sua apresentação, não podendo ser interrompido.
Após as exposições, serão abertos os debates. Os Deputados interessados em fazer perguntas ou considerações sobre o tema deverão inscrever-se previamente por meio do aplicativo Infoleg ou solicitar pela plataforma virtual. A palavra lhe será concedida, respeitada a ordem de inscrição, pelo prazo de 3 minutos. Os palestrantes disporão do mesmo tempo, de até 3 minutos, para a resposta. No final do debate, cada convidado terá até 3 minutos para as suas considerações finais.
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Comunico que esta audiência pública está sendo transmitida pelo portal da Câmara dos Deputados e que todos podem participar por meio de perguntas dirigidas a esta Mesa pelo portal e-Democracia.
Informo também que as apresentações em multimídia serão disponibilizadas para consulta na página eletrônica da Comissão após a reunião.
Então, vamos começar. Recebemos um telefonema aqui do Diego e vamos abrir, sim, com o Sr. Paulo Wanderley Teixeira, Presidente do Comitê Olímpico do Brasil.
Nós temos a oportunidade, com esta audiência, de trazer a opinião de diversos segmentos do esporte nacional que fazem parte da construção esportiva do País. Nós temos a presença de representantes do Comitê Olímpico Brasileiro, da parte executiva, da parte dos treinadores, do profissional de educação física, dos atletas, com a Yane. Nós temos a presença dos Secretários de Esportes do Rio de Janeiro e de Pernambuco. Então, fiquem bem à vontade para dirigir as suas opiniões, as suas percepções sobre a política pública do esporte, sem medo de fazer algum elogio ou alguma crítica.
Lembro que esta nossa reunião é gravada e serve como base para a construção de políticas públicas voltadas para o esporte. Como o Deputado Felipe Carreras falou, estamos responsáveis pela atualização da Lei Pelé, uma lei de 1998, ou seja, ela já tem 23 anos. E estamos num momento de construir a próxima política pública esportiva para os próximos 20 ou 30 anos. Então, cada opinião de cada um dos participantes, fiquem certos, será muito bem-vinda, será muito útil para a construção de uma política pública esportiva.
O SR. PAULO WANDERLEY TEIXEIRA - Muito obrigado, Deputado Luiz Lima. Eu quero saudá-lo e já cumprimentar o Deputado Felipe Carreras e os demais participantes desta audiência, já anteriormente nominados.
Falar sobre o balanço dos Jogos Olímpicos de Tóquio nos tomaria aqui, naturalmente, muito tempo. Temos que nos restringir ao tempo já definido. Portanto, eu, antecipadamente, reitero que foi uma conquista do esporte brasileiro, foi um avanço em relação às marcas anteriores, quer seja de número de medalhas, quer seja de número de modalidades classificadas. Sobre isso, eu vou convidar o meu querido Diretor de Esporte do Comitê Olímpico para fazer uma explanação breve, porque não vai ter como nós falarmos sobre todos os temas dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Então, o Bichara, que tem uma memória fantástica, vai conseguir explanar aqui em poucas palavras o mais rápido possível.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Eu acho que congelou a imagem do Paulo Wanderley, do Comitê Olímpico Brasileiro.
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(Pausa prolongada.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Vou passar a palavra para o próximo orador, o Sr. Bruno Souza, Secretário Nacional de Alto Rendimento.
Boa tarde a todos os outros convidados, os quais já saudamos antes. Saúdo também o Deputado Felipe Carreras, sempre à frente da Comissão.
Como ele disse, sou quase onipresente na Comissão, porque participo mesmo. É nosso dever participar. Estou aqui, mais uma vez, representando o Ministério da Cidadania, representando o Secretário Especial Marcelo Magalhães, que hoje está no comando do esporte nacional.
Eu preparei um pequeno texto para que todos acompanhem o que foram os Jogos Olímpicos. Eu tive o prazer de estar na primeira fase dos Jogos Olímpicos, com o Marcelo Magalhães e o Secretário-Adjunto, André. Depois, retornei para acompanhar os Jogos Paralímpicos, em que tivemos também excelentes resultados.
Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio chegaram ao fim. Nessa edição, os jogos ficaram marcados — e ficarão marcados para sempre —, por diversos fatores. Após ser adiado por 1 ano, por causa dos desdobramentos da pandemia de COVID-19, o evento foi realizado sem a presença de público, com a redução do tamanho das delegações e com rigoroso protocolo sanitário. Quem esteve lá, como nós, passou por isso no dia a dia. E, realmente, não foi nada fácil. Foram muitas as limitações. Lembro que esses foram os meus sextos Jogos Olímpicos. Já fui a dois como atleta e a mais quatro trabalhando, em funções diversas. Então, sei muito bem que essa edição foi bastante diferente.
No quadro de medalhas, nós vimos uma maior pulverização dos resultados. Os efeitos da pandemia podem explicar esse fenômeno. Os atletas tiveram seus treinamentos e competições interrompidos por períodos diferentes, dependendo da forma com que os países lidaram com a pandemia. Os recursos financeiros também ficaram mais escassos. E a saúde mental dos atletas foi afetada em grande escala, mas, para alguns, também houve uma fase positiva, com menos competições. Nós que já fomos atletas, sabemos que assim descansamos mais, o corpo fica melhor, e talvez venhamos a competir melhor também.
O Brasil finaliza os Jogos Olímpicos com o melhor desempenho da história desde a sua primeira participação. Conquistamos 21 medalhas, em 13 modalidades diferentes, sendo 7 de ouro, 6 de prata e 8 de bronze, resultado que nos colocou na 12ª colocação do quadro de medalhas.
E não foram só as medalhas que demonstraram o desenvolvimento da performance brasileira. No nosso modo de ver, em quase todas as modalidades, nós atingimos nosso melhor resultado até hoje. Estivemos presentes em 41 finais valendo medalha; chegamos a 13 semifinais e a 12 oitavas de final. E diversos recordes pessoais de modalidades foram alcançados.
No meu tempo, fomos pela primeira vez aos Jogos Olímpicos com o handebol e ganhamos uma partida. Então, cada esporte tem o seu desenvolvimento diferente.
Nos Jogos Paralímpicos, foram enviados ao todo 260 brasileiros, sendo 164 homens e 96 mulheres, que representaram nosso País e alcançaram 10 quartas de final, 8 semifinais, 11 disputas pelo bronze e 104 finais. A delegação brasileira superou o recorde absoluto de medalhas de ouro em uma única edição. Foram conquistadas 22 medalhas de ouro, 20 de prata e 30 de bronze, que levaram o Brasil a terminar no sétimo lugar no quadro de medalhas, com 72 medalhas conquistadas. O resultado superou os jogos de Londres, quando o Brasil obteve 21 medalhas de ouro.
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Porém, o feito mais importante foi a presença de um grande número de pedalistas jovens, o que evidencia o grande potencial do Brasil para os jogos de Paris em 2024. Nós fomos muito questionados em Tóquio: como conseguimos produzir sempre uma juventude apta ao esporte?
As conquistas das medalhas, dos resultados, estão intrinsecamente ligadas ao investimento realizado no esporte. E, quando falamos de investimento, falamos dos benefícios financeiros transmitidos diretamente não somente aos atletas, mas também aos treinadores, às equipes técnicas, às equipes multidisciplinares. E não só isso, estamos falando também de recursos para os exames, avaliações físicas, análises estatísticas, apoio, climatização, realização de campo de treinamento, além de todos os investimentos realizados na estrutura esportiva, compreendendo, por exemplo, a manutenção dos centros de treinamento, compras de equipamentos, artigos esportivos e diversos investimentos na gestão do esporte.
Esses resultados são importantes para traçarmos um parâmetro de análise de investimentos realizados no esporte nacional, seja através dos recursos das loterias, que são geridos pelo sistema nacional — COB, CPB, CBC, CBDE, CBDU, confederações —, seja através de recursos públicos geridos pela Secretaria Especial do Esporte, na qual estou inserido, com o Marcelo Magalhães, em diversos níveis de atuação.
O Governo Federal investe anualmente 750 milhões de reais, como recursos públicos, no esporte voltado ao alto rendimento em diversas formas. A maior parte deles vem em três grandes frentes: programa Bolsa Atleta, Lei das Loterias e a Lei do Incentivo ao Esporte, que permite que os recursos provenientes da renúncia fiscal sejam aplicados em projetos voltados ao esporte.
Desde 2005, o Governo mantém o pagamento de bolsas diretamente aos atletas de alto rendimento, olímpicos e paralímpicos, por meio do programa que todos conhecemos: o Bolsa Atleta. No último ciclo, o de Tóquio, nós do Governo aportamos cerca de 485 milhões de reais: 293 milhões de reais para os atletas olímpicos — 80% da nossa delegação olímpica era bolsista —, e 192 milhões de reais para os atletas paralímpicos — 95% da nossa delegação paralímpica é bolsista.
Além disso, cumpre resgatar que a Secretaria Especial do Esporte possui também parceria com o Ministério da Defesa por meio do Programa Atletas de Alto Rendimento — PAAR, que foi criado em 2008 para contribuir e fortalecer a equipe militar brasileira em eventos esportivos. Dos 303 atletas da delegação olímpica, 88 fazem parte do Programa Forças Armadas: 42 da Marinha; 26 do Exército; 20 da Força Aérea.
A Lei de Incentivo ao Esporte foi sancionada em 2006 e implementada em 2007. Através dos incentivos fiscais, o valor captado nesse período foi de 640 milhões de reais. Em 2020, as loterias destinaram 1,2 bilhão de reais ao esporte. De acordo com os dados do sistema da Caixa, desse total, 292 milhões de reais foram repassados para o COB, que fez sua partilha com diversas confederações, e 163 milhões de reais para o Comitê Paralímpico.
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Essa edição dos jogos, especialmente, foi marcante para o Brasil. A edição seguinte aos jogos realizados em casa é sempre importante para sinalizar o que ficou de legado dos investimentos dos anos anteriores. Os resultados não apareceram de um dia para o outro. Os investimentos não são percebidos em longo prazo. Desde 2007, entramos nas décadas dos grandes eventos: Pan-Americano, Jogos Mundiais Militares, Copa do Mundo, Jogos Olímpicos. O esporte brasileiro passou por uma grande reestruturação e desenvolvimento.
Acreditamos que o maior legado dos jogos do Rio não foi o número de medalhas conquistadas ou, nos jogos de Tóquio, o melhor resultado alcançado da história. O grande legado é a maior influência dos investimentos em diferentes modalidades, em que atletas cada vez mais jovens aumentam a representatividade do nosso País, o que demonstra, a cada edição, a potência e a qualidade técnica dos nossos atletas. Estar entre os melhores países do mundo é uma verdadeira medalha, fruto de anos de trabalho árduo e início do que ainda está por vir.
Sendo assim, Luiz, saúdo principalmente os dois técnicos que aqui estão, o Kiko e o Fernando, por terem criado tantos e tantos atletas que nos trazem tanto orgulho. Para os outros, que são meus parceiros olímpicos e ex-atletas, fica aqui meu forte abraço.
Mais uma vez, muito obrigado ao Paulo Wanderley e a toda equipe do COB pela recepção, em Tóquio — minha, do Marcelo, do André —, e pela nossa interação. Sabemos que existem pouquíssimos países no mundo que têm essa estrutura tão bacana que o COB, através, especialmente, da direção do Bichara, consegue oferecer, dando suporte aos atletas de alto rendimento.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Secretário Bruno Souza, muito obrigado pelas suas observações, pelos resultados que trouxe a esta Comissão, não só do número de medalhas que obtivemos, mas também das participações de semifinais, de oitavas de final, tanto nos esportes coletivos como nos esportes individuais.
Fiquem certos de que as ferramentas que vocês têm hoje certamente o Brasil utiliza muito bem. Precisamos de mais ferramentas. Cabe à Câmara dos Deputados e cabe ao Senado Federal utilizarmos principalmente a nova Lei Pelé para trazermos atribuições aos Ministérios, tanto o Ministério da Saúde quanto, principalmente, o Mistério da Educação, para que se inclua urgentemente a educação física no ensino básico do nosso País, e para fazermos com que também as universidades federais, que são 63, sejam bem utilizadas em toda a sua infraestrutura esportiva e sua área de conhecimento.
