1ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 56 ª LEGISLATURA
Comissão do Esporte
(Audiência Pública Ordinária)
Em 12 de Novembro de 2019 (Terça-Feira)
às 14 horas e 30 minutos
Horário (Texto com redação final.)
14:42
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O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Boa tarde a todos!
Vamos iniciar a audiência pública sobre a preparação dos atletas para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Peço aos convidados que se organizem nos seus lugares e fiquem à vontade. Esta audiência está sendo transmitida pelo e-Democracia, cujo link está disponível na página da Comissão do Esporte, no Portal da Câmara.
Esta audiência pública está sendo realizada em atenção ao Requerimento nº 57, de 2019, de iniciativa do Deputado Luiz Lima, com a finalidade de debater a preparação dos atletas brasileiros para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, hoje com as confederações de boxe, esgrima, taekwondo e wrestling, que compõe a luta greco-romana em estilo livre. A título de organização, informo que, na falta de espaço para todos à mesa, formaremos cinco Mesas de convidados, uma para cada confederação.
Para compor a Mesa do wrestling, convido o Sr. Pedro Gama Filho, Presidente da Confederação Brasileira de Wrestling, que já se encontra aqui, e o Roberto Leitão, atleta olímpico de Barcelona, em 1992. Bacana, não é, Roberto? Lá se vão 31 anos! O tempo voa, e você está superbem. Quantos anos você tinha, em 1988?
O SR. ROBERTO LEITÃO - Tinha 23 anos.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Tinha 23 anos. É uma idade boa. Você é de 1965?
O SR. ROBERTO LEITÃO - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Então, em 1988, você estava com 23 anos e tinha 27 anos na segunda olimpíada. Bom, né? O seu peso é o mesmo? (Risos.)
Não? Engordou ou emagreceu?
O SR. ROBERTO LEITÃO - Subi um pouco de categoria.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Subiu? Quanto?
O SR. ROBERTO LEITÃO - Subi, lógico. (Risos.)
Um pouquinho. Eu lutava na categoria 90 quilos, hoje estou um pouquinho acima.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Mas você está bem! Que bom!
O SR. ROBERTO LEITÃO - Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - O Diogo continua magrinho, não é mesmo? (Risos.)
Eu estou com o mesmo peso, desde os 17 anos. Tenho 41 anos e estou com 75, 76 quilos. Mas eu como bem, cara. Eu como bem.
Participará da webconferência aqui a Aline Silva, membro da Comissão de Atletas da Confederação Brasileira de Wrestling e que foi atleta olímpica no Rio 2016.
Antes de passar às exposições dos nossos convidados, informo as regras de condução dos trabalhos desta audiência pública. Os convidados deverão se limitar ao tema em debate para suas exposições. Os Presidentes de Confederação disporão de 15 minutos e os atletas de 10 minutos, não podendo ser interrompidos. Comunico também que esta audiência pública está sendo transmitida pelo Portal e-Democracia, com o link disponível na página da Comissão do Esporte, no Portal da Câmara.
Gostaria muito de agradecer a presença de todos vocês. São cinco modalidades olímpicas. Temos a luta greco-romana, que, junto com o atletismo, é a modalidade mais antiga do novo programa olímpico e que carrega uma história. Para mim, a luta faz parte das cinco modalidades do desenvolvimento humano, que são: correr, nadar, lutar, arremessar, saltar. O ser humano teve que nadar, correr, arremessar, lutar e saltar para chegar ao seu pleno desenvolvimento. Então, são atividades que fazem parte da evolução humana. E as lutas compõem muito disso, fazem parte da evolução.
14:46
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Temos recebido todas as confederações nessas audiências públicas, que é uma maneira de as aproximarmos desta Casa, que teve uma mudança muito grande nesta Legislatura em termos de participação dos Deputados. O comando da nossa Nação é outro. Então, esta audiência pública vai muito além do que o que propriamente é dito aqui: é uma oportunidade de vocês criarem vínculo, Diogo, com as pessoas desta Casa. Eu serei o porta-voz, assim como o Deputado Julio, que vai estar me substituindo aqui hoje. E desejo que vocês fiquem à vontade. Hoje, o esporte sobrevive muito em razão do investimento público. É muito bacana vocês virem expor como estão usando esses recursos e como estão trabalhando em prol do desenvolvimento de cada modalidade, que na maioria das vezes é subsidiada pelo Estado. Então, é uma forma de fazer uma leve prestação de contas. Todos aqui são convidados, então fiquem bastante à vontade.
Pode haver perguntas de pessoas que entrem em nosso Portal, e alguns de vocês podem ter dificuldade de responder. Mas fiquem bem tranquilos, porque isso aqui não é um tribunal, mas estamos aqui apenas para fazermos um histórico de cada confederação a esta Comissão do Esporte. São 25 Comissões na Casa, e podemos mostrar à Secretaria Nacional do Esporte e ao atual Governo como está sendo realizado o esporte no País. Mas é algo muito leve. Podem ficar tranquilos.
Antes de iniciarmos, aviso que terei que me retirar às 15h40min, infelizmente, porque terei de ir de emergência ao Palácio do Planalto conversar com o Presidente Jair Bolsonaro e com membros do meu partido, em razão das movimentações políticas que acontecem em nosso País de surpresa e que temos que atender. Mas tentarei voltar.
Passo a palavra agora ao Sr. Pedro Gama Filho, Presidente da Confederação de Wrestling. Fique à vontade.
O SR. PEDRO GAMA FILHO - Boa tarde a todos! Primeiramente, gostaria de agradecer ao meu amigo, o Deputado Federal Luiz Lima, meu futuro treinador de natação. (Risos.)
Conheço o Luiz há muito tempo. Além de atleta olímpico, é um grande treinador e uma pessoa muito famosa no Bairro de Copacabana. Quero agradecer também ao Deputado Federal Julio Cesar toda a ajuda que tem dado ao wrestling de Brasília. Nós temos uma atleta que é campeã pan-americana hoje em dia, e isso se deve muito ao programa criado por ele. Agradeço ao Secretário Lindberg por ter incentivado a minha presença aqui e por ter ajudado em todas as dúvidas, aos meus colegas Silvio e Mauro, aos representantes do taekwondo Diogo e Natália e obviamente ao Rodrigo Virmond e ao Neto, dois guerreiros do wrestling de Brasília.
Quem vai fazer a nossa apresentação é o Beto Leitão, pessoa ideal para isso, que é o nosso superintendente técnico e está por dentro de todo o processo para dirimir qualquer dúvida que os senhores tenham. Então, quero agradecer a Casa por nos ter aberto as portas, o convite do Luiz, um amigo, e desejar sucesso à Comissão, esperando que seja cada vez maior a participação do esporte dentro desta Casa.
Muito obrigado.
O SR. ROBERTO LEITÃO - Boa tarde a todos! Agradeço ao Deputado Luiz Lima o convite, pois é uma honra estar na Casa do Povo e poder explicar um pouco do meu esporte. Eu nasci no wrestling, fiz judô também por muito tempo, e o wrestling começou aqui junto comigo, fui um dos pioneiros. Então, é um prazer enorme ter essa oportunidade. Muito obrigado.
Vou passar à apresentação.
(Segue-se exibição de imagens.)
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Vou rapidamente explicar o wrestling. Nós aproveitamos o evento dos Jogos Olímpicos aqui no Brasil e a mudança da Federação Internacional, que adotou o nome em inglês "Brazil Wrestling", por isso é que adotamos esse símbolo, e vou mostrá-lo a vocês hoje.
O Presidente Pedro Gama Filho é pós-graduado em Administração e Marketing na Universidade Gama Filho e eleito membro do bureau internacional da Federação da UWW, que é a Federação Internacional de Wrestling. Eu sou o Superintendente da Confederação, sou engenheiro civil formado e pós-graduado na PUC do Rio de Janeiro e tenho formação também em Gestão Esportiva. Fui atleta olímpico em Seul e em Barcelona; a minha vida toda é dedicada à luta. Como principais títulos, tenho a medalha de prata em Indianápolis e fui algumas vezes campeão sul-americano. E hoje também ocupo o cargo de Secretário-Geral da Federação Internacional.
O wrestling, para muitos que não o conhecem, como o Deputado muito bem disse, foi a primeira modalidade, junto com o atletismo, já esporte olímpico desde 704 a.C. Então, diferentemente do Brasil, é um esporte muito difundido no mundo inteiro. O objetivo principal é não ter violência, nem socos ou chutes, mas agarrar e derrubar. Nós temos que tentar derrubar o adversário, encostando suas costas dentro do círculo da área de luta. Nós disputamos 72 medalhas nos Jogos Olímpicos em três diferentes estilos: greco-romano, onde as lutas são só da cintura para cima; e o estilo livre, masculino e feminino. Só esse fato de não poder pegar na perna modifica bastante as técnicas: enquanto o estilo greco-romano é um pouco mais lento em força e com quedas de grande amplitude, o estilo livre é mais movimentado, mais rápido, com ataques mais baixos e de mais pontos.
Temos ainda o estilo não-olímpico, com a nossa Federação, que é o beach wrestling, que esteve agora em Doha, e tem previsão de estrear nos Jogos Olímpicos da Juventude, em 2022, no Senegal. Ele é o esporte nº 1 de grande popularidade em países como Rússia e todos aqueles países do leste europeu, como Turquia e Bulgária. Uma coisa engraçada: tem muito destaque nos Estados Unidos como um esporte colegial e universitário, então toda high school tem seu time de wrestling. Quem já esteve algum tempo nos Estados Unidos certamente conheceu a turma do wrestling de lá.
E, diferentemente do que muitos pensamos, no Japão, que será a próxima sede dos Jogos Olímpicos, o esporte que ganhou o maior número de medalhas de ouro foi justamente a luta, que conquistou quatro medalhas de ouro. Então vai haver muita tensão na próxima Olimpíada.
Esta é uma imagem lá da Bahia, do Centro Pan-americano de Judô, pela qual agradecemos à CPJ. É o nosso trio mais rico, mas, como irmãos, trabalhamos sempre juntos. Temos lá um equipamento maravilhoso e realizamos lá o Mundial Júnior.
Esta aqui é uma imagem dos nossos campeonatos nacionais, feitos em cinco áreas, no CEFAN, no Rio de Janeiro. Essas são áreas do legado olímpico. Este aqui é o último campeonato que realizamos, onde o atleta está dando um golpe de grande amplitude, que foi em Fortaleza: campeonato Pan-americano Junior. O atleta está dando um golpe de grande amplitude. Foi em Fortaleza, no Campeonato Panamericano Júnior no ano passado.
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Esta aqui é uma modalidade não olímpica, feita dentro de um círculo. Nela só vale luta em pé, não vale luta no chão. A areia atrapalha? Sim, mas nem tanto. São só quedas.
Vamos agora falar um pouquinho do wrestling no Brasil. Botei ali que o wrestling é um esporte em que se trabalha duro para conquistar resultados. O início da prática dessa luta se deu nos anos 80, com a confederação de pugilismo. Nós separamos esse esporte em 1988 e formamos a CBL — Confederação Brasileira de Lutas. Mas apenas em 2001 é que teve início uma gestão realmente planejada, com alguns recursos e com campeonatos abertos à prática da população. Hoje nós temos 26 federações filiadas. Apenas o Estado de Roraima não tem uma federação ainda filiada à Confederação Brasileira de Wrestling — CBW.
Mais ou menos 1.200 atletas são filiados, e há uma estimativa de 5.000 praticantes no Brasil.
Em 2019, este ano, nós realizamos 10 competições nacionais e participamos de 25 competições internacionais, já contando com a sul-americana, marcada para a semana que vem, em que vamos com 60 atletas, perfazendo um total de 220 atletas beneficiados pela confederação em campeonatos internacionais.
Quanto à estrutura, nós contamos com um centro de treinamento na Tijuca, no Rio de Janeiro, onde fica a sede da confederação. E nós somos integrantes do COT — Centro de Treinamento Olímpico, que funciona dentro do Arena 2 do Parque Olímpico do Rio de Janeiro, desde sempre, desde que eu e o Pedro já fazíamos negociações com todas autoridades para estarmos presentes no COT.
Quanto à organização, a confederação conta com 6 funcionários administrativos e 11 funcionários técnicos, todos assalariados, em regime de CLT.
Nós não temos clubes filiados, as filiações dos clubes são através das federações, mas um dado interessante é que agora em dezembro nós vamos fazer o primeiro Campeonato Brasileiro Interclubes de Wrestling, com apoio do Comitê Brasileiro de Clubes — CBC. Nós estamos comemorando um acordo de cooperação e nós já vamos ter 27 clubes inscritos, entre eles alguns grandes clubes, como o Corinthians, o Vasco, o Sport Club do Recife e o Clube do Remo, entre outros.
Esta é a organização da CBW. Notem que há muito mais quadrinhos do que aqueles 17 funcionários. É lógico, muitos são voluntários, entendem? Então, nós realmente trabalhamos com muitos abnegados da luta, que nos ajudam. Nós temos o Conselho Administrativo dentro do círculo. Temos um presidente, dois vice-presidentes, três diretores e a representante dos atletas. Eu também faço parte disso, atendendo a eles, obviamente. Temos alguns órgãos independentes, como o Conselho Fiscal, que é formado e eleito, o Conselho de Ética, uma ouvidoria independente. Temos o Tribunal de Justiça formado também. Temos a Comissão de Atletas, a Comissão de Técnicos, a Comissão de Árbitros, todas com membros eleitos por seus pares. Na administração, digamos assim, no dia a dia, no executivo, nós contamos basicamente com quatro gerências, coordenadorias: a coordenação médica, que obviamente funciona com fisioterapia, massagista, nutricionista; a gerência de comunicação e marketing, com assessor de imprensa, que cuida do site, das mídias; a parte administrativa, em que temos a gerência de prestação de contas, a gerência financeira e a gerência do próprio CT — zelador, etc.; e a coordenadoria técnica, em que basicamente trabalhamos em três áreas: a do pessoal da arbitragem, que é um pouco mais independente, a de base e a de seleções. Um pouquinho de transparência e participação é a montagem da nossa assembleia geral. Vocês reparem que temos quase 35% de atletas participantes da nossa assembleia. São 15 atletas, 26 federações, 1 representante dos treinadores e 1 representante dos árbitros, todos eleitos por seus pares. É muito interessante a primeira frase do eslaide, que eu pulei: o presidente é acessível aos atletas. Eu os desafio a nós abrirmos o WhatsApp dele ali. Com certeza, dos dez últimos, três ou quatro são atletas. Ele sempre atendeu a todos os atletas, às vezes até demais. Essa é a maneira de ele gerir. Ele está sempre atendendo e é de muito fácil acesso a todos. Nós aderimos ao GET, que é o sistema Gestão, Ética e Transparência do COB, e estamos no Portal de Transparência do Comitê Olímpico do Brasil. Todos os atletas participam de todas as decisões técnicas, isso já há bastante tempo. Inclusive, desde 2010, a Confederação Brasileira de Wrestling cria seus critérios técnicos e os publica no site, para deixar bem claro a todos como formaremos nossas eleições, como formaremos nossos times e como vai ser a escolha de cada um.
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Sobre a administração, eu posso dizer que nós temos algumas conquistas administrativas, e há uma de que nos orgulhamos muito. Eu sei que muitas confederações estão atrás de nós, o judô está ali na cola; este ano esteve na nossa frente durante meses, mas ganhamos na linha de chegada. Nós somos a confederação número 1 em prestação de contas no Comitê Olímpico. Deputado, isso é uma coisa que nos honra. Há 7 anos a Confederação de Wrestling é ranqueada na posição número 1 no COB em prestação de contas. Entendemos que somos menores e temos menos problemas, mas cada um também tem suas possibilidades de solução. Estamos adimplentes junto ao Ministério da Cidadania, acabamos de tirar, 1 mês atrás, a certidão 18-18A. Adequamos o nosso estatuto três vezes este ano, tivemos que fazer três assembleias; toda hora descobríamos alguma mudança na lei, alguma nova portaria. Tivemos que fazer isso. Estamos em dia com todas as certidões governamentais. E somos sede, também somos bem vistos pela Federação Internacional de Wrestling, que nos tem como parceira nas Américas. Fazemos vários campeonatos pan-americanos. Fizemos o Mundial Júnior em 2015, fizemos etapas do campeonato mundial de luta de praia. Também nos deixa muito felizes participarmos ativamente dos Jogos Escolares da Juventude, que inclusive acontecem semana que vem.
Trago um pouquinho sobre o orçamento e o calendário. Como funciona isso? Fazemos o calendário com os treinadores, apresentamos esse calendário aos atletas e fechamos o calendário. Obviamente temos a intenção de mandar equipes completas, todos os nossos melhores atletas. E ali na ponta formamos um orçamento, com os salários, com os gastos e os serviços necessários, e obviamente todas as participações e organizações do campeonato. Esse ano esse total deu perto de 6 milhões e meio de reais, mas infelizmente são 3 milhões e 25 mil reais os recursos disponibilizados.
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Nós ficamos com um déficit este ano. A nossa vontade era ter mais 3 milhões e meio para poder fazer todas as ações como gostaríamos. Nós vamos correr atrás desse recurso para disponibilizar para quem deve viajar, para quem merece, para quem precisa de treino, para quem precisa de ajuda.
