Horário | (Texto com redação final.) |
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11:12
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O SR. PRESIDENTE (Lincoln Portela. PR - MG) - Havendo número regimental, declaro aberta a presente reunião, convocada pelo Presidente da Casa para a instalação e a eleição do Presidente e dos Vice-Presidentes da Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar as causas do rompimento da barragem de mineração Mina Córrego do Feijão, da empresa Vale S.A., situada no Município de Brumadinho, Estado de Minas Gerais, ocorrido em 25 de janeiro de 2019, bem como a apurar responsabilidades por esse sinistro e avaliar formas de minorar os riscos da ocorrência de novos acidentes.
Satisfeitos os requisitos do art. 35, caput, e § 4º, do Regimento Interno, para o Requerimento de Instituição de CPI nº 1, de 2019, da Sra. Joice Hasselmann e outros, esta Presidência constitui Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a, no prazo de 120 (cento e vinte) dias, investigar as causas do rompimento da barragem de mineração Mina Córrego do Feijão, da empresa Vale S.A., situada no Município de Brumadinho, no Estado de Minas Gerais, ocorrido em 25 de janeiro de 2019, bem como apurar responsabilidades por esse sinistro e avaliar formas de minorar os riscos da ocorrência de novos acidentes, e
I - designar para compô-la, na forma indicada pelas Lideranças, os Deputados constantes da relação anexa;
II - convocar os membros ora designados para a reunião de instalação e eleição, a realizar-se no dia 25 de abril, quinta-feira, às 10 horas, no Plenário 14 do Anexo II.
Esta Presidência informa que recebeu e considera registradas, em face de acordo partidário, as seguintes candidaturas, que serão submetidas a votos em chapa única: para Presidente, Deputado Júlio Delgado, do PSB de Minas Gerais; para 1º Vice-Presidente, Deputado Zé Silva, do Solidariedade de Minas Gerais; para 2º Vice-Presidente, Deputado Gilberto Abramo, do PRB de Minas Gerais; para 3º Vice-Presidente, Deputada Áurea Carolina, do PSOL de Minas Gerais.
Na urna eletrônica constarão as seguintes opções de voto: "chapa oficial dos candidatos" e "voto em branco".
Ao iniciar a votação, os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas deverão dirigir-se à cabine localizada no fundo do plenário.
O Parlamentar deverá digitar o código de sua carteira parlamentar, com três dígitos, no teclado virtual do monitor da urna. Em seguida, deverá posicionar a sua digital no leitor biométrico que se encontra ao lado do monitor. Aparecerão na tela as opções de voto para que faça sua escolha. Se desejar corrigir o voto, deve tocar na opção “corrige”, e o sistema retornará à tela anterior. Após fazer sua escolha, deve verificar seu voto e clicar na opção "confirma". Uma vez confirmado, o voto não poderá ser alterado. Deverá aguardar o aviso sonoro e a mensagem "fim do voto" para assegurar que seu voto foi registrado com sucesso.
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11:16
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(Procede-se à votação.)
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11:20
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(Procede-se à votação.)
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11:24
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O SR. PRESIDENTE (Lincoln Portela. PR - MG) - Eu quero fazer um pedido à Mesa: que, se puder, ajude-nos chamando os Parlamentares que ainda não votaram. E se V.Exas. souberem de colegas, companheiros e companheiras, que não votaram, deem um toque no telefone, para que possamos atingir o quórum mais rapidamente.
(Procede-se à votação.)
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11:28
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O SR. PRESIDENTE (Lincoln Portela. PR - MG) - Se houver algum Parlamentar presente que ainda não votou e que esteja esperando a fila, a fila está livre. Só o Deputado Lucas está votando ali. Há espaço para votarem.
(Procede-se à votação.)
O SR. PRESIDENTE (Lincoln Portela. PR - MG) - Deputado Gilberto Abramo, V.Exa. pode ficar aqui por 30 segundos, enquanto eu voto? Só para não deixar a Mesa sozinha. (Pausa.)
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11:32
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(Procede-se à votação.)
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11:36
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(Procede-se à votação.)
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11:40
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O SR. PRESIDENTE (Lincoln Portela. PR - MG) - Vou dar algumas dicas. Se alguém tiver o telefone do Deputado Subtenente Gonzaga, o celular... Já ligamos no gabinete. (Pausa.)