Eu digo sempre: se o Ministério da Educação espirrar esporte, ele modificará o esporte no nosso País e dará muito mais ferramentas ao COB, às Secretarias Estaduais, à Secretaria Nacional, porque iremos aumentar a participação e a prática do esporte entre nossas crianças, jovens, adultos e idosos.
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O SR. PAULO WANDERLEY TEIXEIRA - Reitero as minhas desculpas. Ocorreu uma situação externa aqui na região onde nós estamos, na Avenida das Américas. Houve uma queda de energia e, com isso, toda uma consequência que nos fez sair do ar por alguns minutos.
Todos são amigos, todos vêm de relacionamentos anteriores, então fica mais fácil conversar um pouco sobre o esporte olímpico, apresentar um pouco de como foi essa campanha e qual a nossa visão sobre situações que podemos aperfeiçoar para o futuro, como é a proposta desta audiência — identificar pontos, ainda, de melhoria e como podemos nos apresentar melhor mais à frente.
Bem, acho que os números são do conhecimento de todos que estão aqui, em relação à conquista de medalhas, aos resultados que o Brasil obteve, num cenário mundial extremamente complexo. Então, toda a programação de ações preparada ao longo desses anos surtiu o efeito que nós esperávamos. O planejamento permitiu condições de execução pelos treinadores e seus atletas do que eles se prontificaram a fazer, e os resultados esportivos chegaram. Eu queria só colocar dentro de uma zona temporal essa situação toda que aconteceu.
É importante sempre lembrarmos que esse ciclo olímpico, para o Comitê Olímpico do Brasil, foi talvez o mais difícil da sua história. Há pouco tempo, em 2017, nós já estávamos dentro de um processo de intervenção do Comitê Olímpico Internacional, saindo de uma crise muito grande, tendo que passar por essa crise, melhor dizendo, e retomar a credibilidade internacional do Comitê, enfrentando todos os processos de questionamentos que vieram de forma interna e externa, que provocaram nessa nova gestão uma aceleração de todas as questões relacionadas à entrada de novas regras de governança, de situações que envolveram modificações na ordem interna de compliance do Comitê e todas as situações administrativas que precisaram ser aprimoradas no sentido de que retomássemos a nossa autonomia internacional e a possibilidade da gestão plena da atividade de liderança dentro do processo esportivo olímpico do Brasil.
Passado esse processo, tínhamos um desafio enorme no campo esportivo: caminhar no sentido de buscar, junto às grandes competições internacionais, o que é o nosso objetivo estatutário, que é buscar a melhor representação do Brasil nos jogos que fazem parte dos programas do Comitê Olímpico Internacional, da Associação dos Comitês Olímpicos Internacionais — ACNO, da Organização Desportiva Pan-Americana e da Organização Desportiva Sul-Americana — ODESUR. Essa é a nossa responsabilidade básica, entre tantas que temos, além da promoção de valores olímpicos e da difusão da Olimpíada.
Diante desse cenário, com todas as dificuldades que tínhamos, foram traçadas estratégias no sentido de buscar progressivamente a capacitação de equipes e atletas para que chegássemos aos Jogos de Tóquio na melhor condição. Passamos pelos Jogos Pan-Americanos de 2019, nos quais o Brasil obteve também sua melhor representatividade internacional, alcançando a segunda posição no quadro de medalhas, o recorde de medalhas num evento fora do Brasil, o que permitiu que entendêssemos que estávamos no caminho certo.
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Chegamos a 2020 com a expectativa de pôr em prática tudo o que estava planejado, mas passamos pela situação da pandemia, que adiou o planejamento em 1 ano. Isso trouxe benefícios para a preparação de alguns atletas e prejuízos para outros, além de uma necessidade enorme de adequar o planejamento por mais 1 ano, com todas as incertezas levadas a esses jogos.
Isso também nos possibilitou, ao longo do tempo, aprender formas de organizar melhor nossa estrutura, para garantirmos uma condição sanitária de qualidade para a nossa equipe, que era um dos nossos objetivos.
Além de uma representação internacional esportiva, saímos de lá com uma representação do Brasil relativa a ações no campo sanitário que favorecessem uma boa imagem do Brasil internacionalmente e assegurassem segurança para os nossos atletas e oficiais que estavam representando o Brasil. Além disso, houve um planejamento para que não levássemos — essa é a palavra certa — nenhum tipo de vírus para o Japão e que voltássemos de lá sem nenhum tipo de vírus para o nosso País.
Então, o objetivo dessa missão era fazer não somente uma representação esportiva, mas também uma representação internacional do Brasil de forma segura. E isso também pautou nossas decisões. Todos puderam acompanhar as questões relacionadas à quantidade de pessoas no desfile, aos procedimentos que adotamos na parte inicial da nossa preparação, com as testagens e os protocolos de testes que realizamos antes da viagem.
Aliás, isso foi foco de uma audiência pública promovida pelo Deputado Felipe Carreras antes da Olimpíada, quando apresentamos todo o nosso protocolo. É com muita satisfação que voltamos aqui para dizer que esse protocolo foi cumprido e atendeu plenamente aos nossos objetivos em relação à segurança da nossa equipe e de todos que estavam ao nosso redor.
Para isso, nesse processo todo, contamos com a ajuda muito grande do Ministério da Cidadania, da Secretaria Nacional do Esporte, do Ministério da Saúde e da FIOCRUZ. Isso nos permitiu garantir essa condição na preparação e na participação dentro dos jogos. Nós somos sempre muito gratos a esse tipo de atitude.
Durante a competição, a performance do Brasil em diversos esportes nos trouxe muita satisfação. A nossa estratégia era ampliar o número de modalidades medalhistas. E nós alcançamos um feito muito interessante, porque tínhamos, dentro do nosso foco estratégico, 26 modalidades em que entendíamos que existia alguma possibilidade de resultado. Dessas 26, 13 conseguiram medalhas. Esse é um número muito interessante, é um percentual alto e muito valioso dentro do nosso plano estratégico.
Nesse cenário dos Jogos de 2020 realizados em 2021, durante esse processo de 5 anos, 95 atletas ou equipes estiveram dentro do nosso foco de observação, por terem, dentre um potencial mínimo a um potencial grande, a possibilidade de conquistar medalhas nos jogos. Dessas 95 possibilidades, 21 se concretizaram, o que é um número bastante razoável de acordo com a estatística que existe no cenário olímpico internacional, que é cada vez mais competitivo.
Olhando para frente, qual é a proposta desta audiência pública? Alguns fatos saltam aos olhos, como ressaltou o Deputado Luiz Lima. Se estamos pensando em avançar nesse cenário internacional, se estamos pensando em manter esse nível de resultado, muita coisa precisa ser feita para ampliar vários segmentos em que atuamos, para extrair as metas para o alto rendimento. Ainda temos um número muito pequeno de praticantes de esporte de alto rendimento dentro do País, numa relação direta entre o tamanho da nossa população e o tamanho do País.
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Temos clubes atuantes, mas o número de clubes é muito pequeno ainda. Nós podemos ampliar isso muito. A CDC faz um trabalho fantástico de propiciar condições a esses clubes. Os clubes são a base do nosso trabalho, mas esse número ainda é pequeno dentro do nosso País, e precisamos de um estímulo para que esse número de clubes aumente. Isso aumentando, precisamos, as federações estaduais, as confederações, de suporte no sentido de que aumentemos o nível competitivo interno. As nossas competições precisam aumentar sua qualidade.
Precisamos também investir nas nossas instalações esportivas. Todos esses países que estão na nossa frente têm um sistema de centro de treinamento de excelente qualidade. O Brasil ainda se limita muito nesse cenário. Sabemos de todas as dificuldades dentro desse nível de investimento, sabemos do plano da Secretaria Especial do Esporte de proporcionar condições para o desenvolvimento desses centros. Apoiamos esse tipo de iniciativa que está sendo conduzida pelo Bruno. É um diferencial dos países que estão na nossa frente contarem com um centro de qualidade.
Temos que ter um olhar sobre as modalidades de cunho subjetivo. Elas estão aumentando dentro do programa internacional, do programa olímpico. O Brasil teve um destaque grande nas modalidades subjetivas — de notas subjetivas, de avaliação subjetiva —, e isso é um ponto de atenção na estratégia esportiva do Brasil.
Precisamos aumentar nossa influência dentro das esferas políticas internacionais. Temos poucos representantes dentro dos órgãos sul-americanos e pan-americanos que dirigem as modalidades. Quero reforçar: não é uma ideia do Brasil ser beneficiado por causa disso, mas que ele não seja prejudicado. Temos situações difíceis com algumas confederações que ainda sofrem efeitos de gestões anteriores, de políticas anteriores que influenciaram nas situações atuais. Isso faz com que tenhamos necessidade de um suporte, de uma união de todos para socorrer essas confederações no sentido de que tenhamos os promotores do esporte sadios, conseguindo desenvolver sua função de promoção do esporte olímpico no País. Existem situações que estão distantes do nosso nível de atuação, que são relacionadas à economia do País, principalmente à cotação de euro e dólar, que influenciam demais nossos planos para as questões relacionadas ao incentivo ao intercâmbio internacional, que faz parte da preparação de alto rendimento.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Obrigado, Presidente Paulo Wanderley.
Obrigado ao Bichara. Obrigado pelas explicações, obrigado pelas sugestões para o crescimento do esporte brasileiro, de modo que possamos agir e ter mais interferência para trazermos maiores possibilidades para as diversas modalidades.
Algumas federações e confederações estão enfrentando dificuldades, como mencionado pelo Bichara. Uma delas, se não me engano, é a canoagem, que vive um momento difícil. Até vou tentar me aprofundar mais sobre este momento com o Secretário Bruno e com o Comitê Olímpico Brasileiro, para trazer a esta Comissão a situação da canoagem, responsável inclusive por medalhas olímpicas e pelo título de campeão olímpico. Nós temos essa responsabilidade também.
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O SR. JOÃO CAMPOS FERREIRA FILHO - Exmo. Sr. Deputado Luiz Lima, na pessoa de quem cumprimento todos os presentes e todos os participantes.
(Segue-se exibição de imagens.)
Houve a participação dos militares nos Jogos Olímpicos. Como já foi falado, a ideia é apresentar nosso Programa de Incorporação de Atletas de Alto Rendimento e como se deu sua participação nos Jogos Olímpicos de Tóquio.
Esse roteiro é longo, mas vou me ater aos 10 minutos. Por favor, não se preocupem. Discorro um pouco sobre a estrutura do desporto. É importante essa apresentação, para que entendamos onde está situado o programa.
Aqui é a evolução histórica. Nota-se como melhoramos após iniciado esse programa. Esses são alguns resultados.
O Departamento de Desporto Militar — DDM, que fica dentro do Ministério da Defesa, do qual sou Diretor e também Presidente da Comissão Desportiva Militar do Brasil, liga-se ao Conselho Internacional de Esporte Militar, às Comissões do Exército, da Marinha e da Aeronáutica e trabalha diretamente com o Comitê Olímpico Brasileiro, assim como com o Comitê Paralímpico.
No caso, estamos tratando dos Jogos Olímpicos. Foi até comentada a parte relativa à vacinação, pois fizemos um programa que conseguiu vacinar todos os atletas militares, para que fossem aos Jogos Olímpicos de Tóquio.
Então, temos quatro atribuições, sendo uma delas o Programa Atletas de Alto Rendimento. O objetivo é fortalecer a equipe militar brasileira e cooperar com o desenvolvimento do desporto nacional. Essa parceria vem desde 2008, com o então Ministério do Esporte. Hoje essa parceria se dá entre o Ministério da Defesa e o Ministério da Cidadania.
O alistamento e a permanência no programa de todos esses atletas — alistamento voluntário — se dá por meio de um processo de seleção por mérito desportivo nacional e internacional, ou seja, existe a meritocracia. A permanência no programa vai até 8 anos. Ela pode se encerrar antes, mas o limite são 8 anos.
Essa é a distribuição dos atletas entre as Forças Armadas. Esse número varia um pouco: há um pessoal que chega aos 8 anos e sai. Mas há os atletas que, por algum outro motivo, também saem. Quando isso ocorre, incorporamos outros.