Depois de 10 anos, a CBW perdeu o patrocínio da Caixa, após as Olimpíadas — a Caixa fez um corte geral nos patrocínios —, e não conseguiu nenhuma outra entidade patrocinadora.
Estão ali alguns resultados internacionais que nós colhemos, nesses 10 anos de investimento, não só da nossa ex-patrocinadora mas também do Governo. Agradecemos muito os investimentos que recebemos nessa onda olímpica. Isso realmente elevou o wrestling de dezenas para milhares. Nós tivemos possibilidade de fazer essa escolha e ainda estamos colhendo os frutos.
Este ano nós conquistamos 20 medalhas em campeonatos pan-americanos, sendo 3 medalhas de ouro, com destaque para Laís Nunes, que, pela 5ª vez, foi campeã pan-americana. Desde a categoria cadete, ela vem recolhendo o ouro em campeonatos pan-americanos. Os torneios do ranking são mais fortes. Nós ganhamos um ouro, quatro pratas e dois bronzes. A Aline recebeu o ouro lá na Itália.
Nos Jogos Pan-Americanos de Lima, nós ganhamos três medalhas, mas o ouro não veio. Nós ganhamos ouro em Toronto — inclusive está ali a foto da Joice. Mas, dessa vez, por muito pouco, a Aline não ganhou. Ela fez uma luta espetacular. Nos últimos 5 segundos, pegou a perna da menina e a derrubou, mas acabou o tempo. Ela conseguiu marcar ponto 1 segundo depois. Mas é coisa do esporte. Ganhamos, então, uma prata e dois bronzes.
Um outro grande destaque foi agora em Doha. A primeira medalha da história foi conquistada nos Jogos Mundiais de Praia. Nos primeiros jogos, na primeira categoria a ser disputada, foi uma brasileira de São Paulo que ganhou. Ela é goiana, radicada em São José dos Campos. É interessante, porque a Laís também é de Goiás, de Barro Alto, uma cidadezinha do interior. Ela morava na periferia da cidade. Nós a descobrimos quando estava fazendo luta na grama e a trouxemos conosco. Hoje ela é a nossa melhor atleta.
No próximo eslaide, estão alguns resultados esportivos. Nós temos sete atletas ranqueados internacionalmente, entre os 20 melhores do mundo. A nossa equipe foi a terceira colocada no Campeonato Pan-Americano Júnior e, durante 3 anos seguidos, em pan-americanos. Foram quatro participações consecutivas em jogos, com mais de 150 atletas, sendo cinco classificados.
O último eslaide mostra a medalha que falta. Sistema de classificação: seis atletas foram classificados no campeonato mundial sênior — infelizmente, nós não conseguimos nenhum este ano —; dois atletas se classificaram no pan-americano no Canadá; dois atletas se classificaram, no geral mundial, que vai ser na Bulgária. A nossa previsão de classificação é de quatro atletas.
A nossa preparação conta com: treinamentos na Itália, Espanha e Estados Unidos e bases de treinamento no Rio e em São; torneios de preparação; e aclimatação no Japão, junto com a equipe do COB.
Obviamente, o resultado disso será a primeira medalha brasileira no wrestling olímpico.
Termino com uma frase de Sócrates: "O homem completo deve estudar, trabalhar e lutar".
Muito obrigado a todos pela atenção. Foi uma honra falar para todos.
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O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Obrigado, Roberto, pelas suas explicações. Foram bem tranquilas, de fácil entendimento. É muito bom saber que a Confederação possui 26 federações, que tem um número razoável de atletas e que o Pedro é um Presidente acessível a todos. É muito bom perceber uma certa organização.
Há previsão de quantas vagas serão garantidas ou não? Já foram disputadas as seletivas para 2020?
O SR. ROBERTO LEITÃO - São três etapas. A primeira já passou, foi no mundial deste ano. Teríamos que ficar entre os cinco primeiros, mas não ficamos. Temos, agora, a principal chance, que é no pan-americano. Nós temos vários medalhistas, como mostrei no eslaide. Nós esperamos classificar quatro atletas. Depois, há mais uma última chance também, com atletas do mundo inteiro, entre os não classificados.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - São quantos atletas, em 2020, nas duas modalidades?
O SR. ROBERTO LEITÃO - Em cada categoria, serão 16 atletas, para 16 vagas.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - São oito categorias?
O SR. ROBERTO LEITÃO - São seis categorias por estilo.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Então, são 12?
O SR. ROBERTO LEITÃO - São 18.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Ah, são 18!
O SR. ROBERTO LEITÃO - É. Greco, livre masculino e livre feminino.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Está ótimo.
O SR. ROBERTO LEITÃO - A federação ainda está trabalhando para equilibrar o gênero. Mas, por enquanto, ainda há mais homens participantes do que mulheres.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Sim.
Você fez uma observação em relação ao Japão. Esse país realmente é um dos favoritos para conquistar um alto número de medalhas, que é na modalidade de disputa nos jogos olímpicos.
O SR. ROBERTO LEITÃO - Exatamente. E ele sempre disputa. Um fato interessante é que conhecemos o Japão como a terra do judô, e realmente o é. Ele tem 39 medalhas olímpicas de ouro no judô e, na luta, tem 32.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Poxa vida!
O SR. ROBERTO LEITÃO - É o segundo esporte deles. Como eu falei, nas últimas olimpíadas, ele ganhou mais na luta do que no judô.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Ótimo Roberto.
Vamos convidar agora a Aline Silva, que vai entrar por web conferência para conversar conosco.
(Segue-se participação por videoconferência.)
A SRA. ALINE SILVA (Participação por videoconferência.) - Boa tarde a todos.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Tudo bom, Aline?
A SRA. ALINE SILVA (Participação por videoconferência.) - Eu estou aqui representando a Comissão de Atletas da Confederação Brasileira de Wrestling.
Eu vou seguir o script que o Lindberg me passou e falar, primeiro, da composição da Comissão de Atletas.
Nos últimos anos até este ano, havia apenas um representante, um presidente de atletas, que também sempre foi muito ligado ao restante dos atletas. Antes, a Joice Silva era a nossa presidente. Ela sempre estava em contato com os atletas, até para saber como representá-los. Mas, como comissão, essa ponte é bem maior. Eu acho que a participação e a atuação de cada atleta, puxando para si a responsabilidade, ficam mais claras.
Este ano, estamos compondo com mais de um terço de todas as federações filiadas à confederação. Nós devemos compor a Comissão de Atletas com 15 atletas no total. Ainda faltam 7 vagas a serem preenchidas. Isso deve acontecer agora na Copa, que vai acontecer em dezembro, em Natal, que também vai coincidir com o primeiro Campeonato Brasileiro Interclubes.
Sentimos que, na primeira eleição de atletas, muitos não ficaram sabendo. Talvez alguns tiveram medo de se envolver ou não entenderam ainda a importância de fazer parte dessa comissão. Talvez também não acreditaram que a comissão realmente teria força e que seria para valer. Muitos atletas me relataram por que não se candidataram e por que não se interessaram, dizendo: "Ah, vai ser só mais uma comissão para dizer que existe".
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Essa é a composição hoje. Nós temos oito, mas faltam sete para compô-la. De acordo com o nosso estatuto, temos homens e mulheres, com representantes dos três estilos. O nosso estatuto também diz que não pode haver mais do que três representantes de uma mesma federação. São Paulo e Rio de Janeiro já estão completos, porque, como já imaginávamos, a luta está mais concentrada ali. E os atletas também estão mais engajados. Muitos atletas de outros Estados acabavam vindo a São Paulo e ao Rio de Janeiro para treinar. Hoje em dia, isso está se espalhando, está mais descentralizado no Brasil, mas a concentração maior ainda é aqui no Sudeste.
Falando sobre o envolvimento da comissão na preparação para os Jogos Olímpicos de Tóquio e outras competições, nós sentimos que, nesse quesito, estamos sendo bastante consultados. Temos sido convidados para as reuniões, participado e tido a oportunidade de voz nas decisões.
Eu, particularmente, por estar na seleção há muito tempo — como o próprio Roberto disse —, sempre recorri ao Pedro Gama e até ao próprio Beto mesmo, quando precisava esclarecer alguma questão de convocação. Acho que outros atletas também tinham esse recurso, mas é muito bom saber que hoje temos isso oficializado, que não fica mais só no informal e que não precisa mais ser só através do WhatsApp. Agora nós temos direito a voz, e ele está sendo praticado, sim.
Quanto à participação nas decisões estratégicas da confederação, nós ainda não sentimos que estamos sendo consultados. Fomos informados de que houve uma reunião este ano até sobre as questões financeiras. Na ocasião, o Caleb, que é um dos representantes da comissão, estava presente. Nem eu nem o Vice-Presidente pudermos ir.
Não sei se também é por falta de know-how, mas é bom que exista a comissão. Os atletas começam a aprender mais sobre os processos, as exigências, as necessidades da confederação, e a entender mais o processo todo por trás do treinamento e das competições. Mas nós ainda não nos sentimos tão incluídos nessa situação das questões estratégicas da confederação.
Quanto a outros assuntos que julgamos relevantes, eu acho que, a partir de agora, como Comissão de Atletas, tomamos para nós a responsabilidade de conscientizar os outros atletas da importância de participar da comissão e de se eleger. Ontem mesmo já saiu no site da confederação a divulgação da próxima eleição, que, pelo estatuto, precisava ser só com 8 dias de antecedência. Isso vai ser em dezembro, mas nós queremos fazer isso com antecedência. Queremos inclusive jogar nas redes sociais, não só divulgando a eleição, mas a importância dos atletas de se engajarem e de fazerem valer o direito que temos agora, de exercitá-lo realmente. Estamos tendo voz.
Eu acredito que hoje, se somos as partes mais interessadas e mais beneficiadas ou prejudicadas com todas as tomadas de decisão de cada confederação, nada mais justo do que termos os atletas mais próximos e com um pouco mais autonomia para opinar, para podermos mostrar o nosso lado e fazermos parte das decisões.
Acho que é isso. Basicamente, é isso.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Obrigado, Aline.
Lembrando que a Aline foi medalhista agora, nos Jogos Pan-Americanos de Lima.
Aqui quem está falando é o Luiz Lima, Aline.
A SRA. ALINE SILVA - Tudo bem, Luiz?
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Tudo bom!
Eu fui atleta olímpico e hoje estou aqui nesta Casa como Deputado Federal.
A SRA. ALINE SILVA - Foi não, é atleta olímpico. Isso é para sempre!
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - É isso aí. Eu também me sinto assim.
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Mas você teve uma trajetória bem bonita no esporte: em 2007, você não se classificou para o Pan; mas, em 2011, em Guadalajara, você foi medalha de prata; em Toronto, você foi medalha de bronze; agora, em Lima, você foi medalha de prata — e o Pedro aqui me lembra que você foi duas vezes medalhista mundial.
Eu me lembro que eu estava no Parque Olímpico, assistindo aos Jogos Olímpicos, e você chegou como favorita para ganhar uma medalha para o nosso País. Infelizmente, você teve uma derrota nas quartas de final, e a sua adversária não deu sequência; então você não pôde voltar na repescagem.
Hoje você está vivendo no Canadá — peço que você me confirme...
A SRA. ALINE SILVA (Participação por videoconferência.) - Estou passando uma temporada de treinamento aqui, mas já estou voltando para o Brasil.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Você está em Calgary?
A SRA. ALINE SILVA (Participação por videoconferência.) - Em Montreal.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Bacana, muito bacana.
Eu tenho certeza de que, em 2020, você vai ter um rendimento bastante satisfatório, dando o seu melhor.
Mas, Aline, quando você falou em comissão de atletas; eu vejo hoje que a situação do esporte, na imensa maioria das confederações, é uma situação mais democrática em relação à participação de clubes, de federações, de atletas e de técnicos. Nós temos observado isso nas oitivas das confederações que nos visitam aqui nas audiências públicas.
Mas o que eu ainda sinto é que as comissões de atletas, muitas das vezes, são formadas por atletas de sucesso e que participaram dos Jogos Olímpicos e mundiais. Mas nos esquecemos de que a imensa maioria dos atletas das confederações, mais de 98%, são atletas que nunca foram de seleção, e são esses atletas que fazem os campeonatos regionais e os campeonatos nacionais.
Então, se vocês puderem de alguma forma atrair atletas — aquele que fica na oitava posição, que ama o esporte, que nunca ganhou um centavo, mas que financia a Confederação —, eu acho muito importante.
Eu sou totalmente contra algumas confederações darem pesos diferentes a atletas: peso 3, porque foi medalhista; peso 2 porque foi... Todo atleta tem o mesmo peso. Imaginem se nesta Casa o lixeiro tivesse peso 1, o médico tivesse peso 5, o engenheiro espacial tivesse peso 10... Não dá, né.
Acredito que todo cidadão e todo atleta tem que ser tratado dessa forma. E acredito que você, dando essa visão aos atletas, você vai fazer com que todos participem muito mais de um processo. E a gente precisa ter campeonatos regionais e nacionais muito fortes, aumentando o número de praticantes.
Mas, Aline, fique à vontade. Estamos quase encerrando a participação da Confederação de Wrestling. Fique à vontade para falar, por favor.
A SRA. ALINE SILVA (Participação por videoconferência.) - Só para complementar o seu comentário.
Nós, atletas, inclusive, colocamos em nosso estatuto que, para compor a comissão, o atleta teria que participar de alguns jogos — olímpicos, panamericanos ou sul-americanos —, campeonato mundial ou campeonato sul-americano dos últimos 4 anos.
Foi uma cláusula que o Pedro Gama e o Beto Leitão tentaram nos convencer a mudar, para deixarmos apenas como requisito a participação no Campeonato Brasileiro, para ser mais democrática a participação dos atletas na comissão. E nós optamos por deixar assim essa cláusula por alguns motivos: achamos que o atleta que está vivendo da luta olímpica é o atleta realmente mais engajado; é o atleta que hoje já entende um pouco mais o cenário da luta olímpica no Brasil, que vive e depende disso. Por isso, achamos que esses têm mais know-how para opinar na comissão de atletas. E também pensamos no papel da Confederação, porque, até então, entendíamos que esse fomento da base; do cara que fica, de repente, em oitavo lugar e que não faz parte ainda da seleção brasileira; seria mais uma função da federação. E aí no nosso estatuto tem, entre as disposições, uma que fala em tentar achar medidas e incentivar de todas as formas possíveis as federações a criarem também suas comissões de atletas, a educar os atletas.
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E aí pensamos que esses atletas que compõem a seleção brasileira têm essa função de trazer esses outros atletas, para eles também chegarem, para eles também poderem ter um lugar deles na comissão, em alguma hora.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Obrigado, Aline.
Não foi nada combinado aqui. Foi só uma opinião minha. Agradeço muito, entendo as suas observações e os seus pontos. Mas me veio isso na cabeça e falei agora, porque eu pratico natação até hoje e sou técnico de muitos atletas que já têm 40 anos, 50 anos na natação. E as pessoas mais engajadas hoje, com 40, 50 ou 60 anos, são justamente pessoas que não foram atletas olímpicos e que amam muito o esporte.
Então, é apenas uma opinião minha, Aline. Eu acredito nisso sim, inclusive em relação aos técnicos de modalidade esportiva. Muitos técnicos eram péssimos atletas, individualmente, mas, pelo fato de amarem tanto a modalidade e serem tão observadores, eles se tornam treinadores simplesmente maravilhosos. Um exemplo disso é o Bernardinho, que era levantador reserva e se tornou um grande técnico, assim também o Zé Roberto. E também há técnicos de futebol que jogaram não tão bem como exercem a profissão de treinador.
Mas, Aline, eu gostaria de agradecer muito a sua participação. Desejo muito sucesso para você e que você, para além de ser atleta, venha a contribuir muito para o esporte nacional, não só na sua modalidade, mas como formadora de opinião e como pessoa que pode dar um rumo melhor ao esporte brasileiro nos próximos anos. Mas vou torcer muito para você em 2020.
Obrigado, Aline.
A SRA. ALINE SILVA (Participação por videoconferência.) - Obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Roberto, muito obrigado pela participação de vocês.
Infelizmente, temos que ser rápidos ao ouvir todas as confederações. Mas, Pedro, foi muito bom você ter vindo hoje a Brasília. Faço votos de que a confederação consiga patrocínios fora da lei de incentivo, da Lei Agnelo/Piva. Quem sabe a Caixa Econômica volte a patrocinar a confederação.
Vamos fazer esse apelo para o nosso amigo, Pedro Guimarães, Presidente da Caixa; para o Cleiton; para o pessoal de marketing, para Magda — se Deus quiser! Conte comigo mesmo. Vai ser um prazer.
O SR. ROBERTO LEITÃO - Obrigado a todos. Foi um grande prazer.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Obrigado, Roberto. Obrigado, Pedro. (Palmas.)
Vou convidar para compor a Mesa do taekwondo a Sra. Natália Falavigna, Diretora Técnica da Confederação Brasileira de Taekwondo; Diogo Silva, membro da Comissão de Atletas da Confederação Brasileira de Taekwondo; Ademar Lamoglia, Presidente do Conselho de Ética e Disciplina da Confederação Brasileira de Taekwondo.
O Diogo foi medalhista Panamericano no Rio, em 2007? A Natália foi medalhista também, tenho certeza?
A SRA. NATÁLIA FALAVIGNA - Fui medalha de prata.