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Lincoln Portela. PR - MG) - Aí ele coloca alguém no lugar lá. (Pausa.)
(Procede-se à votação.)
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11:44
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O SR. PRESIDENTE (Lincoln Portela. PR - MG) - Marcaram presença a Deputado Joenia Wapichana, o Deputado Vilson da Fetaemg, o Deputado Euclydes Pettersen e o Deputado Subtenente Gonzaga que marcou agora. Esses marcaram presença.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Lincoln Portela. PR - MG) - Dê um toque nele para nós, por favor.
(Procede-se à votação.)
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11:48
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O SR. PRESIDENTE (Lincoln Portela. PR - MG) - Se alguém tiver o telefone do Deputado Paulo Abi-Ackel e também do Deputado João Campos... Não é o João Campos do PRB, é o do PSB. Eles podem votar também.
(Procede-se à votação.)
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11:52
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(Procede-se à votação.)
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11:56
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(Procede-se à votação.)
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12:00
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O SR. PRESIDENTE (Lincoln Portela. PR - MG) - Quero aproveitar para fazer o registro da presença do Vereador Flávio Miranda Carvalho, Vereador de Brumadinho. Se estiver presente, faça um gesto. (Pausa.)
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12:04
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(Procede-se à votação.)
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12:08
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O SR. PRESIDENTE (Lincoln Portela. PR - MG) - Deputado Vilson, seja bem-vindo.
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12:12
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O SR. PRESIDENTE (Júlio Delgado. PSB - MG) - Vou passar a palavra para o nosso coordenador, mas antes queria convidar os Deputados Zé Silva e Gilberto Abramo, Vice-Presidentes eleitos, para estarem aqui conosco. A Deputada Áurea Carolina também. Sei que a Deputada Áurea está presidindo outra reunião agora, mas, assim que chegar e for comunicada, pode vir para cá.
Vou apenas passar algumas instruções antes de passar a palavra para os colegas. Todos têm compromissos, e nós sabemos das dificuldades para conseguir quórum e fazer a votação — desde as 10 horas. Nós estamos correndo contra o tempo. Então, o prazo urge para nós.
O prazo inicial desta Comissão é de 120 dias, iniciado em 17 de abril de 2019, com previsão de término em 28 de agosto de 2019, ressalvadas eventuais prorrogações.
A próxima reunião será destinada à apresentação, pelo Relator, do roteiro dos trabalhos e à deliberação de requerimentos.
Todo o trabalho de investigação desta CPI deverá ser realizado a partir da aprovação de requerimentos de iniciativa de seus membros, que poderão encaminhá-los, a partir de amanhã, à Secretaria da CPI, no Anexo II, Sala 165-B.
Em virtude das exigências legais e regimentais e com vistas ao melhor funcionamento desta CPI, informo que adotaremos os seguintes procedimentos, como é de praxe nas demais CPIs desta Casa. Eu não vou ler todos. São procedimentos normais de andamento de CPIs e de Comissões Especiais. A Secretaria vai encaminhá-los ao gabinete de todos. São questões como horários em que podemos convocar reuniões, encaminhamento de requerimentos. São procedimentos normais, orientações desta Casa. Então, os gabinetes receberão essas informações.
Antes de passar a palavra para os membros da Mesa, passo agora a palavra, rapidamente, para o nosso coordenador, o Deputado Diego Andrade, que, na urgência da hora, pediu a palavra, e logo depois ao Deputado Igor Timo, que também pediu a palavra.
Eu já adianto que hoje não vamos deliberar nada. A semana vai ser meio apertada, mas, como é a Semana do Trabalho, acho que temos que demonstrar que nós estamos correndo contra o tempo. Não vai haver deliberação, mas devemos deixar a próxima semana — eu vou ver com o Relator, até terminarmos a reunião — um horário para estabelecer o plano de trabalho.
Não precisamos de quórum para isso. Vamos só colocar o plano de trabalho com que vamos funcionar.
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12:16
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O SR. DIEGO ANDRADE (PSD - MG) - Eu queria parabenizar o Presidente pela eleição, o Deputado Júlio, nosso companheiro e amigo de longa data. Militamos juntos a favor de Minas Gerais.