Mas, basicamente, o número é este: 222 atletas de carreira das Forças Armadas. No PAAR há 551 atletas, sendo 263 da Marinha, 189 do Exército e 99 da Força Aérea. E há ali também a distribuição entre masculino e feminino. O total é de 163 atletas de alto rendimento nas Forças Armadas.
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E qual é o grande goal? É proporcionar o apoio aos atletas. Então, proporcionamos apoio com locais para treinamento, material esportivo, recursos humanos qualificados para o treinamento e participação em competições de alto nível. Entramos com diárias, passagens e o que for necessário. O sistema de saúde das Forças dá apoio a esses atletas. Eles têm alimentação, alojamento e, logicamente, remuneração mensal prevista, dentro do que rege a legislação de cada Força, com décimo terceiro, férias, etc.
Essas são as competições. Desde que começou o programa, participamos dos Jogos Mundiais Militares, em 2011, no Rio de Janeiro; na Coreia, em 2015, e na China, em 2019, em Wuhan. Além disso, participamos dos Jogos Olímpicos de Verão, em 2012, em Londres; aqui no Rio de Janeiro, em 2016; e em Tóquio, 2020, jogos que aconteceram este ano de 2021.
Temos 30 modalidades contempladas pelo PAAR, sendo que, dentre essas, 7 modalidades são não olímpicas. Então, essas modalidades são basicamente militares. Em todas as outras modalidades, participamos com atletas do alto rendimento.
Nos jogos em Tóquio, o Brasil poderia participar de 46 modalidades, e participamos em 35 modalidades — refiro-me à totalidade de atletas brasileiros. Dentre essas modalidades, tivemos atletas militares em 21 delas, sendo que 4 modalidades foram disputadas somente por atletas militares.
E é importante falarmos da evolução no quadro de medalhas. Antes do PAAR, ficamos em 36º lugar em Roma, Itália, em 1995; em 22º lugar em 1999; em 15º lugar, que foi a nossa melhor participação — estou falando de Jogos Mundiais Militares —, e 33º lugar na Índia. Depois do início do PAAR, com a incorporação desses atletas, fomos o primeiro colocado, em 2011, no Brasil. Na Coreia, fomos o segundo colocado; e, na China, fomos o terceiro colocado.
E o reflexo desse trabalho está também nos Jogos Olímpicos. Os resultados não foram tão acentuados como nos Jogos Mundiais Militares, mas vimos também uma melhora. A partir de 2008, ficamos no 22º lugar, em Londres; no 13º lugar, no Rio de Janeiro, e, agora, em 12ª lugar, no Japão.
No Rio de Janeiro, 68% das medalhas foram conquistadas por atletas militares e agora, em Tóquio, com 31% da delegação composta por atletas militares, conquistamos 38% do total de medalhas. Aqui apresento alguns dos rostos mais conhecidos, atletas que ganharam medalhas. Inclusive, alguns deles estão participando do 58º Campeonato Mundial de Boxe, na Rússia.
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Vamos ver qual é a nossa visão prospectiva, como é que nós podemos melhorar. Estamos elaborando estudos de forma a buscar novas fontes de recursos. Como eu falei, há alimentação, hospedagens e diárias. Mas também ali, no quarto item, vemos a manutenção das instalações esportivas. Algumas dessas instalações, principalmente no Rio de Janeiro, são mantidas pelas organizações militares. Estamos estudando como buscar novas fontes de recursos para manter ou melhorar essas instalações, de forma que elas atendam especificamente ao que os atletas necessitam.
Nós temos o Programa Forças no Esporte, que é similar ao Programa Segundo Tempo, do Ministério da Cidadania, em que trabalhamos com crianças dos 6 aos 18 anos. Nesse programa, também estamos elaborando estudos para buscarmos ferramentas que apresentem a possibilidade de identificarmos e detectarmos os talentos desses meninos e jovens, para que possamos indicá-los, por exemplo, aos clubes ou às associações.
Estamos também trabalhando na redefinição do número de atletas do PAAR, buscando não diminuí-lo e, quem sabe, aumentar a participação no que eu comentei em relação ao quadro lá atrás.
Temos incentivado nossos atletas a participarem em competições nacionais e internacionais, para eles manterem ou até elevarem o nível em cada uma das modalidades em que nós participamos. E estamos alinhados com as necessidades do COB, porque sabemos que o COB tem dificuldade em colocar atletas em determinadas modalidades e que nós podemos participar e ajudar na incorporação de atletas nessas modalidades.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Obrigado, Major-Brigadeiro do Ar João Campos. Muito obrigado mesmo pela sua apresentação. Já solicitei aqui a apresentação, quando ela estiver disponível, para esta Comissão, em especial para mim. Eu gostei muito da evolução.
Eu mesmo, quando estive presente nos Jogos Mundiais Militares de 2011, no Rio de Janeiro, pude presenciar quanto as Forças Armadas contribuíram em relação à infraestrutura, à cessão dos seus espaços, a parcerias com o Governo Federal, com a administração, com o Executivo, com o Comitê Olímpico Brasileiro. Sem dúvida nenhuma isso contribuiu muito para o desenvolvimento esportivo, de rendimento e participativo também, do nosso País.
Eu gostaria agora de convidar o Sr. Fernando Possenti, treinador de maratonas aquáticas, professor de educação física, ex-atleta também de natação, que teve na sua carreira esta transição: viver momentos como atleta, estar vivendo momentos como treinador e, já com a glória de ser treinador, campeão olímpico.
Fernando, eu gostaria muito não só de ter uma avaliação sua do seu trabalho e da sua experiência — você vai passar muito para nós que estamos vivendo no Poder Executivo —, mas também que você pudesse apontar coisas positivas e negativas que pudéssemos aproveitar para o desenvolvimento de futuras políticas públicas.
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15:23
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Luiz, não me canso de repetir e vou dizer mais uma vez que a nossa conquista é 100% nacional. Não é só uma conquista minha, mas dos esportes aquáticos do Brasil e do esporte brasileiro. A Ana é uma atleta brasileira inserida num projeto do Comitê Olímpico Brasileiro, com um treinador brasileiro, utilizando um centro de treinamento brasileiro, legado dos nossos Jogos Pan-Americanos e dos nossos Jogos Olímpicos. O que eu quero dizer com isso? Quero dizer que é possível construir resultados dessa magnitude dentro de casa. Aqui há pessoas e instituições sólidas o suficiente para construir esse tipo de resultado.
Falando agora não como treinador da Ana Marcela, mas como profissional de educação física, vejo todos os jogos, é claro, com a esperança de buscar resultados ainda melhores. Mas vejo o esporte como um todo. Acho que todos aqui concordam que existe o esporte como qualidade de vida, no qual o profissional de educação física também está inserido, e que existe o esporte como iniciação esportiva. Que bom seria se ele ocorresse na escola, como você bem citou em relação ao Ministério da Educação, esse primeiro contato da criança com o esporte olímpico na aula de educação física. Depois da iniciação, existe um segundo momento, que é a formação esportiva propriamente dita. Hoje, dentro da nossa estrutura, isso está a cargo dos clubes e das federações. Por fim... (falha na transmissão) estatutária do COB de cuidar dessas competições de alto rendimento.
Acho que, se chegamos a esse resultado, toda uma engrenagem funcionou. Minha esperança é que essa engrenagem continue a funcionar, para que não surjam expoentes apenas em alguns momentos, mas haja futuros valores nesse esporte. Para isso, minha opinião como profissional de educação física é que temos que olhar — não lembro quem fez o comentário em relação à população nacional — quantas pessoas estão inseridas no meio do esporte. Especificamente no esporte em que trabalhamos, nosso resultado é fantástico em relação ao número de atletas que chegam ao alto rendimento. É muito expressivo o resultado que o COB conseguiu, que o Brasil conseguiu, com o número de atletas que conseguem chegar ao alto rendimento.
No entanto, na questão da formação, vale um auxílio — já pensando no futuro, como você mesmo falou, em relação a políticas públicas — não só aos clubes e às confederações, mas também para criar uma diretriz sobre o que fazer. O que eu chamo de diretriz? Chamo de diretriz a capacitação dos profissionais, a capacitação dos treinadores, a criação de programas em que mais atletas serão revelados ou mais atletas serão atraídos para o alto rendimento. É claro que estamos sempre num processo de evolução, mas é como se nós soubéssemos trabalhar muito bem o alto rendimento, mas não produzíssemos tantos atletas na formação. Cabe a nós auxiliá-los também nisso.
Falando especificamente de incentivo, eu não vejo as pessoas falarem de educação e investirem só no aluno.
Se fala de educação, tem que investir no professor. Se fala de esporte, tem que investir no profissional de esporte também, ou seja, no professor de educação física e, no nosso caso, no treinador do alto rendimento.
Mas o que é investir nesse profissional? É dar a ele meios de se capacitar. É isso que eu vejo muitas vezes no Instituto Olímpico Brasileiro — IOB, por exemplo, que fornece cursos de capacitação às pessoas interessadas. Acho que as confederações também podem e devem atuar um pouco melhor nesse sentido de capacitar seus profissionais. Vejo com isso um horizonte não só de 2024, mas também mais além, de 2028, 2032, para o Brasil continuar produzindo esses expoentes.
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15:27
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Vou dar aqui um exemplo, Luiz. Citei agora toda a questão do profissional de educação física, mas a maneira como esses investimentos são feitos, com antecipação, prevendo já os acontecimentos, é o que traz o êxito não só nessa Olimpíada, mas também em outras. Vou citar o exemplo da preparação mental, que foi muito abordada e muito discutida nessa Olimpíada.
O Comitê Olímpico deu-me a oportunidade, como profissional de educação física, de fazer um curso sobre preparação mental, para que eu pudesse chegar aos Jogos Olímpicos preparado não só com aquilo que eu tenho de bagagem ou de experiência na minha modalidade, mas também para enfrentar a pressão que ia haver ou a dificuldade que ia haver nesses jogos, de que todos nós já sabíamos. Essa preparação mental veio num momento em que o Comitê Olímpico antecipou essa necessidade e nos proporcionou isso.
Sou extremamente grato por ter feito esse curso, assim como outros cursos que o Comitê oferece, como curso contra assédio e abuso, contra uma série de coisas que têm que ser banidas do esporte. A esse tipo de capacitação é que me refiro. Acho que tem que haver a mentalidade um pouco mais aberta, por parte dos clubes e das confederações, para que eles consigam ter um norte, um programa de treinamento mais atualizado, para, aí sim, conseguirmos colher, mais à frente, no alto rendimento, os frutos desse trabalho.
Não vou me alongar muito, Luiz. Acho que um ponto muito importante levantado pelo Bichara é o número de centros de treinamento. Temos um centro de treinamento de excelência, que é o Maria Lenk, que não deixa absolutamente nada a desejar a centro de treinamento nenhum no mundo. Mas nosso território é muito grande, a nossa gama de esportes está crescendo. Acho que outros centros de treinamento devem ser pensados nesse sentido para oportunizar em outras regiões também o que temos aqui no Rio de Janeiro, no Maria Lenk.
Queria agradecer mais uma vez o convite de participação e deixar a ideia, mais uma vez, de haver clubes e confederações guiados por um sentido de melhor formação dos seus profissionais, tanto os administrativos como os treinadores, porque essa é a única maneira de se criarem novos e melhores atletas, que vão chegar às nossas mãos do alto rendimento e conseguir atingir esses objetivos.
Queria pedir desculpa, Luiz, a todos os outros integrantes. Espero realmente que vocês me compreendam. Vou ter que sair um pouquinho mais cedo para exercer meu trabalho.
Os atletas estão aguardando para treinar. Então, vou ter de ir até lá — a Ana sabe bem do que eu estou falando — e colocá-los mais uma vez em forma.
Por isso, não vou ficar até o final da reunião, mas agradeço a participação e o convite de todos.
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15:31
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O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Fernando, muito obrigado pela sua participação.
O início da sua fala serve como música para nós que gostamos de esporte: 100% nacional. Trata-se de uma parceria com o COB. O treinador é brasileiro, a estrutura é brasileira.