O SR. DIOGO SILVA - Eu ganhei o Pan, no Brasil, em 2007. Eu e a Natália fizemos praticamente todo o ciclo olímpico junto. Quase entramos e nos retiramos ao mesmo tempo.
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O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Passa tão rápido o tempo.
E a Natália foi atleta olímpica, medalhista, participou de três olimpíadas. E o Diogo?
O SR. DIOGO SILVA - Eu participei de dois Jogos Olímpicos e chegue a duas semifinais.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Eu me lembro como se fosse ontem, Natália: eu era patrocinado pela mesma empresa, em 2007, e nós pegávamos a mesma van, próximo à Vila Panamericana, no Rio. Se não me engano, fomos a um programa de televisão juntos. Eu estava participando desse programa, mas como entrevistador, como repórter do SporTV — Iiiih! eu falei o nome do canal... (Risos.)
Ademar, muito obrigado pela participação.
O taekwondo é esporte olímpico, se eu não me engano, desde Seul, desde 2000; foi esporte de demonstração em Seul, em 1988; assim também em 1992; em 1996, não teve; voltou com tudo em 2000, desde então participando ininterruptamente.
Natália, eu não vou poder ficar aqui durante toda a reunião e, portanto, vou deixar algumas perguntinhas no ar, antes da apresentação de vocês.
Eu recebi aqui algumas perguntas. Depois, você poderá respondê-las. "Quais os critérios que estão sendo utilizados para a classificação olímpica? Onde foram divulgados? Quais foram as mudanças de critério desde a sua época de atleta até os dias de hoje? Quais os critérios utilizados para diminuir os valores do Bolsa Pódio, como ocorreu com um medalhista olímpico? Por que não foi feito um plano divulgado abertamente?"
Vou passar as perguntas ao Lindberg.
Mas, Natália, muito obrigado pela sua participação. Agradeço também ao Diogo, que, além de atleta, como tenho acompanhado, é um ativista social, na área de inclusão pelo esporte. Acredito muito que você está tendo êxito. E você carrega uma bandeira muito forte, Diogo, pois é muito ouvido. Faça isso para o bem do nosso País e para o bem da modalidade taekwondo. Espero que você atraia cada vez mais praticantes. E o resultado é uma consequência do número de atletas praticando a modalidade em alto rendimento. Mas o alto rendimento é uma consequência daquele atleta de talento que gosta modalidade.
E eu gostaria de passar a palavra agora para a Natália Falavigna. Peço ao Presidente do Conselho, Ademar, que também fique à vontade. O Ademar é Presidente do Conselho de Ética e Disciplina da Confederação Brasileira de Taekwondo.
Natália, fique à vontade para expor a situação do taekwondo.
A SRA. NATÁLIA FALAVIGNA - Primeiro, boa tarde a todos; boa tarde, Deputado.
Fico muito feliz por esta oportunidade de falar em nome da confederação e de uma modalidade que tanto amo, para a qual estou podendo dar um pouquinho da minha contribuição.
Eu preparei uma apresentação.
(Segue-se exibição de imagens.)
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Bom, para poder falar da Confederação Brasileira de Taekwondo, eu tenho que fazer uma breve contextualização histórica de como a modalidade se encontrava quando a nova gestão assumiu.
Então, a CBTKD foi fundada em 21 de fevereiro de 1987. Na verdade, ela já pertencia à Confederação de Pugilismo e, em 1987, teve sua independência e foi fundada a Confederação Brasileira de Taekwondo, hoje filiada às principais instituições, ao Comitê Olímpico Brasileiro, ao Comitê Paralímpico Brasileiro e à Federação Mundial de Taekwondo, a World Taekwondo.
Como o Deputado falou, o taekwondo é uma modalidade recente, apesar de milenar, em relação aos Jogos Olímpicos, em relação ao aspecto competitivo. O primeiro campeonato mundial foi realizado somente em 1973, e a modalidade ingressou nos Jogos Olímpicos oficialmente em 2000. Desde então sempre conseguimos colocar, pelo menos, um representante do taekwondo brasileiro nos Jogos Olímpicos, e essa é uma modalidade que tem resultados esportivos marcantes.
Eu pude fazer parte de uma geração que foi precursora, em que eu e o Diogo estivemos presentes, assim como outros atletas, como o Márcio Wenceslau, o Marcel Wenceslau, a Débora Nunes, o Leonardo, todos com grandes resultados esportivos. Diogo foi o campeão dos Jogos Pan-Americanos, e eu pude ser agraciada com o ouro no campeonato mundial e também com a medalha olímpica.
De lá para cá, continuamos tendo alguns bons resultados esporádicos. Tivemos uma segunda medalha olímpica no Rio em 2016, só que, nesse momento, a confederação já começava a se encontrar com problemas administrativos, em um contexto um pouco mais conturbado. Foi uma fase que, mesmo com a medalha olímpica, não conseguimos aproveitar tanto ou obter tantos frutos dessa medalha.
Outro marco histórico, este negativo, mas fazemos questão de relembrar todos os dias para que nunca mais passemos por essa situação, foi ter o primeiro gestor em atividade esportiva condenado no País. Infelizmente, esse é um marco para a confederação, mas entendemos que foi nesse momento que a modalidade taekwondo ressurgiu no cenário nacional.
A partir daí, o Presidente Alberto Maciel Júnior, mais conhecido como Júnior, e o seu Vice-Presidente, o Rivanaldo de Freitas, concorreram à eleição e me ligaram convidando-me para que, caso eles ganhassem, eu fizesse a coordenação técnica, toda a regulamentação técnica da instituição. Ambos já foram atletas e técnicos. O Júnior foi técnico olímpico em 2016. Eu estava sentada com o Maicon no momento da conquista. E o Rivanaldo também já participou dos Jogos Olímpicos da Juventude, chegando à medalha de ouro, com o atleta Netinho, e também campeão mundial júnior.
Então isso foi algo que me chamou bastante a atenção porque eram pessoas que passaram pelas dificuldades do tatame, que viveram aquilo de não ter um agasalho para viajar ou de uma logística, que não era tão bem feita. Quando fomos assumir, algo que sempre ficou muito explícito foi que a parte técnica teria liberdade, que tudo seria feito da melhor maneira, que a parte política não entraria nesse aspecto. Ganhamos a eleição e, no primeiro momento, ouvimos muito que o taekwondo estava acabado, que a confederação não tinha salvação e que essa modalidade deveria acabar com a confederação e criar outra, porque não havia mais jeito.
Para contextualizá-los historicamente, a partir do momento em que assumimos, verificamos que a confederação tinha 6 milhões de reais em dívidas e que ela estava sem receber recursos da Lei Piva, estava sem as certidões negativas junto ao antigo Ministério. Além disso, havia 33 apontamentos no SERASA, fora todo o contexto conturbado, fora a falta de regulamentos, fora a falta de regras e tudo o mais que vocês possam imaginar.
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A partir daí, começamos a reestruturar a confederação e entramos com uma visão muito específica de que, em 4 anos, nós seríamos referência em gestão esportiva e estaríamos no top 4 de resultados esportivos e também de gestão administrativa, que os outros países olhariam para o Brasil como uma Nação que se reergueu e que é uma referência em como tratar o atleta e fazer ações esportivas.
Diante disso, todo o plano técnico foi estruturado, tendo essa visão de se tornar, primeiro, referência aqui na América, para depois sonharmos em âmbito mundial.
Recursos financeiros. A confederação recebeu, no ano de 2019, 3 milhões, 289 mil, 363 reais e 59 centavos. Além disso, nós obtivemos mais dois recursos financeiros, dois montantes financeiros em projetos específicos do COB para desenvolvimento e projetos extraordinários.
Nós temos direito a 1 milhão e 300 mil reais em relação ao Comitê Paralímpico Brasileiro, o qual não pudemos usar até agora, pois estávamos sem todas as certidões, sem receber recursos, e o Comitê Paralímpico, assim como o COB, fazendo as ações esportivas para a modalidade.
Temos a previsão de chegar a 1 milhão de reais em arrecadação de recursos próprios, que vêm de pagamento de anuidade, pagamento de registro de faixas pretas, porque há essa questão marcial, além disso, há os campeonatos.
A confederação conseguiu recuperar os recursos da Lei Piva, fazendo um acordo em 6 milhões de reais. Fizemos uma força-tarefa, conseguimos prestar conta de 3 milhões de reais; os outros 3 milhões de reais, essa dívida foi parcelada em 60 vezes. Mensalmente pagamos, em média, 50 mil reais ao Comitê Olímpico, para que possamos, pelos próximos 60 meses, quitar essa dívida que nos resta. Basicamente todo esse recurso vai para pagamento dessas dívidas e também para quitar aqueles acordos com o SERASA. Dos 33 apontamentos, hoje só há mais três, que o Júnior pretende, até o final da gestão dele, sanar.
Cenário atual do taekwondo no País. Há 27 federações, 24 com direito atualmente a voto, mais a Liga Nacional de Taekwondo. Ativos no nosso sistema de gerenciamento esportivo há 4.580 atletas, ou seja, são atletas que estão com a anuidade em dia, são atletas que estão ativos, mas, se formos para aqueles que não pagam anuidade, não pagaram, de repente, este ano, ou que não estão cadastrados, esse número pula para quase 20 mil. E com esse novo sistema de gestão, estamos agora buscando a faixa colorida, indo atrás do praticante de taekwondo, para que possamos realmente ter uma noção desse cenário. Estima-se aí que chegam a 200 mil os praticantes de taekwondo. Pelo número de estabelecimentos, começamos a ter essa relação.
Hoje há 1.031 estabelecimentos, ou seja, academias, institutos com atletas ativos no Sistema de Gestão Estratégica — SGE. Há 152 treinadores nacionais habilitados no curso que a confederação realiza anualmente. Este foi o primeiro ano. Também conseguimos alguns avanços em relação à governança.
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A partir do momento em que assumimos, como eu falei, não havia normas, regulamentos, nem o regulamento nacional para estabelecer quem iria para a seleção brasileira ou quem seria escolhido. Era apresentado um PowerPoint e olha lá. Então criamos todos os procedimentos, todos os critérios e normas que os atletas devem seguir, o código de ética, todos os procedimentos internos.
Divulgamos no nosso site oficial quem é a equipe técnica, quais são os trabalhos que fazemos. Lá há duas abas: uma para normas e regulamentos e uma para notas oficiais. Toda a comunicação da entidade é feita por meio desse espaço. O pessoal gosta muito de mídias sociais, mas nos mantemos ao nosso site oficial.
Também implantamos uma ouvidoria. Nós reestruturamos o estatuto para dar mais transparência. A partir de agora temos 13 atletas no nosso colegiado e também teremos a participação de nove clubes. Isso foi votado em março e houve um pequeno reajuste, uma pequena correção em agosto ou setembro agora para adequar certinho. Voltamos a atender todas as exigências, principalmente as relacionadas às Certificações 18 e 18-A. Recuperamos as nossas certidões. Também há hoje no site o Portal da Governança.
Com relação aos resultados esportivos, mesmo diante de todas as dificuldades, mesmo o Comitê Olímpico tendo que executar algumas ações do recurso da Lei Piva, 2018 e 2019 têm sido anos históricos, temos quebrado todas as marcas, principalmente este ano.
Este ano, no Campeonato Mundial de Parataekwondo, obtivemos o ouro inédito com a Débora Menezes. Essa era uma modalidade que antes a confederação não queria reconhecer, não ligava, e nós começamos o trabalho com o CPB e isso tem dado grandes frutos. Fizemos o Campeonato Brasileiro de Parataekwondo, que foi considerado pela Federação Mundial o maior evento para taekwondo do mundo. Conseguimos colocar 100 atletas de parataekwondo num esporte novo mundialmente. O parataekwondo vai entrar como programa oficial agora em Tóquio.
No campeonato mundial adulto, nós tivemos cinco medalhas: duas de prata e três de bronze. O Brasil nunca havia conseguido mais do que dois resultados. Nós conseguimos cinco medalhas, ficamos atrás apenas da China e da Coreia do Sul em quantitativo de medalhas. Para os Jogos Pan-Americanos, fomos com uma delegação de oito pessoas. O melhor resultado que havíamos conseguido era o Pan de 2007, com uma medalha de ouro, duas pratas e uma de bronze. Este ano nós conseguimos dois ouros, com Netinho, o Edival, e também com a Milena, que se tornou a primeira mulher do taekwondo brasileiro a ganhar nos Jogos Pan-Americanos; duas medalhas de prata: Talisca Reis e Ícaro Miguel, e três de bronze, ou seja, somente um atleta do Brasil acabou ficando fora do pódio. Se contarmos só o Kyorugui, que é a luta, porque há o poomsae, que é uma modalidade nova que foi inserida agora, o taekwondo terminou em primeiro no quadro geral de medalhas.
Nos Jogos Parapan-Americanos, da mesma forma, o Brasil terminou em primeiro no quadro geral de medalhas, com dois ouros, duas pratas e um bronze. Além disso, na série que costumamos chamar de Grand Prix, que é a série que parece muito com os Jogos Olímpicos, com os 32 melhores atletas do mundo, conseguimos o inédito ouro, com o Maicon; três bronzes em etapas diferentes, uma com a Gabriele Siqueira, acima de 67 quilo; o Netinho voltou a medalhar e o Ícaro também.
Para vocês terem uma noção de comparativo, no ranking mundial, em 2017, nós tínhamos três atletas no top 10 e seis atletas no top 20, ou seja, de seis atletas, somente três eram top 10. Atualmente, após 1 e meio, 2 anos de gestão, nós temos 14 atletas entre os 20 primeiros do ranking mundial. Desses 14 atletas, 7 atletas estão entre os top 10 do ranking mundial. No ranking olímpico, que é uma junção de categorias, nós tínhamos, em 2017, apenas três atletas no top 20 e um atleta no top 10. Hoje temos seis atletas, quatro deles no top 10.
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Então, para a classificação em jogos olímpicos, na última etapa do GP, chegamos com chances matemáticas — apesar de ser difícil — de classificar três atletas pelo ranking. São cinco atletas pelo ranking e um atleta pelo Grand Slam, que é o ranking de um evento que corre em paralelo e que distribui recursos financeiros. Mas, basicamente, o campeão do Grand Slam está entre os cinco primeiros. Então, nós sempre falamos que são seis os melhores do ranking olímpico. Caso isso não aconteça, eles vão para uma seletiva pan-americana, para a qual o País pode enviar — se não tiver classificado ninguém pelo ranking — dois homens e duas mulheres. Ou seja, temos quatro pesos masculinos, quatro femininos, mas o País só pode mandar dois.
Então, para isso, nós temos os critérios norteadores dos Jogos Olímpicos. Esse documento já está no ar, já está no site da entidade. Todos os documentos, assim como nos Jogos Pan-Americanos, foram para o site. Ele é composto da seguinte forma: a comissão técnica da CBTKD irá definir esses atletas baseada no índice de desempenho.
O que é o índice de desempenho? Estou finalizando aqui. O ranking olímpico só conta os pontos que você faz, mas nós achamos uma maneira de quantificar em que seja relevante a rodada do torneio por que o atleta passa, o nível do torneio que ele faz e também se ele ganha de um atleta que é top 1, top 10, top 20 ou se está abaixo de top 20. Nós criamos uma fórmula matemática que consegue medir o índice de desempenho desse atleta.
Às vezes, ele foi a uma competição aberta, que tem uma menor pontuação, mas ganhou do número um do mundo. Às vezes, ele foi ao campeonato mundial, mas não lutou com nenhum top 1. Isso é equalizado, e conseguimos medir, ano a ano, o índice de performance de todos esses atletas.
Depois disso, temos os critérios técnicos, notas subjetivas nas quais os técnicos preenchem uma planilha. Nós descrevemos o que é critério técnico, o que é critério tático, e a nossa analista de desempenho está fazendo todo um feedback para trás, de todo o cenário internacional e, entre os nossos atletas, todos aqueles que têm chance, como eles foram e como estão diante desse cenário de categorias olímpicas. Como todo país pode enviar dois e dois, é uma matemática e uma estratégia que temos que adotar.
Basicamente, é isso. Após dezembro — quando se fecha o ranking olímpico e se define quem são os atletas —, a comissão vai definir, anunciar e divulgar no site da entidade.
Agradeço a todos. Procurei ser sucinta, mas falei um pouquinho mais dos resultados esportivos que ficaram claros. Fora isso, tivemos avanços em campeonatos nacionais e uma descentralização, com a possibilidade de atletas regionalizados poderem disputar seletivas.
Nós sabemos que temos muita a fazer, mas estamos caminhando para recuperar a instituição. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Obrigado, Natália.
É muito diferente ser atleta e ser diretora técnica, Natália?
A SRA. NATÁLIA FALAVIGNA - Bastante.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Não é? (Risos.)
Natália, deixe-me te fazer uma pergunta aqui que recebemos. "Outras confederações têm colocado em seus sites, on-line, documentos de prestação de contas, para que todos possam acompanhar o que entra de recurso e como é gasto. Isso também tem sido disponibilizado por vocês na Confederação Brasileira?"
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A SRA. NATÁLIA FALAVIGNA - Tem, sim. Na realidade o que não estava sendo feito, que teve uma demora para entrar, é porque estávamos readequando e atendendo a todas essas exigências, e o COB estava fazendo isso de maneira centralizada. Financeiramente a execução é do COB, a prestação de contas é para o COB, mas fizemos a prestação da área técnica do que foi feito, do montante gasto, e hoje no site da governança está toda a documentação, principalmente para atender às exigências. Sem isso, não teríamos as certificações.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Excelente.