Quero cumprimentar o Deputado Zé Silva e parabenizá-lo pelo trabalho realizado na Comissão Externa. Estivemos várias vezes em Brumadinho, levantamos várias proposições, que estão sendo construídas — não é, Deputado Zé Silva? — sob o seu comando naquela Comissão. E agora, com a instalação da CPI, daremos a sequência necessária, para podermos chegar aos pontos específicos. O primeiro deles é apurar e propor a punição exemplar — exemplar — dos responsáveis. Esse é o primeiro ponto. Dentre os demais pontos está essa construção, junto com o Senado. Acho que temos que ter esse diálogo constante com a CPI do Senado, para que as propostas que saiam para mudar essa relação com o setor mineral, para que as propostas que saiam da Comissão Externa, desta CPI e da CPI do Senado sejam efetivamente capazes — com o apoio de toda a bancada de Minas, de todos os membros dessas CPIs. Temos que pautar e votar algo que leve resultado, segurança e uma relação favorável à população, na exploração mineral, que é ao que não estamos assistindo há muitos anos em Minas Gerais. Mortos, lama, e nada de arrecadação, e nada de segurança para esses Municípios. Não podemos deixar de ressaltar que Minas Gerais é muito dependente da mineração. O Estado está numa situação dificílima, e todas as medidas para ajustar essas relações precisam ser muito bem pensadas e assertivas. Daí a importância de todos nós trabalharmos juntos.
Faço um apelo a todos os membros, independentemente da agremiação partidária: este é um assunto de Minas Gerais e do Brasil, não é um assunto de disputa do partido A com o partido B, não é assunto para trazermos para palanque político — questões políticas — e tentarmos atingir alguém politicamente. Eu acho que, em respeito aos mortos, em respeito aos mineiros, este é um trabalho de todos da bancada, de mãos dadas. Vamos dar celeridade a ele.
É muito bom colocar essa ação já na semana que vem, para em seguida avançarmos nisso e fazermos aqui um trabalho proveitoso, sob as bênçãos de Deus. E, se Deus quiser, obteremos um resultado concreto, para não assistirmos mais a tragédias como essa em Minas Gerais, e ainda obteremos as soluções para essa relação com o setor mineral, que é muito prejudicial a Minas Gerais.
O SR. PRESIDENTE (Júlio Delgado. PSB - MG) - Parabéns, Deputado!
Deixo bem claro como vai ser o nosso trabalho aqui: compartilhado mesmo. Os Deputados Zé Silva, Gilberto e Áurea vão contribuir com a Presidência, assim como o Relator já se manifestou. Ele vai falar a respeito do trabalho das sub-relatorias.
O SR. IGOR TIMO (PODE - MG) - Muito obrigado, Presidente.
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12:20
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Aproveito também para parabenizar pela brilhante condução o nosso Líder de bancada, o Deputado Diego Andrade.
Eu quero ressaltar, nesta oportunidade, que esta união que os Parlamentares de Minas Gerais têm demonstrado já está trazendo resultados eficientes para a nossa sociedade, que se encontra desprestigiada há muito tempo. Sabemos que Minas ficou esquecida. Nós estamos tentando resgatar o seu protagonismo. Isso se deve à união dos Parlamentares agora. Então, gostaria de parabenizar todos que têm se mobilizado para isso e de falar da importância desta CPI. Sabemos que, devido à sua situação de muitos anos, para Minas a Colônia não acabou. Sabemos porque o nosso Estado carrega o nome "Minas" e que não é à toa que nós somos mineiros. Mas sabemos que, de todas essas extrações, muito pouco tem ficado para os nossos conterrâneos. Então, Minas não está tendo a sua margem compensatória. Ao contrário. Está pagando caro pelos desastres, pelos acidentes e pelos crimes que continuam sendo cometidos no nosso Estado.
Nós que estamos fazendo parte desta CPI precisamos assumir a responsabilidade de trazer para o povo mineiro a garantia de que isso não irá reincidir no nosso Estado. Precisamos atuar de forma célere — isso é extremamente importante —, porque já há rumores de que 30 barragens do nosso Estado se encontram em estado crítico. Olhem bem o tamanho da nossa responsabilidade. Não podemos esperar que mais um mar de lama corra sobre os vales de Minas Gerais.