Quero parabenizar o Comitê Olímpico Brasileiro por cuidar tão bem do Parque Aquático Maria Lenk, que também serve como centro de desenvolvimento esportivo para outras modalidades. Foi construído em 200, para a realização dos Jogos Pan-Americanos.
Então, que outros centros espalhados pelo Brasil, que foram construídos para os Jogos Olímpicos, passando por Manaus, por Salvador, pelo interior do Paraná, por Pernambuco, sejam cuidados da mesma forma como hoje o Maria Lenk é cuidado pelo Comitê Olímpico Brasileiro.
Nosso País é muito grande, e temos uma responsabilidade muito grande quando nos tornamos Deputado Federal por um determinado Estado, porque passamos a ser Deputado Federal do Brasil inteiro também, assim como o Bruno hoje é Secretário de todo o País.
Muito obrigado, Fernando. A Ana Marcela se tornar campeã olímpica aos 29 anos, tendo sua estreia na Seleção Brasileira, se eu não me engano, com 14 anos, no Mundial de Nápoles, acho que em 2006, mostra como você foi feliz, dedicando sua história e sua competência a treinar a Ana Marcela, que, depois de 15 anos de Seleção, conquistou a medalha de ouro, numa trajetória brilhante.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Oi, Fernando, por favor. Você havia sumido. Desculpa.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Muito obrigado, Fernando.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Isso! Bacana!
Agora, vamos dar seguimento aos trabalhos com dois Secretários Municipais de Esportes. Vou começar passando a palavra ao Secretário Municipal de Esportes do Rio de Janeiro, Guilherme Schleder, a quem agradeço muito a participação.
Guilherme, você carrega consigo conhecimento e habilidade na administração pública, trabalhando hoje na cidade do Rio de Janeiro. Imagino o quanto isso deve ser difícil! Hoje o Rio de Janeiro é muito emblemático por ter sido a única cidade brasileira a sediar os Jogos Olímpicos e a segunda cidade no Hemisfério Sul, depois de Melbourne, a sediar os Jogos Olímpicos, uma cidade com 1.642 escolas municipais, com vilas olímpicas, com o Parque Olímpico também, com a participação da Prefeitura. Então, Guilherme, sua tarefa é nobre, mas é muito difícil e muito especial!
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15:35
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Então, para nós que estamos trabalhando com o esporte nas Secretarias Municipais é muito importante que haja Deputados tão empenhados no tema, porque eles colaboram muito para que possamos desempenhar o nosso trabalho da melhor maneira.
Eu vou começar comentando como funciona no esporte essa questão de que o nosso querido Deputado Felipe Carreras falou. No esporte há união de partidos, de temas, de entendimentos. No esporte as questões políticas divergentes caem por terra. A nossa relação com a Secretaria de Esporte do Estado é maravilhosa, a nossa relação com o Secretário Marcelo Magalhães, hoje representado pelo Bruno, é maravilhosa. O Deputado Felipe Carreras falou com muita propriedade como nós temos uma relação boa quando se trata do esporte. A boa relação que a Secretaria tem com as federações e com as confederações nos ajuda muito a caminhar e a fazer nosso trabalho da melhor maneira possível. A nossa relação é maravilhosa com o Presidente Paulo Maciel, hoje representado pelo Ricardo, que sempre nos apoia e com quem temos muita troca em relação aos clubes do Rio de Janeiro, para que possamos fazer o melhor trabalho possível.
Na verdade, a função da Secretaria de Esportes da Prefeitura do Rio de Janeiro é promover a universalização do esporte. A Prefeitura faz nas suas 27 vilas olímpicas o primeiro contato da garotada com o esporte. Isso é um pouco diferente do trabalho que o Bruno Souza faz nos esportes de alto rendimento, mas eu acho que é um trabalho complementar. Nós temos hoje, nas nossas 27 vilas olímpicas, algumas gratas surpresas como foi a Chayenne, que foi para as Olimpíadas de Tóquio, e como a Rosângela, que era da Vila Olímpica de Padre Miguel.
Deputado, a Prefeitura vai colaborar no que puder com a Federação de Canoagem — V.Exa. falou que vai entrar nesse tema, que eu acho muito importante. A Federação de Canoagem, hoje, utiliza o Parque Radical de Deodoro, que é um terreno do Exército gerido pela Prefeitura do Rio de Janeiro. Todo o treinamento do Pepê Gonçalves e da Ana Sátila foi feito lá nas corredeiras de canoagem. Eu confesso não estar completamente a par do problema da canoagem, a não ser pelas notícias de jornais. Mas eu me coloco à total disposição para ajudar a encontrar uma solução e colaborar com a Confederação de Canoagem, que tanto nos ajuda e que muito utiliza o Parque Radical.
Fora o Parque Radical, existem 27 vilas olímpicas, que atendem toda a criançada do Rio. Hoje, aproximadamente 25 mil pessoas são atendidas. Ainda estamos num momento de pandemia, e isso nos impede de deixar as turmas cheias. As turmas são menores, porque ainda tomamos todo cuidado com a questão da COVID, apesar desse maravilhoso avanço da vacina. Nós esperamos, em breve, lotar as vilas olímpicas de novo e colocar cada vez mais atividades e oportunidades nessas vilas.
Quero comentar uma questão que o Brigadeiro Campos levantou. Nesta semana, nós estávamos na Vila Olímpica de Santa Cruz com a Fabiana Moraes — a Fabi Moraes —, que não conseguiu o índice olímpico, mas que participou da Olimpíada do Rio. Ela elogiou o programa dos senhores, disse que tem orgulho de ter participado e de ser uma atleta militar, porque isso a ajudou e colaborou para que ela participasse das Olimpíadas do Rio de Janeiro. Com certeza, vai ser muito importante ela estar nas Olimpíadas de Paris.
Por isso, essa parceria é muito importante. Parabéns pelo trabalho! Parabéns pela apresentação do senhor!
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15:39
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O Parque Aquático Maria Lenk foi citado mais de uma vez aqui. Realmente, esse espaço é fantástico. Eu acho que a Prefeitura do Rio foi muito acertada no final de 2016, quando concebeu esse espaço para o COB, que vem tocando o Maria Lenk nos últimos anos. Espero que o COB ainda tenha muitos anos pela frente tocando o Maria Lenk, porque tem sido feito um trabalho maravilhoso. Tive a oportunidade de passar lá algumas vezes para conversar com o Jorge Bichara e com o Presidente Paulo Wanderley, e vi aquele espaço sendo muito bem utilizado. Espero que ele fique por muitos anos ainda assim. A Prefeitura tem todo interesse em continuar cedendo aquele espaço para o COB, e espero que isso continue por muito tempo ainda.
Deputado, a Prefeitura do Rio vem tentando colaborar com o primeiro contrato com o esporte. Há cerca de 20 dias, o Prefeito recebeu uma comitiva de atletas olímpicos, levados pelo Presidente Paulo Wanderley e pelo Bichara, lá no Palácio da Cidade. Foi uma justa homenagem a esses atletas que participaram das Olimpíadas. Nós convidamos os atletas cariocas e os atletas cariocas de coração, porque treinam no Rio, para receberem uma justa homenagem. Não puderam ir todos, mas vários atletas compareceram. O Prefeito anunciou que vai voltar a colaborar com o Projeto Time Rio, que consegue dar apoio para alguns atletas.
Nesta semana, eu tive uma reunião com o Rogério Sampaio, e amanhã terei uma reunião com o Bichara, para discutirmos como vão ser esses novos modelos. Queremos participar não só da universalização do esporte, com as vilas, mas também do apoio aos atletas de alto rendimento, que graças a Deus surgem nesse celeiro que é o Rio de Janeiro e no Brasil todo. Nós vamos continuar fazendo a nossa parte aqui no Rio para que esses atletas tenham condições de participar das Olimpíadas de Paris. Nós vamos trabalhar para isso.
Deputado Luiz Lima, eu gostaria de agradecer a V.Exa., mais uma vez, pelo convite e pela iniciativa. Agradeço também ao Deputado Felipe Carreras. Gostaria de mandar um abraço a todos que estão presentes na reunião. É muito importante que possamos estar sempre debatendo esse tema.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Secretário Guilherme, muito obrigado pela sua participação.
É uma ótima notícia a formação do Time Rio e a participação da Prefeitura do Rio de Janeiro em oferecer mais infraestrutura aos atletas cariocas e não cariocas — como o senhor disse, são cariocas de coração. Vamos torcer para que a Prefeitura do Rio de Janeiro continue abraçando o profissional de educação física cada vez mais. Com as 27 vilas olímpicas, certamente a Prefeitura do Rio, representada pelo senhor, vai atingir o mais simples cidadão carioca, trazendo mais democracia para a prática desportiva.
Secretário Guilherme, permita-me fazer uma pergunta em relação ao Parque Olímpico, que é uma grande preocupação nossa.
Como anda a relação da Prefeitura do Rio de Janeiro com a Secretaria Especial de Esporte? Precisamos encontrar harmonia para o pleno funcionamento do Parque Olímpico, que tem um simbolismo muito grande, já que lá foram realizados os Jogos Olímpicos da nossa cidade. Como Deputado Federal do País, como Vice-Líder do bloco do Governo e como profissional de educação física, tenho essa curiosidade. O senhor pode ficar à vontade para responder essa pergunta, que não fazia parte da pauta aqui, mas se encaixa muito bem para trazemos melhorias para o esporte.
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15:43
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No Parque Olímpico, a União hoje é o responsável pela Arena 1, pela Arena 2 e por parte do tênis e do velódromo. A Prefeitura segue na Arena 3. No ano de 2020 e em parte de 2021, essas arenas foram muito pouco utilizadas. Foram usadas pela União em 2018 e em 2019.
Um registro tem que ser feito: se não fosse a União, esses espaços não estariam em tão pleno estado de conservação — não tenho a menor dúvida disso. A União é responsável por aqueles espaços estarem todos em perfeitas condições de uso, como temos visto em vários campeonatos. Se eu estiver cometendo algum equívoco, peço que alguém me corrija. Algumas atletas olímpicas se classificaram para as Olimpíadas no evento de ginástica que houve na Arena 1. Então, os espaços estão completamente propícios ao esporte, e nós estamos, cada vez mais, colocando-os para funcionar.
Em relação à manutenção, o Prefeito Eduardo Paes fez uma licitação no meio do ano para conceder a Arena 1 e a Arena 2 à iniciativa privada. Uma escola será feita na Arena 3, e vamos utilizar o velódromo. Depois, com mais tempo, nós poderíamos combinar de fazer uma explanação sobre essa licitação.
Temos conversado muito com o Secretário Marcelo Magalhães, e teremos uma reunião com o Prefeito na próxima sexta-feira para discutir como vamos dar uso àquele espaço. Todos concordam que, em algum momento, nós precisamos da iniciativa privada, porque a manutenção é cara para o poder público, seja a União, seja o Estado, seja o Município. Nós temos conversado muito sobre isso. Essa licitação está na rua, e nós estamos conversando para fazer alguns ajustes, algumas modificações nela. O Secretário Marcelo Magalhães tem buscado várias oportunidades. Agora ele vai trazer os maiores Jogos Olímpicos Estudantis para o Rio de Janeiro, que vão acontecer no Parque Olímpico. Então, nós temos buscado muito o diálogo, sempre conversando para darmos o melhor uso ao Parque Olímpico, para que ele continue a ser o nosso principal legado das Olimpíadas.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Obrigado, Secretário Guilherme, pela sua participação. Faço votos para que a harmonia esteja sempre presente e que nós possamos fazer o melhor uso possível do Parque Olímpico do Rio de Janeiro.
Diego, a minha mãe é pernambucana de Limoeiro, do interior, e a minha avó é de Salgadinho. Eu tenho família em Carpina também. Não sei se você conhece o lugar — deve conhecer. Diego, parabéns! É um desafio enorme ser Secretário de Pernambuco, que é o Estado da minha mãe, um Estado extremamente rico cultural, esportiva e politicamente. O senhor tem 10 minutos.
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15:47
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O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Está bem.