Natália, e em relação ao futuro? A gente tem 2020 e como você vê o cenário, hoje, da Confederação em relação ao investimento, à perspectiva de crescimento da modalidade? Você enxerga determinadas ações que poderiam já estar sendo feitas para ter mais praticantes? Eu lembro que você levou para mim, ainda na transição de atleta, na transição de uma cidadã que quer ajudar a Confederação, enquanto Secretário Nacional, uma ação para fazer um centro de treinamento. A Confederação tem tido ações nesse sentido?
A SRA. NATÁLIA FALAVIGNA - Sim, inclusive vou apresentar um spoiler de 2020 para os presidentes no evento que vamos ter daqui a duas semanas. Mas queremos conseguir desenvolver o Faixa Colorida junto às Federações e temos trabalhado nesse sentido. Nesses dois anos, procuramos atacar aquilo que era mais grave. Entendemos que precisamos melhorar em todas as áreas. Vejo muito a questão social também e precisamos ter mais projetos, precisamos começar a entrar nessa área. Mas o que foi atacado era a questão de urgência; como eu falei, as contas e todos os problemas que tínhamos. Então, temos essa visão.
Nesses dois anos começamos a investir na base. A seleção juvenil não tinha viagem paga, não tinha uniforme, não tinha nada, fizemos três blocos de treinamento de campo e agora eles têm todas as viagens pagas, assim como a comissão técnica. Então isso já foi um avanço e queremos ir para o Faixa Colorida. Essa é uma realidade para a gente e, é claro, temos a necessidade de mais aporte de recursos. Com as certidões, podemos começar a pensar em projetos incentivados, em convênios até então restritos, e aí ampliar nosso escopo e nossa fonte de recursos para poder colocar outros projetos que temos mas para os quais ainda não conseguimos dar essa contribuição ou dar esse aporte para a comunidade do taekwondo.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Natália, concluindo, a modalidade tem duas medalhas olímpicas: com você, em Pequim, em 2008, e com Maicon, que, eu vi, venceu um Grand Prix e foi medalha de bronze no Rio de Janeiro. Como está o Maicon? Surgiram novos Maicon? Como está a situação do nosso último medalhista olímpico?
A SRA. NATÁLIA FALAVIGNA - Hoje, basicamente, toda a equipe olímpica recebe Bolsa Pódio, todos eles, mediante regulamentação da Secretaria Nacional baseada em critérios do que eles conseguem. Então, o atleta que conseguiu a terceira colocação no mundial vai estar na tabela; o atleta que está no ranking olímpico vai estar na tabela. Isso não é nem a Confederação que decide, isso é uma regulamentação, é uma legislação. Fora isso, temos uma grande competitividade interna. Pela primeira vez participamos de uma geração na qual tínhamos atletas, mas eram dois ou três que acabavam levando essa maior esperança de medalha, e hoje temos aí cinco, seis atletas, e uma competitividade interna muito grande para definir quem são os atletas que vão disputar os jogos olímpicos.
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Como eu falei, tenho quatro atletas entre os top 10 do ranking olímpico, principalmente, tenho atletas que estão em terceiro, quarto, quinto lugar no ranking mundial. E isso faz com que eles tenham que estar em constante performance para continuarem tendo a sua vaga ou conseguindo os resultados. Tudo na Confederação é pautado em cima de performance, então o índice é o nosso principal mensurador e reflete a performance do atleta ao longo das competições.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Que é justamente aquele confronto entre os melhores no ranking. Mesmo sendo uma competição que, às vezes, tem uma importância maior, pode-se ter uma menor com a presença do campeão mundial.
A SRA. NATÁLIA FALAVIGNA - Principalmente com atletas que não estão na mesma categoria de peso. Como mensurar o atleta de categoria leve e o de uma pesada? O índice corresponde a isso.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Lima. PSL - RJ) - Natália, muito obrigado pela sua participação.
O Deputado Julio, do Distrito Federal, já está posicionado.
Diogo, eu vou ver sua apresentação. Sim, ela está sendo gravada.
Deputado Julio, agora temos o Diogo, que é membro da comissão de atletas da Confederação Brasileira de Taekwondo, foi medalhista pan-americano e atleta olímpico.
Diogo, vou com você e vou assistir à sua apresentação. Eu vou ao Palácio do Planalto, para uma reunião com o Presidente Jair Messias Bolsonaro, retorno a esta audiência pública e espero que ainda estejam apresentando as outras considerações. Desculpe-me, Diogo. Mas fique à vontade.
Por favor, Deputado Julio.
O SR. PRESIDENTE (Julio Cesar Ribeiro. REPUBLICANOS - DF) - Assumo a Presidência dando boa-tarde a todos vocês que aqui se encontram.
E imediatamente passo a palavra ao Diogo Silva, membro da comissão de atletas da Confederação Brasileira de Taekwondo.
O SR. DIOGO SILVA - Boa tarde a todos. É um grande prazer estar aqui com vocês. Obrigado, Lindberg, pelo convite.
Aqui encontrei algumas pessoas que já participaram desse processo, desse ciclo olímpico. Eu vivi no ciclo olímpico, estive atuando durante 12 anos como titular da seleção brasileira. Iniciei jovem, já com a expectativa de poder entrar, e depois encerrei a carreira na expectativa de ainda conseguir uma última oportunidade. Então, são praticamente 16 anos dentro do que é o ciclo olímpico. E são 30 anos de experiência dentro do taekwondo, que iniciei aos 7 anos de idade, na infância. Praticamente, tenho toda a minha vida dentro desse esporte.
É um grande prazer estar aqui com a Natália, hoje, como diretora, como coordenadora de taekwondo. Nós fomos parceiros de equipe durante toda a nossa carreira, obtivemos grandes sucessos no taekwondo e conseguimos abrir as portas para que a nova geração pudesse ter menos barreiras do que nós enfrentamos.
(Segue-se exibição de imagens.)
Ali há um breve resumo de quem eu sou. O taekwondo me levou a 36 países, então também tivemos a oportunidade de ver como os outros países se desenvolvem. E o Brasil sempre tinha um olhar, principalmente para a Ásia e a Europa, de inveja, porque nós muitas vezes conseguíamos concorrer na luta, mas isso era desleal, porque a nossa estrutura não era 10% compatível com a que eles tinham. Mesmo assim, ainda conseguíamos concorrer. Hoje nossa realidade é outra, nós viemos de um tempo em que não tínhamos lugar para treinar quando a seleção brasileira precisava se concentrar, e hoje podemos escolher em qual lugar treinar. Então, a mudança das nossas gerações impacta no resultado desses jovens talentos de hoje.
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Eu fui a dois Jogos Olímpicos: em 2004, na Grécia, e em 2012, em Londres, chegando à semifinal dessas duas disputas. Participei também de três Jogos Pan-Americanos, ganhando os Jogos Pan-Americanos do Brasil. Essa é a imagem mais emblemática, pois as pessoas passam por mim, ficam me olhando e depois confirmam: “Ah, é você sim”. “Sou eu mesmo”.
Então, a imagem ilustra o que é essa nova geração, os nossos novos ídolos, o Maicon, à esquerda, que pegou bronze nos Jogos Olímpicos de 2016; a Milena, que foi a primeira mulher a ganhar um Jogos Pan-Americanos; e o Netinho, na ponta, um jovem talento que ganhou os Jogos Olímpicos da Juventude, ganhou os Jogos Pan- Americanos no Brasil e vem tendo uma carreira incrível. A média de idade deles é de 22 anos. O Maicon é o atleta um pouco mais velho, com 26 anos, mas a grande maioria da seleção brasileira está ali entre 22 e 24 anos, então, eles ainda têm um ciclo completo nos próximos Jogos Olímpicos.
Essa é a primeira etapa de um circuito olímpico que eles estão fazendo, e com resultados que não esperávamos. Realmente, no último campeonato mundial e nos últimos Jogos Pan-Americanos foi uma alegria imensa poder compartilhar essa retomada do taekwondo.
A Natália já passou isso e esse é só um breve resumo do que foi o desempenho desses atletas: os melhores resultados dos Jogos Pan-Americanos de 2019, o melhor resultado dos campeonatos mundiais. Temos três atletas entre os top 10 do ranking olímpico. Até dezembro, no fim do ano, é possível ter ainda três atletas entrando direto pelo ranking olímpico, e isso também é mais um recorde, porque, nos últimos Jogos Olímpicos, nós conseguimos que apenas um atleta entrasse, entre os seis melhores do mundo, pelo ranking olímpico. Hoje nós temos três oportunidades. Também temos sete atletas entre os top 10 que, possivelmente, não conseguirão entrar direto pelo ranking olímpico, mas já fazem parte do cenário mundial e são muito respeitados.
A nova gestão do taekwondo, como a Natália falou, teve início em 2018. Então, foi bom que ela tivesse essa memória do histórico do taekwondo até os dias de hoje. Infelizmente, nós estávamos nesse momento como competidores e tivemos resultados um pouco apagados por conta disso, porque tínhamos um potencial de ser ainda maiores do que fomos. O potencial humano de competidores era excelente, mas administrativamente não tinha um equilíbrio. Então, acho que é esse o equilíbrio que se vem buscando com essa nova gestão.
No ano de 2018, o taekwondo tem o seu primeiro representante dos atletas, que fui eu. Entrei na seleção brasileira com 19 anos, saí da titularidade aos 30 e continuei competindo até os 34 anos.
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Na primeira vez em que pude participar de uma assembleia geral, onde se tomam as decisões acerca do que vai acontecer com os atletas, no caso comigo, eu tinha 36 anos. Então praticamente eu passei a minha carreira toda sem saber como funciona politicamente uma gestão, qual é o recurso, como ele é direcionado, e sem poder também discutir isso. Todas as decisões eram tomadas sem que o atleta sequer fosse consultado. No ano de 2018, nós temos a primeira assembleia geral aberta ao público. Isso é um avanço histórico na nossa gestão inimaginável. Eu levei mais de 15 anos para poder ter a oportunidade que esses jovens talentos já estão tendo. Isso faz com que nós tenhamos um acesso muito mais democrático, uma transferência na nossa gestão muito maior. Pessoas estão mandando mensagem, estão fazendo algumas perguntas, isso jamais era possível, porque tudo era feito a portas fechadas. Então, eu acredito que isso também foi um grande avanço do taekwondo que a nova gestão pôde possibilitar.
Nós tivemos também a reformulação do estatuto, inserindo a comissão dos atletas. Então, no ano de 2018, o taekwondo inseriu a comissão dos atletas no seu estatuto. Até aquele momento isso ainda não existia. Isso ainda é uma novidade para nós, para o taekwondo, ainda estamos aprendendo a lidar com esse novo grupo, com essas novas pessoas que vão, a partir do ano de 2020, também conversar e discutir coisas que não eram discutidas com esportistas e atletas.
Houve a formação da nova comissão técnica, da qual a Natália também fez parte.
Apresentação do planejamento competitivo. Nós nunca tínhamos tido uma apresentação pública do planejamento. Então, eu iniciava o ano sem saber o que ia acontecer nesse ano. Se nós hoje apresentamos o planejamento de 2020, isso é um avanço histórico também dentro desse esporte que jamais houve. É mais um ponto positivo, então, do que essa nova gestão passou a fazer.
A primeira equipe paraolímpica também nasce no ano de 2018. Os Jogos Olímpicos em Tóquio serão os primeiros em que teremos essa modalidade paraolímpica. Então, mais um grupo a serviço, que estará enaltecendo ainda mais o taekwondo. E, mal começou essa modalidade, já tivemos uma campeã mundial, que já está classificada para os Jogos Olímpicos de Tóquio, que é a Débora. Então, é um grande orgulho para nós.
E a reformulação do site da CBTKD. O site da CBTKD, assim como acontece em quase todas as outras confederações, é o portal de comunicação direto com seus membros. Em outras gestões ele praticamente não existia; ele não comunicava, não tinha a função de comunicar. Hoje temos um entendimento muito melhor e uma facilidade de acesso muito maior do que se tinha antes. Mas, como isso é uma novidade, muitos atletas e muitos gestores ainda não entenderam como essa plataforma funciona. E é aí que vai entrar a minha pessoa, de uma forma mais educativa, por meio de um contato mais direto — é a minha grande força nessa modalidade —, para explicar a essas pessoas como isso funciona.
A comissão dos atletas, no mês de outubro de 2019, fez a nova atualização do estatuto. Foram definidas as regras para a criação da comissão dos atletas. Serão escolhidos 10 atletas, 2 por região, sendo Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste. Os participantes precisam ser maiores de 21 anos e estar inscritos e filiados em suas devidas federações de origem. Precisam ser faixa preta e comprovar ter representado a Seleção Brasileira, militar ou universitária nos últimos 20 anos. Eu vou aderir também ao que o Deputado Luiz Lima aconselhou, ou seja, ampliar mais essa rede, democratizar o acesso à comissão também para aqueles que nunca entraram na Seleção Brasileira, porque acho que isso é importante.
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No ano de 2020 será formada a comissão dos atletas. Então, no momento ainda não temos uma comissão, nós temos um representante, mas no próximo ano já a teremos.
No processo seletivo 2018/2019, houve pouco envolvimento do representante dos atletas nas tomadas de decisão acerca do planejamento para Tóquio 2020. Saindo daqui, eu acho que um dos nossos primeiros atos vai ser melhorar a nossa comunicação, para que isso possa ser inserido a partir de 2020.
Ainda não está havendo também a participação nas decisões estratégicas da confederação, e eu acredito que é extremamente importante que haja. A tomada de decisão ainda é interna, ela precisa ser descentralizada um pouco, porque esta engrenagem — comissão dos atletas, CBTKD e atletas e técnicos — eu acho que é o que vai fazer o esporte ficar ainda mais qualificado.
Estes são alguns desafios da comissão dos atletas: melhora da comunicação entre técnicos, atletas e gestão; participação nas decisões estratégicas da confederação; envolvimento da comissão na preparação de Tóquio 2020 e no próximo ciclo olímpico; desenvolvimento do planejamento competitivo da Seleção Brasileira junto com atletas e técnicos; e, uma coisa que é fundamental, elaboração do plano de transição de carreira para os atletas que estão encerrando o ciclo competitivo.
Eu estou no período de transição de carreira, faço o curso do PCA, do Comitê Olímpico do Brasil, de transição de carreira. É fundamental a transição de carreira, porque muitos atletas como eu viveram a vida toda dentro de um ambiente e sair dele é praticamente um mundo novo. E leva tempo para se adequar ao mundo novo. É necessário que o atleta tenha aporte interno primeiro e depois externo. Esse aporte interno acredito que, com muito diálogo, vamos iniciar, porque é extremamente importante.
E esses são os desafios propostos, os resultados que nós queremos. Aí estão os meus contatos, e-mail e Instagram. Mas a parte fundamental dessa nova gestão é a abertura ao diálogo, que nunca houve, nunca existiu, a democratização do acesso, que nunca houve, nunca existiu, e agora, também, vindo de cima para baixo, do Comitê Olímpico, novas normas. Eu acredito que todas as confederações terão que se adequar para continuar caminhando por um futuro mais próspero. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Julio Cesar Ribeiro. REPUBLICANOS - DF) - Obrigado, Diogo Silva.
Quero aproveitar o momento para fazer um registro. O Ademar Lamóglia está aqui representando a confederação brasileira e é Presidente da federação no Distrito Federal. Com muita alegria, posso dizer o quanto contribuí e contribuo para o desenvolvimento do taekwondo aqui em Brasília.
Eu me lembro até hoje, Ademar, de quando nós discutíamos a questão do Compete Brasília, um programa que hoje é lei aqui em Brasília, que dá oportunidade de os atletas saírem daqui, irem para outros Estados, até mesmo para outros países. Um dos grandes beneficiados sempre foi a Federação de Taekwondo.
16:02
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Eu me lembro do mestre — se não estou enganado — William, que uma vez foi ao meu gabinete, bateu na porta e falou: "Olha, eu preciso levar 40 meninos para o Rio de Janeiro, onde vai haver uma competição de taekwondo". Na época, conseguimos um ônibus. Aí eles me ligaram e falaram: "Poxa, a competição é domingo! A gente pode voltar segunda-feira, para a gente ter a oportunidade de ver o mar?". Eu lembro até hoje que dei a autorização. Além de competirem, eles tiveram a oportunidade de conhecer o mar do Rio de Janeiro.
Pode-se pensar: "Poxa, não conhecem o mar!" Havia garotos que não conheciam nem o Lago Paranoá, aqui em Brasília, e tiveram a oportunidade de conhecer a praia do Rio de Janeiro. Para minha alegria, quando retornaram, foram lá tirar uma foto, Natália. Isso ficou marcado — foi em 2012 —, e, desde aquele dia, com muita força, fizemos com que o projeto se tornasse lei. Hoje, a mais de 4.500 atletas por ano nós damos a oportunidade de competir em outros Estados e outros países.
Temos grandes feras, como o Marrentinho, uma das grandes promessas que temos aqui do taekwondo. Quem mais aqui em Brasília?
O SR. ADEMAR LAMÓGLIA - Nós temos hoje um celeiro. O pessoal da categoria cadete é a grande esperança de renovação dos atletas, e eles estão vindo aí. A confederação brasileira está incentivando bastante essas categorias de base, e isso vem ao encontro do que nós, como federação local, também incentivamos.