Eu espero que tenhamos aqui a mesma eficiência que a Polícia Federal teve recentemente no Vale do Jequitinhonha, quando foi lá combater os garimpeiros. Ela chegou lá e saiu tocando fogo em tudo, queimando máquinas, equipamentos, veículos. Para atuar contra garimpeiros, a Polícia Federal foi muito eficiente. Eu quero que nós aqui tenhamos a mesma eficiência para atuar contra a Vale. Temos realmente que combater crimes como esse, em que tiram dos familiares até mesmo a condição de enterrar seus entes. Porque ela assumiu isso para ela e enterrou lá mais de 300 300 vidas.
Eu vou ser muito honesto: quem é de uma região carente sabe que, naqueles garimpos locais de Minas, muitos trabalham para sobreviver, muitos vivem daquilo. Ver uma mineradora deixar para o nosso povo o que chamamos de "migalhas"...
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12:24
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O SR. PRESIDENTE (Zé Silva. SOLIDARIEDADE - MG) - Obrigado, Deputado Igor Timo.
Agradeço a confiança dos colegas, por me permitirem fazer aqui na CPI a continuidade dos trabalhos que foram desenvolvidos até este momento na Comissão Externa. Quero agradecer pela confiança ao Deputado Júlio e, pelo trabalho forte, a cada um dos membros da Comissão Externa — os Deputados Rogério Correia, Igor Timo, Patrus Ananias, Diego Andrade, Odair Cunha —, a todos os Parlamentares que estão aqui, não só os de Minas Gerais, mas também do Brasil inteiro.
O SR. ODAIR CUNHA (PT - MG) - Sr. Presidente Zé Silva, quero cumprimentar V.Exa., o Deputado Gilberto Abramo, o Deputado Rogério Correia e, de maneira especial, o nosso coordenador de bancada, o Deputado Diego Andrade.
Eu diria que a CPI chega no momento em que reforça o trabalho que a bancada mineira já tem feito, tanto na Comissão Externa que foi coordenada por V.Exa. quanto com o trabalho que a bancada faz, sob a coordenação do Deputado Diego Andrade.
A grande questão é que a mineração é um tema que interessa de maneira especial ao nosso Estado de Minas Gerais, e nós não podemos permitir que essa atividade venha a trazer tantos prejuízos ambientais e humanos, como os que temos assistido ultimamente.
O SR. PRESIDENTE (Zé Silva. SOLIDARIEDADE - MG) - Obrigado, Deputado Odair, por seu pronunciamento e por sua confiança nesta CPI.
O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Obrigado, Presidente Zé Silva.
Deputadas e Deputados, em primeiro lugar, eu quero fazer alguns agradecimentos. Primeiro pela confiança para uma tarefa tão importante, difícil e de muita responsabilidade, que é a relatoria de uma Comissão Parlamentar de Inquérito que vai analisar o rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, que trouxe, em especial para mineiros e mineiras, muita tristeza, até porque repetiu o que já havia acontecido antes na barragem da Samarco, em Mariana. E ali também, em Bento Rodrigues, o nosso sentimento ao ver o Rio Doce todo enlameado, carregando aquela lama até o Oceano Atlântico, passando por todas as montanhas mineiras e do Espírito Santo, coloca para nós mineiros e mineiras a necessidade de que esse trabalho nosso dê resultado.
Quero agradecer, em primeiro lugar, ao Deputado Júlio Delgado e, na pessoa dele, aos nossos Vice-Líderes, os Deputados Gilberto Abramo e Zé Silva e a Deputada Áurea Carolina. Em nome, portanto, da direção da Mesa da CPI, quero agradecer pela confiança. E quero agradecer pela indicação para a relatoria ao Deputado Júlio Delgado.
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12:28
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Queria também agradecer ao Deputado Diego a confiança. E faço isso em nome de toda a bancada mineira, que tem feito um trabalho de muita coesão, o que ficou demonstrado na Comissão Externa. A unidade com que o Deputado Zé Silva está conduzindo a Comissão Externa o Deputado Júlio Delgado e eu temos agora também, junto com V.Exas. É obrigação nossa manter essa coesão, muito bem lembrada pelo Deputado Diego.