O SR. DIEGO PÉREZ - Eu o convido para vir treinar no Parque Aquático do Centro Esportivo Santos Dumont, que tem padrão elevado. A Maria Carolina Santiago esteve aqui, nesta semana, e o Phelipe Rodrigues também. A Etiene Medeiros, do SESI, também fez a preparação aqui com o grande Fernando Vanzella por quase 2 meses. Assim que possível, assim que você puder vir, será muito bem recebido. Você e todos que quiserem conhecer o Santos Dumont serão muito bem recebidos aqui para treinar, para cair na piscina.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Secretário Diego, eu não fui 100%, mas metade de mim foi: minha filha participou de uma competição aí, tornou-se campeã brasileira e foi só elogios. Ela se chama Luíza Lima. Eu não fui muito criativo, não.
(Risos.)
É muito importante este nosso debate, esta audiência pública, num momento como este, quando o esporte está na vitrine.
Primeiro, quero destacar os nossos números nas Olimpíadas, que todos já citaram aqui. Eu não vou ficar repetindo, quero principalmente ressaltar dois pontos: o papel dos nordestinos, tanto nas Olimpíadas quanto nas Paraolimpíadas, dando destaque ainda maior ao Brasil, e o papel das mulheres. Deputado Luiz e todos aqui presentes, esses dois pontos mostram que precisamos cada vez mais batalhar pela representatividade, pela inserção da mulher em todas as modalidades, em todos os lugares possíveis da sociedade. Também é preciso promover a descentralização dos investimentos, com um olhar especial para o Nordeste. Com pouca atenção e com toda dificuldade, ao longo de décadas, o Nordeste tem conseguido fortalecer o esporte, tanto nas Olimpíadas quanto nas Paraolimpíadas e nas outras competições.
Deputado e demais presentes, em nome de todo o Pernambuco, eu lhes agradeço por nosso Estado poder ter voz aqui. Pernambuco tem o terceiro maior Bolsa Atleta do Brasil e tem o Time Pernambuco. Somando esses dois programas, contemplamos 398 atletas em 43 modalidades, com um investimento de 5 milhões. Dentro do Bolsa Atleta, há um percentual direcionado para os atletas que medalharem nos Jogos da Juventude — daqui a pouco, eu falo um pouquinho sobre ele —, que medalharem também nos Jogos Escolares Brasileiros, nos Jogos Universitários e nas Paraolimpíadas Escolares. Invertemos e garantimos um orçamento para isso também. Além disso, todos esses atletas têm à disposição uma equipe interdisciplinar: dentista, fisioterapeuta, nutricionista, avaliador de performance e psicólogo, que é muito importante, principalmente com a pandemia, que levantou a necessidade do investimento no emocional. É muito importante termos este espaço aqui.
Voltando ao assunto que temos debatido, ficou uma lição importante da Olimpíada: adaptabilidade. A pandemia exigiu isso do mundo. Confederações, Ministérios, Secretarias, Câmara, comissão de atletas, secretários, gestores, todos sofreram na pele com a pandemia e tiveram que aprender. Mandela sempre dizia: "Eu nunca perco, ou eu ganho ou eu aprendo". Nós tivemos que aprender a desenvolver a adaptabilidade sofrendo bastante — todos, sejam atletas, sejam técnicos, sejam federações. Não são os mais fortes que sobrevivem, mas, sim, aqueles que mais sabem se adaptar.
Dentro dessa questão da adaptabilidade, o lado emocional ficou muito exposto nas Olimpíadas, com atletas renomados expondo suas dores, suas vulnerabilidades, suas fragilidades e suas verdades. Isso é muito importante e reforça o nosso olhar para a ação do psicólogo, para a importância da psicologia esportiva para os nossos atletas.
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15:51
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Também falando desse tema, já desmembro para a nossa função aqui, como gestores do público, do privado, de confederações e de federações.
O Google fez um estudo recente chamado Projeto Aristóteles — isso foi publicado no The New York Times —, em que analisou 180 times para identificar qual era o principal elemento que condicionava, que direcionava esses times à vitória. Os times são as equipes em organizações. Chegou-se a um elemento principal chamado segurança psicológica. De maneira resumida, a segurança psicológica é obtida por meio de escuta ostensiva e diversidade de fala. E como isso é importante no esporte! O que a Câmara está fazendo aqui hoje passa por isso. O que as confederações, federações e comitês precisam fazer passa por isso, independentemente de cargos, independentemente de funções, independentemente de hierarquias. Não adianta só ouvir quem tem cargo A, B ou C, só ouvir comissão A, B e C. Que tal ouvir a ponta, a necessidade do atleta, a necessidade do técnico, a necessidade das federações? E não adianta só ouvir. É preciso buscar atender as demandas, claro, e priorizá-las, porque ninguém consegue executar tudo.
Os números mostraram que esta é uma lição importante que fica não só para as Olimpíadas, mas também para o pós-Olimpíadas e o pós-Paraolimpíada: ouvir as necessidades, monitorar, aplicar elementos de gestão, fazer o monitoramento constantemente, promover melhoria contínua, reforçando os programas de incentivo.
Como o Fernando falou, Pernambuco lançou este ano, em plena pandemia, duas leis voltadas aos técnicos: o Bolsa Técnico e o Passaporte Esportivo Técnico. Já existia um programa de passagens aéreas para os atletas, e agora existe para os técnicos também. O Fernando falou disso com muita propriedade, e eu estou compartilhando essa informação não para fazer propaganda, mas para servir de estímulo a outros Estados, para que valorizem os técnicos, os profissionais de educação física.
Nós, como gestores, independentemente da área, não podemos só ver o que é, ou o atual cenário. Nós temos que ver o que pode ser. Por isso, aproveito a presença do Presidente do COB Paulo Wanderley para levantar uma grande preocupação. Nós ficaremos 2 anos sem os Jogos da Juventude. Como ele vai chegar a esse ciclo das próximas Olimpíadas? Como ele vai conseguir obter alguma conquista? Como está a questão das escolas, que diminuem investimento, já que não há uma competição nacional para participar? Pernambuco colocou um percentual específico do nosso Bolsa Atleta para os campeões dos Jogos da Juventude, para os medalhistas dos Jogos da Juventude. Como ficam esses atletas sem esse investimento?
Ainda bem que os JEBs vão acontecer para atletas de 12 a 14 anos. Nós pedimos aqui para que todos, principalmente o Presidente Antônio Hora, possam também assumir a faixa de 15 a 17 anos, já que o COB não vai conseguir executar os Jogos da Juventude, apontando motivos de saúde.
Vocês que são atletas, Yane, Luiz e todos aqui que têm essa ligação, sabem como 2 anos interferem na construção de uma carreira sólida. Como esse atleta vai para o esporte universitário? E as bolsas perdidas? Há atleta que se sustenta com o Bolsa Atleta. Yane Marques deu um depoimento muito positivo para nós, recentemente, dizendo que ela só não parou de treinar, lá atrás, porque recebeu uma bolsa, mesmo que seu valor fosse pequeno.
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15:55
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Então, nós precisamos olhar para as futuras gerações, e não apenas para o que aconteceu. Nós precisamos de melhoria contínua. Eu estou aqui colaborando com o COB, colaborando com o nosso esporte. O nosso compromisso é com o esporte. Nós solicitamos ao Presidente Antônio Hora, da CBDE, que consiga, junto ao Bruno e toda a equipe da Secretaria, que tem trabalhado bastante ao lado dos Estados, que os Jogos Escolares Brasileiros também possam assumir a faixa etária de 15 a 17 anos. Dois anos são uma eternidade para a preparação desses futuros ciclos olímpicos. Nós temos que ver o que pode ser, não apenas o que é. Esse é um compromisso que nós temos que ter com o esporte.
Eu deixo essa minha colaboração também pensando na visibilidade, que é outro legado que uma Olimpíada deixa. Nesse momento, toda a imprensa volta suas atenções para o esporte. Eu sou jornalista e posso falar disso com um pouco de propriedade. Nós temos que aproveitar essa visibilidade para enfatizar o retorno de mídia para as empresas, para estimular as parcerias com a iniciativa privada, para valorizar o esporte e estimular as pessoas a praticar essas modalidades que não são tão familiares ao grande público, ao público de massa.
Então, a mídia também tem um papel muito importante não só de cobrir esse momento, mas também de acompanhar o dia a dia. Com retorno de mídia, isso é mensurado, os atletas conseguem mais patrocínios, as empresas agregam mais valor com as leis federal e estadual de incentivo ao esporte, agregam valor, geram um impacto positivo, que é muito importante para o nosso esporte.
Então, nós temos que ampliar a nossa visão, e temos trabalhado para isso. Nossos atletas que são destaques nos jogos escolares participam de um programa de intercâmbio no exterior. Eles vão estudar e treinar no exterior com a bolsa atleta garantida. Os programas de incentivo daqui têm sido uma referência. Temos construído quadras, e nos últimos anos foram feitas cem. Pernambuco foi o terceiro Estado com melhor colocação nas Paraolimpíadas.
Nosso olhar precisa ser ampliado, Deputado, e digo isso com muito respeito. Todos estão se ajudando, estamos fazendo uma crítica construtiva, com colaboração e gestão participativa. O esporte no Brasil precisa de uma gestão participativa que não valorize só hierarquias, que não valorize só altos escalões ou altos cargos, mas que realize as coisas ao lado das pessoas que fazem parte e que sentem o esporte de verdade.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Obrigado, Diego.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Você foi atleta? Praticou alguma modalidade?
O SR. DIEGO PÉREZ - Eu sou filho de técnico. O meu pai foi goleiro, foi campeão brasileiro, depois se tornou preparador de goleiros na Arábia. Eu entrei no jornalismo esportivo, e nessa área eu pude realizar grandes sonhos. Depois, com o convite do Deputado Federal Felipe Carreras, que é um grande amigo e um cara que revolucionou o esporte de Pernambuco, eu deixei de batalhar pelos meus sonhos para batalhar pelos sonhos de quem faz o esporte.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Ótimo, Diego.
Muito obrigado por você ter citado aqui os programas Bolsa Atleta e Bolsa Técnico, a concessão de passagens aéreas pelo Governo pernambucano, e a sua preocupação em relação aos Jogos da Juventude. Essa questão dos Jogos da Juventude mostra o alto percentual de compromisso que o Estado tem com os jovens em relação aos programas de auxílio esportivo, como o Programa Bolsa Atleta.
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15:59
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Nos últimos 6 anos, nos Jogos da Juventude, Pernambuco saiu de 21 medalhas para 43. Foi o 5° colocado da competição, contra Estados muito mais fortes financeiramente. E nós aferimos. Nós temos esses indicadores. Nós batalhamos para a melhoria contínua sempre. Isso interfere diretamente no trabalho das escolas, dos diretores, dos atletas, dos familiares. Por isso, eu quis ressaltar esse número. Porque temos batalhado ano a ano para crescer. E temos crescido em todos eles.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Ótimo. Muito obrigado, Diego. Vamos seguir conversando. Gostei muito de ouvir todas as observações que você fez, carregadas de propriedade, de conhecimento e de paixão.
Eu quero registrar que eu me somo a essa ilustre plateia, porque sou potiguar, nordestino de Caicó. Sinto-me muito à vontade em falar com o Sr. Secretário Diego, com a querida Yane, e com o nosso ilustre Deputado, que também tem raízes pernambucanas, coisa que agora fiquei sabendo.
Eu venho do esporte. Fui atleta. Fui técnico de seleção brasileira. Eu fui presidente de federação universitária. Na minha gestão, eu construí a realização dos Jogos Universitários Brasileiros em Espírito Santo, no ano de 1974. Talvez, alguns de vocês não eram nem nascidos ainda. Fui técnico de JEB's. Então, eu sou um defensor dos jogos universitários. E sou também defensor dos jogos escolares.
As razões que nos levaram a cancelar os Jogos da Juventude são razões de ordem científicas, técnicas da nossa comissão de médicos do Comitê Olímpico do Brasil, que teve uma atuação impecável (ininteligível). Nós temos muita atenção com isso e muito cuidado.