Eu gostaria de aproveitar a oportunidade para dizer algo a todo mundo que está aqui. O Deputado Julio Cesar teve tanta relevância no desenvolvimento do taekwondo do Distrito Federal que hoje ele é um faixa preta honorário do taekwondo. Ele fez uma coisa que nenhum secretário de esporte tinha feito em Brasília pelo esporte como um todo, notadamente pelo taekwondo.
Deputado, mais uma vez, deixo registrada a minha gratidão. E nos colocamos à sua inteira disposição. O taekwondo sente necessidade de ter essa relação honesta e séria com quem se preocupa não só com a formação do atleta, mas também com a formação do cidadão.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Julio Cesar Ribeiro. REPUBLICANOS - DF) - É isso aí, não só no taekwondo. Depois nós vamos falar aqui sobre o judô. Está aqui o meu amigo Gonzaga, da federação. Na verdade, temos contribuído com a luta olímpica, que agora é wrestling, um nome um pouco diferente, com o próprio boxe. Então, estou feliz de estar aqui com todos vocês.
Parabéns à Natália e ao Digo pela apresentação! Que realmente vocês possam fazer um grande trabalho em prol do taekwondo!
Eu desfaço a Mesa neste momento, porque nós vamos para a próxima exposição, agradecendo à Mesa.
Vamos fazer uma foto. Cadê o Reinaldo para registrar este momento?
Obrigado.
(Pausa prolongada.)
16:06
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O SR. PRESIDENTE (Julio Cesar Ribeiro. REPUBLICANOS - DF) - Para compor a Mesa que tratará do judô, convido o Sr. Sílvio Acácio Borges, Presidente da Confederação Brasileira de Judô; o Sr. Ney Wilson, gerente de alto rendimento da Confederação Brasileira de Judô. E participará, via webconferência, o Sr. Victor Penalber, membro da Comissão de Atletas da Confederação Brasileira de Judô. (Palmas.)
Convido meu mestre Gonzaga a também fazer parte da Mesa, já que estamos falando de judô. Nada mais justo do que o mestre Gonzaga estar aqui. Conseguimos trazer uma edição do Grand Slam para Brasília, e nada como nosso mestre poder estar aqui. (Palmas.)
Sejam bem-vindos!
Passo a palavra para o Sr. Sílvio Acácio Borges, que terá 15 minutos para fazer sua exposição sobre o tema.
O SR. SÍLVIO ACÁCIO BORGES - Vou repetir pela terceira vez, Deputado Julio Cesar, que é uma grande satisfação estar nesta Casa, honrado com o convite para falarmos nesta Comissão do Esporte.
Agradeço ao Secretário Lindberg a homenagem especial ao nosso Presidente Gonzaga, que nos acompanha nesta ação, que está desde o receptivo conosco.
Parabenizo os colegas que já passaram pela Mesa e fizeram uma belíssima apresentação. Aguardo as apresentações das outras duas modalidades.
Acredito que o Ney Wilson seja um pouco "inexperiente", porque ele está "só" 18 anos à frente da Gestão Técnica da CBJ. Ele vai fazer uma rápida apresentação do trabalho da CBJ visando aos Jogos Olímpicos de Tokyo em 2020.
O SR. NEY WILSON - Primeiramente, quero agradecer o convite. É uma honra estar aqui com nossos pares de confederação e estar mais uma vez nesta Casa fazendo uma apresentação de contas de tudo aquilo que procuramos desenvolver na nossa modalidade.
O nosso desafio, obviamente, é buscar novamente a medalha de ouro, já que nas duas últimas edições dos Jogos Olímpicos, nós alcançamos o ouro com a Sarah Menezes em Londres e, em 2016, com a Rafaela Silva.
Esta nova gestão vem trabalhando de forma bem compartilhada, com envolvimento maior com os atletas e com todas as áreas de gestão da Confederação, e buscando oportunidades novas neste ciclo olímpico de Tóquio.
16:10
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Hoje, sem dúvida nenhuma, nós vivemos uma nova realidade após as Olimpíadas do Rio de 2016. Nós estamos nos adequando a essa nova realidade.
Esse é o nosso organograma de trabalho, que demonstra os 33 funcionários que trabalham conosco e todas as nossas áreas de gestão.
Essa é a nossa Presidência: o Presidente Silvio Acácio e os Vice-Presidentes José Nilson, Danys Queiroz e Seloí Totti. Eles são aqueles que comandam a nossa Confederação de uma maneira brilhante e de uma forma bastante democrática nas discussões e decisões da Confederação.
Há 27 Federações estaduais, em 26 Estados e no Distrito Federal, todas elas com o judô bem desenvolvido.
Trabalhamos com um sistema unificado de gestão, o que hoje nos dá uma segurança muito grande em todos os sentidos, sejam financeiros, sejam administrativos, sejam desportivos. Tudo está implementado dentro desse sistema, que está sempre num processo de evolução. Estamos sempre buscando novas implementações dentro do sistema, que se chama "Zempo".
Há alguns anos foi apresentado pelo Datafolha que o judô tinha 2 milhões e meio de praticantes, mas, dentro da formalidade e dentro do sistema Zempo há 1.952 clubes, 3.668 instituições, 1.417 árbitros, 2.552 técnicos e 87.377 atletas federados. Esses atletas federados são atletas que estão rigorosamente dentro do padrão e realmente em dia com a nossa entidade. Se considerarmos os que não estão em dia com a entidade, temos aproximadamente uns 500 mil atletas, mais ou menos, dentro do nosso sistema.
Dentro dessa gestão, foi criado o Ranking Nacional SÊNIOR. Isso parece uma grande novidade, mas, na verdade, já utilizávamos o ranking nas equipes de base e fomos adaptando, conhecendo, aprimorando e passamos a usá-lo na classe adulta, valorizando os eventos das federações estaduais. Onde se começa a marcar ponto é no campeonato estadual. Esse campeonato estadual tem que estar dentro do sistema para que ele possa realmente computar pontos. Com isso, nós oportunizamos a qualquer atleta, de qualquer Estado, chegar à seleção brasileira, porque é através do ranking nacional que o atleta pode chegar à seleção nacional. Quando um atleta que está em um Estado menor, menos desenvolvido, tem a oportunidade de disputar o campeonato estadual, ele já começa a entrar no ranking, se motiva, e tenta buscar caminhos para chegar à seleção brasileira. Existem bons exemplos de atletas que vieram de pequenas regiões e que hoje são grandes na prática do judô, inclusive medalhistas olímpicos.
Nós temos 22 medalhas olímpicas. Somos a modalidade mais vitoriosa do País.
16:14
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Desde 1984, sem interrupção, tivemos medalhas em todos os Jogos Olímpicos. Esse ciclo olímpico tem uma novidade: a modalidade por equipe. Até então, só existiam medalhas olímpicas em competições individuais. São sete categorias masculinas e sete femininas. Agora foi introduzida a competição por equipe, que é mista. São categorias masculina e feminina dentro da mesma equipe, composta por seis atletas.
Temos reais chances de subir no pódio em todas as categorias e na competição por equipe também. Isso é colocado em função do posicionamento dos nossos atletas no ranking. Hoje nós temos todas as categorias classificadas. Se os Jogos Olímpicos fossem hoje, eles estariam lá, mas obviamente precisamos trabalhar para nos manter dentro disso, porque a competição está cada vez mais acirrada na busca pelas vagas olímpicas.
Essas são as modalidades que nos acompanham em termos de conquistas olímpicas.
A entidade que tem maior número de medalhas olímpicas é o voleibol, com 23 medalhas divididas entre as modalidades praia e quadra. Em segundo, vem a nossa modalidade, com 22 medalhas.
Os dados desse eslaide são importantes porque, apesar de não termos tanta visibilidade na televisão — nesse ponto, nossa modalidade está bem aquém das principais do nosso País —, ainda assim temos uma captação de recurso bastante significativa em relação às modalidades que têm maior visibilidade.
Nós temos 37 edições, com 23 países participantes de desafios internacionais na televisão. Foram 52 horas de televisão ao vivo em 11 Estados diferentes, quer dizer, descentralizando e desenvolvendo o judô. A transmissão de todos esses eventos foi feita para 54 milhões de espectadores.
Um histórico rápido da nossa modalidade: nós já realizamos no Brasil 4 campeonatos mundiais. O primeiro foi 1965; depois, em 2007. Em 2012, foi uma competição só por equipe e, depois, em 2013. Realizamos 5 Grand Slams; o último foi este ano, aqui em Brasília. Houve 10 copas do mundo e 37 desafios internacionais.
Em relação à lei de incentivo, as principais rubricas utilizadas são recursos humanos, passagens aéreas, material de consumo esportivo, serviços operacionais, hospedagem/alimentação, material/premiação, transporte/locomoção, material permanente, curso de capacitação. Em material permanente, acho que há um ponto importante a destacar: conseguimos equipar todas as federações dos 27 Estados. Hoje, se precisarmos fazer competição de alto nível, temos uniformidade de material — placares, tatames —, todos eles muito bem equipados, para que possamos realizar não só competições de alto rendimento, mas também treinamentos de alto rendimento por todo o País.
16:18
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Eu já me adiantei. Na verdade, nós criamos o Programa de Apoio às Federações. Foram distribuídas a todas as federações das quatro áreas de competição sistemas de videoreplay, equipamentos para placares, para que possamos equipar todas as federações. O importante é que nós sempre temos contemplado seis membros — cinco atletas e um técnico — em todos os campeonatos brasileiros, de todas as faixas de idade. Com isso garantimos a participação de todos os Estados no Campeonato Brasileiro, pelo menos desses seis cuja despesa com participação em campeonatos nacionais a Confederação arca.
Este é o nosso Centro Pan-Americano de Judô, que já foi apresentado pelo nosso amigo Beto Leitão.
Como já dissemos, começamos o ranking desde os campeonatos estaduais, passando pelos eventos nacionais, nas mais diversas faixas etárias. Temos os campeonatos internacionais, os campeonatos interclubes, os campeonatos regionais e nacionais e as seletivas olímpicas.
Em relação às seleções de base, informo que, desde a classe cadetes até a classe adulta, no âmbito do Pan-Americano, nós dominamos todas as faixas etárias. Com isso, o processo de renovação é permanente. Eu digo sempre que a gestão de base é o grande fornecedor de atletas para a equipe principal. Então, eles vêm trabalhando de forma que a equipe, de uma maneira natural, vem se renovando gradativamente.
Com relação às nossas equipes principais, temos usado bastante a Lei de Incentivo ao Esporte para as ações, juntamente com a Lei Agnelo-Piva. Esse é um apoio substancial para que nossa modalidade possa continuar crescendo. Desde que começou a Lei de Incentivo, nós captamos 60 milhões e 500 mil reais, o que dá uma média, nos últimos 2 anos, de aproximadamente 6 milhões de reais por ano em captação de recursos. Esse é um aporte significativo para a nossa modalidade. Hoje somos a terceira modalidade que mais capta recursos por meio da Lei de Incentivo. Isso garante esse trabalho que vimos desenvolvendo.
Quais são as nossas principais fontes de recurso? Nós temos recursos próprios, recursos obtidos por meio da Lei Piva e da Lei de Incentivo ao Esporte e obtidos por meio das parcerias que nós temos também com as Forças Armadas, que é essencial para os atletas, principalmente aqueles que estão na fase de transição.
Esses são os percentuais que nós utilizamos em 2019: 33% foram obtidos por meio da Lei Agnelo-Piva; 34%, por meio da Lei de Incentivo; e 5% por meio do SICONV. O patrocínio direto é de 25%, e 3% são classificados como "diversos". "Diversos" é a receita da própria Confederação. Este ano o nosso orçamento total é de 20.479.340,96 reais.
16:22
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Em relação aos nossos resultados esportivos, nós temos 22 medalhas olímpicas, 57 medalhas em campeonatos mundiais, 133 medalhas em jogos pan-americanos e 5 medalhas em jogos da juventude. Como eu já disse, essa é a modalidade com o maior número de medalhas. Temos medalhas desde Los Angeles, em 1984, quando tivemos uma sequência de medalhas em jogos olímpicos.
Hoje, no ano de 2019, exatamente nesta data, somos a quarta Nação em termos de número de conquistas de medalhas. É importante destacar que alcançar isso é muito mais oneroso para nós do que para todos que estão à nossa frente, porque todo circuito acontece na Europa ou na Ásia. Então o nosso deslocamento é muito mais custoso para podermos chegar lá.
Os nossos resultados em campeonatos mundiais são esses. O último campeonato mundial foi no Japão, agora. Para nós foi um evento teste de como vão funcionar os Jogos Olímpicos. Conquistamos três medalhas de bronze: duas no individual e uma na equipe. Nos Jogos Pan-Americanos, foram 133 medalhas, distribuídas daquela forma. Nesses Jogos Pan-Americanos de Lima, tivemos oito medalhas — quatro de ouro, uma de prata e três de bronze. Nos Jogos Olímpicos nós tivemos 22 medalhas, desta forma distribuída: quatro de ouro, três de prata e quinze de bronze. E nesses últimos Jogos Olímpicos, tivemos três medalhas — uma de ouro e duas de bronze.
Em 2016, antes das Olimpíadas, nós lançamos o Projeto Ohayou. E aí começamos a antecipar já a nova geração para as Olimpíadas de Tóquio. A partir daí, o nosso grande projeto e desafio é ter as 14 categorias nos Jogos Olímpicos e, agora, com a nova modalidade de equipe, buscar essa medalha.
Desde quando lançamos esse projeto, nós já tínhamos escolhido a cidade no Japão onde nós iríamos ficar nos aclimatando. Já tivemos sete incursões lá, com a participação da nossa equipe olímpica, com eles contribuindo e nos dizendo o que está faltando, o que podemos aprimorar. Com isso, fizemos agora no Campeonato Mundial exatamente aquilo que nós vamos fazer nos Jogos Olímpicos, novamente eles podendo dar o retorno e os ajustes finos.
Obrigado a vocês. Desculpem por eu ter passado do tempo. Tentei ser bem acelerado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Julio Cesar Ribeiro. REPUBLICANOS - DF) - Obrigado, Ney Wilson, pelas suas informações prestadas a nós da Comissão.
Vamos agora ouvir, via web conferência, o Sr. Victor Penalber.
Com a palavra o Sr. Victor Penalber. É um prazer tê-lo aqui na nossa Comissão.
(Segue-se participação por videoconferência.)
O SR. VICTOR RODRIGUES PENALBER DE OLIVEIRA (Participação por videoconferência.) - Boa tarde. Agradeço a oportunidade de participar e conversar um pouquinho sobre o nosso esporte. Meu nome é Victor Penalber, integro a Seleção Brasileira desde 2012 e meus principais títulos foram bronze no Campeonato Mundial de Astana, em 2015, e bronze nos Jogos Pan-Americanos. Eu participei também da Rio 2016.
16:26
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A Comissão de Atletas foi formada, primeiro, em 2017 e é composta por mim, por Rafaela Silva, Henrique Guimarães, bronze nos Jogos Olímpicos, Sarah Menezes, ouro nos Jogos Olímpicos, Rafael Silva, o "Baby", duas vezes bronze nos Jogos Olímpicos, Mayra Aguiar, bronze nos Jogos Olímpicos, e Mariana Silva, que participou comigo também da Rio 2016. Em 2018, Rafaela Silva foi eleita Presidente da Comissão de Atletas, e eu fui eleito Vice-Presidente.
O judô vive hoje um processo de renovação bastante grande com o surgimento de vários atletas e com a obtenção de grandes resultados nos campeonatos de base, o que é muito importante para que tenhamos sempre grandes atletas participando de campeonatos internacionais. Nós temos recebido apoio através de projetos junto ao Comitê Olímpico, como o projeto das Forças Armadas, que já foi citado, e o Bolsa Atleta, que são muito importantes para a manutenção desses atletas, principalmente daqueles que estão chegando à seleção.
É muito importante ter uma grande competitividade. Os números das últimas olimpíadas mostram isso, e a corrida olímpica foi sempre importante. Uma grande rivalidade dentro da categoria geralmente eleva o nível de competição, o que favorece a conquista de medalhas olímpicas. E grandes atletas são construídos através dessa rivalidade dentro do nosso País.
Nós sempre tivemos uma conversa muito boa com a Confederação de Judô. Eles sempre foram abertos a conversas e a sugestões. A Comissão de Atletas também vem se adaptando a esse novo momento, conhecendo os processos dentro da confederação, que é muito complexa. Trata-se de um esporte com muitos praticantes. Há sempre muitas viagens e muitas coisas acontecendo. É importante a participação dos atletas para que entendam o processo e o funcionamento da confederação.
Para exemplificar, nos últimos tempos participamos das conversas para estabelecer critérios para as competições de adesão. Refiro-me à participação de atletas que estão dentro da Seleção Brasileira e não daqueles que têm a intenção de financiar sua participação em algumas competições internacionais. Então, junto à Confederação de Judô, estabelecemos critérios para adesão a essas competições em busca de pontos no ranking internacional nessa corrida olímpica. E também participamos das reuniões nas quais foi decidida a realização do Grand Slam em Brasília, que, a meu ver, foi um acontecimento muito importante.