Queria também fazer um agradecimento aos movimentos sociais. Vejo daqui as companheiras do MAB — Movimento dos Atingidos por Barragens. Hoje em Brumadinho — e, infelizmente, não poderemos ir por causa desta reunião — vai haver diversas atividades para repudiar o crime acontecido. Estão sendo realizadas missas, cultos ecumênicos, e vai haver um ato público à tarde, além de um show, tudo isso para não esquecermos e não permitirmos que esqueçam o que aconteceu com aquelas famílias e com aquele povo, não apenas com os familiares — esses sentiram mais. Há mortos ainda debaixo da lama. Ouvimos hoje a Vereadora Andressa, da cidade de Mário Campos, na Rede Globo, hoje de manhã, lembrar que o filho dela, o Bruno, de 21 anos de idade, ainda não foi encontrado. Ela deu um testemunho muito comovente também em Brumadinho, e estávamos presentes. Então, é um compromisso que temos com o povo. O Movimento dos Atingidos por Barragens, aqui presente, representa agora também essa mobilização da sociedade.
Queria também dizer que este é um trabalho que precisamos fazer com agilidade. Estamos instalando a CPI 3 meses após o acontecido, o rompimento. É um tempo mais tardio do que gostaríamos, mas nesse período não ficamos parados. Isso é bom ressaltar. A Comissão Externa teve papel fundamental. Faremos já na semana que vem — não é, Presidente? — um resumo dos projetos de lei que entraram inclusive em consulta pública. E temos o compromisso do Presidente da Câmara de, no final de maio, iniciarmos a votação no plenário da Casa. Nesses 3 meses, tanto demos assistência aos atingidos quanto, principalmente, avançamos na formulação da legislação. Portanto, a CPI entra agora com o papel fundamental de ajudar a descobrir o que aconteceu, quem são os responsáveis e como isso não irá se repetir.
Fico muito constrangido e triste com a decisão tomada ontem pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, aqui de Brasília, que acabou inocentando, pelo menos pelo crime de homicídio, todos os indiciados pelo crime de Mariana. Foram 19 ou 20 indiciados. Nenhum deles vai a júri popular. Segundo os desembargadores entenderam, não havia prova concreta de homicídio, embora existissem meios, rachaduras, corpos, lama. Não conseguimos entender como a Justiça não viu nisso sinais de responsabilidade por homicídio. Não podemos permitir que isso avance nem em Mariana — e a nossa Comissão terá que estar atenta a isso — nem em Brumadinho. Não pode ficar impune o que aconteceu. Isso nos choca muito. Ontem tivemos um sinal de que precisamos da CPI.
A CPI não perdeu a sua função. Se não houver mais provas, mais pressão política, isso acabará no esquecimento e, às vezes, no lobby, que infelizmente faz parte do sistema institucional brasileiro. Então, a tarefa desta CPI está colocada.
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12:32
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Por fim, nós vamos precisar agilizar o trabalho, ter uma relação com a CPI do Senado e com a CPI da Assembleia Legislativa. Nós temos que olhar as questões de segurança da barragem, a responsabilidade pelas ações que levaram a esse rompimento. Temos que acompanhar os projetos de lei da Comissão Externa e reforçá-los, temos que acompanhar o trabalho das CPIs e das instituições envolvidas nesse caso, como o Ministério Público, a Defensoria Pública etc., o Senado, a Assembleia. Temos que acompanhar os descomissionamentos das barragens. Então, são muitas coisas. Eu não conseguiria, evidentemente, num tempo curto, fazer esse trabalho sozinho, como Relator. Aqui vários companheiros estão qualificados para isso e também pleitearam legitimamente a relatoria. Queria dizer aqui a todas e a todos os companheiros que nós faremos um trabalho coletivo. Vamos precisar de pelo menos três, quatro, cinco sub-relatorias, de relatorias adjuntas. Vamos dividir os trabalhos e, depois, de forma coesa, apresentar um relatório.
Eu queria comunicar também que vamos fazer um trabalho coletivo com todas e todos os que ajudaram no processo de formação da Comissão e vêm ajudando na Comissão Externa.
O SR. PRESIDENTE (Zé Silva. SOLIDARIEDADE - MG) - Parabéns, Deputado Rogério! Muito obrigado pelo seu trabalho na Comissão Externa.