E nós temos descentralizado. Digo isso para citar a questão da descentralização. Como administrador do Comitê Olímpico do Brasil, é nossa política descentralizar as ações do COB. Então, estamos levando ano que vem o Congresso Brasileiro Olímpico para a cidade de Salvador; e o Prêmio Brasil Olímpico, que é o "Oscar" do esporte brasileiro, que premia técnicos, atletas, etc., para a cidade de Aracaju. O evento vai reunir 800 pessoas, no máximo, sob uma situação de total controle, em vez de 7 mil pessoas nos Jogos Escolares. Então, foi usado um critério de saúde, realmente. Voltaremos a realizá-lo quando houver condições mais seguras.
Com relação à continuidade, com certeza, nós temos continuidade. V.Sa. no seu Estado estará trabalhando, preparando os atletas. Vai enviá-los para competições, para intercâmbios. E nós temos as confederações trabalhando nos campeonatos brasileiros juvenis que acontecem todos os anos, em todas a modalidades, que é exatamente a faixa etária que atende os Jogos Escolares. Então, não haverá solução de continuidade sob esse aspecto. Dentro do Estado, cabe a cada gestor dar o espaço para cada evento, para cada faixa etária.
Felicito o meu querido amigo Antônio Hora, Presidente da CBDE, que vai realizar os Jogos Escolares na faixa etária até 14 anos. Ele tem condição de fazer isso. Está com o auxílio e apoio da Secretaria Nacional de Esporte. E eu estou torcendo para que ele consiga realmente realizar esse evento.
O nosso evento ocorrerá só no ano que vem.
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16:03
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O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Obrigado, Presidente Paulo Wanderley, pelas suas considerações.
Muito obrigado, Deputado. Aproveito realmente a ocasião para agradecer, em nome do nosso Presidente Paulo Maciel, a oportunidade, a indicação, o convite desta Comissão, especialmente do próprio Deputado Luiz Lima.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Sim, Ricardo.
(Exibição de vídeo.)
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16:07
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O SR. RICARDO AVELLAR - Esse é um resumo dos nossos números. Isso nos levou à constatação — e todos nós que militamos no esporte há muito tempo sabemos — de que o clube tem importância na cultura esportiva de rendimento do País, na representatividade. Esses números só confirmam isso, o que não é novidade para ninguém. Mas é muito importante reafirmarmos isto a todo tempo, que o clube hoje é fundamental para que cheguemos a bons resultados do Brasil em representações internacionais, especialmente nos Jogos Olímpicos.
Neste eslaide, eu trago alguns números relacionados com os clubes. Destaco não só as medalhas, o número de participantes na delegação que o COB levou para Tóquio, mas também o número de entidades que levaram atletas, o percentual de atletas considerando o local de onde vieram, onde estão recentemente e de onde foram convocados. Isso tudo traduz um pouco a importância, a relevância do papel do clube no nosso sistema.
Esta tela vai ao encontro de muitas falas que ouvimos aqui hoje. Resumidamente, o CBC entende, sem entrar em questões conceituais, que este é o caminho do atleta em busca da medalha olímpica, o qual tem início com a descoberta do talento. O atleta vai desenvolver esse talento para que ele tenha condição de buscar uma medalha.
O CBC entende, sim, que é importante mostrar — mostramos a importância do clube em todo esse sistema, em todo esse processo de desenvolvimento do atleta de alto rendimento; é dele que estamos falando —, até pela discussão da nova legislação, ou das alterações e da atualização da Lei de Incentivo ao Esporte no Brasil, o que já temos de concreto.
Então, fizemos uma separação, um recorte. É claro que todo o sistema não está nesta tela. Nela estão aqueles que têm uma atuação nacional: em cima, estão os clubes, as entidades que fazem o esporte, com predominância do setor privado; em baixo, o Estado, a predominância é do Estado, e aqueles que dão as condições para que o esporte seja realizado. Isto é o que chamamos de teia de proteção nesse trajeto que o atleta faz no esporte para chegar à medalha olímpica. Todo mundo contribui — inclusive as falas anteriores confirmaram isso —, todo mundo faz um pouco, todo mundo tem parte nisso.
Vemos nesta teia o Estado, com toda a parte de incentivo, de controle, de recurso, e os outros entes: a escola, por meio da Confederação Brasileira do Desporto Escolar — CBDE; a universidade, por meio da Confederação Brasileira do Desporto Universitário — CBDU; os clubes, por meio do Comitê Brasileiro de Clubes — CBC; as confederações; o Comitê Olímpico do Brasil — COB, que está posicionado ali, bem perto da medalha, fazendo o seu trabalho; e os patrocinadores públicos e privados. Entendemos que esta teia existe meio que espontaneamente. O próprio Estado foi criando normas para dar as condições.
Então, hoje, pelo menos no sistema de esporte de alto rendimento, entendemos que existe algo importante.
Talvez, a nova norma, a nova lei precise definir os papéis de cada um nessa teia, no sentido de não ter sobreposição, de ter maior otimização de recursos de todos os níveis: infraestrutura, dinheiro, etc.
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Nós acreditamos, apesar de sermos clubes, que todos têm um papel importante e que precisamos nos organizar, porque as condições que temos aqui já estão demonstradas. Então, isso é importante. E nós reconhecemos que somos uma parte desse processo.
Eu avanço para falar da importância da definição dos papéis do CBC, com relação aos clubes, nesse sistema que citamos aqui em seguida.
O CBC hoje tem o papel de congregar os clubes e padronizar as condições para que todos tenham, a fim de que um clube não tenha muito mais que outro. Além disso, ele tem o papel de articular as parcerias para que esse clube tenha condições no sentido de viabilizar o papel dos clubes dentro desse sistema.
O clube alimenta e renova a cadeia de formação e de desenvolvimento de atletas, fomenta o Sistema Nacional do Desporto, porque ele participa de competição; cede atleta; faz isso girar; e oportuniza a infraestrutura adequada.
Nós mencionamos aqui também, assim como o Secretário Guilherme, principalmente a questão do centro de treinamento, que é um passo acima. Mas tudo começa com a infraestrutura adequada, de acordo com o desenvolvimento dos atletas, que existe em todos os clubes que há em todo o País, que é buscar performance e rendimento esportivo. Então, o CBC leva os clubes a terem foco, a buscarem resultado esportivo, a proverem as representações nacionais e competições internacionais.
Como nós vimos nos primeiros eslaides, os grandes atletas que estão chegando para disputar uma medalha são formados, muitas vezes, dentro dos clubes. O CBC, cada vez mais, incentiva que isso aconteça dentro do clube, que o clube tenha essa finalidade, esse foco. Como nós fazemos isso? Por meio do Programa de Formação de Atletas do CBC, que atua em três eixos básicos. Precisa-se de muita coisa. Mas, no mínimo, o clube ou o desenvolvimento de um atleta precisa de materiais e equipamentos esportivos, como foi dito pelo Secretário Bruno, e de recursos humanos especializados. Além disso, não adianta treinar e ter equipamentos se não competir.
Hoje também nesse nosso eixo das competições, em parceria com as confederações, em eventos nacionais, nós resgatamos ou restabelecemos os Campeonatos Brasileiros Interclubes, com muito mais clubes do País inteiro participando.
Esse é o papel do CBC. Esse é o papel dos clubes. Nós precisamos que esses papéis de todos os entes sejam bem definidos, para que a coisa comece a rodar de maneira mais integrada, mais harmoniosa.
Então, eu trago, para complementar rapidamente, alguns investimentos que o CBC já fez aqui dos três eixos.
No final, nós conseguimos investir, até agora, 630 milhões de reais, tanto em recursos humanos, em equipamentos e materiais para esses clubes, quanto em competições, junto com as confederações, viabilizando passagem aérea e hospedagem, com a participação desses clubes, que, na realidade, são 70% ou 80% do custo de uma participação em competição.
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Aqui eu mostro que essa nossa ação do CBC vem trazendo mais clubes para participarem, para se associarem ao CBC. Inclusive, numa situação de pandemia, entre 2019 e 2021, quando não havia competições, quando o sistema estava praticamente parado e muitos clubes estavam fechados, nós conseguimos, mesmo assim, adesão, procura, demanda dos clubes para virem para o CBC.
Hoje nós já atuamos no Brasil inteiro. Nós temos oito clubes em Pernambuco, oito entidades. Então, nós temos representação no País inteiro.
A ideia é realmente ocorrer essa ajuda dos secretários municipais e estaduais, como eu mostrei naquele eslaide, para que cada um faça um pedacinho, mas ajude o outro a fazer o seu pedaço também, cada um fazendo o seu papel.
Este aqui é um resumo dos campeonatos que nós fazemos em parceria com as confederações, o que mostra essa evolução durante o tempo.
Para 2021, estão previstos cerca de 134 campeonatos brasileiros de 28 esportes olímpicos, com a participação já prevista de cerca de 177 clubes.
Por fim, estamos mostrando que, dentro desse escopo de trabalho com os clubes, o CBC já apoiou mais de 33 mil atletas. Isso também é destacado pelo que o Bichara colocou. Nós precisamos ter mais atletas de rendimento girando e mais clubes fazendo essa participação. É isso que o CBC está fazendo. É isso que o CBC quer fazer. O CBC entende que faz uma parte disso. Todos nós que estamos aqui e outros que não estão presentes precisamos nos organizar, definir o nosso papel e ajudar o outro. As condições estão aí. As formas estão aí. O que nós precisamos realmente é ter alguém — talvez a Secretaria Especial de Esporte — comandando, articulando, sendo o maestro de toda essa relação, para que possamos evoluir cada vez mais.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Obrigado, Ricardo. Gostei muito da sua sugestão de alteração da Lei Pelé, a fim de não sobrepormos posições em relação aos recursos.
Ricardo, eu vou dar uma de chato aqui. (Risos.) Reveja o seu mapa de universalização dos clubes nas regiões do Brasil, porque alguns Estados do Nordeste estão trocados. Por exemplo, Sergipe está apontado como Alagoas. Seria só uma revisão aqui no mapinha, porque Sergipe é o bem pequenininho. Pernambuco também está trocado. Eu acho que foi trocado com a Paraíba.
(Risos.)
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Eu desejo muito que, no futuro, haja mais parcerias do esporte escolar e universitário, que se equipare com a formação clubística. Mas os clubes, sem dúvida nenhuma, são as células formadoras do esporte no nosso País.
Ricardo, muito obrigado. Vamos ficar atentos. Em relação à alteração da Lei Pelé, vamos discutir a sugestão de aumento de participação do percentual entre os valores recebidos não só pelas instituições, mas em relação ao percentual recebido das loterias. Isso é algo que temos que rever hoje para que possamos construir uma política pública para os próximos 20 anos.
Eu vou seguir. Faltam dois oradores. Acabei de receber uma mensagem do Antônio Carlos Kiko Pereira, treinador do João Derly, da Mayra, do Daniel. Ele continua sendo treinador da SOGIPA.
Yane, você vai fechar a audiência pública, mas há uma coisa boa nisso: normalmente, em qualquer evento político, o último a falar é o mais importante. Ninguém fala mais. O Presidente da República normalmente é o último a falar. Depois não fala mais ninguém. Então, você vai ficar com essa honra.
(Risos.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Por favor, Secretário Bruno.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Também!
Eu estou muito feliz por fazer parte deste debate enriquecedor, que tem muitas presenças ilustres de pessoas muito importantes para o esporte. Eu estou realmente muito motivado a trocar essas ideias e, principalmente, ouvi-las.
Eu gostaria de saudar o nosso Presidente do Comitê Olímpico do Brasil, Prof. Paulo Wanderley Teixeira, e o nosso Secretário Nacional de Alto Rendimento, meu querido amigo Bruno. Saudando-os, eu gostaria que todos se sentissem saudados, porque está sendo um encontro muito rico.
A Yane, assim como eu, tem um aspecto desfavorável também: nós estamos há muito tempo ouvindo e acabamos não tendo a chance de colocar algum tema ou alguma pauta que seja uma grande novidade.
Eu quero apenas fazer um elogio a essa linda engrenagem, que é composta pelo CBC — eu acabei de ouvir o nosso querido amigo Ricardo Avellar —; pelas Forças Armadas, pois o Major fez uma excelente explanação; pelo nosso Comitê Olímpico do Brasil, muito bem liderado pelo Prof. Paulo Wanderley. Há muitos anos acompanho o seu trabalho, desde a época em que ele era um grande treinador no Estado do Espírito Santo. Então, a nossa relação é muito antiga.