Nós pudemos ver o esforço da Confederação de Judô para a realização desse evento aqui no País, o que foi muito importante, porque, desde 2012, o Brasil não sediava um evento desse tamanho aqui, e tivemos a chance de colocar quatro atletas nessa competição. Destaco a importância para o judô de uma competição desse nível voltando ao nosso País. O Brasil tem uma tradição muito grande no judô internacional, e isso tem um valor muito grande para todos os atletas. Aos poucos estamos amadurecendo nesse processo de conversas e trocas, para que cada vez mais os atletas tenham participação nas decisões quanto às competições, aos treinamentos e à forma como conduzimos nosso esporte, a fim de que continuemos evoluindo e trazendo cada vez mais medalhas olímpicas em todas as edições. É isso que nós esperamos.
16:30
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É uma honra participar desta audiência pública. Meus agradecimentos a todos.
Obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Julio Cesar Ribeiro. REPUBLICANOS - DF) - Obrigado, Victor Penalber pela sua fala.
Pergunto ao Mestre Gonzaga se deseja fazer uso da palavra e também ao Silvio Acácio se quer finalizar sua fala.
O SR. LUIZ GONZAGA - Boa tarde a todos. Meu nome é Luiz Gonzaga e sou Presidente da Federação Metropolitana de Judô.
Nós temos no judô uma passagem interessante e muito importante. O que representa o judô no Brasil e no mundo? O judô representa essa parte da gestão do nosso grande amigo Paulo Wanderley, que deu início a essa transformação do judô no Brasil, e, depois, complementando essa parte, do nosso Presidente Silvio Acácio, que é uma pessoa de diálogo, uma pessoa alegre, uma pessoa de coração aberto para todos os atletas. Ele se infiltra no meio dos atletas, não é aquela pessoa de sapato alto, como dizem, um atleta que já entra achando que é o dono de tudo e não consegue nada. O Presidente Silvio anda sempre de chinelo como seus atletas e faz a diferença no judô brasileiro, que realmente teve essa mudança no Brasil e no mundo.
Aqui em Brasília nós dizemos que no judô existiu o antes e o depois. No que se refere ao antes, nós não tínhamos apoio, abertura, aquela pessoa que combatia e debatia conosco aqui. Mas hoje nós temos o Deputado Julio Cesar Ribeiro. Ele foi o nosso esteio, o nosso porte de cimento firme ali nas decisões e brigava por nós. Ele relatou um fato muito importante, mas não sabe o que aconteceu com a nossa delegação de atletas Sub 13 em Mato Grosso do Sul. Na ocasião, ele conseguiu para nós dois ônibus. As crianças resolveram conhecer aquelas cachoeiras lá em Bonito, um lugar muito bonito, como dizem, mas precisávamos de autorização para ficar lá no final da tarde de domingo e voltar na segunda. Nós ligamos para o nosso diretor técnico. Ele conversou e bateu um papo com o Deputado, que falou: "Gente, vocês estão autorizados a ficar o tempo que precisarem. O ônibus está à disposição de vocês. A decisão sobre a hora de voltar é de vocês". Isso foi realmente importante.
16:34
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Dentre as crianças para quem nós mostramos aquela beleza, estava o Guilherme Schmidt, que hoje está brigando por uma posição para as Olimpíadas. As crianças se apegaram àquilo com unhas e dentes. Um outro grande atleta nosso, chamado Mateus Takaki, está se desenvolvendo muito bem. Também estava entre as crianças que participaram daquele momento lúdico.
Então, quero agradecer ao Sr. Deputado, que realmente tem sido o nosso kodansha do judô.
Agradeço a todos a participação.
O SR. PRESIDENTE (Julio Cesar Ribeiro. REPUBLICANOS - DF) - Obrigado, Mestre Gonzaga, pelas palavras.
Quer finalizar, Presidente?
O SR. SÍLVIO ACÁCIO BORGES - Vamos encerrar, então, Deputado.
Agradeço uma vez mais.
Quero dizer que a CBJ, como as demais instituições aqui presentes, as que já passaram por aqui e outras que virão, hoje vive um momento muito coeso dentro do Comitê Olímpico, buscando uma adequação dentro da plataforma que o COB vem implantando, que é a gestão ética com transparência.
Como o nosso atleta Victor mencionou, a participação dos nossos atletas no trabalho de longa data que o Ney Wilson desenvolve trouxe esse pessoal para dentro dos nossos conselhos. Hoje, nós fazemos uma administração muito participativa.
Para a nossa próxima eleição, nós já temos definido no nosso estatuto que, além dos 27 Presidentes de Federações, representantes de clubes, teremos também 27 atletas e mais 1 atleta olímpico. Nós não estamos privilegiando o atleta olímpico, até porque temos Estados pequenos que raramente têm campeão brasileiro. Nós demos uma pulverizada: cada uma das 27 unidades terá direito a um representante nessa eleição e também haverá um atleta olímpico. Dessa forma, até pelo que ouvimos aqui, acreditamos que estaremos bastante inseridos no processo desse novo momento do esporte brasileiro.
Muito obrigado.
Repito: é uma alegria muito grande participar deste evento, vir aqui falar da nossa modalidade.
O SR. PRESIDENTE (Julio Cesar Ribeiro. REPUBLICANOS - DF) - Agradeço a todos.
Queria fazer um registro. No dia 3 de dezembro, às 11 horas da manhã, no Plenário Ulysses Guimarães, desta Casa, vamos fazer uma homenagem a todos os atletas que estiveram no Pan-Americano de Lima. Então, quero aproveitar que estão aqui vários Presidentes de Confederações para pedir que estejam aqui no dia e tragam, se puderem, os atletas. Nós já falamos com o COB. E já falamos com o Mizael, do Comitê Paralímpico. Nós vamos fazer uma homenagem muito mais do que justa a todos os atletas e aos Presidentes de Confederações.
Todos estão convidados.
Agora, desfazemos a Mesa do judô para montar a Mesa da esgrima.
Antes, vamos fazer uma foto.
Obrigado
(Pausa prolongada.)
16:38
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O SR. PRESIDENTE (Julio Cesar Ribeiro. REPUBLICANOS - DF) - Para compor a Mesa pela esgrima, convido a Sra. Silvia Rothfeld, membro da Comissão de Atletas da Confederação Brasileira de Esgrima.
Quero informar que o Sr. Ricardo Pacheco Machado, Presidente da Confederação Brasileira de Esgrima, foi convidado. Porém, ele não pôde comparecer por compromissos profissionais inadiáveis. Aqui era um compromisso inadiável também, mas tudo bem. Até porque hoje é a oportunidade de os convidados poderem divulgar a modalidade nesta Casa. Mas ficamos felizes que a Silvia Rothfeld esteja aqui.
Agradeço a sua presença e desde já lhe passo a palavra para expor sobre a modalidade. O seu tempo é de até 15 minutos.
A SRA. SILVIA ROTHFELD - Boa tarde a todos.
Eu vou tentar representar a comunidade da esgrima da melhor forma aqui, falando da comissão e de todas as dificuldades que a nossa confederação ainda apresenta. Se eu estiver um pouco nervosa, peço desculpas, mas vamos lá.
Eu vou fazer uma apresentação.
O meu segundo eslaide já vai me apresentar. Primeiro eu vou fazer só uma apresentação curtinha. A nossa Comissão de Atletas é composta por seis atletas da modalidade olímpica e por mais dois atletas da modalidade paralímpica.
(Segue-se exibição de imagens.)
Eu sou a Silvia Rothfeld, representante do florete feminino. Não sou atleta olímpica, mas tenho 35 anos nessa paixão que é esgrima na minha vida. Competi nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, nos Jogos Pan-Americanos do Rio e, com muito orgulho, fui a melhor atleta da modalidade em 1999. Até queria falar para o Deputado Luiz Lima que eu estava lá em 97, na Sicília, torcendo pelas medalhas dele, e, em 99, em Winnipeg.
O Secretária Lindberg entrou em contato comigo e me passou uma pauta. Na verdade, o problema do segundo e do terceiro itens da pauta é porque não temos essa representatividade junto a todas as preparações e decisões estratégicas da confederação.
Então, eu vim falar um pouco do histórico da comissão e dos assuntos gerais. Para mim, o mais importante é isso. Para mim, o mais importante é isso. Vendo a apresentação do taekwondo, do judô e do wrestling, eu consegui confirmar que a nossa confederação ainda está muito aquém do plano de Gestão, Ética e Transparência, que o COB está pedindo tanto para todas as confederações.
16:42
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Em 2008, um grupo de dez atletas resolveu formar a Associação Brasileira de Esgrimistas — ABE, buscando um mecanismo para dar voz a esses atletas junto à confederação. Sofremos muita represália. Na época, o diretor do clube dizia: "Não se vinculem à ABE, não sabemos qual é a real intenção da associação". Então, sempre havia esse medo de represália a esse movimento de dar voz aos atletas.
Se não me engano, em 2013, a Lei Pelé obriga a criação da comissão de atletas. Então, a nossa primeira comissão é formada primeiramente por um atleta indicado pela confederação, que, no caso, era o Renzo Agresta, o nosso atleta olímpico.
Em 2016, temos a primeira comissão eleita, em que havia um representante por arma. Nós chamamos de arma a modalidade na esgrima. Temos florete, espada e sabre. Nessa época, tínhamos dois atletas masculinos e um atleta feminino.
Em 2018, começa toda essa mudança estatutária nas confederações, junto ao COB. Aí, sim, acontece a comissão como é hoje, com seis atletas olímpicos e dois paralímpicos.
Com isso, a ABE se viu, então, numa situação em que ela não precisava mais ser a voz desses atletas, já que a comissão vinha para preencher essa lacuna. A partir daí, mudamos o foco. Eu estava conversando ali com o representante do taekwondo e dizendo que eu não gosto de ouvir que a esgrima é um esporte de elite. Acho que temos que mudar um pouco isso no Brasil. Essa talvez seja a minha maior esperança. A ABE começou, então, a massificar o esporte através de projetos sociais que acontecem mais em São Paulo. Hoje a ABE controla dois projetos sociais: o Mosqueteiros em Paraisópolis, com cerca de 60 a 70 crianças, e o mais novo, na República, com 15 crianças.
Essa foi, mais ou menos, a formação da comissão de atletas. Eu gosto de colocar esse eslaide, porque ele me mostra uma coisa que me preocupa muito. São três modalidades: florete, espada e sabre; e há as categorias feminina e masculina. Nós temos os seis atletas olímpicos. Nós tínhamos quatro vagas com candidatos únicos, que foi o meu caso. Quer dizer, não há nem o interesse dos atletas em fazer parte da composição dessa comissão. Aí fica a pergunta: por quê? Seria por medo de represália ou porque achamos que sai dali e nada acontece. Para mim, isso ficou muito claro.
Outra coisa que esse eslaide mostra é que o Rio de Janeiro não tem nenhum representante, nem como candidato na comissão.
Essa é a composição da comissão de atletas: os candidatos e como a comissão é hoje. O nosso Presidente é do Rio Grande do Sul. Eu sou do Rio Grande do Sul, mas represento um clube de São Paulo. Hoje jogo pelo Paulistano, mas sou gaúcha. E há outros três, do Paraná. A nossa comissão hoje eleita é essa.
Eu disse que não vou tratar dos itens 2 e 3 porque não fazemos parte dessa política de decisões estratégicas da CBE. Mas eu vim aqui mostrar o que está acontecendo desde a eleição do nosso novo estatuto.
16:46
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Peço desculpas se eu ficar um pouco nervosa, porque são dados. Vamos lá!
Em 2018, ela foi eleita, foi reformada. Houve participação significativa dos clubes e dos atletas. Nós nos sentimos muito felizes porque vimos uma grande representatividade. Em relação a esse estatuto, houve unanimidade em 2018.
Na assembleia geral, a proposta da confederação era essa. Nós temos quatro confederações. A esgrima até hoje tem quatro federações. Então, é impraticável que o poder eleitoral esteja na mão de quatro federações. A proposta da confederação era de duas EPDs e quatro atletas. A proposta da comissão dos atletas é aquela demonstrada na apresentação. O que conseguimos aprovar foi a terceira, na parte de baixo. E que, para nós, já estava de grande tamanho. Bom, conseguimos a nossa primeira vitória. Bom, eu disse: "A gente está no caminho certo, a gente vai conseguir mudar o sistema."
Então, o colégio eleitoral se compõe da seguinte forma: quatro federações, as dez EPDs — com as ordens gradativas, com os pesos das EPDs — e os oito atletas, com pesos iguais, tanto da paralímpica quanto da olímpica.
Em 21 de dezembro de 2018, tivemos as palavras do nosso Presidente da Confederação, que muito me entristece não estar aqui e não mandar nenhum representante, nem que seja pela WEB, para podermos falar mais abertamente junto a esta Casa sobre o que passamos dentro da confederação. Estão aí as palavras. Todo mundo estava muito feliz com essa eleição e como as coisas estavam.
Em 2019 nós tivemos a primeira eleição para formar esses conselhos, o Conselho de ética e o Conselho Administrativo. Eu acho que o Conselho Eleitoral se mostrou extremamente maduro. Conseguimos realmente começar a caminhar e a formar essa comissão.
Então, no Conselho de Administração são dois representantes, mas na verdade ficou o Presidente da Federação do Paraná; depois, o Presidente da Federação de São Paulo e o Presidente da Federação do Rio.
Na Comissão de Ética, tivemos mulheres, homens, gente de São Paulo, do Paraná. Conseguimos o que queríamos: a diversidade.
A assembleia é responsável. O que acontece? Todos vocês sabem mais do que eu, que vieram da aula, que a assembleia geral é muito importante. É nela que se tomam todas as decisões para o futuro. Notamos... "Qual é a do clube?" "Silvia, desculpe-me, mas agora eu não vou poder fazer aquele voto que tanto vocês estavam programando porque estou montando o meu clube novo." Então, sentimos que estava indo para o brejo. Para a nossa maior surpresa, o representante das EPDs eleito é praticamente um funcionário da confederação. Ele, que presta serviços para a confederação, é o principal eleito da EPD. Percebemos outras coisas: Estados estavam votando, mas não poderiam votar. Não conseguimos efetivamente fazer alguma coisa porque o Conselho de Ética ainda não tinha assumido. Então, a partir da assunção do Conselho de Ética imaginamos que poderão ser tomadas providências em relação ao que está acontecendo.
Vamos às coincidências do esporte. Vamos falar das federações.
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A Assembleia Geral é formada pelas federações — concordam? —, pelo representante das EPDs, pelo representante das federações e pelo representante dos atletas. O que acontece? A federação do Rio Grande do Sul tem três clubes. Um desses clubes tem como diretor há muito tempo o Presidente da confederação, e num outro clube estão a Vice da federação e o atual Presidente da Federação Riograndense. Então, são sempre as mesmas pessoas que estão há 20, 25 anos à frente na federação do Rio Grande do Sul. A federação do Rio de Janeiro, como vocês viram, não tem nenhum atleta inscrito na comissão, mas o irmão dele é o Diretor Financeiro, remunerado, da CBE. No caso da federação do Paraná, logo quando começou a formação, o nosso melhor atleta, que estava prestes a assumir a comissão dos atletas, foi convidado para ser o diretor de base das categorias e também se retirou.
Nós vimos treinadores e atletas que não eram de destaque indo a jogos da ODESUR como se de seleção nacional fossem. Então, é difícil para mim falar isso aqui, mas é isso o que acontece na esgrima. Estamos com muito medo.
Inexplicavelmente, no último campeonato, o Presidente da Federação de Esgrima do Paraná resolveu renovar o estatuto: "Vamos renovar o estatuto. Vamos mudar". Eu vou lhes mostrar as propostas dele. Foi como se ele dissesse que o Acre tem que ter o mesmo número de Deputados que São Paulo. Agora eu vou mostrar um pouquinho. A participação dos atletas de esgrima por Estado nos últimos 24 meses foi a seguinte: 62% em São Paulo, 16% no Rio Grande do Sul, 11% no Paraná e assim por diante. O colégio eleitoral atualmente conta com 44% do eleitorado em São Paulo, sendo que temos 62% dos atletas inscritos, concordam? Tem 25% de representatividade do Paraná, sendo que o Paraná tem 11% de representatividade dos atletas. Aí, o que eu pergunto para vocês? Qual é a proposta do Presidente da Federação de Esgrima do Paraná? É que sejamos todos iguais, todas as federações com peso de 23%. Essa é a proposta do estatuto, que, com o corpo da Assembleia Geral que está formada, vai se encaminhar a voltarmos a alguma coisa assim, concordam?
Eu deixo esta foto.
Eu sou fisioterapeuta de formação, eu trabalhei nessa confederação de 2011 a 2013 como fisioterapeuta prestadora de serviço. Eu fui fisioterapeuta da Paraolimpíada também, do Jovane Guissone, e as coisas que estão acontecendo na confederação me preocupam muito. Nós não temos transparência. Eu acho que hoje o que vemos muito na esgrima é uma maquiagem: o COB está pedindo, as coisas estão acontecendo, a comissão acontece porque mandam fazer. Mas, efetivamente, como essa transparência está acontecendo? Como as coisas estão indo? Na prática, as políticas continuam sendo as mesmas velhas políticas de favorecimento dentro da esgrima. E tenho 35 anos de esporte e não tenho todo esse destaque. A esgrima não me deu respaldo financeiro para estar aqui cedendo meu tempo, dando voz aos atletas, porque os atletas de destaque ainda têm medo ou acham que a voz não vale a pena. Então, são sempre as mesmas pessoas vestidas tentando um espaço.