O SR. ROBERTO ALVES (PRB - SP) - Primeiramente, eu quero parabenizar o Presidente desta Comissão, o Deputado Júlio Delgado, e V.Exa. também, Deputado Zé Silva, pelo trabalho que já tem feito.
Quero cumprimentar o Deputado Gilberto Abramo, nosso companheiro, o Relator Rogério Correia e a todos os Deputados que vão fazer parte desta CPI, que é muito importante para o Brasil, em especial para o povo mineiro.
Nós não podemos deixar acontecer outro acidente como os que vêm acontecendo. Já aconteceu o de Mariana, e o Estado poderia ter feito algo, o País poderia ter feito algo para que não tivesse acontecido em Brumadinho. Mas podemos, sim, através desta CPI, não deixar impunes, Sr. Presidente, aqueles que causaram essa tragédia tão grande que ceifou vidas. Ainda hoje há muitos enterrados lá nas lamas.
Eu quero dizer que estou pronto para ajudar esta CPI. Contem comigo. Vou fazer o que puder para contribuir com os trabalhos desta CPI.
E reforço: não podemos deixar passar impunes... Aqueles que têm que ser punidos, doa a quem doer, vão ser punidos.
O SR. PRESIDENTE (Zé Silva. SOLIDARIEDADE - MG) - Obrigado, Deputado Roberto Alves.
Senhoras e senhores, eu quero fazer um agradecimento especial ao Deputado Diego, o coordenador da bancada.
Queria agradecer aos movimentos, à Consultoria Legislativa, aos colegas Parlamentares, ao Vereador de Brumadinho que está aqui presente, ao Warley, de Congonhas.
Queria agradecer a cada um e dizer que Brumadinho não pode nem poderá nunca ser esquecido por nós Parlamentares e pela população de todo o País. Eu não sei dizer se esses 90 dias representaram 90 anos ou 900 anos para as famílias das vítimas, dos atingidos, porque nós não conseguimos ter a dimensão do sentimento dessas pessoas.
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12:36
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Mas a Comissão Externa cumpriu o seu papel. Na terça-feira vamos protocolar os nove projetos de uma nova legislação para a mineração no Brasil. Vamos separar a legislação do agronegócio da legislação do licenciamento ambiental da mineração e da legislação da mineração de agregados da construção civil, que não pode ser tratada como mineração de alto impacto e de capacidade poluidora.
Vamos também mudar e melhorar a Lei da Defesa Civil e a Lei Nacional de Segurança de Barragens, que precisam ser e serão integradas a essa proposta, para endurecimento das penas por crimes ambientais, especialmente tendo em vista o que aconteceu ontem, a decisão do TRF 1, exatamente porque a lei brasileira é leniente. Essa proposta que a Comissão construiu, elaborou, equipara os crimes que envolvem rompimento de barragens, com morte de pessoas, ao crime de homicídio, com pena de 6 a 20 anos. Cito também uma proposta que tramita há alguns anos aqui no Congresso Nacional, da política nacional para atingidos por barragens.
Então, com essa nova legislação, eu tenho certeza de que nós vamos garantir que crimes como os de Brumadinho e de Mariana não acontecerão mais em Minas e no Brasil.
Mas eu quero registrar que, nesses 90 dias, a Comissão Externa cumpriu o seu papel. Agora, aqui na CPI, o nosso papel é o de definir e punir os responsáveis pelo crime — a CPI tem papel de polícia — e, especialmente, o de garantir que esses projetos não entrem na banca dos quase 18 mil projetos que tramitam nesta Casa. É preciso que requerimentos de urgência urgentíssima sejam assinados pelos Líderes e que o Presidente da Câmara — tal como vem cumprindo com a Comissão — coloque em votação. Vamos, de uma vez por todas, virar a página da mineração do Brasil Colônia e ter uma mineração responsável e sustentável.
Com essas palavras, eu quero encerrar os trabalhos de instalação da CPI e informar que as próximas comunicações de realização de reunião serão feitas por meio do Sistema Infoleg Comunica para os e-mails institucionais dos Parlamentares e das Lideranças e que o painel de presença será aberto meia hora antes do início da reunião, oportunidade em que serão abertas também as inscrições para debate.
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