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Na semana passada, o Secretário Marcelo Magalhães nos informou que vai haver aumento da bolsa de auxílio aos atletas que estão inseridos nos projetos de lei de incentivo. Esse é outro grande ganho do Governo Federal.
Na verdade, nesta minha iniciação de fala, se vocês me permitem, estou jogando confetes, mas realmente nós sabemos disso. Desde 1996, nos Jogos Olímpicos de Atlanta, eu tenho a oportunidade de enviar atletas para os Jogos Olímpicos. Sou testemunha do crescimento do esporte brasileiro. É claro que esse crescimento tem que vir também com o apelo político. Nós temos que continuar elegendo Deputados, como o Deputado João Derly e o Deputado Luiz Lima, que têm um compromisso leal com o esporte, que passaram por todos os campos importantes do esporte.
Eu também faço esse apelo para que V.Exas., cada vez mais, trabalhem. Faço esse apelo para que os nossos grandes atletas e os nossos grandes treinadores ocupem os espaços mais importantes do País, no caso, no Parlamento Nacional. Espero que V.Exas. nos apoiem, porque o nosso tema é tão importante quanto outros segmentos da nossa sociedade.
Vou falar um pouquinho sobre o judô brasileiro. O nosso Secretário Bruno e o nosso Presidente do Comitê Olímpico do Brasil foram muito cordiais e estiveram na festa em que a SOGIPA recepcionou os seus atletas com as duas medalhas olímpicas — aliás, o que nos honra muito. Nós aqui de Porto Alegre conquistamos a 23ª e a 24ª medalhas olímpicas do judô brasileiro.
Veja bem, Deputado: nós estamos falando muito sobre descentralização. Aqui no Rio Grande do Sul, a SOGIPA se tornou hoje o clube com o maior número de medalhas olímpicas no judô, que é a modalidade com o maior número de medalhas olímpicas. Então, assim como o Estado da Bahia, que, na minha concepção, foi o grande vencedor dos Jogos Olímpicos em termos de regionalidade, o Rio Grande do Sul também está muito feliz com a sua representatividade. E nós, especialmente na modalidade judô, conquistamos a nossa sexta medalha olímpica. Tudo isso indo na antemão das dificuldades que tivemos neste ciclo. Tivemos grandes dificuldades. O meu amigo Bichara já testemunhou sobre isso. Além disso, a pandemia acabou fazendo uma transformação total no planejamento dos atletas, dos treinadores, das confederações e do Comitê Olímpico do Brasil.
Nós temos no judô, ainda, um item que tem que ser muito considerado: o crescimento acentuadíssimo dos países em âmbito mundial. Essa é uma realidade. Cada vez mais, o mapa das conquistas de medalhas no judô está se espraiando. E o nosso judô brasileiro tem dificuldades por estar numa posição geográfica totalmente desvantajosa.
Os nossos gastos são enormes. Então, temos que potencializar ao máximo os recursos e potencializar ao máximo o planejamento. Não podemos errar no planejamento.
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O Prof. Ney Wilson e o Bichara são dois craques. Nós, com toda essa dificuldade, acabamos executando um planejamento muito bem feito e conseguimos vencer a dificuldade da pandemia e, principalmente, a dificuldade do grande crescimento da modalidade judô no cenário mundial. Os países realmente estão fazendo contratações, estão fortalecendo as suas equipes com atletas de centros mais desenvolvidos. Isso faz com que países que não tinham nenhuma tradição acabem conquistando medalhas e acabem se fortalecendo.
Desafios para o próximo ciclo — foi um dos itens que eu anotei aqui. Eu acho que nós temos que manter essa engrenagem maravilhosa entre a CBC e as confederações. Eu acompanhei muito de perto o apoio que a CBC deu à Confederação Brasileira de Judô. Esse apoio faz com que frutos apareçam e novos atletas acabem emergindo, fazendo com que a modalidade cresça. Torço para que, em outras modalidades, a CBC também tenha todo o sucesso que teve na Confederação Brasileira de Judô.
Agora, para finalizar, eu gostaria de utilizar o meu espaço de Secretário Municipal de Esporte, Lazer e Juventude da cidade de Porto Alegre e fazer um convite a todos vocês. Deputado Luiz Lima, se o senhor pudesse vir a Porto Alegre... Eu sei que o senhor tem um grande assessor parlamentar aí, que é um grande amigo meu, o Jefferson, e ele, nas nossas conversas, já disse que o senhor gostaria de fazer uma visita a Porto Alegre. Poderia visitar também as nossas instalações esportivas.
No fim do mês de outubro, nós iremos inaugurar, aqui, no trecho 3 da Orla do Guaíba, a maior pista de skate da América Latina.
Vocês sabem que os gaúchos são, em um certo ponto, arrogantes. Eles dizem que têm as mulheres mais bonitas, que têm a melhor culinária, que têm os melhores jogadores de futebol, que têm os melhores lutadores de judô do mundo. Mas, com certeza, realmente não é arrogância, é a pura verdade. (Risos.)
Nós estamos construindo aqui a maior pista de skate da América Latina. Com certeza, Porto Alegre será a capital nacional do skate num breve período de tempo.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Obrigado, Secretário Antônio, treinador Antônio, um vitorioso.
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O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Por favor.
O SR. ANTÔNIO CARLOS DE OLIVEIRA PEREIRA - O judô brasileiro tem sete campeões mundiais. Dos sete títulos, cinco são aqui de Porto Alegre, foram conquistados aqui, pelos atletas da SOGIPA. São dois títulos do João Derly, que foi seu grande amigo aí, dois da Mayra Aguiar e um do Tiago Camilo. Então, temos mais essa marca.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Obrigado, Secretário Antônio.
Eu ocupo o apartamento que era do Deputado João Derly, que foi um ótimo Deputado. Eu votei no distritão. O que é o distritão? São eleitos os Deputados Federais que recebem o maior número de votos. Aqueles candidatos que detêm o maior número de votos são eleitos, e ponto final. No Rio de Janeiro, no caso, são 46 Deputados Federais. O João teve 52 mil votos, se eu não me engano, representando o Rio Grande do Sul, em 2018, mas infelizmente a escolha partidária dele não possibilitou que ele retornasse a esta Casa, porque o partido não teve um somatório de votos necessário para eleger um Deputado. Cinquenta e dois mil votos no Rio Grande do Sul equivalem a 80 mil votos no Rio de Janeiro, porque o Rio Grande do Sul tem 11 milhões de habitantes, e o Rio de Janeiro tem 16 milhões, 17 milhões. Então, ele, certamente, se fosse realmente uma escolha democrática, em que o voto das pessoas tem mais valor do que a soma de votos do partido, e deveria ser assim... O eleitor não entende como o João, com 52 mil votos, não está aqui, e Deputados gaúchos que receberam 20 mil votos estão nesta Casa. Mas eu torço muito para que o João, se for da vontade dele, retorne a esta Casa.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Por favor.
O SR. BRUNO SOUZA - Em Porto Alegre, eu estive visitando a obra da pista de skate. Há uma coisa interessante nessa obra, que vale para outras confederações: a Confederação Brasileira de Skate reuniu empresas que poderiam fazer uma obra dessa magnitude. Não entregou a obra para uma empresa só, mas reuniu quatro ou cinco empresas no Brasil que têm a capacidade de construção de uma pista de skate dessa magnitude. E a pista foi construída em conjunto. Uma das empresas é do Rio, que construiu, inclusive, a pista lá de Madureira, que o Guilherme conhece muito bem.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Por favor, Secretário Guilherme.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Por favor, Bichara.
O SR. JORGE JOSÉ BICHARA - Primeiro, eu só peço o cuidado dos presentes, principalmente do Kiko.
Houve um Secretário de Estado que uma vez anunciou que ia construir a maior pista de atletismo. Ela tinha 600 metros. Ela não serviria para nada, mas ele disse que era a maior pista de atletismo. Então, toma cuidado com a magnitude dessas obras aí, para você não se enrolar com isso!
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E o segundo ponto é apenas uma correção que eu tenho que fazer. Na minha fala, eu não comentei a participação muito fundamental do Ministério da Defesa na questão da vacinação dos atletas. Eu queria pedir desculpas ao Brigadeiro Campos. Eu me esqueci na hora. Essa é uma correção. O Ministério da Defesa, o Ministério da Cidadania, com a Secretaria e o Ministério da Saúde, todos foram fundamentais, e isso nos ajudou muito.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Muito obrigado, Bichara. Vamos encerrar.
Eu peço que todos permaneçam aqui presentes, porque quem vai encerrar esta audiência pública é a Yane Marques, medalhista olímpica, se não me engano, em Londres. Ela é bicampeã pan-americana de pentatlo moderno. Yane traz experiência de atleta. Traz a experiência de uma moça que é como minha mãe, nascida no Sertão pernambucano. Não sei se ainda ocupa a Secretaria Municipal de Esportes, é Secretária Municipal de Esportes de Recife.
A SRA. YANE MARQUES - Oi, Luiz. Eu que agradeço o convite. É um prazer gigante participar deste momento com vocês. Eu quero abraçar todo mundo que está junto aqui nesta audiência, Felipe, você, o Bruno, o Guilherme, os treinadores todos, Paulo Wanderley, Bichara. É muita gente! Saúdo também o Brigadeiro.
Eu fui um pouco de tudo, Luiz. Eu fui atleta militar, do Programa de Atletas de Alto Rendimento. Eu já aperreei o Bruno com pautas aqui da Secretaria Municipal de Esportes, com pleitos, pedidos. Estou bem pentatleta, um pouquinho de tudo.
Mas eu queria fazer uma apresentação muito breve. Se alguém aqui estiver nos ouvindo e não conseguir nos ver, eu estou falando de casa. Eu estou em Recife. Estou usando uma camisa amarela. Eu sou loira, dos cabelos cacheados, bem curtinhos. Tenho olhos azuis, tenho 1,66m de altura. Então, quem não está me vendo pode imaginar mais ou menos como eu sou.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Muito bom, Yane! Por favor, prossiga.
A SRA. YANE MARQUES - Eu tenho uma colega cega. E, depois que eu aprendi a fazer essa apresentação, ela me elogiou demais, disse: "Yane, você não sabe como muda a percepção de quem ouve vocês quando vocês se apresentam assim para nós!"
Luiz, eu queria fazer uma saudação especial também a um servidor dessa Comissão que é o Lindberg, que foi meu colega de CAGE, Curso Avançado de Gestão Esportiva. O Lindberg venceu a COVID, depois de muita luta. É um guerreiro danado! E nós torcemos muito daqui. Estamos muito felizes com seu retorno.
Eu fui convidada, na verdade, para dar um rápido feedback da participação dos atletas nesses Jogos Olímpicos de Tóquio. Coincidentemente, hoje eu sou Presidente da comissão de atletas do Comitê Olímpico do Brasil. Eu lidero um grupo de 25 atletas eleitos por outros atletas olímpicos para sermos porta-vozes, interlocutores, mediadores de causas do esporte, do segmento do atleta, numa perspectiva muito ampla, muito genérica.
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Na nossa primeira reunião da comissão pós-Olimpíadas, a pauta era feedback dos atletas que foram para Tóquio, para que todos nós pudéssemos ter uma noção do que foi o evento de verdade. Óbvio, depois de todo mundo falar sobre os Jogos Olímpicos, sabemos que foi um evento atípico, mas alguns pontos muito particulares foram citados por esses atletas. Primeiro, houve a dúvida: "Meu Deus, será que essas Olimpíadas vão acontecer, o pré-olímpico, o classificatório?" Tudo isso mexe um pouco com a parte psicológica dos atletas, com a preparação.
É muito bom quando você está classificado para as Olimpíadas 1 ano antes dos jogos e você periodiza o seu treino para as Olimpíadas e consegue chegar bem lá. Mas algumas coisas foram bem interessantes. A rotina dos atletas nesses jogos foi muito distinta, foi muito especial, no sentido de regras, restrições, obrigações. Os atletas eram testados diariamente. Os atletas não puderam viver aquela energia das Olimpíadas, de um dos pilares da Carta Olímpica, que é a amizade: conhecer pessoas, visitar, conhecer ali no refeitório outras pessoas de outros países, de outros esportes, de outras modalidades. Isso ficou muito restrito.