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Outra coisa que me preocupa muito e que não foi falado em algumas confederações é que o CPB — Comitê Paralímpico Brasileiro está entregando as modalidades para suas confederações sem elas saberem se têm ou não estrutura para recebê-las! E agora o Jovane Guissone, que é o principal atleta paralímpico, nosso medalhista em Londres, está sem equipe multidisciplinar, faltando 1 ano para a Paraolimpíada; o projeto foi cancelado, está em análise. Então, está tudo errado, gente!
É isso que eu vim dizer. Desculpem-me se eu fui muito mais pesada que os outros colegas, mas eu não podia medir as minhas palavras na primeira... Eu tenho 35 anos de esgrima, e é a primeira vez que tenho oportunidade de falar. Antes, eu era a louca: a louca Silvia, que brigava. O Diogo era um exemplo para mim! Em 2007, eu dizia: "Esse é o cara!" Mas eu não tinha uma medalha olímpica nem uma medalha em Pan para ter essa voz, que temos hoje aqui.
Então, muito obrigada. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Julio Cesar Ribeiro. REPUBLICANOS - DF) - Silvia Rothfeld, agradeço a sua participação. O Presidente foi convidado, na verdade, e tinha a oportunidade de se fazer presente.
Sou Deputado de Brasília e confesso que não vejo a Federação de Esgrima, acho que nem existe. Eu fui Secretário durante 2 anos e nunca recebi nenhum atleta ou nenhum representante da Federação de Esgrima. Depois, fui 4 anos Deputado Distrital e também nunca vi; e agora, já há 1 ano aqui como Deputado Federal, também nunca vi. Na verdade, esse é o reflexo do que a Confederação vem executando no País. Acho que é uma tristeza para todos nós, que somos apaixonados pelo esporte. Espero que os representantes da Confederação possam incentivar e formá-la nos Estados. Eu fico triste, mas reconheço a sua luta. E vamos continuar trabalhando e nos esforçando.
A SRA. SILVIA ROTHFELD - Para felicidade ou infelicidade da minha irmã, o meu sobrinho, que é daqui de Brasília, resolveu abrir uma sala de esgrima. Então, temos esgrima em Brasília, mas que é uma sala de esgrima, levando o nome Rothfeld da família, junto com mais outros dois amigos. Logo, temos esgrima em Brasília, mas é a família Rothfeld trabalhando. (Risos.)
O SR. PRESIDENTE (Julio Cesar Ribeiro. REPUBLICANOS - DF) - Quem sabe possamos abrir uma Federação? Acredito nisso. Se não estou enganado, não tem Federação, não é, Ademar?
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. SILVIA ROTHFELD - Não, nós temos quatro Federações na atual situação.
O SR. PRESIDENTE (Julio Cesar Ribeiro. REPUBLICANOS - DF) - Quatro no País, né?
A SRA. SILVIA ROTHFELD - Quatro no País! Quatro Federações no País. Isso é possível, ainda com a atual situação dos Comitês Olímpicos, com a transparência que se exige? Quatro Federações... Eu faço esgrima há 35 anos, e nós temos quatro Federações? Há 35 anos, quatro Federações, gente?! Sendo que, do Rio Grande do Sul, são sempre os mesmos... troca Presidente, troca o vice, troca amigo. Então, a esgrima não pode mais ser uma monarquia. Já deu!
Muito obrigada.
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O SR. PRESIDENTE (Julio Cesar Ribeiro. REPUBLICANOS - DF) - Está bem. Fica aí o seu registro. Agradeço a sua participação.
E, neste momento, vamos desfazer esta Mesa. Vamos fazer uma foto com a Silvia e, depois, vamos para a última rodada, que é do boxe.
(Pausa prolongada.)
O SR. PRESIDENTE (Julio Cesar Ribeiro. REPUBLICANOS - DF) - Vamos compor agora a última Mesa dos trabalhos do dia de hoje. Convido para compô-la: o Sr. Mauro José da Silva, Presidente da Confederação Brasileira de Boxe, e o Sr. Julião de Miranda Henriques Neto, Membro da Comissão de Atletas da Confederação Brasileira de Boxe. Sejam bem-vindos!
Passo a palavra ao Presidente Mauro José da Silva, para expor como está a preparação para os Jogos 2020. O senhor dispõe de até 15 minutos. Fique à vontade.
O SR. MAURO JOSÉ DA SILVA - Boa tarde a todos! É um prazer estar nesta Casa, e agradeço o convite feito pelo Deputado Luiz Lima, Presidente da Comissão, cargo ocupado neste momento pelo Deputado Julio Cesar Ribeiro, a quem agradeço e também ao Lindberg, amigos e todos os presentes. Para nós, é uma grata satisfação poder falar um pouquinho do boxe.
Antes, vou apresentar um pequeno histórico. O boxe acontece na Mesopotâmia há 5 mil anos a.C. Há uma placa que confirma isso. Depois, aparece há 2 mil anos, no Egito, onde também há registros claros de lutas. E, no ano 688 a.C., ele é incluído nos Jogos Olímpicos da Grécia. Em todo esse período, era na mão mesmo, gente, era no coro mesmo! (Risos.) E ele vem caminhando até o ano de 1896, quando há sua participação, depois ele fica de fora, volta novamente na Inglaterra, que refaz o boxe com regras clássicas. Porém, na antiga Grécia, no ano de 688, já havia regras, já foram escritas regras de três rounds por 1 minuto.
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Nós não participamos em 1912 na Antuérpia. Por questões legais, o boxe ficou fora e depois nunca mais saiu dos Jogos Olímpicos. Então, o boxe tem esse pequeno histórico, ele faz parte da longínqua antiguidade. É importante fazer um pequeno histórico disso.
Nós vamos retratar um pouquinho aqui da nossa história, do momento em que nós assumimos a confederação em 2009. Antes disso, eu era árbitro internacional de boxe. Então eu posso dizer que eu sou do esporte. O esporte é constituído por atletas, com certeza absoluta — sem atleta, não existe esporte —, mas ele também é constituído por outros integrantes: técnicos, preparadores físicos, médicos, árbitros, função em que estive por 18 anos servindo o boxe pelo mundo. Por incrível que pareça, vocês podem não acreditar, mas quem escreve as regras do boxe olímpico hoje no mundo sou eu. É verdade. Eu fui nomeado Presidente da Comissão de Regras da Internacional. O.k. Enquanto estamos por aí, vamos escrevendo as regras.
O esporte é constituído por essas figuras que nós estamos falando: atletas — claro, são os principais —, árbitros, técnicos, médicos, preparadores físicos. Olha quanta gente. Aquele time do escritório também faz parte, aquelas pessoas que cuidam de todo o contexto. Então, quando nós vamos falar de esporte, nós temos que ser claros. Quem somos? O esporte não é só constituído por atleta. A base dele são os atletas e que benção, que maravilha, porque, sem atleta, reforço, não há esporte, não existe, mas o esporte é constituído por uma gama de pessoas que, muitas vezes, fica esquecida e não deveria. Todos têm que ser lembrados. O esporte é constituído por nós presidentes também. Saibam vocês, Presidentes, que vocês também são parte do esporte. Enfim, por legisladores, pelo Ministério do Esporte, pelo Comitê Olímpico. Olha quanto volume tem o esporte. A imprensa também faz parte do esporte. E o principal, que sem esse eu duvido que haja esporte: o público. Ora, está presente, não? Sem esse, não vai ter esporte mesmo, pode ter atleta, pode ter o que for, mas, sem o público, o esporte está morto.
Bom, seguindo, aqui está a nossa estrutura permanente, onde temos a nossa sede administrativa. Para os atletas, nós temos três casas onde eles permanecem continuamente residindo, próximas ao centro de treinamento, para que eles possam ter condições de treinar adequadamente, pois são dois turnos de treinamentos diários.
Quando eu militava como árbitro, eu percebi por que nós não conseguimos ganhar nada no boxe. Até 2009, ele era desastroso, ele vivia dentro de pocilga. Esse era o boxe olímpico brasileiro. Não tenho receio de falar porque a verdade tem que ser dita, a história precisa ser contada, assim como a nossa Flavinha teve a coragem de dizer aqui — bacana o que você disse aqui. A história precisa ser contada como ela é. O boxe também passou por períodos terríveis em que o atleta não era reconhecido nem como gente quanto mais como atleta. Graças a Deus, nós mudamos isso. Temos um centro de treinamento, que se chama Joerg Bruder, em São Paulo, é do Município de São Paulo. Dentro desse centro de treinamento há o NAR — Núcleo de Alto Rendimento, que foi construído pelo Grupo Pão de Açúcar em conjunto com o Município de São Paulo e que é uma referência em âmbito mundial. Várias modalidades esportivas se utilizam daquele espaço, e o boxe é uma delas, e isso nos ajuda muito.
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Como são escolhidos os atletas da seleção permanente? Eles participam de campeonatos estaduais, montam-se as seleções estaduais, e aí eles participam da grande vitrine, que é o campeonato brasileiro. Assim nós conseguimos tornar o campeonato brasileiro uma vitrine para isso e daí ele é observado pela equipe técnica da seleção olímpica, que está presente nesse contexto e assim surgem novos talentos. A equipe técnica cuida de unificar quem pode vir e em que condições, são eles que cuidam, não é o Presidente da Confederação que cuida disso, graças a Deus, porque eu não tenho nada a ver com isso. A equipe técnica está lá para isso.
Há os colaboradores na equipe de apoio, que são os técnicos, fisioterapeutas, massoterapeutas, preparador físico, nutricionista, psicólogo, médico e auxiliares, além da ciência esportiva do COB.
Nessa minha andança como árbitro pelo mundo, nós entendemos e percebemos que, sem a ciência dentro do boxe, nós não iríamos andar. Os nossos atletas precisavam desse suporte, e o COB nos deu bastante suporte e nos ajudou muito, assim como o NAR e a instalação que a Prefeitura de São Paulo nos cedeu, o Joerg Bruder, para que o atleta tivesse um local para se encontrar diariamente e tivesse treinamento.
Nesse contexto, nós mantemos para o atleta residência com condições saudáveis de moradia, com café, almoço e jantar para todos os atletas da seleção, todos, que é o mínimo que se faz pelo atleta. A nutricionista cuida de tudo isso junto aos fornecedores de alimentação, que estão no entorno do centro de treinamento, e esse grupo todinho é full time, inclusive o médico. O nosso médico não atende por videoconferência. Se ele não for presencial, nós não queremos. É assim que funciona. Os dirigentes são estatutários, claro, eu faço parte de um deles, sou um deles. O nosso estatuto está perfeitamente integrado com a Lei Pelé, atende aos arts. 18 e 18-A. Em julho agora também recebemos a nossa certificação, estamos cumprindo rigorosamente. Temos o que a Lei Pelé exige, o art. 18-A, inclusive na questão dos representantes de atletas, fazemos questão de ter, até porque, legalmente, somos obrigados a ter, temos que ter e ponto final. Um deles está aqui, é o Julião Neto, que nos representa. Em duas Olimpíadas, ele esteve conosco.
E assim nós estamos conseguindo conduzir o nosso processo, dando legalidade e levando o nosso esporte, o boxe olímpico, ao patamar que se encontra. Hoje nós somos top 10 no mundo, graças a Deus.
Nós temos aqui um resumo orçamentário. O nosso dinheiro vem da Lei Agnelo Piva — LAP. Nós só temos esse dinheiro, não temos outro, graças a Deus. Vocês podem dizer: "Você deve ser bastante maluco". Sim. O importante não é a quantidade de dinheiro que você tem. O importante é você saber gastar esse dinheiro. Aí vem o princípio de uma gestão: a primeira coisa que você tem que ter em mente com o dinheiro é quanto você tem. Tanto. Então, eu tenho 5 milhões de reais? O.k. Tem que sobrar 100 mil reais no final do ano. Ou seja, eu tenho 4 milhões e 900 mil reais para fazer e executar todos os projetos. Você não vai chegar ao vermelho nunca. Temos aí os valores aprovados por ano. Temos uma linha que os identifica. Em 2017, nós tivemos 3 milhões e 264 mil reais. Em 2018, fomos para 3 milhões, 680 mil reais. Esses valores foram aumentando de acordo com os resultados, porque o alto rendimento, por mais que se fale "ah, eu estou fazendo, está lindo, está maravilhoso", sem resultado, você não vai andar. Você vai ficar num patamar fixo porque é por meritocracia, é assim que o dinheiro é distribuído, e o COB utiliza esse formato. Conforme você vai tendo resultado, significa que você está aplicando bem o dinheiro, aí o.k. Em 2018, 3 milhões de reais, finalizando com 4 milhões e 800 mil reais porque, no meio disso, sempre surge um projeto a mais, você pode apresentar um projeto a mais, e o COB analisa, tem lá uma equipe responsável por isso, então, ele dá um aporte a mais, e sempre temos conseguido. Em 2019, alcançamos os 4 milhões, 560 mil reais e, para 2020, temos já aprovados 5 milhões, 289 mil reais. Os projetos já foram apresentados e aprovados. Com isso nós temos conseguido atingir o que nós vamos apresentar para vocês agora.
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Posições cadastrais e gestão. Todas as certidões estão regularizadas. Nós não temos um centavo de dívida com ninguém. Quando eu assumi, nós tínhamos 500 mil reais. No final de 2008, era muito dinheiro para o boxe. Nós não tínhamos capacidade para pagar isso, mas conseguimos pagar. Não devemos nada para ninguém — nada, nada. Não temos nenhuma dívida. Todas as movimentações financeiras, valores pagos, balanço, amortização, contabilidade, quadro de pessoal, estão na Internet no nosso site para quem quiser olhar, até porque é uma exigência legal e, sendo exigência legal, cumpre-se e não discuti-se, não é? Fazemos questão de colocar todas as nossas despesas, primeiro, porque é exigência de lei; segundo, porque eu também concordo com isso e é justo, é correto. As confederações que aqui se apresentaram também disseram a mesma coisa e assim o fazem. Grande é o seu trabalho junto com o Júnior, porque eu acompanhei de perto e sei o que vocês passaram ali e digo: parabéns para vocês, porque está muito lindo.
Jogos Olímpicos. Em 1968, nós tivemos uma medalha de bronze, com o Servílio de Oliveira. Óbvio que não podemos deixar de citá-lo, porque é uma conquista espetacular, mas vejam depois o lapso de tempo: foram 44 anos sem nada.
Bom, em 2012, aí eu já estava como presidente desde 2009, nós tivemos a conquista da medalha de prata, com o Esquiva Falcão, e duas de bronze, com Adriana Araújo e Yamaguchi Falcão, em Londres. E digo aqui para os senhores com toda tranquilidade: nós estávamos preparados para ganhar cinco medalhas em Londres, não eram três, eram cinco. Bem, a meta era essa, nem sempre você consegue a meta, mas ganhar três medalhas olímpicas dentro de uma Olimpíada, senhores, não é fazendo besteira que você consegue, não. E, graças a Deus, nós tivemos esse sucesso e foi maravilhoso tudo isso. Bem, daí para lá, nós seguimos com a preparação. Esses meninos foram para o boxe profissional precocemente, e eu lamento isso até hoje. Vejam, faz 6 anos que o Esquiva foi para o boxe profissional e o Yamaguchi também. Cadê o título mundial? As pessoas, às vezes, não ouvem a gente. Paciência, cada um tem o direito de tomar sua própria decisão. Eu tenho um carinho enorme por eles, como atletas que são. E são pessoas espetaculares. Mas a escolha é um direito, e eu não sou contra o atleta olímpico, depois de duas gestões, ir para o boxe profissional; sou a favor, é claro que sim. Mas eles deveriam ter ido ao Rio de Janeiro, porque tinham capacidade plena de ser medalhistas outra vez. Isso não tira o respeito e o brilho desses meninos, por quem tenho um carinho enorme. A Adriana também, quebramos um pau bacana, mas faz parte. Só que a nossa briga era pelo mesmo objetivo, eu queria que ela fosse medalhista e ela também queria ser medalhista. Ela é muito boa e ganhou. Parabéns! Maravilha. Depois, a medalha de ouro com o Robson Conceição. Aqui nós tivemos 60 milhões de visualizações, quando o Robson conquistou o ouro. E temos esse jovem, o David Lourenço, que foi, em 2010, ouro nos Jogos Olímpicos da Juventude, e Keno, que agora, nesse momento, é campeão olímpico dos Jogos Olímpicos da Juventude e vai competir para o classificatório do Japão. O menino, de 19 anos, tem um potencial bacana. Temos os campeonatos mundiais. Em 1986, tivemos duas medalhas de bronze, com Hamilton Rodrigues e Ana Santos; em 2010, duas medalhas de ouro, com David Lourenço e Roseli Feitosa; em 2011, uma medalha de ouro, com Everton Lopes, e de bronze, com Esquiva Falcão; em 2013, uma medalha de prata, com Robson Conceição, e duas de bronze, com Everton Lopes e Cássio de Oliveira. Nos campeonatos mundiais de 2015, tivemos medalha de bronze, com Robson Conceição; em 2014, medalha de bronze, com Clélia Costa; em 2018, duas medalhas de bronze, com Luiz Oliveira e Rebecca Lima; em 2019, medalha de ouro, com Beatriz Ferreira, e de bronze, com Hebert Conceição.
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A Bia, essa jovem aqui, 15 ou 20 dias atrás, em Ulan-Ude, na Rússia, se tornou campeã mundial e foi eleita a melhor atleta da competição de boxe no mundo. Sobre essa jovem, que tem enormes proporções, podemos dizer que ela tem tudo para ganhar medalha nos jogos do Japão, porque essa menina é muito bacana e é uma atleta espetacular. Como pessoa, como atleta e como filha ela é algo, assim, maravilhoso. Em Lima, a Beatriz foi ouro também nos Jogos Pan-Americanos. Tivemos também três medalhas de prata, com Hebert Conceição, Keno Marley e Jucilen Romeu — outra menina que também tem enorme possibilidade —; e duas de bronze, com Flávia Figueiredo e Abner Soares. Isso foi em Lima, agora, no Jogos Pan-Americanos.
Preparação para Tóquio. Nós tivemos essa quantidade de eventos realizados em 2017: 6 eventos, 56 vitórias, 6 medalhas de ouro, 4 medalhas de prata, 13 medalhas de bronze; em 2018: 15 eventos internacionais, 123 vitórias, 25 medalhas de ouro, 7 medalhas de prata e 15 de bronze; em 2019: 14 eventos, e vai ter mais um daqui a pouco, 126 vitórias, 16 medalhas de ouro, 10 medalhas de prata e 19 medalhas de bronze. Nós entendemos que o atleta, além de se preparar com todas as condições necessárias, se ele não competir lá fora com quem ele vai disputar mundial e Jogos Olímpicos, o rendimento dele não vai ser bom. Ele tem que se preparar com quem ele vai estar nos jogos, para ele ir se medindo. O atleta também precisa fazer a leitura de luta, a leitura de competição, onde ele está, o que mais ele pode, porque aquele último fôlego é dele, é aquele algo a mais que o atleta campeão tem. Quem é atleta sabe disso. Você não vai ser campeão olímpico simplesmente porque você foi a uma Olimpíada. Você vai ser campeão olímpico porque você tem algo a mais que o outro, e isso é uma coisa do atleta, que pertence a você. E a gente faz bem essa leitura. É legal isso, e quando o atleta entende isso é melhor ainda, porque ele vai acontecer, ninguém o impede. Classificatórios para Tóquio. O nosso classificatório será em março de 2020, em Buenos Aires, na Argentina. Já está tudo decidido, será o Comitê Olímpico Internacional que vai cuidar disso, não será a nossa Internacional, porque a nossa Internacional está suspensa enquanto ela não fizer o saneamento que nós estamos fazendo no Brasil, que foi feito no taekwondo e no COB também. Todas as modalidades estão se aprimorando cada vez mais, graças a Deus, e isso é bacana. A nossa Internacional do boxe vai ter que aprender a fazer isso, entender de gestão ética e compliance. E o COI vai cuidar do qualificatório dos Jogos Olímpicos. A Internacional não estará presente, é assim que vai ser. Esta é a foto da equipe. Aquele gordinho ali já está melhorado, que sou eu. Eu dei uma melhoradinha, ali eu estava meio… Mas a gente vai melhorando devagar. É isso, gente. Obrigado pelo momento e que Deus abençoe a todos. (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Julio Cesar Ribeiro. REPUBLICANOS - DF) - Um abraço à Natália e ao Ademar.
Fiquem com Deus e sejam sempre bem-vindas e bem-vindos.
Quem falou agora foi o Mauro José da Silva, Presidente da Confederação Brasileira de Boxe.
Com a palavra, Julião Neto, membro da Comissão de Atletas da Confederação Brasileira de Boxe, por 10 minutos.
O SR. JULIÃO DE MIRANDA HENRIQUES NETO - Boa tarde a todos. Obrigado pelo convite, Sr. Lindberg. Esta é minha primeira vez aqui junto a vocês e a gente fica um pouco nervoso, porque não estou acostumado a lidar com tantas pessoas importantes. Mas, obrigado pelo convite.
Vou falar um pouquinho da minha vivência na seleção. Como o Mauro citou, de 2009 para cá, quando ele assumiu a gestão, melhorou muito mesmo. Ele não falou nada de errado aqui, sei porque lá atrás eu vivi um pouco na seleção. Comecei em 2002, já com uma idade avançada, aos 20 anos, no Estado do Pará. Passei por muita dificuldade para chegar à seleção. Meu primeiro brasileiro foi em 2002, quando fui campeão. E sabe como é política, me deixavam sempre de fora e colocavam os deles. Vim chegar à seleção em 2007, estava com 48 quilos, magro para caramba, só osso e pele, nem comia direito. Vida de atleta não é fácil, é muito difícil. Mas agradeço a Deus, porque ele me agraciou com dois Jogos Sul-Americanos, dois Jogos Pan-Americanos e dois Jogos Olímpicos. E o sonho de todo atleta é participar de Jogos Olímpicos. Isso é muito satisfatório. Então, eu tenho que agradecer muito mesmo a Deus e reconhecer a minha força de vontade, porque eu fui buscar a minha vaga. Eu briguei para caramba e consegui.
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Depois que o Mauro assumiu, melhorou muito. Como ele citou, nós tivemos alojamentos bons, casas boas, dormitórios bons. Hoje não é mais como em 2007, quando nós dormíamos debaixo de uma arquibancada. Eu vivi essa fase lá atrás. Nós não tínhamos colchão direito e dormíamos pelo chão. Era difícil para caramba.
Eu fico muito alegre de ver que hoje o boxe amador cresceu muito. Só não vê quem não quer. Está aí o resultado dos meninos nessa nova gestão. Só temos resultados bons. O Robson é campeão olímpico. A gente brigava para ter uma medalha olímpica. Nós tivemos, em 1968, uma medalha com Servílio de Oliveira. Agora conquistamos três em Londres. E temos uma de ouro. Olhem que coisa linda! Nós tivemos agora também duas medalhas nos Jogos Olímpicos da Juventude, com Keno Marley, que foi campeão, e com o Luís Oliveira, que está agora com 52 quilos — não é, Mauro?
Olhem que coisa boa! O boxe no Brasil melhorou muito. O Mauro e toda a sua equipe estão de parabéns. Agradeço por me permitirem fazer parte disso e por confiarem no meu trabalho! Eu sempre fui um atleta exemplar também. Por isso estou aqui hoje.
Eu quero falar um pouco dessa garotada. De mês em mês eu estou na Seleção. Eu fico na parte dos treinadores. E eu falo para eles: "Vocês estão vendo que tudo passa. Aproveitem a fase de vocês. Ontem eu estava aí, hoje eu estou aqui. Eu não estou mais aí. Então, aproveitem, busquem, treinem, porque não existe atleta bom, existe atleta bem treinado. Então, para vocês chegarem aos Jogos Olímpicos, vocês têm que treinar bastante". E o treinamento está sendo muito bom.
O Mateus e sua equipe também estão fazendo um excelente trabalho. Eles estão fazendo muitas viagens, estão se preparando bastante e há bastante base de treinamento. Então, os atletas só têm a ganhar com isso. Quem dera que antigamente tivéssemos isso! Quando um atleta viajava? Quando alguém da categoria cadete ou juvenil masculino ou feminino viajava para fora do Brasil para lutar, para se preparar? Nunca! Agora temos isso. Agora o Mauro está dando oportunidade para todos viajarem.
Antigamente, a gente subia no ringue para lutar com um atleta cubano e já subia tremendo. Havia aquele receio. Hoje não existe mais isso. Eu mesmo já ganhei de cubano muitas vezes, e eu estou com 38 anos. Eu parei agora no Rio. O pessoal me chamava de vovô, porque eu era o mais velho da Seleção. Eu ficava brincando com o pessoal: "Pô! estão me sacaneando". Eles falavam: "O vovô está nos Jogos Olímpicos do Rio". Olhem a alegria para mim. Vamos dizer no palavreado certo que eu comecei velho e consegui ir para dois Jogos Olímpicos. Isso é um fato inédito, histórico. Para mim, isso é muito gratificante mesmo. Eu só tenho que agradecer a Deus e reconhecer todo o meu esforço.
Eu não tenho muita coisa para falar. É só isso mesmo.
O SR. MAURO JOSÉ DA SILVA - Julião, eu só vou complementar. Você não precisa agradecer. Você faz parte dessa gestão. Você é responsável também por tudo isso aí. Não sou eu, somos nós. Você faz parte disso, amigo.
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O SR. JULIÃO DE MIRANDA HENRIQUES NETO - Verdade. Eu chego lá, e as meninas todas querem treinar comigo, querem que eu segure a manopla. "Julião, vem cá, vem cá". E às vezes tenho que pedir ao treinador: "Posso?" Tenho que pedir sempre ao treinador, porque há hierarquia e disciplina. E o Mateus diz: "Pode sim. Vai lá". Hoje eu estou nessa parte, dando minhas aulas e me virando lá por Belém do Pará. Estamos montando uma federação nova no Estado do Pará. Inclusive o Mauro está nos ajudando muito. O Mauro, o Brito e toda a comissão da confederação estão nos ajudando.
Estamos numa briga braba lá em Belém do Pará, porque os caras querem tirar a gente do poder. O Rafael Lima é o Presidente, e eu sou o Vice. Nós não entendemos nada — estamos no começo de uma fase —, mas vamos conseguir. Vamos tirar aqueles caras que sempre estão puxando o tapete, querendo levar as coisas para o lado deles e só comer o dinheiro. É essa a raiva deles.
Eu falei para o Rafael: "Rafael, vamos montar uma federação nova com os ex-atletas, sem esse negócio de olho grosso, grande. Vamos trabalhar direito, que as coisas vão andar. Olha o caso de quando o Mauro assumiu". Quando o Mauro assumiu, houve muita crítica. Ele foi não sei quantas vezes ao tribunal e ganhou todas. Mas olha aí o boxe do Brasil! Isso é verdade. Eu não estou aqui para puxar o saco nem para elogiá-lo, não. É a realidade do nosso boxe. Ele melhorou muito o nosso boxe amador.
Obrigado a todos. Tenham um bom dia e uma noite abençoada. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Julio Cesar Ribeiro. REPUBLICANOS - DF) - Eu percebi que ele está realmente um pouquinho emocionado. Deu bom dia, desejou boa noite, mas finalizou bem. (Risos.)
Obrigado, Julião Neto, pelas suas palavras.
Eu só quero fazer uma colocação aqui. Acho que ficou bem claro o trabalho que a confederação vem fazendo, mas, particularmente, não acompanho o trabalho das confederações. Estou conhecendo agora o trabalho de todas. Só estou no âmbito das federações, que são as do meu Estado, do local onde estou.
O que eu percebo, Mauro, aqui em relação a Brasília, é o seguinte: nós vimos que os presidentes das federações vieram. Eu não vi o presidente da federação aqui presente. Então, já começamos a sentir uma falta. E assim, eu acompanho o assunto há muito tempo e uma das bandeiras que levanto muito aqui em Brasília é a questão das artes marciais.
Eu tenho um carinho muito grande pelas artes marciais. Por isso, acompanho bem o tema. O que tenho visto — e conversei com a Secretaria de Esporte daqui — é que não estamos tendo mais atletas de Brasília chegando a um patamar, chegando aos campeonatos.
Então, assim, eu lhe peço que, como Presidente da Confederação — sou do Brasília e tenho que defendê-la —, possa fortalecer o trabalho aqui em Brasília. Rodo por Brasília e vejo que geralmente temos algumas lutas que acontecem nas cidades satélites. Nesses dias estive ali na Vila Planalto. O pessoal montou um ringue lá e lotou. Temos atletas que lutam boxe.
Quando fui Secretário de Esporte, eu era muito ligado àquele antigo lutador, o Popó. Nós conseguimos pegar algumas pessoas e colocar a modalidade do boxe nos centros olímpicos. Eu vejo que houve um hiato. Como você mesmo disse e mostrou ali, existiu uma época em que o boxe ficou sem títulos. Foram 44 anos assim. Em 2012, ele voltou a estar nas Olimpíadas. Em 2016, tivemos o Robson, como você disse. Em 2012, tivemos a Adriana, como você disse. Eu ia falar sobre a Adriana, mas você já falou que quebrou o pau com ela. Parece que ela ficou afastada 2 anos e depois acabou retornando. Pedimos empenho. Agora dois atletas vão competir, em 2020. Eles são da Marinha, são atletas vinculados à Marinha. A Marinha acaba ajudando, a Marinha e o Exército, um pedacinho, mas nós precisamos fortalecer mais.
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E principalmente precisamos que se olhe aqui para Brasília. Brasília está precisando, nós precisamos que Brasília volte a ter campeões regionais, porque depois os regionais acabam indo para os estaduais, e os estaduais — quem sabe? — chegam lá. Então, esse é um pedido que eu faço, e me coloco à disposição desta Comissão para, no que for necessário, podermos fortalecer as políticas voltadas para o esporte.
Eu tenho curiosidade de conhecer a sede de vocês, não só a sua, mas as de outros. Estamos fazendo visitas pela Comissão, estamos indo a vários lugares, para fortalecermos as políticas.
Está certo?
O SR. MAURO JOSÉ DA SILVA - Está perfeita a sua colocação, Deputado. Ela é ótima. Nós precisamos, sim, que o poder público faça sua parte em conjunto conosco.
Eu preciso dizer algo sobre as Secretarias de Estado do Brasil todo. Não é só a uma Secretaria que eu vou me referir. Eu vou citar todas as Secretarias de Estado, que não conseguem pagar uma passagem de ônibus para um atleta ir competir num campeonato nacional. Não conseguem. Eu estou falando de todas as Secretarias Estaduais, não de uma. Estou falando de todas, dos 27 Estados. Nenhuma consegue pagar uma passagem para que um atleta do seu Estado vá disputar um campeonato brasileiro.
O SR. PRESIDENTE (Julio Cesar Ribeiro. REPUBLICANOS - DF) - Não são 27, são 26, porque Brasília consegue.
O SR. MAURO JOSÉ DA SILVA - O Eudes está precisando disso neste momento. Ele tem que levar a equipe para o campeonato brasileiro. Ele é o Presidente atual da Federação daqui.
O SR. PRESIDENTE (Julio Cesar Ribeiro. REPUBLICANOS - DF) - Na verdade, tem que haver o comprometimento dos presidentes, que devem estar presentes, levar a documentação.
Na verdade, nós estamos atendendo 4.500... Trouxemos agora um Grand Slam de judô para cá, os atletas... O pessoal da luta livre, do wrestling, esses dias, foi também para fora do País.
Na verdade, falta... Por isso eu estou lhe dizendo para se aproximar da Federação. Na verdade, é preciso ver onde está o detalhe.
Na época em que eu era Secretário de Esporte, o boxe sempre esteve presente em todas as competições, porque eu era um grande incentivador. Eu tenho um trabalho social voltado para jovens, e lembro que o primeiro projeto, o primeiro evento que eu fiz foi de boxe, lá no Nilson Nelson. O Giovani é um menino do nosso trabalho e convívio. Trouxemos uma luta dele contra um argentino aqui no Nilson Nelson. O Popó apareceu. Eu sempre acompanhei o boxe, mas, como estou dizendo, ao longo dessa caminhada eu percebi que o boxe deu uma diminuída. Eu quero estar aqui para ajudar.
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Acho que o presidente pode vir aqui. Tenho contato com todos os presidentes e estou à disposição.
O SR. MAURO JOSÉ DA SILVA - Para complementar, quero dar um exemplo. Quando a confederação ajuda o atleta que vai participar de um brasileiro, ele só paga a passagem de ida e volta. Lá eu dou alimentação e hotel. Ele não precisa pagar 1 centavo. Nós, da confederação, fazemos isso para todos os atletas que vão aos campeonatos nacionais. Pagamos hotel e alimentação. Ele não gasta nada, só com a passagem que precisa para ir até lá.
Então, a confederação estende isso a todos os atletas que se inscrevem e vão ao campeonato. Nós ajudamos, sim.
Agradeço, secretário, a sua disposição em ajudar. Vou inclusive dizer ao Elder, que é o atual presidente, que elabore projetos e se aproxime mais da secretaria, sem dúvida nenhuma.
Muito obrigado por isso.
O SR. PRESIDENTE (Julio Cesar Ribeiro. REPUBLICANOS - DF) - Só para você ter uma ideia, neste final de semana, nós fizemos aqui o WGP Kickboxing, com o meu amigo Paulo Zorello. Realizamos um grande evento. No outro final de semana, trouxemos o Falcão. Mas não foi o Falcão de luta, não, foi o de futebol de salão. Até estive lá e joguei. Não foi, Reinaldo? Fiz três gols. Ninguém acredita, mas eu fiz três gols. (Manifestação no plenário.)
Isso está filmado e está na rede. O Falcão teve que ir lá me cumprimentar e falou que joguei bem. (Risos.)
Está certo.
Então, agradeço a participação do Mauro, Presidente da Confederação Brasileira de Boxe, e do Julião. Mais uma vez, agradeço a todos os que nos prestigiaram neste dia. Hoje foi um dia puxado.
Nós continuamos na próxima semana, no dia 26. Lembro mais uma vez da nossa sessão solene. No dia 3 de dezembro, vamos homenagear todos os atletas que participaram das Paralimpíadas e dos Jogos Pan-Americanos.
Declaro encerrada esta audiência pública.
Obrigado a todos.
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