A torcida também fez muita falta. Esse foi um relato muito comum por parte dos atletas: torcida, especialmente a família, que não pôde estar presente. E também não puderam usufruir do lugar onde estavam. Muito atletas estavam pela primeira vez no Japão, competindo em Olimpíadas, e o pós-prova não permitiu que os atletas pudessem conhecer e viver a cultura especial que é a cultura japonesa.
Agora eu falo um pouco sobre a parte da prova, dos jogos, da competição. E não há nenhum retoque. Não há nenhum retoque a ser feito a respeito da estrutura física; nenhuma consideração, além de elogios à estrutura física, à organização das provas, a toda a logística. E, claro, tivemos um elogio muito especial à equipe do Comitê Olímpico do Brasil, que pensou com muito cuidado, com muito carinho e atenção nos atletas, nessa preparação para os jogos, como se diz em Recife, no Nordeste, "tirando leite de pedra", fazendo o possível e o impossível para manter os atletas bem condicionados, preparados e prontos para os jogos. Houve missão Europa. Houve todo um monitoramento dos atletas bem de perto, aqui no Brasil inteiro, com os que estavam no centro olímpico e os que não estavam.
Minha gente, vocês não têm noção do cuidado se teve para separar os atletas em quartos, para não colocar os dois principais atletas no mesmo quarto, porque, se porventura um deles tivesse algum sintoma, não passaria o vírus para o outro atleta principal. Houve esse equilíbrio. Houve a parte de alimentação separada, com alimentação brasileira, para os atletas quebrarem esse fator da alimentação, que é um complicador. Nem todo mudo come tudo. E aí você chega a um país para comer uma comida que você nunca comeu e competir nas Olimpíadas, que são a prova da sua vida. Nós não poderíamos colocar em risco nada disso. Com muito cuidado, o COB fez isso bem direitinho.
Aí, nós acabamos as Olimpíadas sem nenhum caso de COVID na comissão. Como nós dissemos, Bichara, você se esqueceu de dizer isso: a medalha invisível. Foi uma medalha invisível. Não houve nenhum caso de COVID na delegação do Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Isso foi muito bacana. E aí os jogos acabam, os atletas voltam para casa. Alguns vão dar continuidade à rotina de treino, de competição, de viagem, de dedicação e abnegação, de vida em função do esporte, e outros vão viver o plano pós-carreira. E é esse plano pós-carreira que eu queria citar, queria dar uma pincelada muito rápida sobre ele.
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O Comitê Olímpico do Brasil tem projetos, tem cursos que apoiam esse atleta para ele ter um direcionamento, um encaminhamento, uma decisão do que ele vai fazer na vida depois. Alguns já prepararam, outros não. Mas é muito importante nós citarmos isso.
Eu queria dar essa pincelada, Luiz, já que você pediu sugestões, para abrirmos depois algumas discussões para falar sobre o pós-carreira do atleta, nós que dedicamos a vida ao esporte.
Eu vou dar o meu exemplo, o meu testemunho. Eu fui atleta profissional até meus 32 anos. Eu consegui ser atleta olímpica e universitária. Eu terminei a minha carreira como atleta profissional depois de um planejamento muito bem-feito. Eu sabia que ia competir até os Jogos Olímpicos do Rio. Eu competi em Pequim, em 2008; em Londres, em 2012, quando fui medalhista; e fui até o Rio, em 2016. Eu tinha uma graduação, um projeto de vida pós-carreira, mas nem todo mundo tem. Aos 32 anos, eu fui começar a minha carreira profissional, para, dali a tantos anos, eu me aposentar e ter essa contribuição.
Então nós da Comissão de Atletas do Comitê Olímpico do Brasil, junto com membros do comitê, em conversas já intensas com o Felipe Carreras e outras pessoas, estamos programando uma ida a Brasília para afinar esse discurso pós-carreira do atleta. Nós temos algumas propostas. Fizemos proposições para a Lei Pelé. Nós estamos preparados para discutir sobre o Plano Nacional de Desporto e sobre um plano pós-carreira para os atletas.
Nesses meus 2 últimos minutinhos, depois de trazer esse feedback dos atletas nas Olimpíadas e parabenizar, lógico, todos por essa participação, eu trago um pouquinho da minha experiência de Secretária, de gestora pública hoje. Todos nós que estamos nesta Mesa virtual, digamos assim, temos um sangue que corre nas veias apaixonado por esporte. Eu tive a vida transformada pelo esporte, e a minha missão enquanto Secretária é transformar a vida do máximo possível de gente através do esporte. Eu estou falando do idoso que está saindo de casa para fazer hidroginástica, para conhecer um amigo numa aula de funcional na praça, estou falando do jovem que está tendo a oportunidade de viver um esporte numa pegada de rendimento.
Nós temos aqui projetos de jogos escolares. Quando eu cheguei à Prefeitura, em 2017, não havia isso, mas hoje temos jogos escolares na Prefeitura, temos projeto para a primeira infância, projeto para o paradesporto, projeto de encaminhamento de atletas de alto rendimento para clubes, para universidades. Nós temos programas de rendimento com 12 modalidades esportivas aqui em Recife, temos o Bolsa Atleta, que hoje é lei, o Conselho Municipal de Esportes.
Eu estou superdedicada a essa causa, para que o esporte possa, assim como fez comigo, abrir portas na vida de um monte de gente, dar oportunidade às pessoas de carregar para a vida delas aqueles valores e princípios que são inerentes a quem vive o esporte: respeito, abnegação, esforço, dedicação, enfim.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Yane, eu que agradeço a sua participação aqui. Você foi rigorosa. O tempo acabou agora. Deram 10 minutos agora. Muito obrigado pelas suas colocações. Foram colocações sinceras, com a propriedade, de quem viveu o esporte.
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Eu acho que a disciplina é o primeiro passo para o sucesso. Pessoas disciplinadas, mesmo que não detenham muito conhecimento em alguma área, que não sejam geniais nem muito inteligentes, costumam vencer na vida.
Eu estou com 43 anos, Yane. Com 32 anos, eu passei a dar treino de natação na praia, em Copacabana, em 2009. Comecei do zero. Eu ganhava muito bem como atleta, e passei a ganhar zero.
Sempre gostei muito de jardinagem, de pintura, de fazer textura. Eu acho que eu seria um ótimo jardineiro e um ótimo pintor, decorador também. Mas, pela profissão, eu comecei a dar treino na praia, numa tenda de 3 metros por 3 metros. Fui pioneiro. Graças a Deus, eu comecei a ter muitos alunos na praia, atingindo um público superdemocrático. Até virei Secretário, lembra? Alguém me ligou durante o impeachment da Dilma e me convidou para ser Secretário. Eu pensei que fosse trote. Aí eu aceitei e me tornei Secretário Nacional, responsável por milhões de reais.
A Secretaria, na época, tinha mais recurso. Eu tinha 700 milhões de reais, Bruno. E eu me cerquei de pessoas melhores do que eu. O esporte ensina isso, que ninguém vence sozinho. Mais tarde, eu me tornei Deputado Federal, porque entendi que, para ser político, somente o esporte não nos elege. Então, eu fui superdisciplinado e também me cerquei de pessoas do interior do Rio que entendiam de política, de amigos que cresceram comigo em Friburgo. Aí eu me tornei Deputado Federal, Yane.
Então, eu vejo muito poucos atletas aqui. Somos eu e o Deputado Danrlei, que foi goleiro do Grêmio, como Deputados Federais. Poucos entendem isso, Yane, a sua preocupação.
Quando nos tornamos Deputados Federais, os atletas pensam que nós temos muito dinheiro. Alguns até fazem muito dinheiro aqui — não é o meu caso. Aí a quantidade de pedidos que recebemos, Yane, de ajuda de ex-atletas olímpicos não para. E eles não têm formação universitária. Então, é um crime. Seria bom se pudéssemos construir aqui um projeto de lei, alguma coisa nesta Casa, e se fosse de iniciativa também das assembleias legislativas, das universidades estaduais. Temos o Guilherme, Secretário do Rio de Janeiro, que é muito forte.
Seria bom se pudéssemos facilitar o ingresso dos atletas olímpicos na universidade, porque é muito triste para o País ver os nossos heróis sem formação universitária. É muito ruim! Alguns têm dificuldade até na escrita. Isso nós não vemos nos Estados Unidos, no Canadá, no Japão, na Alemanha.
Eu conto até com a ajuda de vocês, Diego, Yane, para construirmos juntos um projeto de lei — estamos buscando forças; graças a Deus, sou um Deputado que se comunica bem com quase todos os partidos — para que as universidades federais facilitem o ingresso de atletas olímpicos para que tenham uma formação. Eu acho que isso vai ser muito bom para a universidade.
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Eu também tenho bastante essa preocupação. Já fui Secretário do Município de Niterói e sei como é. Os atletas vêm atrás de nós achando realmente que existe um espaço para trabalhar. Não é todo mundo que consegue um pós-carreira. Lá em Tóquio, eu fiz questão de ter uma reunião. O Bichara e o Paulo me deram a oportunidade de estar no centro de treinamento lá em Portugal, em Rio Maior. Eu já fiz alguns contatos e sempre busco outros países e influências que podem ser legais para copiarmos também. Eu estive com o Ministro do Esporte de Portugal agora, e eles têm um modelo que diferencia o professor de educação física do ex-atleta para ser treinador específico da modalidade. A cada 2 anos, eles fazem uma reciclagem e ganham uma estampa do Conselho de Educação. Esse é um modelo bastante interessante, que temos estudado. Marcamos uma próxima reunião.
Eu estou em contato hoje com a comunidade europeia para ver quais são os melhores modelos na Alemanha e na França, que foram os países em que eu vivi. Mas Portugal é até mais fácil para os nossos atletas, como você disse, porque alguns atletas têm o problema tanto da escrita, quanto de não ter estudado. Nós produzimos campeões olímpicos que não eram formados nem no primeiro grau. Temos um exemplo desse. Então, Portugal seria mais fácil em função do idioma. Temos nos aproximado bastante de Portugal. O Ministro de Portugal foi bastante solícito comigo lá em Tóquio, na reunião. Vamos evoluir nisso, e vou passar para vocês também. Vai ser um prazer dividir o que a Secretaria tem pensado sobre os ex-atletas, principalmente os olímpicos e paralímpicos.
Com licença, eu gostaria só de complementar. Isso que você disse é muito legal. Já existiu uma janela de tempo para essas pessoas que são técnicos há X anos serem professores que chamamos de provisionados. Eles são especialistas naquilo ali. Hoje em dia, não existe mais. Depois que a educação física foi regulamentada, isso não mais aconteceu. Mas eu acho interessante, acho válido abrirmos uma conversa sobre isso. Muito se fala sobre isso, muitos se fala sobre a aposentadoria dos atletas medalhistas olímpicos. Isso acontece na Rússia, na Sérvia, na Polônia, em vários países. Mas como desenhar esse modelo? De onde viria esse recurso? Qual seria a fonte pagadora? Então, são muitas coisas que precisamos conversar para encontrar os caminhos. As ideias existem. Então, vamos marcar esses encontros e dar a nossa contribuição. Eu estou super à disposição.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Obrigado, Secretário Guilherme. Muito obrigado pela sua presença.
Reforço aqui o pedido para que essa geração de 15 a 17 anos não fique sem uma competição escolar nacional neste ano. Se o COB não for executar, como já anunciou, que a CBDE possa olhar com carinho e que o Presidente Antônio Hora possa assumir essa execução do JEBs também para 15 a 17 anos. Isso significa investimento das escolas, investimento dos diretores, dos profissionais de educação física, bolsas de estudo para esses alunos e também bolsas de incentivo como o nosso Bolsa Atleta.
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16:55
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O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Muito obrigado, Diego.
Gostaria de agradecer a todos os presentes: ao Bruno; ao Ricardo Avellar; ao Brigadeiro Campos; à Yane; ao Secretário Guilherme; ao Secretário do Estado de Pernambuco, Diego; e ao Bichara que, sem dúvida nenhuma, é o cérebro do Comitê Olímpico Brasileiro — cérebro, alma e coração. Parabéns, Prof. Bichara!
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